Arquivos mensais: maio 2025

Marcha: Roberto Costa leva Famem a buscar solução para problemas que sufocam prefeituras

Roberto Costa fala aos senadores e deputados federais do
Maranhão sobre os problemas enfrentados por municípios

O prefeito de Bacabal, Roberto Costa (MDB), encara em Brasília o seu primeiro grande teste como presidente da Federação dos Municípios do Maranhão (Famem), ao comandar a representação maranhense na XXVI Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, que começou segunda-feira (19) e termina hoje. Ele lidera uma delegação formada por mais de uma centena de prefeitos, e além dos debates da agenda do maior encontro municipalista do País, conduziu uma produtiva reunião do grupo municipalista com a representação maranhense no Congresso Nacional, numa articulação que fez com o coordenador da bancada, deputado federal Duarte Jr. (PSB), apoiada pelo secretário estadual de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão, porta-voz do Palácio dos Leões no evento.

Roberto Costa fugiu do habitual pedido de obras por meio de emendas parlamentares, e assumiu plenamente a condição de presidente da Famem para colocar à mesa com senadores e deputados federais assuntos amargos e desafiadores, que travam o funcionamento de prefeituras.  Um deles é a busca de soluções para o gigantesco déficit previdenciário dos municípios maranhenses, assim como a criação de uma legislação que permita aos municípios criarem os seus sistemas de previdência sem inviabilizar as finanças municipais. Ele defendeu junto a senadores – Eliziane Gama (PSD) e Weverton Rocha (PSD) e 12 deputados federais o aprimoramento da legislação relacionada com o pagamento de precatórios no âmbito municipal, que é outro sugador de recursos das prefeituras, que em sua maioria depende do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e dos Estados (FPE) e de convênios com os Governos estaduais e com a União. O foco central é o aumento de receita dos municípios.

Roberto Costa fez questão de levar para a reunião com a bancada ninguém menos do que o presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, com quem vem mantendo uma relação estreita desde que assumiu a presidência da Famem.

Na reunião, o presidente da Famem apresentou um breve, mas denso, painel da situação dos municípios do Maranhão, fazendo uma defesa forte do estreitamento das relações dos prefeitos com a bancada federal e com o Governo do Estado, por entender que essa é a essência do municipalismo. Ele fez também uma enfática defesa dos prefeitos, cujo papel ainda não é compreendido inteiramente. E falou baseado na sua própria vivência de político que passou 15 anos na Assembleia Legislativa, comandou secretarias de Estado, mas encontrou uma realidade totalmente nova na condição de prefeito de Bacabal. “Estou à frente de uma Prefeitura há cinco meses, e nunca carreguei nas minhas costas uma responsabilidade tão grande”, declarou, relatando situações complicadas com que se depara sem aviso prévio.

Ele pediu aos senadores e deputados federais que se aproximem cada vez mais dos municípios, de modo a ampliar e fortalecer a relação dos prefeitos com a União, citando como exemplo a atuação do secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão, que segundo ele, “tem sido um parceiro importante nas nossas demandas com o Governo do Estado, que tem escutado as necessidades dos prefeitos, levando ao governador demandas importantes dos prefeitos e prefeitas maranhenses”. 

O discurso enfático e alinhado do presidente da Famem foi bem recebido pelos congressistas maranhenses presentes à reunião. O coordenador da bancada federal, deputado Duarte Jr., concordou com as demandas apresentadas pelo presidente da FAMEM, posição defendida também pelo líder do União na Câmara Federal, deputado Pedro Lucas Fernandes, e do vice-líder do PT, deputado Rubens Jr..

Com a sua movimentação em Brasília, o prefeito Roberto Costa tem emitido fortes sinais de que pretende colocar a Famem na rota dos grandes temas do municipalismo, fazendo com que ela seja bem mais que uma entidade associativa e consultiva, para se tornar uma instituição de fato engajada no debate dos problemas de organização e estrutura enfrentados pelos prefeitos maranhenses.

PONTO & CONTRAPONTO

Orleans Brandão participa ativamente da Marcha dos Prefeitos e é visto como nome forte ao Governo

Orleans Brandão participa da reunião dos prefeitos com
a bancada federal: visto como nome forte ao Governo

O secretário de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão, que nas últimas semanas voltou ao epicentro da movimentação que deve desembocar na escolha do candidato governista à sucessão do governador Carlos Brandão (PSB), está sendo o diferencial na delegação de prefeitos maranhenses na XXVI Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, comandada pelo presidente da Famem, Roberto Costa, que é prefeito de Bacabal e um dos principais articuladores da base governista.

Em Brasília, Orleans Brandão inovou como secretário de Assuntos Municipalistas. Ele acompanha a delegação em todos os eventos, ajudou na articulação da reunião da delegação maranhense com a bancada federal e, com o suporte da Representação do Governo do Maranhão em Brasília, deu apoio à delegação.  

Na reunião dos prefeitos com a bancada federal, comandada pelo presidente da Famem, o secretário de Assuntos Municipalistas ocupou lugar na mesa dos trabalhos e se manifestou quando espaços lhe foram abertos na discussão entre prefeitos e parlamentares.

Numa avaliação da Marcha em curso, o braço direito do governador Carlos Brandão na seara municipalista se manifestou, visivelmente entusiasmado:  “O Maranhão participou em peso. Eu estou me sentindo em casa, conversando com os amigos prefeitos do nosso estado. Aqui encontramos gestores que estão em busca de melhores investimentos e capacitação. Com o municipalismo forte o Brasil também seguirá forte”.

E justificou sua participação ativa na Marcha dos prefeitos: “Estamos aqui para somar forças. O Governo do Maranhão se coloca à disposição para trabalhar lado a lado com os deputados, senadores e prefeitos. Nosso compromisso é com quem mais precisa”.

Nos bastidores da mega reunião, Orleans Brandão passou a prefeitos, senadores e deputados federais a impressão de que caminha mesmo para ser o candidato a governador, na hipótese, já admitida por muitos, de o governador permanecer no cargo até o final do seu mandato, com imenso poder de fogo na corrida eleitoral.

Deputados dissidentes da base governista fazem críticas em série à situação de escolas e rodovias

Othelino Neto, Rodrigo Lago, Júlio Mendonça, Carlos Lula criticaram o Governo; Neto Evangelista rebateu as críticas

Depois da sessão de terça-feira, que foi dominada pelo imbróglio causado pelo print com o registro de suposta conversas ofensivas à deputada Mical Damasceno (PSD) e atribuídas ao vice-governador Felipe Camarão, que reagiu batendo às portas da Polícia e da Justiça, a Assembleia Legislativa viveu na quarta-feira uma sessão em que deputados do bloco dinista fizeram duras críticas ao Governo do Estado, focando suas falas nas condições de escolas e rodovias.

A série de pronunciamentos foi aberta pelo deputado Othelino Neto (Solidariedade), o mais ácido opositordo governador Carlos Brandão e que fez uma contundente denúncia a respeito da situação da Escola Educa Mais João Francisco Lisboa, onde segundo informou, estivera pouco antes. O parlamentar fez um relato dramático da situação da escola, fazendo fortes críticas à política educacional do Governo.

Na sequência, os deputados Rodrigo Lago (PCdoB), Júlio Mendonça (PCdoB) e Carlos Lula (PSB) ocuparam a tribuna e bateram na mesma tecla, fazendo denúncias sobre a situação de diferentes escolas. Ao mesmo tempo, cobraram ações imediatas na restauração das unidades escolares. Nos seus pronunciamentos, os deputados dissidentes da base governista atacaram também a política rodoviária do Governo do Estado, citando as condições em que se encontram a MA-006, interrompida esta semana por um protesto, e também a MA-106.

Os deputados atribuíram parte dos problemas à centralização da política de obras na Secretaria de Infraestrutura, defendendo que os casos de construção e reforma de escolas sejam conduzidos diretamente pela Secretaria de Estado da Educação.

O líder do Governo, deputado Neto Evangelista (União) reagiu ao “ataque” articulado dos deputados dissidentes, contestando parte do que foi denunciado e afirmando que o governador Carlos Brandão não deixa problemas sem solução. E citou como exemplos a agenda de inaugurações do em todo o estado. São Luís, 22 de Maio de 2025.

Braide deve conversar com chefe do PSD para definir a unidade do partido por sua candidatura

Eduardo Braide deve conversar com Gilberto Kassab
sobre fatiamento do PSD no Maranhão

O prefeito Eduardo Braide deverá ter uma conversa definitiva com o comandante nacional do PSD, Gilberto Kassab, acerca da situação do partido no Maranhão, onde a legenda é dividida entre ele, que tem o controle formal no estado, a senadora Eliziane Gama, que lidera uma fatia expressiva da legenda na condição de vice-presidente nacional, e peças soltas, como o deputado federal Josivaldo JP e os deputados estaduais Eric Costa e Mical Damasceno, que têm atuado claramente em sintonia com o Palácio dos Leões. Líder isolado na corrida à sucessão do governador Carlos Brandão (PSB), segundo todas as pesquisas, Eduardo Braide não pretende ser candidato por um partido dividido, e deve colocar as cartas na mesa no momento adequado.

Esse rumor circulou nos bastidores do Palácio de la Ravardière há duas semanas, quando a deputada Mical Damasceno fez um duro discurso criticando o vice-governador Felipe Camarão (PT), a quem acusou de estar pressionando o governador Carlos Brandão para apoiá-lo. Na sua fala, a parlamentar defendeu o direito de o governador lançar o seu sobrinho, o secretário de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão (MDB), à sucessão dele, e fez um apelo dramático para que Carlos Brandão permaneça no Governo até o final do seu mandato, comandando o processo sucessório. O discurso de Mical Damasceno repercutiu negativamente no entorno do prefeito de São Luís, tendo alguns dos seus aliados esperado algum tipo de reação, mas nada saiu do gabinete do prefeito de São Luís, que tem a prudência como “arma” política.

Nas últimas semanas, nas incursões do governador Carlos Brandão pelas regiões Sul, participando da AgroBalsas, em Balsas, e Tocantina, numa grande movimentação administrativa e política em Imperatriz, deputados do PSD participaram entusiasticamente dos eventos, referendando a destacada participação do secretário Orleans Brandão, que atuou como braço direito do chefe do Executivo estadual e como pré-candidato quase declarado. O deputado federal Josivaldo JP não esconde sua relação próxima com o Governo do Estado. Na mesma linha, o deputado Eric Costa tem se movimentado como membro ativo da base governista na Assembleia Legislativa, onde tem elogiado as ações do Governo do Estado.

Se não conta ainda com o apoio integral do seu partido, o prefeito de São Luís embala o seu projeto de candidatura com o apoio declarado do Republicanos, comandado no estado pelo deputado federal Aluísio Mendes, que já se manifestou nessa direção e tem o aval do comando nacional da legenda, confirmado pela visita recente do presidente nacional do partido, deputado federal Marcos Pereira (SP), a São Luís. Da mesma maneira, o prefeito tem o respaldo e o apoio do braço do MDB em São Luís. Até aqui, o presidente do braço emedebista na Capital, deputado federal Cléber Verde está “fechado” com o projeto de candidatura do mandatário municipal ao Governo do Estado, mesmo diante da possibilidade de o emedebista Orleans Brandão vir a ser lançado candidato pelo governador Carlos Brandão.

Nesse contexto, não será surpresa se o PDT, comandado pelo senador Weverton Rocha, vier a fazer uma aliança com o PSD, garantindo o apoio do partido, ainda que informalmente, e de Eduardo Braide à sua candidatura à reeleição. Eduardo Braide poderá também receber o apoio do PL, liderado pelo deputado federal Josimar de Maranhãozinho, que já se colocou fora da base governista e declarou apoio ao projeto de reeleição do senador Weverton Rocha, podendo ampliar o raio e apoiar a candidatura do prefeito.

O fato é que no momento o prefeito Eduardo Braide trabalha no sentido de montar uma base partidária para a sua candidatura ao Governo. E além do Republicanos, até aqui conta apenas com retalhos do seu próprio partido. Daí o rumor de que ele se prepara para colocar as cartas na mesa numa conversa decisiva com o comando do PSD, na qual ele entrará com a vantagem de ser líder nas intenções de voto e de ser um político que tem brilho próprio e para quem o partido preenche a parte formal da campanha, garantindo tempo no rádio e na TV.

Em Tempo: esse comentário é fruto de uma longa conversa com quem conhece bem o entorno político do prefeito de São Luís.

