Pela primeira vez em alguns anos o PSOL, braço mais forte da esquerda radical do Maranhão, poderá sair do isolamento e partir para as urnas como parte de uma aliança envolvendo partidos de esquerda, como PSB, PT, PCdoB e Rede, e de centro esquerda, como o PDT, por exemplo. Essa possibilidade foi aberta com a expressiva participação do partido com a candidatura de Guilherme Boulos às Prefeitura de São Paulo, que recebeu o apoio de diversos segmentos de esquerda, conseguindo flexibilizar a posição até então radicalmente fechada do PSOL, a exemplo do que aconteceu com a candidatura de Franklin Douglas à Prefeitura de São Luís. O novo presidente estadual do PSOL, Enilton Rodrigues, ao contrário dos dirigentes anteriores da legenda, sinalizou abertura de conversas com aqueles segmentos partidários, abrindo a possibilidade de participar de uma composição em torno do projeto de candidatura do senador Weverton Rocha (PDT).
Mesmo ainda tímidos e marcado por visível cautela, o movimento do PSOL maranhense no sentido de sair do isolamento para entrar no circuito da grande disputa em preparação no estado é reflexo do que está acontecendo com o partido no plano nacional como desdobramento do desempenho eleitoral do líder do partido em São Paulo, Guilherme Boulos, que na última eleição na Capital foi para o segundo turno com o prefeito Bruno Covas (PSDB), que venceu a eleição. É reflexo também da perda de lideranças importantes, como o deputado federal Marcelo Freixo, que comandou o partido no Rio de Janeiro, mas que recentemente desligou para ingressar no PSB, a exemplo do que fez o governador Flávio Dino.
Até agora, o PSOL abriu um tímido canal de diálogo com o senador Weverton Rocha. Antes disso, conversara com o deputado federal Bira do Pindaré (PSB), quando ele se articulava para disputar a Prefeitura de São Luís, mas as tentativas de aliança fracassaram, como era previsto. O movimento agora em curso, que pode levar o partido a fazer parte de uma aliança na seara esquerdista na disputa pelo Governo do Maranhão foi iniciado em conversas do senador Weverton Rocha com o líder do PSOL em São Paulo, Guilherme Boulos, que deve disputar o Governo de São Paulo. Não houve definição, mas as primeiras declarações do novo presidente do PSOL maranhense, Enilton Rodrigues, que milita na mesma corrente de Guilherme Boulos dentro do partido, deixaram no ar uma brecha para alianças.
– Nossa prioridade continua sendo vacina no braço, comida no prato e fora Bolsonaro, mas temos a tarefa política de posicionar o PSOL no debate político estadual, sem sectarismo, com destaque para diálogos com PT, PDT, PCdoB, PSB, Rede e PCB – declarou o novo líder do PSOL no Maranhão.
Não se pode afirmar que o PSOL maranhense voltou a ser um braço partidário dividido, como o foi até algum tempo atrás. O professor Franklin Douglas, que já comandou o partido, resiste ao envolvimento do PSOL com outros partidos, preferindo mantê-lo num espaço em que PSTU e PCB como aliados preferenciais. Sua posição, porém, tende a se tornar minoritária – se já não for -, uma vez que é clara a tendência do PSOL nacional avançar na linha traçada por Guilherme Boulos, que mais do que nunca vai precisar de aliados na esquerda para a guerra pela prefeitura paulistana, já tendo recebido sinal amarelo do PDT, que deve apoia-lo.
O fato pé que hoje o PSOL do Maranhão encontra-se entre lançar candidato próprio ao Palácio dos Leões ou apoiar um candidato do chamado campo democrático, que pode ser o senador Weverton Rocha, em que pesem as profundas diferenças ideológicas que os distanciam. O pré-candidato pedetista tomou a dianteira, abrindo diálogo com Guilherme Boulos, que poderá ou não prosperar. O senador Weverton Rocha aposta alto nessa aliança para fortalecer o seu projeto de candidatura.
PONTO & CONTRAPONTO
Brandão e Weverton têm entraves a superar para aliança com PT
Aliados do senador Weverton Rocha registraram o encontro recente do vice-governador Carlos Brandão (PSDB) com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, um dos nomes do PSDB para a disputa presidencial. O registro insinua que a aproximação de Carlos Brandão com líderes tucanos pode complicar a relação dele com o PT. A artimanha – inteligente, diga-se de passagem – peca por um detalhe de fundamental importância nesse jogo: o senador Weverton Rocha mantém conversas com o PT tendo o seu partido, o PDT, um pré-candidato a presidente, o ex-governador Ciro Gomes, com um discurso extremamente hostil ao pré-candidato presidencial do PT, ninguém menos que o ex-presidente Lula da Silva. Ou seja, quando o assunto é uma aliança com o PT, tanto o vice-governador quanto o senador enfrentam problemas sérios. Esses entraves podem ser superados por conversas, que interessam igualmente ao PT.
Ana Paula convida para evento de Weverton em Pinheiro
Os principais articuladores e apoiadores do projeto de candidatura do senador Weverton Rocha (PDT) ao Governo do Estado estão em plena atividade atuando nos preparativos da 4ª edição do “Maranhão Mais Feliz”, o principal evento de pré-campanha do líder pedetista. Ontem, por exemplo, a vice-prefeita de Pinheiro, Ana Paula Lobato, também vice-presidente do PDT na Princesa da Baixada, divulgou um vídeo convidando para o evento, que será realizado neste Sábado, no início da noite. Na sua mensagem, a vice-prefeita de Pinheiro convoca: “Vamos, juntos, discutir projetos e propostas importantes para o nosso povo, por um Maranhão Mais Feliz”. E explica que o movimento “Maranhão Mais Feliz”, idealizado pelo PDT, “tem por objetivo coletar sugestões da população em uma plataforma colaborativa, visando a construção do plano de gestão do pré-candidato ao Governo, senador Weverton, caso seja confirmado na convenção”. O senador Weverton Rocha já comandou esse movimento de pré-campanha a Imperatriz (Região Tocantina), São Bernardo (Baixo Parnaíba) e Presidente Dutra (Região dos Cocais). Os três eventos reuniram milhares de pessoas e 72 prefeitos.
São Luís, 16 de Setembro de 2021.