
Yglésio Moises acusa e Rodrigo Lago
defende procuradores acusados
Pode não dar em nada, mas tem traços de bomba política a publicação, pelo jornal O Globo, de matéria revelando que dois assessores do ministro Flávio Dino no Supremo Tribunal Federal, que são procuradores do Estado do Maranhão cedidos à Suprema Corte, teriam acessado irregularmente o Sistema Eletrônico de Informação (SEI) da Procuradoria Geral do Estado em busca de documentos que embasariam ação do Solidariedade, liderado no estado pelo deputado Othelino Neto, contra o governador Carlos Brandão (PSB) e o próprio titular da PGE, no caso de nepotismo. A denúncia foi feita pelo procurador geral do Estado, Valdênio Caminha, que comunicou o caso ao ministro Alexandre de Moraes, solicitando que os dois assessores, Túlio Simões e Lucas Souza, sejam investigados por acesso irregular ao sistema digital da PGE maranhense. E informa que os dois acessaram o SEI nada menos que 130 vezes no dia 20 de fevereiro.
O caso foi tornado público em escala nacional por meio de O Globo, cuja matéria se baseou em informações que recebera do deputado Yglésio Moises (PRTB), bolsonarista ranheta e inimigo figadal do ministro Flávio Dino, atuando também como aliado do governador Carlos Brandão. A publicação causou ontem um embate na Assembleia Legislativa, com o deputado Yglésio Moises jogando lenha na fogueira e batendo forte no ministro Flávio Dino e nos dois assessores, e ainda propondo a instalação de uma CPI para apurar os fatos, desafiando os deputados “ que têm honra” a assina-la. No rebate, o deputado Rodrigo Lago (PCdoB), aliado de proa do ministro Flávio Dino, saiu em defesa dos dois procuradores sugerindo que o procurador geral Valdênio Caminha pode ter agido “no calor da emoção”, e que eles nada fizeram de irregular, e criticando o procurador geral do Estado pela denúncia que fez ao ministro Alexandre de Moraes.
No jogo da política, pode ser que o deputado Yglésio Moises, na vontade assumida que mostra de criar qualquer tipo de embaraço ao ministro Flávio Dino, tenha exagerado na dose ao classificar o caso como um escândalo. No contraponto, o deputado Rodrigo Lago pode ter feito um esforço demasiado para minimizar a escorregada dos dois procuradores licenciados, que foram fundo quando acessaram o banco de dados digitais da PGE maranhense. Ambos fizeram a sua parte, Yglésio Moises como denunciador e Rodrigo Lago como defensor.
O fato é que, não há como negar, a matéria publicada por O Globo, baseada nas informações que lhe foram repassadas pelo deputado Yglésio Moises, conforme ele próprio declarou ontem, na tribuna da Alema, ganhou corpo, e se não teve maior repercussão no plano nacional, funcionou como uma bomba nos bastidores da política estadual, com poder para inibir o processo de reaproximação das bandas brandonista e dinista que está em curso. E com força suficiente para produzir uma reviravolta prejudicial ao projeto do vice-governador Felipe Camarão (PT), à medida que pode recolocar na mesa a possibilidade de o fantasma de um racha que leve o governador Carlos Brandão a abrir mão da candidatura ao Senado e permanecer no Governo até o final do seu mandato.
Nesse contexto de tensões, mesmo tendo emitido notas informando que são integrantes concursados da PGE, e admitindo que acessaram o sistema digital da PGE, os dois procuradores podem estar encrencados, caso fique demonstrado que eles participaram de um esquema para favorecer o Solidariedade. E pelo que denunciou o procurador geral Valdênio Caminha, os dois esqueceram de que estão licenciados das suas funções na Procuradoria, cedidos que foram à Suprema Corte para assessorar um dos seus ministros, perdendo temporariamente as prerrogativas funcionais na PGE-MA, não sendo regular acessar o banco de informações da instituição em busca de documentos para o Solidariedade, principalmente com mais de uma centenha de acessos em um só dia.