PONTO & CONTRAPONTO

Iracema preside o Poder Legislativo e atua fortemente na política partidária separando o joio do trigo

Iracema Vale, com os deputados Davi Brandão e
Antônio Pereira, no evento dos agentes de saúde

A presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB) vem atuando fortemente em duas frentes, conseguindo, com muita habilidade, separar o joio do trigo.  

A primeira frente é a presidência do Poder Legislativo, que exerce com mão firme, respeitando as regras das relações institucionais, assegurando as prerrogativas parlamentares, evitando que o jogo político e partidário interfira no dia a dia do parlamento como instituição. As sessões têm transcorrido com base no jogo da situação, que é largamente majoritária, da qual ela faz parte, com a oposição, que é minoritária e enfrenta dificuldades para “peitar” a poderosa bancada governista.

Agora mesmo, quando estourou a bomba do tal print ofensivo à deputada Mical Damasceno (PSD) e atribuído ao vice-governador Felipe Camarão (PT), a presidente da Assembleia Legislativa agiu com total correção: divulgou nota manifestando apoio e solidariedade à parlamentar, e diante da reação do vice-governador negando autoria das ofensas, Iracema Vale evitou, na nota, fazer juízo sobre autoria, preferindo, em princípio, entregar o caso à Polícia e, posteriormente, à Justiça, descartando o risco perigoso  de uma acusação infundada.

No front político, Iracema Vale vem jogando pesado como aliada incondicional do governador Carlos Brandão (PSB). Mais recentemente, a deputada-presidente vem aos poucos abraçando o projeto que prevê a permanência do governador Carlos Brandão no cargo, e o lançamento do secretário Orleans Brandão com o candidato a governador.

A manifestação mais recente nesse sentido aconteceu sexta-feira (16), no auditório Fernando Falcão, da Assembleia Legislativa, em reunião de agentes de saúde. Enfermeira por formação, Iracema Vale participou ativamente do ato, no qual se comprometeu entregar os pleitos da categoria aos cuidados do secretário de Assuntos Municipalistas, para que ele faça a ponte entre os agentes e o Governo.  

Com sua conhecida habilidade, ela começou: “Antes de ser deputada, antes de ser prefeita, sou enfermeira. E foi implantando o sistema de agentes comunitários de saúde em Urbano Santos que iniciei minha caminhada política. Foi no contato direto com as famílias que entendi o verdadeiro sentido da política: estar perto, ouvir e cuidar”.

E completou: “O governador Carlos Brandão reconhece a importância dos agentes comunitários e de combate às endemias para a saúde pública. E o secretário Orleans Brandão será essa ponte entre a categoria e o Executivo, contribuindo na construção de políticas públicas voltadas à valorização desses profissionais”.

Arnaldo Melo destaca volume de obras em curso no estado

Arnaldo Melo: animação

Decano da Assembleia Legislativa, com a experiência de mais de três década na Casa, o deputado Arnaldo Melo fez uma declaração surpreendente, que certamente ecoou como música no palácio dos Leões. Ele disse: “Estou nesta Casa desde 1991 e nunca vi um governo com tantas obras em andamento como neste momento aqui no Maranhão”.

Arnaldo Melo destacou as ações descentralizadas na área da educação, assinalando a complexidade da manutenção e recuperação das mais de mil escolas estaduais. Destacou também obras de grande impacto, como o Hospital da Ilha, em São Luís, e o novo Hospital Geral em construção em Imperatriz.

E usando toda a sua larga experiência, o parlamentar revelou seu estado de ânimo: “Eu estou animado com tantas obras no interior do Maranhão. O governador Brandão está fazendo obras na Baixada, na região dos Lençóis, na região do Sertão, na região Central do Maranhão, e isso a gente precisa registrar”.

As declarações, feitas com franqueza, ecoaram dentro e fora do plenário da Assembleia Legislativa.

São Luís, 21 de Maio de 2025.

Pesquisa mostra oposicionistas com larga vantagem sobre governistas na corrida aos Leões

Eduardo Braide está isolado na liderança, seguido de Lahesio Bonfim
e Roberto Rocha, que são seguidos por Felipe Camarão, Orleans
Brandão e Pedro Lucas, que não é candidato a governador

Pesquisa do instituto Data M sobre a corrida ao Palácio dos Leões, realizada entre 5 e 10 de maio, tendo ouvido 1.800 eleitores em 40 municípios, e divulgada ontem, mexeu com os brios da base governista. Dos seis candidatáveis listados, os três que estão na frente – o prefeito de São Luís Eduardo Braide (PSD), o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes Lahesio Bonfim (Novo), e o ex-senador Roberto Rocha (sem partido) – fazem oposição ao grupo ligado ao ministro Flávio Dino (STF), que aposta no vice-governador Felipe Camarão (PT), e à corrente liderada pelo governador Carlos Brandão (PSB), que trabalha a candidatura do secretário de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão (MDB), da qual também faz parte o deputado federal Pedro Lucas Fernandes (União), que estão nas três últimas colocações.

Os números do Data M – que têm margem de erro de 2,5 pontos percentuais, para mais ou para menos, e intervalo de confiança de 95% – informam que, se a eleição fosse agora, Eduardo Braide sairia das urnas com 34,3% e iria para um segundo turno tendo como adversário Lahesio Bonfim, que ocuparia o segundo lugar com 15,3% dos votos. Na terceira colocação, e fora do jogo, portanto, ficariam Roberto Rocha, com 9,4%, seguido de Felipe Camarão com 8,8%, de Orleans Brandão com 6,7%, e de Pedro Lucas Fernandes com 1,3%. Além disso, os insatisfeitos (votos brancos e nulos e em nenhum) e indecisos (não souberam ou não quiseram responder) somariam nada menos que 24,1%.

Chama a atenção o fato de oposicionistas estarem liderando a pesquisa – que ouviu 1.800 eleitores em 40 municípios – com vantagem muito larga. Somadas, as intenções de votos do líder Eduardo Braide, de Lahesio Bonfim e de Roberto Rocha alcançam nada menos que 59%, enquanto os governistas Felipe Camarão, Orleans Brandão e Pedro Lucas Fernandes totalizam apenas 16,8%. É verdade que não há candidatura definida, e que no cenário de agora apenas Lahesio Bonfim e Roberto Rocha já se declararam candidatos irreversíveis, ao tempo em que Felipe Camarão tem manifestado declarada intenção de ser candidato, Orleans Brandão se movimenta como pré-candidato, e Pedro Lucas Fernandes nunca manifestou qualquer traço de intenção de entrar nessa disputa sucessória. Mas os seus nomes estão postos, e com visibilidade bem maior do que a dos demais.

Outro dado que também chama a atenção é a solidez da posição do prefeito Eduardo Braide, que aparece na faixa de 30 a 35 pontos percentuais em nada menos que cinco pesquisas mais recentes, sem fazer qualquer movimento pré-eleitoreiro explícito – a ida ao AgroBalsas aconteceu depois desse levantamento. Lahesio Bonfim faz movimento oposto, atuando em pré-campanha todos os dias, o que talvez explique a variação das suas colocações em diferentes pesquisas. E Roberto Rocha ainda está restrito a nichos por ele criados em redes sociais, nos quais vem reafirmando com insistência que é candidato, e nada além disso.

No contraponto, os pré-candidatos governistas, que poderiam estar se unindo para formar uma aliança forte e definir uma candidatura com cacife político e eleitoral avantajado, estão mergulhados numa medição de força que tem produzido mais incertezas do que convicções em relação ao futuro de cada um. Isso porque o grupo que dá suporte ao governador Carlos Brandão começa a se manifestar explicitamente favorável ao projeto de candidatura de Orleans Brandão, enquanto a chamada ala dinista da aliança mantém inalterada sua posição favorável ao projeto de candidatura do vice-governador Felipe Camarão.

A pesquisa Data M, como as anteriores, trouxe à tona recados objetivos do eleitorado, sendo o mais contundente a liderança até aqui sólida de Eduardo Braide, os movimentos positivos de Lahesio Bonfim, a curiosa performance de Roberto Rocha e o espantosamente magro desempenho de Felipe Camarão e Orleans Brandão. Resta aguardar o que dirão os próximos levantamentos.

PONTO & CONTRAPONTO

Senado: mesmo sem ser candidato declarado, Brandão lidera e Weverton e Fufuca disputam a segunda vaga

Carlos Brandão lidera, Weverton Rocha e André Fufuca disputam
segunda vaga, seguidos por Eliziane Gama,
Yglésio Moises, Hilton Gonçalo e Aluísio Mendes

Ao mesmo tempo em que encontrou os pré-candidatos de oposição à frente dos governistas na corrida ao Governo do Estado, a pesquisa Data M trouxe à tona um cenário surpreendente e inverso no que diz respeito à corrida para as duas vagas no Senado. De acordo com os números levantados, o governador Carlos Brandão (PSB) lidera nos cenários em que é incluído na lista de pré-candidatos, seguido do senador Weverton Rocha (PDT) e do ministro André Fufuca (PP), que travam uma luta renhida pela segunda vaga. Nesse cenário, a senadora Eliziane Gama (PSD) fica em posição crítica, fora do jogo pela reeleição.

No quadro sem a presença do governador Carlos Brandão, a disputa pelas duas vagas fica concentrada em Weverton Rocha e André Fufuca, com Eliziane Gama aparentemente sem chance de inverter as posições, o que também acontece com o ex-prefeito de Santa Rita Hilton Gonçalo (Mobiliza) e com o deputado estadual Yglésio |Moises (PRTB), que em todos os quadros aparecem sem qualquer chance de chegar a uma das vagas.

Na soma dos dois cenários em que foi listado, o governador Carlos Brandão aparece liderando com 22,7% para a primeira vaga, seguido de Weverton Rocha com 20,5% e de André Fufuca com 18,5%, numa espécie de empate técnico no limite da margem de erro de 2,5 pontos percentuais, para mais ou para menos, Eliziane Gama aparece com 15,3%. Os demais aparecem sem chance de chegar nos líderes.

Nesse contexto, o governador Carlos Brandão dá uma nítida demonstração de força, à medida em que ainda não se declarou candidato ao Senado, tendo a pesquisa sido realizada no exato momento em que ele sinalizava, nítida e intensamente, com a possibilidade de abrir mão de uma eleição quase certa para a Câmara Alta, para permanecer no Governo até o final do seu mandato. Esse cenário indica que, caso deixe o Governo, o mandatário maranhense pode ter um desempenho bem melhor, com possibilidade de ampliar essa liderança.

Beto Castro já conta com 20 votos para se eleger presidente da Câmara de São Luís em abril que vem

Thay Evangelista: 20º voto para Beto Castro

Se não for atropelado por uma denúncia bombástica ou pelo aparecimento de um candidato que atraia pelo menos 16 votos, revertendo parte da sua base de apoio montada até aqui, o vereador Beto Castro (Avante), atual 2º vice-presidente, será eleito presidente da Câmara Municipal de São Luís, em pleito programado para abril do ano que vem. Ontem, ele recebeu a 20ª manifestação de apoio, com a declaração de voto feita ´pela vereadora Thay Evangelista (União).

Lançado candidato com o apoio do presidente Paulo Victor (PSB), que não pode concorrer à reeleição para o cargo e pretende encarar as urnas por uma cadeira na Assembleia Legislativa, o vereador Beto Castro entrou na corrida como um rolo compressor. De cara, ele atropelou a prenunciada candidatura do vereador Marquinhos (União) e inibiu a intenção de ser candidata manifestada pela vereadora Concita Pinto (PSB), 1ª vice-presidente.

Agora com Thay, os vereadores que apoiam Beto, são: Wendell Martins (Podemos), Octávio Soeiro (PSB), Thyago Freitas (PRD), Paulo Victor (PSB), Romeo Amim (PRD), Daniel Oliveira (PSD), Cleber Verde Filho (MDB), Fábio Macedo Filho (Podemos), Beto Castro (Avante), Marlon Botão (PSB), Marcelo Poeta (PSB), Raimundo Penha (PDT), Andrey Monteiro (PV), Édson Gaguinho (PP), Clara Gomes (PSD), Antônio Garcês (PP), Coletivo Nós (PT), Marcos Castro (PSD) e Raimundo Júnior (Podemos).

Há quem já o veja como presidente eleito. Pelo andar da carruagem, caminha para isso. Mas é bom lembrar que desde os tempos em que era o Senado, composto por representantes famintos de uma paupérrima vila colonial no século XVII, como conta Jerônimo Viveiros no seu livro “A Cidade de São Luís e suas Circunstâncias”, a Câmara Municipal ludovicense tem registrados episódios de reviravoltas impressionantes.

São Luís, 20 de Maio de 2025.

