Arquivos mensais: maio 2025

Se confirmar rompimento com Governo, PL ampliará oposição na Assembleia Legislativa

Josimar de Maranhãozinho sinalizou rompimento
usando Fabiana Vilar como porta-voz do PL

Se o rompimento do PL, controlado pelo deputado federal Josimar de Maranhãozinho, com o governador Carlos Brandão (PSB), for fato consumado, como noticiaram ontem a jornalista Carla Lima, na TV Mirante, e parte da blogosfera, situações imprevistas poderão ocorrer na Assembleia Legislativa, onde o desenho da relação situação/oposição será alterado, pelo menos formalmente. Nesse novo ambiente, os seis deputados do PL – Fabiana Vilar, Cláudio Cunha, Aluízio Santos, João Batista Segundo, Solange Almeida e Pará Figueiredo – se somarão aos sete parlamentares já situados na oposição – Fernando Braide (PSD), Othelino Neto (Solidariedade), Francisco Nagib (PSB), Carlos Lula (PSB), Rodrigo Lago (PSB), Júlio Mendonça (PCdoB) e Ricardo Rios (PCdoB) – formando uma frente com 13 deputados no campo da oposição ao Governo no parlamento estadual, que é composto por 42 parlamentares. Esse novo desenho deverá levar o governador Carlos Brandão a refazer as suas contas e redefinir suas estratégias na convivência com o Poder Legislativo.

O posicionamento duro da deputada Fabiana Vilar, que representa o comando do PL na bancada estadual, em relação à influência do deputado já cassado Hemetério Weba (PP) em hospital do interior. Ele cobrou com veemência que a Assembleia Legislativa encerre o mandato de Hemetério Weba e convoque a suplente Helena Duailibe (PL) para a vaga. O tom do discurso da deputada do PL no caso do hospital foi de insatisfação com o Governo, o que reforça a informação sobre o ainda suposto rompimento. Antes disso, a bancada do PL se posicionou na contramão do Governo estadual na eleição para a presidência da Assembleia Legislativa, em novembro do ano passado. Os cinco votos do partido foram decisivos para o resultado de 21 a 21, tendo o pleito sido vencido pela presidente Iracema Vale (PSB) pelo critério da maior idade.

Nesse contexto, vale também observar que não será fácil para o comando do PL induzir os seus deputados estaduais a assumir postura oposicionista em relação ao Governo do Estado. É difícil, por exemplo, supor que o deputado Aluízio Santos, marido da prefeita Belezinha (PL), de Chapadinha, se posicione abertamente contra o governador Carlos Brandão. O mesmo se pode dizer em relação ao deputado Batista Segundo, que foi segundo na corrida à Prefeitura de Pinheiro, e que quando assumiu como titular na vaga aberta por Juscelino Marreca (PRD), atual prefeito de Santa Luzia, declarou apoio total ao governador Carlos Brandão. Mais difícil ainda é imaginar postura antigovernista no Pará Figueiredo, cuja permanência na Assembleia Legislativa depende exclusivamente da boa vontade do Palácio dos Leões.

A regra básica da existência de qualquer Governo é ampliar ao máximo a sua base de apoio e evitar a formação de uma oposição forte. O governador Carlos Brandão é pragmático o suficiente para manter Josimar de Maranhãozinho e seu grupo no seu ciclo de relações. Isso porque, mesmo se tratando de um grupo político controverso, que se movimenta sob pressão de diversas denúncias de corrupção, o braço maranhense do PL, controlado com mão de ferro por Josimar de Maranhãozinho é muito maior e mais poderoso do que os seus seis representantes no parlamento estadual. O partido é formado por quatro deputados federais, que atuam via de regra em sintonia, 40 prefeitos eleitos em 2024 e uma penca de cerca de três centenas de vereadores, segundo os cálculos de um dos chefes do partido. Ou seja, uma força política nada desprezível.

O governador Carlos Brandão conhece esse xadrez político e sabe o caminho para evitar um rompimento. Afinal, além da tranquilidade do seu Governo na relação com o Poder Legislativo, ele tem alinhavado o projeto de se tornar senador da República e não faz muito sentido abrir mão de um aliado como o PL, que tem influência em nichos importantes do eleitorado. A animosidade da deputada Fabiana Vilar – que, vale lembrar, foi secretária de Agricultura no primeiro Governo Flávio Dino – pode ser aplacada com um bom acordo de governança, que garanta ao grupo representado pela deputada o espaço de poder que ele reivindica.

PONTO & CONTRAPONTO

Brandão afina relação com a Federação PP/União

Antonio Rueda e Carlos Brandão: “Boa conversa”

Traquejado no jogo político, sabendo como se movimentam as forças políticas do país nesse momento, o governador Carlos Brandão (PSD) não perdeu tempo e, passando por Brasília, visitou Antonio Rueda, um dos chefes da Federação PP/União Brasil, formalizada há poucos dias. Com a sua vivência, Carlos Brandão sabe o novo grupamento partidário que pode mexer profundamente com o tabuleiro da política nacional, com reflexos na esfera estadual.

