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O ingresso de Edivaldo Jr. no PDT, num ato em que exibiu força política, a aceleração dos movimentos da máquina administrativa e os números da pesquisa TV Guará/Exata acenderam de vez o sinal amarelo para a deputada federal Eliziane Gama (PPS) no que respeita ao seu projeto de disputar a sucessão na Prefeitura de São Luís. A parlamentar começa a avaliar o projeto de reeleição do prefeito como uma ameaça perigosa à liderança que ela vem mantendo nas medições sobre a corrida eleitoral na Capital. Ontem, mais um sintoma dessa preocupação veio à tona. A pretexto de denunciar o que seria “uma irregularidade escabrosa” na gestão municipal, o deputado Wellington do Curso (PPS) elevou o tom do discurso oposicionista contra o prefeito Edivaldo Jr., a quem atacou duramente. Único aliado partidário de Eliziane Gama na Assembleia Legislativa, Wellington do Curso assumiu a postura de opositor implacável do prefeito de São Luís, ocupando de vez o lugar de peça importante na estratégia da pré-candidata do PPS de tentar desgastar o Edivaldo Jr.
Wellington do Curso ocupou a tribuna para dar conotação de escândalo à denúncia de que a Prefeitura de São Luís estaria cometendo “gravíssimas irregularidades” na contratação, por R$ 33 milhões, de um instituto que tocará um projeto educacional no Município. O deputado bateu forte no contrato – que não apresentou. No entanto, mais do que o conteúdo da denúncia, o que chamou a atenção mesmo foi a postura e a virulência verbal de Wellington do Curso contra o prefeito de São Luís – de quem, aliás, se revelou eleitor. Ao atacar o prefeito Edivaldo Jr., o parlamentar, que iniciou seu mandato usando a humildade como atitude política e está vestindo o fardão oposicionista, deixou muito claro isso quando, entre outras declarações, afirmou: “São Luís não tem governo!”.
Uma análise fria leva à conclusão de que o ataque de Wellington do Curso ao prefeito Edivaldo Jr. foi pautado de Brasília pela deputada Eliziane Gama, que também está ensaiando declaração de guerra ao chefe do Executivo municipal, de quem pretende tomar a cadeira nas eleições do ano que vem. Até na semana passada, Wellington do Curso só estocava a administração municipal, sem avançar no discurso. Mas depois da divulgação, pela TV Guará, da mais recente pesquisa do instituto Exata mostrando queda de Eliziane Gama (26%) e subida do prefeito Edivaldo Jr. (23%) na corrida à Prefeitura, o deputado mudou a postura e o tom. Sua indignação pela suposta irregularidade contratual não convenceu muito, porque o que ele passou mesmo foi que agora é o opositor implacável do prefeito.
Ninguém rebateu o discurso de Wellington do Curso contra a gestão do prefeito Edivaldo Jr., mas isso só aconteceu porque o guardião da imagem do prefeito na Assembleia Legislativa é o deputado Edivaldo Holanda (PTC), o pai, que não se encontrava no plenário. Edivaldo Holanda se licenciou por 121 dias para cuidar da saúde, deixando em seu lugar o suplente Toca Serra (PTC), que ali defende seu irmão Alan Serra, prefeito de Pedro do Rosário, dos ataques do deputado Fernando Furtado (PCdoB). Até o retorno de Edivaldo Holanda, Wellington do Curso estará livre e solto para disparar na direção do Palácio de la Ravardière, devendo enfrentar eventualmente rebatidas feitas por Fábio Macedo (PDT) e por Othelino Filho (PCdoB), que aqui e ali sai em defesa do prefeito Edivaldo Jr..
O fato é que, como vinha prevendo a Coluna, a liderança da deputada Eliziane Gama nas primeiras pesquisas era inconsistente. E que somente com um partido sem densidade e um potencial midiático pessoal ela não chegaria muito longe quando confrontada com um prefeito jovem, que busca a reeleição embalado por uma estrutura partidária forte, um lastro político denso e uma administração em andamento. É claro que estamos a um ano das eleições municipais e que nesse período tudo pode acontecer. E pelo visto, um dos caminhos de Eliziane Gama será bombardear o prefeito Edivaldo Jr., entregando a tarefa ao deputado Wellington do Curso, que parece ter abraçado a estratégia.
PONTOS & CONTRAPONTOS
Ou prova ou larga de mão
O senador Edison Lobão (PMDB) encontra-se há uma semana no centro da Operação Lava Jato. Primeiro foi acusado pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, de tê-lo mandado entregar R$ 2 milhões – dinheiro sujo – à então governadora Roseana Sarney (PMDB) para sua campanha à reeleição, mas ninguém até agora exibiu um naco de prova que confirme a acusação. Depois, o empresário Ricardo Pessoa, chefão do cartel que dava as cartas na petroleira, disse que Lobão teria recebido R$ 5 milhões em propina, sem apresentar um só risco de prova. Agora, volta a suspeita de que Lobão seria o “sócio oculto” da Diamond Montain, uma empresa cabeluda aberta no conhecido paraíso fiscal das Ilhas Cayman, e mais uma vez nenhuma prova liga o senador à tal empresa. E numa situação delicada, o Ministério Público Federal pediu ao Supremo Tribunal Federal mais tempo para aprofundar as investigações sobre o ex-ministro de Minas e Energia. Se nada conseguir nos 60 dias a mais que conseguiu, o procurador geral da República, Rodrigo Janot, terá de recolher as armas e deixar o senador de mão.