Por motivos diversos, Camarão, Brandão, Braide e Bonfim agitaram a corrida aos Leões na última semana

Felipe Camarão, Orleans Brandão, Eduardo Braide e Lahesio
Bonfim: movimentos intensos de pré-campanha ao Governo

Foi uma semana extremamente animada no tabuleiro em que se dão os primeiros movimentos para a sucessão do governador Carlos Brandão (PSB). Os quatro nomes já postos na fase prévia da corrida, na qual candidaturas são apenas projetos em montagem, mas longe da concretização, os quatro nomes postos no tabuleiro – o prefeito de São Luís Eduardo Braide (PSD), o vice-governador Felipe Camarão (PT), o secretário de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão (MDB) e o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes Lahesio Bonfim (Novo) – fizeram movimentos largos no sentido de ampliar o seu raio de ação ou de conter redução nos espaços já conquistados. E com um detalhe que deu mais intensidade aos movimentos, a presença no cenário dos dois patronos com poder de fogo para definir o quadro: o governador Carlos Brandão (PSB) e o ministro Flávio Dino (STF).

Na terça-feira (13), o mundo político e as entranhas das redes sociais foram agitadas por um print com declarações extremamente ofensivas à deputada estadual Mical Damasceno (PSD), atribuídas ao vice-governador Felipe Camarão em suposta conversa com um blogueiro. O vice-governador reagiu, no ato, negando veementemente a autoria e levantando a suspeita de se tratar de uma “montagem criminosa” por inteligência artificial feita para atingi-lo pessoal e politicamente. A reação do vice-governador conteve parte da força do tsunami, mas o obrigou a fazer um esforço gigantesco para evitar danos irreversíveis. Seus adversários, é claro, dispararam fogo pesado na sua direção. Seus aliados saíram em sua defesa contra-atacando. Na sexta-feira, Felipe Camarão, que é professor do Curso de Direito da UFMA, participou, aparentemente tranquilo, da solenidade na qual a instituição entregou o título de Doutor Honoris Causa ao ministro Flávio Dino, tido por todos como patrono da sua pré-candidatura ao Governo do Estado. A interlocutores próximos, o vice-governador disse que entregou o caso à Polícia Civil e à Polícia Federal e que vai à Justiça. No grupo dinista foi tomada a decisão de reforçar a pré-candidatura do vice-governador.

No mesmo período, o secretário Orleans Brandão avançou, e muito, no seu projeto de candidatura a governador. Ele passou a semana acompanhando o governador Carlos Brandão numa intensa e politicamente produtiva incursão na Região Tocantina. Ali, participou, de maneira destacada, de todos os eventos da agenda do chefe do Executivo. Na quarta-feira, apoiado pelo chefe da casa Civil Sebastião Madeira, foi o principal articulador da maratona na qual o governador Carlos Brandão se reuniu com 16 prefeitos da região, com os quais definiu os investimentos do Governo para cada um dos municípios. Orleans Brandão conversou muito, deu entrevistas e discursou várias vezes, atuando como um autêntico pré-candidato, embora em nenhum momento tenha se declarado como tal. O fato é que a agenda tocantina reforçou em todos a impressão de que há, sim, a possibilidade de o governador Carlos Brandão permanecer no cargo e lançá-lo candidato ao Governo. E com um adendo: a maioria dos prefeitos declarou que acompanhará o governador na decisão que ele vier a tomar.

No conforto da sua liderança na corrida ao Palácio dos Leões, segundo as pesquisas, e no pique de uma gestão bem avaliada, o prefeito de São Luís Eduardo Braide surpreendeu o mundo político ao desembarcar, terça-feira (13), em Balsas, para participar da AgroBalsas, a maior da região do Matopiba. Diante da surpresa de muitos e das muitas indagações, ele reagiu como sempre, produzindo mais interrogações do que esclarecendo dúvidas. Se disse feliz “por voltar” a Balsas, “para visitar a AgroBalsas” e “rever amigos” e, para fechar a nuvem de interrogações, disparou: “Vim também trazer boas novas”. Informações que circularam sobre sua inesperada incursão no fechado mundo do agronegócio produzirão mais incógnitas ainda. Ao mesmo tempo, trouxe uma certeza: a visita a Balsas teve as tintas de sua pré-candidatura ao Governo do Estado, que ganha mais forma a cada dia.

Sem uma agenda definida, mas ocupando todos os espaços possíveis na mídia, o ex-prefeito Lahesio Bonfim manteve inalterado o seu discurso de candidato assumido, ora reafirmando seu projeto como irreversível, ora propondo alianças as mais diversas – especialmente com o prefeito Eduardo Braide –, e ora se dispondo a ceder a vaga de vice. O fato é que, ao contrário dos outros aspirantes, Lahesio Bonfim já se considera candidato, conforme suas declarações mais recentes.

Vale lembrar que tudo isso acontece a exatamente  um ano do momento em que o cenário ganhará desenho definitivo com a decisão do governador Carlos Brandão de sair para o Senado ou cumprir o mandato até o final.

PONTO & CONTRAPONTO

Destaque

Ao receber título honorífico da UFMA, Dino defende Direito aos mais frágeis e reafirma valor da justiça

Foto maior: Flávio Dino entre Felipe Camarão, Fernando
Carvalho e Alan Kardek Duailibe. Embaixo: Flávio Dino
exibe o diploma e defende o direito aos mais pobres

“Se o Direito não serve aos frágeis, ele não serve para nada. Se o Direito não é dos órfãos, das viúvas, dos que menos têm, ele é tudo, menos Direito”.

Com essa declaração, dada em tom enfático, o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, marcou a breve fala em que agradeceu à Universidade Federal do Maranhão pela concessão do título de Doutor Honoris Causa, entregue pelo reitor Fernando Carvalho, em ato solene, na noite de sexta-feira (16), no Campus do Bacanga. Diante de um auditório lotado por estudantes de Direito, professores, ex-auxiliares, magistrados e muitos simpatizantes, o ministro agradeceu fazendo uma homenagem à UFMA – da qual foi aluno e é professor – e a cada professor que lhe orientou no Curso de Direito, cujas aulas alternava com intensa participação no Movimento Estudantil. No mesmo discurso, o ministro emendou, em tom fortemente crítico:

“Os poderes fáticos se impõem, os poderes materiais falam mais alto, quem tem, manda. E por isso mesmo, o Direito precisa dizer ´não`. Aqui há uma fronteira em que os poderes materiais não podem abusar daqueles mais fragilizados pelas circunstâncias da vida”.

O ministro foi saudado pelo professor-doutor Alan Kardek Duailibe, presidente da Gasmar, com quem tem relação estreita pessoal e familiar, e que numa bem elaborada e tocante peça de oratória, assinalou: “Flávio Dino é uma composição em notas de inteligência, alegria, estoicismo, luta e emoção”. E avançou: “Ele converteu a sua própria existência à condição de servo das causas coletivas e sociais”. E fechou lembrando: “Não estaríamos aqui confraternizando, festejando a liberdade e a democracia se não fosse a sua atuação firme e determinante no fatídico 8 de Janeiro de 2023”.

Por sua vez, o reitor Fernando Carvalho justificou a concessão do título ao ministro destacando que “Flávio Dino é um maranhense que honra as instituições públicas, defende com firmeza os valores democráticos e contribui para a promoção da justiça social e da cidadania”.

A entrega do título poderia passar como um evento acadêmico normal, mas a presença do vice-governador Felipe Camarão (PT) – que é professor do Curso de Direito e foi chamado para a Mesa -, da senadora Eliziane Gama (PSD), do deputado federal Márcio Jerry (PCdoB) e dos deputados Carlos Lula (PSB), Rodrigo Lago (PCdoB), Júlio Mendonça (PSB) e Leandro Bello (Podemos), além do desembargadores Paulo Velten e Gervásio Santos, e sem o comparecimento de qualquer representante do Governo, deram forte tintura política ao ato solene.

Marcus Brandão reforça projeto de lançar Orleans Brandão à sucessão de Carlos Brandão

Marcus Brandão coloca Orleans
Brandão como candidato

Duas semanas depois de o governador Carlos Brandão (PSB) haver demolido as bases iniciais da corrida à sua sucessão, ao elogiar o ex-prefeito de Cajapió, Marconi Pinheiro (PSB) por haver lançado e ajudado a eleger o seu sobrinho e atual prefeito, Rômulo Nunes (PSB), sinalizando fortemente a intenção de lançar seu sobrinho, Orleans Brandão (MDB), atual secretário de Assuntos Municipalistas, o presidente regional do MDB, Marcus Brandão, irmão do governador e pai do secretário, deu um largo passo adiante, confirmando que o projeto está mesmo de pé.

Em vídeo, Marcus Brandão, declarando-se “suspeito para falar”, manifesta apoio entusiasmado ao eventual lançamento do secretário Orleans Brandão à sucessão do governador Carlos Brandão (PSB):  “Orleans é um excelente quadro. Jovem, preparado, não é radical e tem feito um grande trabalho”. (…) “Eu comparo um candidato a um produto. E o Orleans é um excelente produto”.

E justificou a admissão do secretário de Assuntos Municipalistas na corrida ao Palácio dos Leões: “A gente tem que avaliar. Por que não ele? A classe política já nos deu uma sinalização: 80% aprova o nome dele”.

São Luís, 18 de Maio de 2025.

Brandão mobiliza líderes tocantinos na agenda municipalista que já soma 88 prefeitos

Carlos Brandão na maratona municipalista com prefeitos da Região Tocantina

A Região Tocantina, formada por 16 municípios e polarizada por Imperatriz, o segundo maior e mais importante Maranhão, foi o foco central do movimento municipalista do governador Carlos Brandão, que indiferente às tensões políticas que vem encarando, ali passou dois dias reunido com prefeitos para ouvir as suas demandas, decidindo investimentos prioritários e dialogando com deputados que representam os milhares de eleitores daquele economicamente rico e politicamente decisivo pedaço do estado. Foram mais de 20 horas de reuniões numa maratona que só terminou quando o governador e todos os prefeitos tocantinos acertaram o que será feito pelo Governo do Estado em cada um dos municípios. Na tarde ontem, Carlos Brandão desembarcou em Carolina.

Com agenda programada para se reunir com os 217 prefeitos maranhenses e com ele definir investimentos prioritários a serem feitos pelo Governo do Estado, o governador Carlos Brandão empreende uma versão mais aprimorada do “governo itinerante”, com mais trabalho e menos festa, e dá sinais fortes de que cumprirá a meta. Com os 16 chefes municipais tocantinos, ele aumentou para 88 o número de prefeitos com os quais já acertou “os ponteiros”. A meta, segundo um a fonte próxima a ele, é fechar a agenda municipalista até meados de junho e entregar as obras até o início do ano que vem, mas com o esforço de que tudo esteja pronto até o final deste, que ele definiu como “o ano da colheita”.

Em Imperatriz, além do chefe local, o governador se reuniu com os prefeitos, Davinópolis, São João do Paraíso, Amarante do Maranhão, Cidelândia, Buritirana, Sítio Novo, Campestre do Maranhão, Governador Edison Lobão, São Francisco do Brejão, Vila Nova dos Martírios, Ribamar Fiquene, Porto Franco, Montes Altos, Itinga do Maranhão e Estreito.

Com essa movimentação, além de levar em frente ao seu projeto de Governo, o governador avança também no plano político, à medida que mantém uma relação com os líderes municipais e com os seus intermediários, que são os deputados estaduais. Em Imperatriz, auxiliado pelos secretários de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão, e pelo chefe da Casa Civil Sebastião Madeira, por exemplo, entre uma reunião e outra com prefeitos, ele trocou impressões com os deputados estaduais da e região – Antônio Pereira (PSB), Janaína (Republicanos), Ricardo Arruda (MDB), Cláudio Cunha (PL), Kekê Teixeira (MDB), Eric Costa (PSD) e Viviane Silva (PDT) -, todos integrantes da sua base de apoio na Assembleia Legislativa, e o deputado federal Josivaldo JP (PSD).

No meio político, ganha força a impressão de que, embalado pelo seu movimento municipalista e a sua base parlamentar, o governador Carlos Brandão chegará em 2026 com cacife político e potencial eleitoral suficientes para dar as cartas na corrida à sua sucessão. E é unânime a convicção se ele for candidato a senador será, de longe, o mais votado, o que será um reforço mais no seu projeto político. E se, quebrando a “tradição”, optar por permanecer no Governo e lançar um candidato que não seja o vice-governador Felipe Camarão (PT), enfrentará um quadro mais complexo, mas será o patrono de uma chapa competitiva, já que, na avaliação de atentos observadores, atrairá o apoio de boa parte dos prefeitos, que são decisivos em qualquer eleição majoritária.