Irregular ou não, o acesso poderia ser minimizado não fosse o teor das mensagens que eles trocaram ao examinar o conteúdo dos documentos. Numa dessas mensagens, um dos procuradores se “impressiona” com o teor dos documentos e chega a sugerir que o procurador geral Valdênio Caminha poderia ser preso. Outras declarações fortes são feitas no diálogo virtual mantido pelos dois, que podem estar encrencados ou podem sair ilesos do episódio pela via administrativa. Mas como o caso tem forte viés político, os dois procuradores já figuram nos bastidores com o pivores de uma crise.
PONTO & CONTRAPONTO
Duarte Jr. assume coordenação da Bancada Maranhense e amplia a força do seu mandato

Weverton Rocha e Ivan Júnior, Duarte Jr. assume a
coordenação da Bancada Maranhense
O deputado federal Duarte Jr. (PSB) é o novo coordenador da Bancada do Maranhão no Congresso Nacional. Ele atuará como elo entre os deputados e senadores que integram a representação e a máquina administrativa federal no sentido de viabilizar os pleitos já formalizados. Eleito por unanimidade, em reunião realizada na terça-feira (01), Duarte Jr. sucede à senadora Eliziane Gama (PSD), que cumpriu mandado de um ano, como manda a regra.
Ao assumir o comando da Bancada Maranhense, o deputado Duarte Jr. reforça expressivamente a sua condição como um dos parlamentares mais atuantes da Bancada Maranhense. Isso porque há duas semanas ele fora eleito presidente da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas Deficientes. Essa Comissão foi criada em 2015 por parlamentares com deficiência e hoje tem papel fundamental no debate e na formulação de políticas nessa área.
Ao assumir a Comissão, Duarte Jr. elencou três prioridades: elaboração do Código Brasileiro de Inclusão, com o objetivo de reuniu em um só texto as várias leis brasileiras voltadas para esse público; a criação da Casa da Mãe Atípica, nos moldes da Casa da Mulher Brasileira; e a deflagração de um movimento destinado a derrubar o veto presidencial ao PL 5332/23, que dispensava perícia a pessoas com deficiência permanente.
No comando da Coordenação da Bancada Maranhense no Congresso Nacional e na presidência da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas Deficientes, o deputado Duarte Jr. amplia largamente o peso do seu mandato na Câmara Federal.
Osmar Filho propõe e Alema aprova concessão de honraria a Paulo Victor
Apontado no meio político como um eficiente articulador, tanto que está no exercício do terceiro mandato presidencial, o presidente da Câmara Municipal de Sãs Luís, vereador Paulo Victor (PSB), continua surpreendendo, ora por suas iniciativas, ora por iniciativa de aliados.
Ontem, por exemplo, a Assembleia Legislativa aprovou Projeto de Resolução proposto pelo deputado Osmar Filho (PDT) e que concede ao presidente do parlamento ludovicense a Medalha do Mérito Legislativo Manoel Beckman, a mais alta honraria do Poder Legislativo estadual a pessoas reconhecidas pelos serviços prestados ao Maranhão.
A iniciativa do experiente deputado Osmar Filho tem alguns detalhes curiosos. Começa com o fato de a Medalha ser concedido a um vereador que trabalha para chegar à Assembleia Legislativa no ano que vem, ou seja, um concorrente. Além disso, o deputado Osmar Filho é casado com a vereadora Clara Gomes (PSD), alinhada ao prefeito Eduardo Braide, de quem o vereador Paulo Victor é o adversário mais ranzinza.
Como se vê, o vereador-presidente Paulo Victor tem a capacidade de construir pontes até onde aparentemente não parece possível. Não pesem razão que ele está há três mandatos consecutivos na presidência do Poder Legislativo da Capital.
São Luís, 02 de Abril de 2025.