No caso do Maranhão, a Federação PP/União Brasil tem peso nada desprezível: os deputados federais André Fufuca (PP), Pedro Lucas Fernandes (União) e Juscelino Filho (União).  E com o diferencial de que o primeiro é ministro do Esporte e quadro influente da cúpula nacional do PP; o segundo é o atual líder do União Brasil na Câmara Federal, e o terceiro acabou de deixar o Ministério das Comunicações, com força na cúpula do União Brasil.

André Fufuca, que é pré-candidato ao Senado, tem relação estreita com o governador Carlos Brandão, sendo inclusive apontado como provável parceiro dele numa dobradinha para o Senado. Pedro Lucas Fernandes também cultiva boa e sólida relação com o Palácio dos Leões. Juscelino Filho não integra a base de apoio do Governo, mas também não é um opositor agressivo. Ao contrário, tem pregado o lançamento de uma chapa com o vice-governador Felipe Camarão (PT) para o Governo e o governador Carlos Brandão para o Senado.

Na conversa com Antonio Rueda, que preside o União Brasil e divide o comando da Federação com o senador piauiense Ciro Nogueira, comandante do PP, o governador Carlos Brandão atualizou a relação com a nova potência partidária.

Paulo Victor atua para ter Beto Castro como sucessor

Beto Castro tem o apoio de Paulo Victor

O presidente da Câmara Municipal de São Luís, vereador Paulo Victor (PSB), caminha para consumar o seu projeto de fazer o seu sucessor. Ele é pré-candidato à Assembleia Legislativa e pretende passar o bastão ao colega e atual 2º vice-presidente, vereador Beto Castro (Avante).

O aspirante a presidente do parlamento ludovicense já está em campanha aberta e, até aqui, obteve a declaração aberta de voto de sete colegas. O último a fazê-lo foi Otávio Soeiro (PSB), que na sessão de quarta-feira (30/04) ocupou a tribuna para fazer a declaração de apoio.

A Câmara de São Luís tem 31 vereadores. O candidato Beto Castro sai na frente com oito votos – incluindo o dele próprio. O seu provável adversário, vereador Marquinhos (União Brasil), que lançou sua candidatura em fevereiro, não recebeu até aqui nenhuma intenção de voto. O mesmo aconteceu com a atual 1ª vice-presidente, vereadora Concita Pinto (PSB), que até aqui fez apenas uma discreta declaração manifestando a intenção de se candidatar, mas que não foi em frente até agora.

É claro que alguma água ainda vai rolar por sob essa ponte, mas pelo que está sendo desenhado, não será em volume suficiente para reverter o que está decidido até aqui.

São Luís, 02 de Maio de 2025.

Nomeado vice-líder do Governo, Jerry amplia espaço da bancada maranhense na Câmara Federal

Márcio Jerry, Pedro Lucas Fernandes, Rubens Júnior
e André Fufuca: destaques na bancada federal

A nomeação do deputado federal Márcio Jerry (PCdoB) para o posto de vice-líder do Governo manteve o espaço diferenciado de quatro integrantes da bancada maranhense na Câmara Federal. Ali já pontificam os deputados Pedro Lucas Fernandes, que assumiu há pouco a liderança da bancada do União Brasil; Rubens Jr. (PT), que é vice-líder do PT e um dos mais atuantes membros da bancada petista; e André Fufuca (PP), atual ministro do Esporte. Há tempos a representação maranhense na Câmara Baixa não tinha um número tão expressivo de parlamentares em postos importantes no Congresso Nacional, onde o senador Weverton Rocha ocupa a liderança do PDT na Casa.

Publicada na edição de ontem do Diário Oficial da União, a nomeação do deputado Márcio Jerry para vice-líder do Governo tem dois vieses. O primeiro é uma manifestação de reconhecimento do presidente Lula da Silva (PT) ao trabalho que o parlamentar vem realizando na defesa dos projetos e da imagem do Governo como líder da bancada do PCdoB. E o outro é o fato de ser Márcio Jerry um político de larga experiência nesse meio de campo, desde sua intensa atuação como líder estudantil, passando pelo assessoramento direto do prefeito de São Luís, Edivaldo Jr., entre 2012 e 2014, e o comando da campanha de Flávio Dino em 2014, e a direção das áreas de Comunicação Social, Articulação Política e Cidades no primeiro Governo dinista.

Eleito deputado federal em 2018, Márcio Jerry foi voz intensa e dura como opositor do Governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), conseguiu a reeleição em 2022 e passou a ser um dos esteios da bancada governista na Câmara Federal, com forte atuação no plenário e nas comissões da Câmara Federal. Ao nomeá-lo vice-líder do Governo, o presidente Lulas da Silva, que o tem como aliado fiel e da linha de frente, sinaliza claramente que o quer como um dos articuladores da base governista, e também como quadro talhado para o enfrentamento com a oposição.