A maratona municipalista, de fato, já está produzindo dividendos políticos de peso nas diversas regiões do Maranhão. Recentemente, prefeitos de grandes municípios, como os de Imperatriz, Rildo Amaral (PP), de Timon Rafael Brito (PSB), de Coroatá, Roberto Costa (MDB) e Caxias, Gentil Neto (PP) e Paço do Lumiar, Fred Campos (PSB), por exemplo, declararam que apoiarão a decisão que o governador Carlos Brandão tomar em 2026, seja ela qual for.

Essa base poderá estar muito mais ampliada quando a agenda municipalista ceder lugar à agenda eleitoral.

Em Tempo: No noite de quinta-feira, após a série intensa de reuniões, o governador Carlos Brandão envergou uma camiseta do Cavalo de Aço e foi assistir ao embate do time tocantino com o MAC Para alívio de uns e frustração de outros, jogo terminou no zero a zero.

PONTO & CONTRAPONTO

Vozes dentro do grupo dinista defendem posição mais amena em relação a Brandão

Carlos Lula: discurso mais ameno

A banda dinista da aliança governista estaria se articulando para adotar uma posição mais amena em relação ao Governo do Estado, numa estratégia que visa manter uma convivência menos tensa com o governador Carlos Brandão (PSB). O discurso do deputado Carlos Lula, na terça-feira, sugerindo ao governador que ouça os conselhos do ex-governador José Reinaldo Tavares, que em recente entrevista ao jornal O Imparcial, foi um exemplo nessa direção. Ele destacou que José Reinaldo Tavares avaliou que o afastamento do governador Carlos Brandão e do ministro Flávio Dino “não tem retorno”, mas ao mesmo tempo defendeu que os grupos retomem o diálogo.

Dentro do grupo dinista já há vozes que pregam a necessidade de gestos em relação ao governador Carlos Brandão, que tem sinalizado com a possibilidade de permanecer no Governo e lançar um candidato à sua sucessão, que pode ser o secretário Orleans Brandão. O amadurecimento desse projeto tem preocupado alguns dinistas destacados, que veem nesse quadro grandes riscos ao projeto de candidatura do vice-governador Felipe Camarão.

A Coluna conversou com dois dinistas de proa, que manifestaram essa preocupação.

Problemas do Curso de Medicina de Caxias serão discutidos em audiência pública

Entre Arnaldo Melo e Solange Almeida,
Catulé Jr. defende audiência pública

A Comissão de Educação da Assembleia Legislativa voltou suas atenções para as condições em que estão funcionando o braço da Uema em Caxias, especialmente no que diz respeito ao Curso de Medicina. A Comissão acatou requerimento do deputado Catulé Jr. (PP), apoiado pelos deputados Arnaldo Melo (PP), que é médico, e Adelmo Soares (PSB), que é odontólogo, para a realização de uma audiência pública para discutir a situação do Curso de Medicina e debater saídas para melhorá-lo.

A informação geral é a de que alguns cursos oferecidos pela Uema em Caxias passam por problemas que comprometem a sua qualidade. O caso mais grave seria o de Medicina, que foi implantado para ser um exemplo, mas que nesse momento sofre por falta de estrutura e de professores qualificados, equipamentos e recursos para manter suas atividades.

Outros representantes de Caxias, como as deputadas Cláudia Coutinho (PDT), que é enfermeira, e Daniella (PSB), que nutricionista e já administrou hospital, já haviam chamado a atenção para os problemas do Curso de Medicina, mas foi o deputado Catulé Júnior que assumiu a bandeira e levou o problema para a Comissão de Educação, que se posicionou requerendo a realização da audiência pública.

Vale registrar que Caxias é hoje um centro de ensino universitário, e nada mais natural que o Curso de Medicina da Uema ali seja a grande referência em qualidade.

São Luís, 16 de Maio de 2025.

“Pré-campanha”: Braide vai a Balsas, mas desconversa sobre sucessão dizendo que “tudo tem momento certo”

Eduardo Braide: depois de
Imperatriz, incursão em Balsas

Primeiro foi a viagem para Imperatriz, um dia após ter confirmado sua reeleição em turno único, com mais de 75% dos votos, para declarar apoio à candidata do Republicanos à prefeitura daquela cidade, Mariana Carvalho, num movimento surpreendente, que desconcertou seus adversários. Agora, depois de outros gestos politicamente expressivos, o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), desembarca em Balsas, para visitar o AgroBalsas, a maior feira do agronegócio na região. Declarou ali que foi visitar a feira, “rever amigos” e “aproveitar para trazer boas notícias”. E perguntado, à queima-roupa, se vai “enfrentar” a disputa pelo Governo do Estado, na esteira da liderança apontada pelas pesquisas, respondeu que “o foco agora é cuidar de São Luís”, para em seguida completar com mais uma incógnita: “Tudo tem o momento certo”.

A incursão do prefeito de São Luís no grande evento do agronegócio no Maranhão aparentemente não faz muito sentido, já que não há no seu histórico político qualquer relação com esse ramo da economia. A explicação, claro, está no fato de que Balsas e a sua feira de abrangência regional reúnem a nata das lideranças empresariais e políticas da Região Sul, alinhadas a uma direita não radical, com a qual o prefeito de São Luís se identifica, inclusive pelos postulados do seu partido, o PSD. Como fez em Imperatriz, onde o gesto de apoiar Mariana Carvalho agradou às fileiras da direita tocantina, sua visita à Balsas pode produzir o mesmo efeito político.

Político que calcula cada um dos seus movimentos e avalia cada palavra que pronuncia na esgrima verbal da política, Eduardo Braide visita Balsas no exato momento em que a relação entre dinistas e brandonistas vive um momento de grande tensão, produzindo a forte impressão de que a aliança entre o governador Carlos Brandão (PSB) e o ministro Flávio Dino (STF), já suspensas no campo pessoal, pode ser rompida de vez no plano político. Isso significa dizer que, caso o rompimento se confirme, dinistas e brandonistas irão para o confronto nas urnas, os primeiros com a candidatura do vice-governador Felipe Camarão (PT), e o segundo apoiando Orleans Brandão (MDB), cada um com seus candidatos ao Senado.

Mesmo liderando, com boa folga, a corrida até aqui, segundo todas as pesquisas já divulgadas, o prefeito de São Luís sabe, com toda clareza, que uma coisa será ele entrar numa disputa com dinistas e brandonistas rompidos, cada um com seu candidato, situação que lhe será plenamente favorável, que certamente o levará a um segundo turno. Outra situação será a aliança governista unida, com Felipe Camarão tentando a reeleição e Carlos Brandão como candidato a senador, numa aliança reforçada por um vice de consenso. A segunda hipótese representará um obstáculo gigantesco ao projeto do prefeito de São Luís.

Traquejado nesse jogo, Eduardo Braide, que é candidatíssimo, dificilmente admitirá sua candidatura antes que o cenário esteja rigorosamente definido na seara governista, com o governador Carlos Brandão batendo martelo para continuar no cargo até o final e lançando um candidato à sua sucessão, ou avise ao mundo que disputará uma cadeira no Senado, com uma eleição, para muitos, sem qualquer risco. Além disso, na avaliação de um aliado seu, Eduardo Braide nada ganharia anunciando candidatura agora; ao contrário, perderia de cara a tranquilidade com que vem governando a maior e mais importante cidade do Maranhão.

Não há dúvida de que, qualquer que tenha sido o motivo formal da visita ao AgroBalsas, ela teve um sentido fortemente político, mas não suficiente para que ele se declare pré-candidato a governador. E nesse contexto, o mais provável é que Eduardo Braide permaneça alimentando o argumento de que “tudo tem o momento certo” até abril de 2026.

PONTO & CONTRAPONTO

Carlos Lula faz gesto em direção a Brandão usando José Reinaldo como argumento

Carlos Lula faz aceno a Carlos Brandão

Apontado como o principal porta-voz do dinismo na Assembleia Legislativa, o deputado Carlos Lula (PSB), conhecido pela sua moderação, mas também pela firmeza de suas posições, fez ontem um eloquente gesto de aproximação com o governador Carlos Brandão (PSB), numa clara tentativa de evitar o rompimento definitivo dos dois grupos, por ele admitido como já existente.

Invocando o discurso político humanístico do recém falecido Papa Francisco, para quem os problemas políticos podem ser resolvidos pela boa vontade e o senso de humanismo dos homens; e do ex-presidente uruguaio Pepe Mujica, falecido na segunda-feira, que deu ao mundo um exemplo de que os contrários podem viver em harmonia, se compreenderem a natureza associativa dos homens e afastem sentimentos de ódio.

Com base nos dois exemplos, o deputado Carlos Lula recorreu ao terceiro e mais importante: o ex-governador José Reinaldo Tavares, que há pouco sacudiu o meio político afirmando que não haverá retorno no rompimento do governador Carlos Brandão com o ministro Flávio Dino (STF). José Reinaldo disse também alertou também que o rompimento pode fragilizar os dois grupos e pode abrir caminho para outra corrente chegar ao poder.

Além disso, José Reinaldo, que caminha para os 90 anos, e foi mentor político de Carlos Brandão e ajudou decisivamente Flávio Dino (2006) a conseguir o primeiro mandato, declarou que não é procurado pelo governador Carlos Brandão para falar de política.

Carlos Lula, fazendo um bem articulado malabarismo verbal, sugeriu que o governador Carlos Brandão ouça o ex-governador José Reinaldo sobre a atual realidade política do Maranhão. Na argumentação, o parlamentar invocou primeiro a experiência do ex-governador, por ele apontado como um dos mais importantes políticos do Maranhão nos últimos tempos. E fechou recorrendo ao clássico trunfo: “Ouça a quem tem cabelos brancos, porque eles sabem o que dizem”.

A tentativa do deputado Carlos Lula foi bem planejada. Resta saber como foi recebida no Palácio dos Leões.

Três deputados e três vereadores de São Luís estão com a cabeça na guilhotina da Justiça Eleitoral

Em cima: Hemetério Weba, Fernando Braide
e Wellington do Curso; embaixo: Fábio
Macedo (camisa preta) com Fábio Macedo
Filho (camisa branca),
Raimundo Jr. e Wendell Martins

Três processos, um por corrupção com dinheiro público e quatro por corrupção eleitoral – uso criminoso de cotas de gênero nas eleições de 2022 e 2024 – encontram-se na iminência de receber a palavra final da Justiça. As decisões podem mudar a composição da Assembleia Legislativa e na Câmara Municipal de São Luís.

Com a cabeça na guilhotina estão os deputados estaduais Hemetério Weba (???), Fernando Braide (PSD) e Wellington do Curso (Novo) e os vereadores por São Luís Fábio Macedo Filho, Raimundo Jr. e Wendell Martins, eleitos pelo Podemos.

A cassação do deputado Hemetério Weba, que é acusado de ter desviado dinheiro público quando foi prefeito de Nova Olinda por oito anos (2000/2008), já é fato consumado, e seu bota-fora do Palácio Manoel Beckman só depende agora do rito processual que obriga o comando da Assembleia Legislativa a comunica-lo da decisão da Justiça, dar-lhe alguns dias para responder, submeter o processo ao plenário e, finalmente, despachar para a residência dele um ofício dizendo que a partir daquele momento ele não é mais deputado estadual. Não há mais possibilidade de recurso, é assunto liquidado. Tanto que a primeira suplente, Helena Duailibe, já está preparada para assumir.

O caso dos deputados Eduardo Braide e Wellington do Curso, eleitos pelo PSC, ainda está em andamento. Eles correm o risco de perder seus mandatos porque o comando partido pelo qual se elegeram em 2022, o PSC, fraudou as cotas de gênero, distribuindo dinheiro do Fundo Eleitoral de maneira criminosa em conluio com “candidatas” sem voto. Não há evidência de que os dois tenham participado da trama, e até o Ministério Público Eleitoral os inocentou. O problema é que a mutreta aconteceu, e se o partido for mesmo condenado, como está sendo desenhado, os dois perderão seus mandatos. Há quem aposte que eles poderão queimar tempo e sobreviver até as eleições do ano que vem. O maior problema dos dois é ficarem inelegíveis por oito anos.

O caso dos vereadores Fábio Macedo Filho, Raimundo Jr. e Wendell Martins ganhou força nos últimos dias, com decisões da Justiça Eleitoral que complicam seriamente o futuro dos parlamentares. O caso é o mesmo: o braço do Podemos em São Luís, que é comandado no Maranhão pelo deputado federal Fábio Macedo, pai do primeiro da lista, teria desviado dinheiro do Fundo Partidário bancando candidaturas fajutas de mulheres sem voto – a PF investigou e calculou o desvio em cerca de R$ 300 mil. Quem entende do riscado jurídico eleitoral prevê que os três poderão mesmo perder seus mandatos.

