Se o rompimento do PL, controlado pelo deputado federal Josimar de Maranhãozinho, com o governador Carlos Brandão (PSB), for fato consumado, como noticiaram ontem a jornalista Carla Lima, na TV Mirante, e parte da blogosfera, situações imprevistas poderão ocorrer na Assembleia Legislativa, onde o desenho da relação situação/oposição será alterado, pelo menos formalmente. Nesse novo ambiente, os seis deputados do PL – Fabiana Vilar, Cláudio Cunha, Aluízio Santos, João Batista Segundo, Solange Almeida e Pará Figueiredo – se somarão aos sete parlamentares já situados na oposição – Fernando Braide (PSD), Othelino Neto (Solidariedade), Francisco Nagib (PSB), Carlos Lula (PSB), Rodrigo Lago (PSB), Júlio Mendonça (PCdoB) e Ricardo Rios (PCdoB) – formando uma frente com 13 deputados no campo da oposição ao Governo no parlamento estadual, que é composto por 42 parlamentares. Esse novo desenho deverá levar o governador Carlos Brandão a refazer as suas contas e redefinir suas estratégias na convivência com o Poder Legislativo.
O posicionamento duro da deputada Fabiana Vilar, que representa o comando do PL na bancada estadual, em relação à influência do deputado já cassado Hemetério Weba (PP) em hospital do interior. Ele cobrou com veemência que a Assembleia Legislativa encerre o mandato de Hemetério Weba e convoque a suplente Helena Duailibe (PL) para a vaga. O tom do discurso da deputada do PL no caso do hospital foi de insatisfação com o Governo, o que reforça a informação sobre o ainda suposto rompimento. Antes disso, a bancada do PL se posicionou na contramão do Governo estadual na eleição para a presidência da Assembleia Legislativa, em novembro do ano passado. Os cinco votos do partido foram decisivos para o resultado de 21 a 21, tendo o pleito sido vencido pela presidente Iracema Vale (PSB) pelo critério da maior idade.
Nesse contexto, vale também observar que não será fácil para o comando do PL induzir os seus deputados estaduais a assumir postura oposicionista em relação ao Governo do Estado. É difícil, por exemplo, supor que o deputado Aluízio Santos, marido da prefeita Belezinha (PL), de Chapadinha, se posicione abertamente contra o governador Carlos Brandão. O mesmo se pode dizer em relação ao deputado Batista Segundo, que foi segundo na corrida à Prefeitura de Pinheiro, e que quando assumiu como titular na vaga aberta por Juscelino Marreca (PRD), atual prefeito de Santa Luzia, declarou apoio total ao governador Carlos Brandão. Mais difícil ainda é imaginar postura antigovernista no Pará Figueiredo, cuja permanência na Assembleia Legislativa depende exclusivamente da boa vontade do Palácio dos Leões.
A regra básica da existência de qualquer Governo é ampliar ao máximo a sua base de apoio e evitar a formação de uma oposição forte. O governador Carlos Brandão é pragmático o suficiente para manter Josimar de Maranhãozinho e seu grupo no seu ciclo de relações. Isso porque, mesmo se tratando de um grupo político controverso, que se movimenta sob pressão de diversas denúncias de corrupção, o braço maranhense do PL, controlado com mão de ferro por Josimar de Maranhãozinho é muito maior e mais poderoso do que os seus seis representantes no parlamento estadual. O partido é formado por quatro deputados federais, que atuam via de regra em sintonia, 40 prefeitos eleitos em 2024 e uma penca de cerca de três centenas de vereadores, segundo os cálculos de um dos chefes do partido. Ou seja, uma força política nada desprezível.
O governador Carlos Brandão conhece esse xadrez político e sabe o caminho para evitar um rompimento. Afinal, além da tranquilidade do seu Governo na relação com o Poder Legislativo, ele tem alinhavado o projeto de se tornar senador da República e não faz muito sentido abrir mão de um aliado como o PL, que tem influência em nichos importantes do eleitorado. A animosidade da deputada Fabiana Vilar – que, vale lembrar, foi secretária de Agricultura no primeiro Governo Flávio Dino – pode ser aplacada com um bom acordo de governança, que garanta ao grupo representado pela deputada o espaço de poder que ele reivindica.
PONTO & CONTRAPONTO
Brandão afina relação com a Federação PP/União
Traquejado no jogo político, sabendo como se movimentam as forças políticas do país nesse momento, o governador Carlos Brandão (PSD) não perdeu tempo e, passando por Brasília, visitou Antonio Rueda, um dos chefes da Federação PP/União Brasil, formalizada há poucos dias. Com a sua vivência, Carlos Brandão sabe o novo grupamento partidário que pode mexer profundamente com o tabuleiro da política nacional, com reflexos na esfera estadual.
No caso do Maranhão, a Federação PP/União Brasil tem peso nada desprezível: os deputados federais André Fufuca (PP), Pedro Lucas Fernandes (União) e Juscelino Filho (União). E com o diferencial de que o primeiro é ministro do Esporte e quadro influente da cúpula nacional do PP; o segundo é o atual líder do União Brasil na Câmara Federal, e o terceiro acabou de deixar o Ministério das Comunicações, com força na cúpula do União Brasil.
André Fufuca, que é pré-candidato ao Senado, tem relação estreita com o governador Carlos Brandão, sendo inclusive apontado como provável parceiro dele numa dobradinha para o Senado. Pedro Lucas Fernandes também cultiva boa e sólida relação com o Palácio dos Leões. Juscelino Filho não integra a base de apoio do Governo, mas também não é um opositor agressivo. Ao contrário, tem pregado o lançamento de uma chapa com o vice-governador Felipe Camarão (PT) para o Governo e o governador Carlos Brandão para o Senado.
Na conversa com Antonio Rueda, que preside o União Brasil e divide o comando da Federação com o senador piauiense Ciro Nogueira, comandante do PP, o governador Carlos Brandão atualizou a relação com a nova potência partidária.
Paulo Victor atua para ter Beto Castro como sucessor
O presidente da Câmara Municipal de São Luís, vereador Paulo Victor (PSB), caminha para consumar o seu projeto de fazer o seu sucessor. Ele é pré-candidato à Assembleia Legislativa e pretende passar o bastão ao colega e atual 2º vice-presidente, vereador Beto Castro (Avante).
O aspirante a presidente do parlamento ludovicense já está em campanha aberta e, até aqui, obteve a declaração aberta de voto de sete colegas. O último a fazê-lo foi Otávio Soeiro (PSB), que na sessão de quarta-feira (30/04) ocupou a tribuna para fazer a declaração de apoio.
A Câmara de São Luís tem 31 vereadores. O candidato Beto Castro sai na frente com oito votos – incluindo o dele próprio. O seu provável adversário, vereador Marquinhos (União Brasil), que lançou sua candidatura em fevereiro, não recebeu até aqui nenhuma intenção de voto. O mesmo aconteceu com a atual 1ª vice-presidente, vereadora Concita Pinto (PSB), que até aqui fez apenas uma discreta declaração manifestando a intenção de se candidatar, mas que não foi em frente até agora.
É claro que alguma água ainda vai rolar por sob essa ponte, mas pelo que está sendo desenhado, não será em volume suficiente para reverter o que está decidido até aqui.
São Luís, 02 de Maio de 2025.