– Recebo com responsabilidade essa missão (…). Vamos seguir firmes na construção de consensos e no diálogo democrático com todas as bancadas – declarou o parlamentar ao comentar a nomeação. Ele, que já foi líder do PCdoB, sabe exatamente o que deve fazer como vice-líder, que é substituir eventualmente o líder e ajuda-lo na articulação com outras bancadas e no diálogo – sempre muito difícil – com a oposição, principalmente em relação a temas que marcam as diferenças políticas e ideológicas.  

A rigor, como vice-líder o deputado Márcio Jerry vai dar continuidade, agora com mais intensidade e abrangência, ao trabalho que já vem realizando como integrante da base governista, que por ser minoritária, enfrenta enormes desafios para viabilizar os pleitos propostos pelo Palácio do Planalto ao Congresso Nacional. A isso se soma o fato de que um bom desempenho na vice-liderança pode ser decisivo para o seu projeto de reeleição em 2026.

Nesse trabalho, Márcio Jerry poderá, em algum momento, enfrentar o líder do União Brasil, deputado Pedro Lucas Fernandes, que abriu mão do Ministério das Comunicações para continuar na liderança do União Brasil, agora federado com o PP e que tende a se portar como oposição. E nessa atividade, o vice-líder terá a parceria de outro vice-líder governista, o deputado petista Rubens Jr., que vem sendo apontado pela sua competência parlamentar e o seu preparo técnico, fruto da sua sólida formação na área do Direito. Terá como aliado o ministro do Esporte André Fufuca, que pertence à ala da Federação PP/União Brasil identificada com o Governo e pretende permanecer no ministério até em 2025.

A atuação destacada dos quatro parlamentares não pode ser considerada como exceção. Afinal, a bancada maranhense na Câmara Federal conta com outros quadros diferenciados, como os deputados Duarte Jr. (PSB), que preside a comissão que cuida dos interesses de pessoas com deficiência, o deputado Hildo Rocha (MDB), conhecido pela sua produção legislativa, e o deputado Aluísio Mendes (Republicanos), pela sua forte atuação na seara oposicionista.

PONTO & CONTRAPONTO       

Yglésio Moises se lança ao Senado, mas sua meta verdadeira é não ficar sem mandato

Yglésio Moises: pré-candidato
a senador em 2026

Não surpreendeu o anúncio do deputado estadual Yglésio Moises (PRTB) se lançando pré-candidato ao Senado em 2026, na esteira dos números de uma pesquisa sobre a corrida senatorial feita nos quatro municípios de Upaon Açu, na qual ele aparece entre os cinco mais votados, alcançando até 20 pontos percentuais numa das quatro simulações em que foi incluído.

Um dos políticos mais inteligentes, ativos e controversos na sua geração, que nasceu no centro-esquerda como militante do PDT, Yglésio Moises, que está no segundo mandato, vem protagonizando a mais impressionante migração político-ideológica, deixando a seara esquerdista para se tornar um militante infatigável da direita radical, integrante destacado da corrente bolsonarista.

E nessa toada se tornou um crítico feroz do Supremo Tribunal Federal, partidário enfático da interpretação de que o 8 de janeiro de 2023 foi coisa de vândalos infiltrados e defendendo a mais pura inocência do ex-presidente Jair Bolsonaro na tentativa de golpe de estado, que para ele é apenas uma invenção da esquerda.

É com esse perfil que ele se lança pré-candidato ao Senado, atuando para ser escolhido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro como o representante maior do bolsonarismo no Maranhão, rivalizando com o ex-senador Roberto Rocha (sem partido), que é candidato a governador, mas pode disputar a senatória.

Ele sabe que entre numa disputa com pouquíssimas chances de sucesso, à medida que na corrida às duas vagas de senador estão o governador Carlos Brandão, os senadores Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PSD), o ministro do Esporte André Fufuca (PP) e o ex-prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo (Mobiliza).

Nesse contexto, uma verdade se impõe: o que realmente o deputado Yglésio Moises não quer é ficar sem mandato.

Braide mantém silêncio obstinado sobre pesquisas e corrida aos Leões

Eduardo Braide

O prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD) tem no silêncio sobre seus próximos passos políticos uma das melhores e mais eficientes ferramentas da sua bem-sucedida carreira política. A atitude de se manter calado até onde a conveniência determina, independentemente do que está acontecendo à sua volta, chega a ser extremada.

Ele não deu uma palavra sequer sobre as oito pesquisas divulgadas nos últimos seis meses dando conta da sua indiscutível liderança nas preferências do eleitorado em relação à corrida ao Governo do Estado.

Nem o levantamento mais recente, do instituto Prever, sobre as tendências do eleitorado da Ilha de Upaon Açu, que o apontou com 74% das intenções de voto, nada menos que 67 pontos percentuais à frente do vice-governador Felipe Camarão, que recebeu sete pontos percentuais, o animou a comentar o cenário da corrida sucessória.

Há quem aposte que o prefeito de São Luís é candidato já decidido, mas que só falará sobre o assunto a partir de janeiro do ano que vem.

Em Tempo: a Coluna se congratula com todos os trabalhadores do Brasil, em especial os maranhenses.

São Luís, 1º de Maio de 2025.