São Luís, 15 de Maio de 2025.

José Reinaldo diz que “não há retorno” no racha de Brandão e Dino; mas a política é imprevisível

José Reinaldo Tavares não vê reconciliação
entre Carlos Brandão e Flávio Dino

“Não há retorno”, declarou o ex-governador José Reinaldo Tavares em entrevista ao jornal O Imparcial sobre o distanciamento que separa o governador Carlos Brandão (PSB) do ministro Flávio Dino (STF). Pronunciada quase em tom de sentença, a avaliação do experiente político – que apoiou o governador desde os seus primeiros passos na política, e foi também um dos responsáveis pela primeira eleição do ministro, para a Câmara Federal, em 2026 – caiu como uma bomba dentro e fora da base governista, desenhando o que alguns enxergam como “tempestade perfeita”. José Reinaldo Tavares acredita Carlos Brandão renunciará para ser candidato ao Senado, prevendo a possibilidade de essa candidatura ser apoiada pelo presidente Lula da Silva (PT). Ao mesmo tempo, praticamente descarta o apoio do governador à candidatura do vice-governador Felipe Camarão (PT) ao Governo. E fez uma ressalva ao afirmar que não sabe o que Carlos Brandão está planejando. “Ele nunca me chamou para conversar sobre política”, revelou.

Se a impressão do ex-governador, que atualmente é secretário de Projetos Especiais do Governo do Estado, se confirmar, o Maranhão assistirá uma movimentação política só comparada à situação que ele próprio protagonizou em 2006, quando rompeu com o sarneysismo e deu sustentação total ao movimento que resultou na eleição de Jackson Lago (PDT), derrotando Roseana Sarney (MDB), pleito no qual Flávio Dino (PCdoB) e Carlos Brandão (PSDB) foram eleitos deputados federais. José Reinaldo Tavares conhece bem o governador e o ministro, o que lhe dá autoridade para cantar a pedra de que a amizade pessoal e política não será refeita.

Provavelmente por não estar “por dentro”, a análise do ex-governador tem alguns pontos que não fecham muito bem. Ele afirma não enxergar Carlos Brandão apoiando a candidatura de Felipe Camarão, mas, ao mesmo tempo, diz acreditar que o governador sairá para ser candidato a senador, podendo ter o apoio do presidente Lula da Silva (PT). Mas como é possível imaginar que o presidente da República apoiará um candidato a senador que não dará apoio ao candidato do PT a governador? O argumento de que o presidente Lula da Silva vai precisar de senadores é válido, mas ninguém duvida de que o presidente quer também, e muito, um petista no comando do Governo do Maranhão.

A entrevista do ex-governador José Reinaldo Tavares dá bem a medida das incertezas que dominam a seara política neste momento em relação às eleições majoritárias de 2026. Neste instante, o distanciamento cada vez maior entre governador Carlos Brandão e o vice-governador Felipe Camarão, na esteira do rompimento do primeiro com o ministro Flávio Dino, tira a corrida sucessória da previsibilidade e a mergulha numa ampla malha de incertezas. A declaração de José Reinaldo Tavares de que não sabe o que Carlos Brandão está planejando reforça a manta de dúvidas quanto ao desfecho da crise, e indica que não pode mesmo não haver caminho para a conciliação. As sinalizações de ambos os lados reforçam a impressão de que, ao invés de motivar a reaproximação, têm contribuído fortemente para ampliar a distância entre dinistas e brandonistas.

Mesmo não sabendo o que planeja o governador Carlos Brandão e nem ter sido chamado para conversar sobre o cenário político, o ex-governador José Reinaldo Tavares é um homem público de larga experiência e conhecedor profundo do tabuleiro político do Maranhão, em especial os movimentos envolvendo o governador Carlos Brandão e o ministro Flávio Dino. Isso quer dizer que ele sabe o que diz quando prevê que o afastamento dos dois não tem retorno. Ao mesmo tempo, vale lembrar que, de todas as atividades humanas, a política é certamente a mais imprevisível. Ela permite que, se não há espaço para uma recomposição integral, ela deixa sempre uma brecha para que uma aliança possa ser recomposta por um grande acordo. Afinal, ele se reconciliou com Roseana Sarney.

PONTO & CONTRAPONTO

Especial

O Uruguai, a América Latina e o mundo perdem Pepe Mujica

Pepe Mujica, um exemplo de político integral e que
foi considerado o melhor governante do mundo
quando presidiu o Uruguai entre 2010 e 2015

Morreu ontem, aos 95 anos, o ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica, um dos mais importantes e emblemáticos políticos latino-americanos. Indignado com as condições de vida dos povos da América Latina e de todo o chamado Terceiro Mundo, Pepe Mujica, que era agricultor e floricultor por profissão, abraçou o socialismo, foi militante, guerrilheiro do célebre movimento Tupamaro, preso político e torturado, deputado federal, senador e presidente da República do Uruguai depois da queda da ditadura militar, no final do século passado. Ele se tornou conhecido pela visão humanística que compôs do mundo, pregando uma revolução sem violência, realizada pela boa vontade entre os homens. Tornou-se mundialmente conhecido como presidente do Uruguai, onde fez de tudo para que o País avançasse como nação civilizada, ganhando o status de referência como governante humanista em todo o planeta, sempre pregando contra o ódio. Pessoalmente, ficou famoso por seus hábitos simples, chegando ao ponto de recusado morar no palácio presidencial, preferindo continuar residindo no seu modestíssimo sítio, nas cercanias de Montevidéu, onde sempre viveu e passou o resto dos seus dias entre plantas e animais. Um dos momentos mais importantes da sua trajetória foi o discurso que pronunciou na ONU, em setembro de 2013, no qual revelou uma visão de mundo e de sociedade que comoveu a Assembleia Geral, e que a Coluna reproduz, na íntegra, em sua homenagem:     

Amigos, sou do sul, venho do sul. Esquina do Atlântico e do Prata, meu país é uma planície suave, temperada, uma história de portos, couros, charque, lãs e carne. Houve décadas púrpuras, de lanças e cavalos, até que, por fim, no arrancar do século 20, passou a ser vanguarda no social, no Estado, no Ensino. Diria que a social-democracia foi inventada no Uruguai.

Durante quase 50 anos, o mundo nos viu como uma espécie de Suíça. Na realidade, na economia, fomos bastardos do império britânico e, quando ele sucumbiu, vivemos o amargo mel do fim de mudanças funestas, e ficamos estancados, sentindo falta do passado.

Quase 50 anos recordando o Maracanã, nossa façanha esportiva. Hoje, ressurgimos no mundo globalizado, talvez aprendendo de nossa dor. Minha história pessoal, a de um rapaz – porque, uma vez, fui um rapaz – que, como outros, quis mudar seu tempo, seu mundo, o sonho de uma sociedade libertária e sem classes. Meus erros são, em parte, filhos de meu tempo. Obviamente, os assumo, mas há vezes que medito com nostalgia.

Quem tivera a força de quando éramos capazes de abrigar tanta utopia! No entanto, não olho para trás, porque o hoje real nasceu das cinzas férteis do ontem. Pelo contrário, não vivo para cobrar contas ou para reverberar memórias.

Me angustia, e como, o amanhã que não verei, e pelo qual me comprometo. Sim, é possível um mundo com uma humanidade melhor, mas talvez, hoje, a primeira tarefa seja cuidar da vida.

Mas sou do sul e venho do sul, a esta Assembleia, carrego inequivocamente os milhões de compatriotas pobres, nas cidades, nos desertos, nas selvas, nos pampas, nas depressões da América Latina pátria de todos que está se formando.

Carrego as culturas originais esmagadas, com os restos de colonialismo nas Malvinas, com bloqueios inúteis a este jacaré sob o sol do Caribe que se chama Cuba. Carrego as consequências da vigilância eletrônica, que não faz outra coisa que não despertar desconfiança. Desconfiança que nos envenena inutilmente. Carrego uma gigantesca dívida social, com a necessidade de defender a Amazônia, os mares, nossos grandes rios na América.

Carrego o dever de lutar por pátria para todos.

Para que a Colômbia possa encontrar o caminho da paz, e carrego o dever de lutar por tolerância, a tolerância é necessária para com aqueles que são diferentes, e com os que temos diferenças e discrepâncias. Não se precisa de tolerância com aqueles com quem estamos de acordo.

A tolerância é o fundamento de poder conviver em paz, e entendendo que, no mundo, somos diferentes.

O combate à economia suja, ao narcotráfico, ao roubo, à fraude e à corrupção, pragas contemporâneas, procriadas por esse antivalor, esse que sustenta que somos felizes se enriquecemos, seja como seja. Sacrificamos os velhos deuses imateriais. Ocupamos o templo com o deus mercado, que nos organiza a economia, a política, os hábitos, a vida e até nos financia em parcelas e cartões a aparência de felicidade.

Parece que nascemos apenas para consumir e consumir e, quando não podemos, nos enchemos de frustração, pobreza e até autoexclusão.

O certo, hoje, é que, para gastar e enterrar os detritos nisso que se chama pela ciência de poeira de carbono, se aspirarmos nesta humanidade a consumir como um americano médio, seriam imprescindíveis três planetas para poder viver.

Nossa civilização montou um desafio mentiroso e, assim como vamos, não é possível satisfazer esse sentido de esbanjamento que se deu à vida. Isso se massifica como uma cultura de nossa época, sempre dirigida pela acumulação e pelo mercado.

Prometemos uma vida de esbanjamento, e, no fundo, constitui uma conta regressiva contra a natureza, contra a humanidade no futuro. Civilização contra a simplicidade, contra a sobriedade, contra todos os ciclos naturais.

O pior: civilização contra a liberdade que supõe ter tempo para viver as relações humanas, as únicas que transcendem: o amor, a amizade, aventura, solidariedade, família.

Civilização contra o tempo livre que não é pago, que não se pode comprar, e que nos permite contemplar e esquadrinhar o cenário da natureza.

Arrasamos a selva, as selvas verdadeiras, e implantamos selvas anônimas de cimento. Enfrentamos o sedentarismo com esteiras, a insônia com comprimidos, a solidão com eletrônicos, porque somos felizes longe da convivência humana.

Cabe se fazer esta pergunta, ouvimos da biologia que defende a vida pela vida, como causa superior, e a suplantamos com o consumismo funcional à acumulação.

A política, eterna mãe do acontecer humano, ficou limitada à economia e ao mercado. De salto em salto, a política não pode mais que se perpetuar, e, como tal, delegou o poder, e se entretém, aturdida, lutando pelo governo. Debochada marcha de historieta humana, comprando e vendendo tudo, e inovando para poder negociar de alguma forma o que é inegociável. Há marketing para tudo, para os cemitérios, os serviços fúnebres, as maternidades, para pais, para mães, passando pelas secretárias, pelos automóveis e pelas férias. Tudo, tudo é negócio.

Todavia, as campanhas de marketing caem deliberadamente sobre as crianças, e sua psicologia para influir sobre os adultos e ter, assim, um território assegurado no futuro. Sobram provas de essas tecnologias bastante abomináveis que, por vezes, conduzem a frustrações e mais.

O homenzinho médio de nossas grandes cidades perambula entre os bancos e o tédio rotineiro dos escritórios, às vezes temperados com ar condicionado. Sempre sonha com as férias e com a liberdade, sempre sonha com pagar as contas, até que, um dia, o coração para, e adeus. Haverá outro soldado abocanhado pelas presas do mercado, assegurando a acumulação. A crise é a impotência, a impotência da política, incapaz de entender que a humanidade não escapa nem escapará do sentimento de nação. Sentimento que está quase incrustado em nosso código genético.

Hoje é tempo de começar a talhar para preparar um mundo sem fronteiras. A economia globalizada não tem mais condução que o interesse privado, de muitos poucos, e cada Estado Nacional mira sua estabilidade continuísta, e hoje a grande tarefa para nossos povos, em minha humilde visão, é o todo.

Como se isto fosse pouco, o capitalismo produtivo, francamente produtivo, está meio prisioneiro na caixa dos grandes bancos. No fundo, são o vértice do poder mundial. Mais claro, cremos que o mundo requer a gritos regras globais que respeitem os avanços da ciência, que abunda. Mas não é a ciência que governa o mundo. Se precisa, por exemplo, uma larga agenda de definições, quantas horas de trabalho e toda a terra, como convergem as moedas, como se financia a luta global pela água e contra os desertos.

Como se recicla e se pressiona contra o aquecimento global. Quais são os limites de cada grande questão humana. Seria imperioso conseguir consenso planetário para desatar a solidariedade com os mais oprimidos, castigar impositivamente o esbanjamento e a especulação. Mobilizar as grandes economias não para criar descartáveis com obsolescência calculada, mas bens úteis, sem fidelidade, para ajudar a levantar os pobres do mundo. Bens úteis contra a pobreza mundial. Mil vezes mais rentável que fazer guerras. Virar um neo-keynesianismo útil, de escala planetária, para abolir as vergonhas mais flagrantes deste mundo.

Talvez nosso mundo necessite menos de organismos mundiais, desses que organizam fórums e conferências, que servem muito às cadeias hoteleiras e às companhias aéreas e, no melhor dos casos, não reúne ninguém e transforma em decisões…

Precisamos sim mascar muito o velho e o eterno da vida humana junto da ciência, essa ciência que se empenha pela humanidade não para enriquecer; com eles, com os homens de ciência da mão, primeiros conselheiros da humanidade, estabelecer acordos para o mundo inteiro. Nem os Estados nacionais grandes, nem as transnacionais e muito menos o sistema financeiro deveriam governar o mundo humano. Sim, a alta política entrelaçada com a sabedoria científica, ali está a fonte. Essa ciência que não apetece o lucro, mas que mira o por vir e nos diz coisas que não escutamos. Quantos anos faz que nos disseram coisas que não entendemos? Creio que se deve convocar a inteligência ao comando da nave acima da terra, coisas assim e coisas que não posso desenvolver nos parecem impossíveis, mas requeririam que o determinante fosse a vida, não a acumulação.

Obviamente, não somos tão iludidos, nada disso acontecerá, nem coisas parecidas. Nos restam muitos sacrifícios inúteis daqui para diante, muitos remendos de consciência sem enfrentar as causas. Hoje, o mundo é incapaz de criar regras planetárias para a globalização e isso é pela enfraquecimento da alta política, isso que se ocupa de todo. Por último, vamos assistir ao refúgio de acordos mais ou menos “reclamáveis”, que vão plantear um comércio interno livre, mas que, no fundo, terminarão construindo parapeitos protecionistas, supranacionais em algumas regiões do planeta. A sua vez, crescerão ramos industriais importantes e serviços, todos dedicados a salvar e a melhorar o meio ambiente. Assim vamos nos consolar por um tempo, estaremos entretidos e, naturalmente, continuará a parecer que a acumulação é boa, para a alegria do sistema financeiro.

Continuarão as guerras e, portanto, os fanatismos, até que, talvez, a mesma natureza faça um chamado à ordem e torne inviáveis nossas civilizações. Talvez nossa visão seja demasiado crua, sem piedade, e vemos ao homem como uma criatura única, a única que há acima da terra capaz de ir contra sua própria espécie. Volto a repetir, porque alguns chamam a crise ecológica do planeta de consequência do triunfo avassalador da ambição humana. Esse é nosso triunfo e também nossa derrota, porque temos impotência política de nos enquadrarmos em uma nova época. E temos contribuído para sua construção sem nos dar conta.

Por que digo isto? São dados, nada mais. O certo é que a população quadruplicou e o PIB cresceu pelo menos vinte vezes no último século. Desde 1990, aproximadamente a cada seis anos o comércio mundial duplica. Poderíamos seguir anotando dados que estabelecem a marcha da globalização. O que está acontecendo conosco? Entramos em outra época aceleradamente, mas com políticos, enfeites culturais, partidos e jovens, todos velhos ante a pavorosa acumulação de mudanças que nem sequer podemos registrar. Não podemos manejar a globalização porque nosso pensamento não é global. Não sabemos se é uma limitação cultural ou se estamos chegano a nossos limites biológicos.

Nossa época é portentosamente revolucionária como não conheceu a história da humanidade. Mas não tem condução consciente, ou ao menos condução simplesmente instintiva. Muito menos, todavia, condução política organizada, porque nem se quer tivemos filosofia precursora ante a velocidade das mudanças que se acumularam.

A cobiça, tão negativa e tão motor da história, essa que impulsionou o progresso material técnico e científico, que fez o que é nossa época e nosso tempo e um fenomenal avanço em muitas frentes, paradoxalmente, essa mesma ferramenta, a cobiça que nos impulsionou a domesticar a ciência e transformá-la em tecnologia nos precipita a um abismo nebuloso. A uma história que não conhecemos, a uma época sem história, e estamos ficando sem olhos nem inteligência coletiva para seguir colonizando e para continuar nos transformando.

Porque se há uma característica deste bichinho humano é a de que é um conquistador antropológico.

Parece que as coisas tomam autonomia e essas coisas subjugam os homens. De um lado a outro, sobram ativos para vislumbrar tudo isso e para vislumbrar o rombo. Mas é impossível para nós coletivizar decisões globais por esse todo. A cobiça individual triunfou grandemente sobre a cobiça superior da espécie. Aclaremos: o que é “tudo”, essa palavra simples, menos opinável e mais evidente? Em nosso Ocidente, particularmente, porque daqui viemos, embora tenhamos vindo do sul, as repúblicas que nasceram para afirmas que os homens são iguais, que ninguém é mais que ninguém, que os governos deveriam representar o bem comum, a justiça e a igualdade. Muitas vezes, as repúblicas se deformam e caem no esquecimento da gente que anda pelas ruas, do povo comum.

Não foram as repúblicas criadas para vegetar, mas ao contrário, para serem um grito na história, para fazer funcionais as vidas dos próprios povos e, por tanto, as repúblicas que devem às maiorias e devem lutar pela promoção das maiorias.

Seja o que for, por reminiscências feudais que estão em nossa cultura, por classismo dominador, talvez pela cultura consumista que rodeia a todos, as repúblicas frequentemente em suas direções adotam um viver diário que exclui, que se distância do homem da rua.

Esse homem da rua deveria ser a causa central da luta política na vida das repúblicas. Os gobernos republicanos deveriam se parecer cada vez mais com seus respectivos povos na forma de viver e na forma de se comprometer com a vida.

A verdade é que cultivamos arcaísmos feudais, cortesias consentidas, fazemos diferenciações hierárquicas que, no fundo, amassam o que têm de melhor as repúblicas: que ninguém é mais que ninguém. O jogo desse e de outros fatores nos retém na pré-história. E, hoje, é impossível renunciar à guerra quando a política fracassa. Assim, se estrangula a economia, esbanjamos recursos.

Ouçam bem, queridos amigos: em cada minuto no mundo se gastam US$ 2 milhões em ações militares nesta terra. Dois milhões de dólares por minuto em inteligência militar!! Em investigação médica, de todas as enfermidades que avançaram enormemente, cuja cura dá às pessoas uns anos a mais de vida, a investigação cobre apenas a quinta parte da investigação militar.

Este processo, do qual não podemos sair, é cego. Assegura ódio e fanatismo, desconfiança, fonte de novas guerras e, isso também, esbanjamento de fortunas. Eu sei que é muito fácil, poeticamente, autocriticarmo-nos pessoalmente. E creio que seria uma inocência neste mundo plantear que há recursos para economizar e gastar em outras coisas úteis. Isso seria possível, novamente, se fôssemos capazes de exercitar acordos mundiais e prevenções mundiais de políticas planetárias que nos garantissem a paz e que a dessem para os mais fracos, garantia que não temos. Aí haveria enormes recursos para deslocar e solucionar as maiores vergonhas que pairam sobre a Terra. Mas basta uma pergunta: nesta humanidade, hoje, onde se iria sem a existência dessas garantias planetárias? Então cada qual esconde armas de acordo com sua magnitude, e aqui estamos, porque não podemos raciocinar como espécie, apenas como indivíduos.

As instituições mundiais, particularmente hoje, vegetam à sombra consentida das dissidências das grandes nações que, obviamente, querem reter sua cota de poder.

Bloqueiam esta ONU que foi criada com uma esperança e como um sonho de paz para a humanidade. Mas, pior ainda, desarraigam-na da democracia no sentido planetário porque não somos iguais. Não podemos ser iguais nesse mundo onde há mais fortes e mais fracos. Portanto, é uma democracia ferida e está cerceando a história de um possível acordo mundial de paz, militante, combativo e verdadeiramente existente. E, então, remendamos doenças ali onde há eclosão, tudo como agrada a algumas das grandes potências. Os demais olham de longe. Não existimos.

Amigos, creio que é muito difícil inventar uma força pior que nacionalismo chovinista das grandes potências. A força é que liberta os fracos. O nacionalismo, tão pai dos processos de descolonização, formidável para os fracos, se transforma em uma ferramenta opressora nas mãos dos fortes e, nos últimos 200 anos, tivemos exemplos disso por toda a parte.

A ONU, nossa ONU, enlanguece, se burocratiza por falta de poder e de autonomia, de reconhecimento e, sobretudo, de democracia para o mundo mais fraco que constitui a maioria esmagadora do planeta. Mostro um pequeno exemplo, pequenino. Nosso pequeno país tem, em termos absolutos, a maior quantidade de soldados em missões de paz em todos os países da América Latina. E ali estamos, onde nos pedem que estejamos. Mas somos pequenos, fracos. Onde se repartem os recursos e se tomam as decisões, não entramos nem para servir o café. No mais profundo de nosso coração, existe um enorme anseio de ajudar para que o homem saia da pré-história. Eu defino que o homem, enquanto viver em clima de guerra, está na pré-história, apesar dos muitos artefatos que possa construir.

Até que o homem não saia dessa pré-história e arquive a guerra como recurso quando a política fracassa, essa é a larga marcha e o desafio que temos daqui adiante. E o dizemos com conhecimento de causa. Conhecemos a solidão da guerra. No entanto, esses sonhos, esses desafios que estão no horizonte implicam lutar por uma agenda de acordos mundiais que comecem a governar nossa história e superar, passo a passo, as ameaças à vida. A espécie como tal deveria ter um governo para a humanidade que superasse o individualismo e primasse por recriar cabeças políticas que acudam ao caminho da ciência, e não apenas aos interesses imediatos que nos governam e nos afogam.

Paralelamente, devemos entender que os indigentes do mundo não são da África ou da América Latina, mas da humanidade toda, e esta deve, como tal, globalizada, empenhar-se em seu desenvolvimento, para que possam viver com decência de maneira autônoma. Os recursos necessários existem, estão neste depredador esbanjamento de nossa civilização.

Há poucos dias, fizeram na Califórnia, em um corpo de bombeiros, uma homenagem a uma lâmpada elétrica que está acesa há cem anos. Cem anos que está acesa, amigo! Quantos milhões de dólares nos tiraram dos bolsos fazendo deliberadamente porcarias para que as pessoas comprem, comprem, comprem e comprem.

Mas esta globalização de olhar para todo o planeta e para toda a vida significa uma mudança cultural brutal. É o que nos requer a história. Toda a base material mudou e cambaleou, e os homens, com nossa cultura, permanecem como se não houvesse acontecido nada e, em vez de governarem a civilização, deixam que ela nos governe. Há mais de 20 anos que discutimos a humilde taxa Tobin. Impossível aplicá-la no tocante ao planeta. Todos os bancos do poder financeiro se irrompem feridos em sua propriedade privada e sei lá quantas coisas mais. Mas isso é paradoxal. Mas, com talento, com trabalho coletivo, com ciência, o homem, passo a passo, é capaz de transformar o deserto em verde.

O homem pode levar a agricultura ao mar. O homem pode criar vegetais que vivam na água salgada. A força da humanidade se concentra no essencial. É incomensurável. Ali estão as mais portentosas fontes de energia. O que sabemos da fotossíntese? Quase nada. A energia no mundo sobra, se trabalharmos para usá-la bem. É possível arrancar tranquilamente toda a indigência do planeta. É possível criar estabilidade e será possível para as gerações vindouras, se conseguirem raciocinar como espécie e não só como indivíduos, levar a vida à galáxia e seguir com esse sonho conquistador que carregamos em nossa genética.

Mas, para que todos esses sonhos sejam possíveis, precisamos governar a nos mesmos, ou sucumbiremos porque não somos capazes de estar à altura da civilização em que fomos desenvolvendo.

Este é nosso dilema. Não nos entretenhamos apenas remendando consequências. Pensemos na causa profundas, na civilização do esbanjamento, na civilização do usa-tira que rouba tempo mal gasto de vida humana, esbanjando questões inúteis. Pensem que a vida humana é um milagre. Que estamos vivos por um milagre e nada vale mais que a vida. E que nosso dever biológico, acima de todas as coisas, é respeitar a vida e impulsioná-la, cuidá-la, procriá-la e entender que a espécie é nosso “nós”.

Obrigado.

São Luís, 13 de Maio de 2025.

Recados fortes sacudiram os bastidores da corrida sucessória na aliança governista

Flávio Dino reafirmou a candidatura de Felipe Camarão
e Carlos Brandão pode lançar Orleans Brandão

A semana começou sob o impacto de três movimentos políticos que podem ter repercussão decisivas na corrida ao Palácio dos Leões no ano que vem. Os três fatos foram, de alguma maneira, desdobramentos da entrevista do vice-governador Felipe Camarão (PT), reafirmando enfaticamente a sua pré-candidatura, tendo como resposta as declarações do governador Carlos Brandão sugerindo a possibilidade de lançar seu sobrinho, Orleans Brandão, secretário de Assuntos Municipalistas, à sua sucessão.

Na noite de sexta-feira (09), ao abrir a Aula Magna do Curso de Direito da UNDB, em São Luís, o ministro Flávio Dino (STF), num rasgo de descontração, cumprimentou o vice-governador Felipe Camarão, e em nome do “exercício da política com seriedade”, sugeriu que ele ponha a jovem advogada Teresa Helena Barros como vice, “porque vai ficar imbatível”. E arrematou: “A mulher é popular, viu?” O gesto do ministro Flávio Dino ganhou, de imediato, inúmeras interpretações, sendo que a dominante foi a de que a sua fala teria sido um recado eloquente, de que, independentemente do que vier a acontecer na aliança governista, o vice-governador Felipe Camarão será candidato a governador.

As declarações do ministro foram dadas no mesmo dia em que, horas antes, numa conversa com o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias (PT), no lançamento do programa Maranhão Contra a Fome, que notou a ausência do vice-governador Felipe Camarão no evento, ouviu do governador Carlos Brandão um relato de que está encontrando dificuldades para apoiar o vice-governador e pré-candidato do PT. Político de larga experiência – foi três vezes governador do Piauí e é senador licenciado –, o ministro ouviu atentamente  o governador Carlos Brandão. E na previsão de duas fontes, certamente relatará a conversa ao presidente Lula da Silva (PT) e à cúpula nacional do partido, que já teriam definido a candidatura de Felipe Camarão como prioridade para as eleições de 2026.

No final da semana, o jornal O Globo procurou o governador Carlos Brandão e o indagou sobre o clima tenso que se estabeleceu na relação com os aliados do ministro Flávio Dino, por causa da corrida ao Governo em 2026. Em resposta, o governador reafirmou sua posição de que não tratará de sucessão neste ano, que está sendo dedicado ao trabalho: “Esse não é momento de disputa política. É momento de governar, de cuidar do nosso povo e de transformar o Maranhão. E é isso que a nossa gestão tem feito: transformar vidas no social e no econômico. (…) Nosso foco é trabalho. Nosso compromisso é com o povo. Aqui se arregaça as mangas e se entrega resultado. Disputa política não é o nosso caminho, transformar vidas é”.

Não há dúvida de que, pelo menos no plano dos discursos, o racha separando dinistas de brandonistas se acentuou largamente. A fala descontraída do ministro Flávio Dino foi um recado político sem rodeio, avisando, a quem interessar possa, que, com ou sem um acordo de reconciliação com o governador Carlos Brandão, o vice-governador Felipe Camarão será candidato, agora com a recomendação de ele próprio escolher o seu vice, sem negociar, ultrapassando a tradição de que essa escolha fecha acordos para as disputas majoritárias. O governador Carlos Brandão, por exemplo, é resultado dessa fórmula.

Em outra seara, ao relatar ao ministro Wellington Dias as dificuldades que enfrenta para apoiar a candidatura de Felipe Camarão – a guerra judicial pela presidência da Assembleia Legislativa e contra as indicações para o Tribunal de Contas do Estado, por exemplo –, o governador Carlos Brandão devolveu o recado, só que agora dirigido aos principais interessados no futuro da candidatura do vice-governador: o presidente Lula da Silva e a cúpula nacional do partido. E a julgar pelo que tem dito e ouvido estado a fora, o governador tem feito conta e concluído que ficando no Governo pode eleger seu sucessor. Dinistas com os pés fincados no chão já não duvidam tanto disso.

O que causa distensão nesse ambiente de tanto “disse- me, disse-não disse” é que ainda resta muito tempo para que se dê a palavra final no desenho da disputa. Lembrando que o candidato de uma chapa de união liderada por Felipe Camarão e tendo o governador Carlos Brandão como candidato ao Senado, ou dois candidatos de uma aliança rompida têm o maior de todos os desafios: encarar o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), principalmente se ele continuar nesse ritmo.

PONTO & CONTRAPONTO

Quem é a advogada que foi alçada por Flávio Dino para o epicentro da política maranhense

Flávio Dino e Teresa Helena Sales

Quando ocupou a cadeira ao lado do vice-governador Felipe Camarão, colega de profissão, a advogada Teresa Helena Barros Sales, não imaginava que seria arremetida verbalmente para o epicentro da política maranhense por uma fala descontraída do ministro Flávio Dino na abertura da Aula Magna do Curso de Direito da UNDB.

Sem qualquer aviso, ela foi apontada pelo ministro como sugestão de nome para a vaga de vice na chapa que ele, segundo o ministro e ele próprio, vai liderar na corrida ao Governo do Estado no ano que vem. A chapa “vai ficar imbatível”, avaliou o ministro, arrematando em seguida: “A mulher é popular, viu?” Diante da reação da plateia de advogados, magistrados e políticos, Teresa Helena Barros Sales ficou alegremente impactada, mas deixando claro que seu rumo é outro.

Ela tem uma carreira bem-sucedida pela frente. Graduada em Direito pela UNDB, especialista, mestra e agora doutoranda em Direito Constitucional pelo Instituto Brasiliense de Direito Público de Brasília – IDP, ela é também especialista em Direito Processual Civil pelo Instituto De Pós Graduação e Graduação, e professora no Curso de Direito da UNDB. Já publicou “O Amicus Curiae e a Consolidação de Precedentes na Vigência do Código de Processo Civil de 2015” e “Que voz ouvir? Uma análise da teoria da sociedade aberta de Haberle e a atuação do amicus curiae”. E integra atualmente a Assessoria Jurídica do Tribunal de Justiça do Maranhão.

Pelo visto, pretende continuar no campo do Direito.

Brandão anuncia a duplicação da Inpasa em Balsas, um projeto fruto de ação sua apoiada por Alckmin

Ao centro, Carlos Brandão comemora o anúncio da duplicação da Inpasa

Quando a Inpasa, gigante produtora de proteína vegetal e etanol, inaugurou seu complexo industrial em Balsas, no ano passado, dentro do prazo previsto a partir do lançamento da pedra fundamental, o governador Carlos Brandão (PSB) previu que em pouco tempo aquela unidade seria duplicada em tamanho e capacidade produtiva. Ontem, ele confirmou a previsão ao anunciar, no pátio do complexo em Balsas, a duplicação da biorrefinaria de grãos.

Não é coisa pequena. Durante a implantação, a duplicação do complexo vai gerar direta e indiretamente 4,5 mil empregos, com a abertura de 500 empregos quando estiver em operação plena, a partir de junho, conforme previsão anunciada ontem. No total, serão investidos R$ 2,5 bilhões. Atualmente, a empresa tem capacidade para processar diariamente a produção quase 3 mil toneladas, números que serão simplesmente duplicados com a ampliação do complexo industrial.

No ato de ontem, o governador Carlos Brandão anunciou que a inauguração da segunda etapa, em julho, contará com a presença do vice-presidente da República Geraldo Alckmin (PSB). A presença tem motivo duplo. Primeiro, por ser ele o ministro da Indústria, Comércio e Desenvolvimento, diretamente ligado à obra. E segundo, porque foi ele quem indicou o investimento para o Maranhão, dando ao governador Carlos Brandão a chance de brigar pela sua confirmação. Foram meses se negociações intensas, com a concorrência de Mato Grosso do Sul. Em sintonia com Geraldo Alckmin, de quem é amigo desde os tempos em que os dois eram tucanos, Carlos Brandão convenceu a Inpasa de que a região de Balsas seria ideal para a o investimento. Deu certo.

A instalação da Inpasa em Balsas é, portanto, um caso de uma ação de Governo plenamente bem-sucedida no plano econômico.

São Luís, 12 de Maio de 2025.

Secretário ganha força na base governista e vice mantém projeto de chapa com governador ao Senado

Carlos Brandão reforça posição de Orleans Brandão
e Felipe Camarão mantém pré-candidatura
com governador ao Senado

Não há no meio político quem já aposte alto que o rompimento do governador Carlos Brandão (PSB) com o grupo ligado ao ministro Flávio Dino (STF) seja fato consumado e irreversível. Mas as declarações recentes do chefe do Executivo estadual informando que só decidirá sobre sucessão no ano que vem, mas também avisando, numa (in)direta disparada há pouco mais de uma semana em Cajapió, que pode lançar Orleans Brandão (MDB), secretário de Assuntos Municipalistas e seu sobrinho, à sua sucessão, sinalizaram que já pode haver um projeto sucessório em curso na base governista. E nesse cenário, que está sendo construído nos discursos enfáticos, feitos pelo governador Carlos Brandão e seus aliados, não está sendo definido o espaço a ser ocupado pelo vice-governador Felipe Camarão (PT), que por sua vez contribuiu fortemente para esse rascunho ao declarar que será candidato a governador e gostaria de ter o chefe do Executivo como candidato ao Senado.

A repercussão nos dois grupos, com discursos fortes de ambos os lados, a começar pela agressiva fala da deputada Mical Damasceno (PSD), que atacou duramente o vice-governador Felipe Camarão e pediu ao governador Carlos Brandão que permaneça no Governo e eleja seu sucessor. Essa fala desencadeou um intenso bate-rebate entre dinistas e brandonistas no plenário da Assembleia Legislativa, criando um ambiente político em que as posições defendidas pelos aliados do governador Carlos Brandão vão aos poucos se impondo, quase não deixando espaço para o contraponto. Todos os deputados alinhados ao Palácio dos Leões encerraram seus discursos afirmando que apoiarão, sem pestanejar, o candidato que ele vier a escolher para disputar a sua sucessão, deixando claramente implícito que o candidato pode ser Orleans Brandão.

Nos eventos de inauguração e anúncio de obras que vem sendo feitos na Ilha de Upaon Açu e no interior do estado, a grande estrela ungida pelo governador Carlos Brandão, pela presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale (PSB) e por vozes da base governista, é o secretário de Assuntos Municipalistas. Antes apontado como candidato a deputado federal, ele agora foi colocado de vez no campo da sucessão estadual. Presente em quase todos os eventos da agenda do governador, o secretário tem sido, via de regra, alvo de elogios de prefeitos e deputados pela sua atuação política municipalista do Governo.

Na semana passada, em Bacabal, onde esteve com o governador na inauguração dos 34 quilômetros da Estrada do Leite e outras obras e entregas, o movimento pró-secretário de Assuntos Municipalista foi mostrado com clareza. Ali, o prefeito Roberto Costa, que tem prestígio na Região do Médio Mearim, preside a Federação dos Municípios e é um dos líderes mais importantes do MDB maranhense, fez um denso discurso destacando o papel do secretário na relação do Governo com prefeitos, demonstrando que está plenamente alinhado ao governador Carlos Brandão. Na sequência, a presidente Iracema Vale (PSB) e os deputados Florêncio Neto (PSB) e Davi Brandão (PSB) bateram na mesma tecla e com a mesma ênfase. E assim tem sido na maioria dos municípios por onde o governador tem passado.

É precipitado afirmar que o martelo nesse caso esteja batido e com ponta virada. A começar pelo fato de que o vice-governador Felipe Camarão está em pré-campanha embalado por três argumentos politicamente fortes: o seu trabalho como administrador eficiente, sua ligação com o ministro Flávio Dino e o aval do presidente Lula e do PT à sua candidatura. A seu modo, ele vai mantendo o discurso em defesa da aliança com o governador Carlos Brandão, propondo uma dobradinha, num aviso claro que se chegar ao Palácio dos Leões em abril do ano que vem, buscará a reeleição.

Nesse contexto, o governador Carlos Brandão vai movendo suas peças, ciente de que o que está em jogo vai muito além do que uma disputa de candidatáveis à sua sucessão. E do jeito que as coisas estão acontecendo, o cenário para a sucessão só estará definido nos minutos finais do dia 3 de abril de 2026. E com um dado crucial: sua evolução e seu desfecho interessa diretamente ao prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD).

PONTO & CONTRAPONTO

Cúpulas partidárias colocam senadores maranhenses em situação incômoda

Weverton Rocha e Ana Paula Lobato vivem
incômodo no PDT, e Eliziane Gama, no PSD

A decisão da bancada do PDT na Câmara Federal de deixar a base governista e adotar posição independente em relação ao Governo do presidente Lula da Silva (PT), em represália à demissão do presidente do partido, Carlos Lupi, por causa do escândalo bilionário do INSS, colocou em situação delicada os senadores Weverton Rocha e Ana Paula Lobato, que integram a bancada do partido na Câmara Alta. Em outra seara, declaração do presidente do PSD, Gilberto Kassab, colocou a senadora Eliziane Gama (PSD) em situação incômoda.

O clima de tensão causado pela decisão da bancada na Câmara Federal atingiu mais fortemente o senador Weverton Rocha, que lidera o partido no Senado e tem fortes ligações com o PT e acesso ao presidente Lula da Silva. Partiu dele a posição em que os três senadores – o terceiro senador é Leila Barros, representante do Distrito Federal – permanecessem alinhados ao Palácio do Planalto, contrariando a bancada na Câmara.

O senador Weverton Rocha nada tem a ganhar se o PDT se afastar mesmo do Governo Lula da Silva, muito ao contrário. Em busca da reeleição, ele vem apostando todas as suas fichas na relação com o Palácio do Planalto para embalar a sua candidatura. Isso porque, sem esse apoio, a sua situação poderá se complicar, já que até aqui é visto como adversário pelo Palácio dos Leões. E se não contar com o aval político do PT e do presidente Lula da Silva, correrá o risco do isolamento, repetindo a situação que viveu como candidato a governador em 2022, quando, rompido com a aliança liderada por Flávio Dino, fez um pacto esdrúxulo com a direita bolsonarista, o que, em vez de ajuda-lo, o puxou para o terceiro lugar na corrida ao Governo.

Sem o peso de estar em busca de votos, a senadora Ana Paula Lobato pouco tem a perder com esse afastamento do PDT do Governo. Como seus colegas, ela fechou questão no sentido de continuar na base governista, situação em que se manterá se a relação do PDT com o Planalto não se agravar. Em caso de agravamento, tem a opção de mudar de partido.

Os próximos passos da cúpula nacional do PDT definirão os rumos dos senadores maranhenses.

Por sua vez, a senadora Eliziane Gama (PSD) passou a conviver ontem com um problema criado pelo comandante nacional do seu partido, Gilberto Kassab. Ele declarou, sem meias palavras, que o PSD poderá lançar candidato próprio à sucessão presidencial. E perguntado sobre como fica a relação com o Governo do PT, ele declarou que “o PSD não está no Governo”.

A fala-recado de Gilberto Kassab coloca a senadora Eliziane Gama em risco de saia justa, já que ela é muito alinhada ao Governo petista e ao próprio presidente Lula da Silva.

Ataques de Mical Damasceno a Felipe Camarão têm origem em veto a projeto conservador e inconstitucional

Mical Damasceno ataca Felipe Camarão
por veto a projeto inconstitucional

Vão muito além das diferenças ideológica, política, partidária, cultural e religiosa a largura e a profundidade do fosso que separa a deputada Mical Damasceno (PSD) do vice-governador Felipe Camarão (PT), a quem vem atacando frequente e agressivamente.

Aos motivos já citados se somou o veto que Felipe Camarão, na condição de governador em exercício aplicou, no dia 9 de julho de 2024, ao Projeto de Lei Ordinária nº 441, por meio do qual a deputada Mical Damasceno, sua autora, pretendeu conceder o direito de pais e responsáveis vedarem a participação de filhos em atividade pedagógica de gênero no âmbito das escolas de todo o estado do Maranhão, prevendo penas severas às instituições de ensino que descumprissem tal regra.

Com o lastro de procurador federal de carreira, professor e secretário de Estado de Educação, o governador em exercício baseou seu veto numa decisão da Suprema Corte de tornar inconstitucional lei idêntica aprovada de Alagoas, que tinha o objetivo de proibir o tratamento de gênero e educação sexual no âmbito do ensino.


“Legislar sobre as diretrizes e bases da educação nacional é competência da União, conforme dispõe o artigo 22, inciso XXIV, da nossa Constituição. E é nosso dever, enquanto Estado, assegurar um ensino plural, que prepare os indivíduos para a vida em sociedade, sem violação à liberdade de ensinar e de aprender. Por essas razões, aponho veto total ao Projeto de Lei, visto que não foram atendidas as disposições do artigo 22 e do artigo 206, ambos da Constituição Federal”, escreveu o governador em exercício no texto do veto.

Movida pelo seu conservadorismo radical de evangélica extremista, e apoiada por grupos bolsonaristas, a deputada Mical Damasceno reagiu violentamente ao veto. E desde então tem sido inimiga política implacável do vice-governador, que nunca respondeu a nenhum dos seus ataques. Em vez disso, tem procurado ampliar suas relações com o os segmentos evangélicos maranhenses, deixando a deputada muito incomodada.

São Luís, 10 de Maio de 2025.

Sinalizações de Brandão põem candidatos ao Senado em estado de alerta máximo

Declarações de Carlos Brandão colocaram Weverton Rocha, Eliziane Gama, André Fufuca e Yglésio Moises
em estado de alerta máximo

As declarações recentes do governador Carlos Brandao (PSB) sinalizando a possibilidade de permanecer no Governo e lançar o secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB), seu sobrinho, como candidato à sucessão, além de estremecer as bases da aliança partidária que ele comanda e acender sinal laranja nos segmentos partidários alinhados ao projeto do vice-governador Felipe Camarão (PT), disparou o alerta vermelho nos pré-candidatos ao Senado. Diante dessa possibilidade, os senadores Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PSD), que buscam a reeleição; o ministro do Esporte André Fufuca (PP), que já admitiu sua candidatura, e mais recentemente o deputado estadual Yglésio Moises (PRTB), que se lançou pela direita bolsonarista, entram numa via de incerteza, sem saber se brigam pelas duas vagas ou continuam reservando uma ao governador do Estado.

Não há dúvida de que com a participação do governador Carlos Bandão, a disputa para as duas cadeiras no Senado será diferenciada, à medida que sua candidatura entra com peso avassalador, de vez que dificilmente outro candidato entrará no jogo para enfrenta-lo. Todos os candidatos posicionados até agora declararam que apoiam a candidatura do chefe do Executivo, colocando-se como eventuais parceiros para dobradinhas. Essas manifestações se baseiam principalmente no poder de fogo que o governador vem demonstrando nas pesquisas, que o apontam como favorito para uma das vagas. Todos os pré-candidatos já deram declarações no sentido de que apoiam a candidatura do chefe do Poder Executivo à Câmara Alta.

Por outro lado, se o governador Carlos Brandão romper de vez com o grupo dinista, ignorar a preferência do presidente Lula da Silva e do PT pela candidatura de Felipe Camarão, permanecer no Governo até o final do mandato, lançando o secretário Orleans Brandão – ou a presidente da Assembleia legislativa, Iracema Vale (PSB) – à sua sucessão, a corrida ao Senado sofrerá uma mudança radical. E se, mesmo assim, Felipe Camarão entrar na briga pelo Governo, num confronto improvável, mas possível em se tratando de política, o cenário da corrida ao Senado será virado pelo avesso, produzindo uma realidade difícil de prever. Isso porque, nesse contexto improvável, mas não impossível, o governador e seu grupo lançarão um ou dois candidatos ao Senado

E nesse tabuleiro, para onde se moverá o senador Weverton Rocha? Ficará no grupo do candidato do PT ou migrará para o grupo do PSB? E a senadora Eliziane Gama, como se situará nesse ambiente? O ministro André Fufuca se manterá alinhado com o candidato do PT? Como se vê, seria uma reviravolta tão turbulenta que não deixaria margem nem para previsões nesse sentido. E nesse cenário, o próprio governador Carlos Brandão teria dificuldade para definir candidatos com força para enfrentar dois senadores e um ministro, de vez que os três estão com seus projetos já encaminhados. E pelo menos em princípio, a corrida às duas vagas seria colocada no mais elevado grau de imprevisibilidade.

Um dos fatores que tornam improvável essa reviravolta é o fato de que ainda faltam 11 meses para que esse martelo seja batido, com o governador Carlos Brandão decidindo se sai para ser candidato ao Senado numa dobradinha com Felipe Camarão, que será governador e buscará a reeleição, ou mude o curso e permaneça no cargo e lance um candidato e, junto com ele, candidatos ao Senado. No primeiro caso, o cenário permanecerá como está sendo desenhado agora, com o governador como candidato fortíssimo ao Senado. No segundo caso, o quadro de candidatos ao Senado pode mudar radicalmente, provavelmente com o aumento do número de candidatos a senador.

O tempo que falta para que as cartas sejam postas sobre a mesa e as decisões sejam tomadas na base governista é um indicador eficiente de que há espaço para o diálogo e para uma composição montada pela lógica. Como também pode esse tempo ser consumido no perigoso campo da desavença.

PONTO & CONTRAPONTO

Neto Evangelista reage a críticas de Othelino Neto e Márcio Jerry a falas de Brandão sobre sucessão

Neto Evangelista rebateu críticas de Othelino
Neto e Márcio Jerry a Carlos Brandão

 

No bate-rebate entre dinistas e brandonistas desencadeado com as declarações recentes do governador Carlos Brandão (PSB), em especial a que ele deu em Cajapió, onde parabenizou o ex-prefeito Marconi Pinheiro (PSB) por ter escolhido e elegido o sobrinho Rômulo Nunes (PSB) como sucessor, um “bateu-levou” ganhou peso no plenário da Assembleia Legislativa.

O deputado estadual Othelino Neto (Solidariedade) e o deputado federal Márcio Jerry (PCdoB) criticaram a manifestação do governador Carlos Brandão (PSB) por causa da sinalização.

O primeiro, que faz oposição dura, acusou o governador tentar transformar o Governo “num negócio de família”, considerando “absurda” a possibilidade de o chefe do Executivo se lançar o secretário candidato à sua sucessão. O segundo não fez um ataque direto ao governador, mas declarou, em tom crítico, que “em democracia”, “candidatos são indicados pelos partidos e coalizões partidárias mediante articulações, debates e realização da convenção”,

O rebate, igualmente duro, não demorou, e partiu do líder do Governo na Assembleia Legislativa, deputado Neto Evangelista (União), que fez o disparo verbal nas duas direções.

– Nós, na vida pública, não podemos trabalhar com hipocrisia. Se um deputado pode indicar um familiar, por que o governador não pode? Quando é na sua vez, tudo bem, mas quando é a vez do governador não pode? – indagou, em tom irônico, Neto Evangelista.

A ferina observação do líder governista se referiu à indicação da hoje senadora Ana Paula Lobato (PDT), esposa do deputado Othelino Neto, como suplente do então senador Flávio Dino (PSB), e o irmão do deputado federal Márcio Jerry, João Haroldo, com o candidato do PCdoB a prefeito de Colinas.

Iracema faz política madura, com posições claras e sem quebrar regras como presidente da Assembleia

Iracema Vale (boné azul): participação
ativa na agenda de Carlos Brandão

“Este é um momento crucial para a Grande Ilha. A duplicação da MA-204 trará mais segurança e qualidade de vida para os maranhenses. A Assembleia Legislativa segue ao lado do Governo do Estado, garantindo que projetos como esse transformem a realidade da nossa população”.

A declaração, enfática, partiu da presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB), no lançamento, ontem, da duplicação da MA-204, que representa a quarta etapa da Avenida Metropolitana, destinada a integrar a Ilha de Upaon Açu.

A presidente da Assembleia Legislativa tem sido presença constante a maioria dos atos de entrega e anúncio de obras pelo governador Carlos Brandão (PSB), principalmente nas regiões onde atua politicamente.

A chefe do parlamento estadual não esconde a sua posição política de aliada incondicional do governador, mas o faz com habilidade política suficiente para não contrariar o discurso segundo o qual o Poder Legislativo vive em harmonia com os demais Poderes, mas não abre mão da sua independência.

No campo político e partidário, Iracema Vale joga aberto: é militante do PSB e pertence ao núcleo político liderado pelo governador Carlos Brandão. E nessa condição política, tem se engajado nas posições alinhadas ao chefe do Poder Executivo, defendendo enfaticamente o seu programa de Governo e sua alinha de atuação política. O seu equilíbrio é demonstrado no comando das sessões legislativas, nas quais trabalha para não se posicionar nos embates entre dinistas e brandonistas, atuando com isenção.

A presidente da Assembleia Legislativa pratica uma política maiúscula e madura.

São Luís, 09 de Maio de 2025.