Arquivos mensais: abril 2025

Reportagem de O Globo resgata trajetória de Dino e sugere que ele pode deixar o Supremo e voltar à política

Flávio Dino durante o voto em que tornou réu o
ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa
de golpe de estado

Uma reportagem especial publicada na edição de ontem do jornal O Globo funcionou como um novo empurrão no ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, para o epicentro da vida política do País, reforçando a impressão de muitos observadores e o desejo de muitos aliados e apoiadores de que ele deixe mais uma vez a magistratura e mergulhe na busca do poder maior da República pelo caminho das urnas. Assinada pela respeitada jornalista Vera Magalhães, que conhece a fundo as entranhas do poder e os meandros da política brasileiros, a matéria do jornal fluminense – que conta resumidamente a trajetória do ex-líder estudantil, ex-juiz federal, ex-deputado federal, ex-governador do Maranhão, ex-senador da república, ex-ministro da Justiça e agora ministro da Suprema Corte, resume situação atual dele na visão de um aliado: “Flávio Dino no STF é um leão numa gaiola de passarinho”.

A exemplo de outras reportagens feitas por diferentes órgãos da elite da imprensa no País, o registro de O Globo contraria frontalmente a previsão de alguns de que, ao acatar a decisão do presidente Lula da Silva (PT) para ocupar uma cadeira na mais alta corte de justiça do País, abrindo mão de um mandato inteiro de senador da República, Flávio Dino estaria mandando para o espaço a possibilidade de vir a ser candidato a presidente da República, com potencial para ser eleito. Analistas diversos, entre eles alguns que não lhe são simpáticos, concordam num ponto: de longe o mais preparado e bem-sucedido político da sua geração, o líder maranhense conquistou estatura para ser presença obrigatória em qualquer lista de presidenciáveis para 2026 ou, no máximo, para 2030.

Quem acompanhou com atenção o confuso desenrolar do quadro político brasileiro de 2015 para cá viu a evolução do então governador do Maranhão no cenário nacional. Ele assumiu a defesa do mandato da presidente Dilma Rousseff (PT), alertando a Nação de que o impeachment era uma armação política para apeá-la e o seu partido do poder. Os fatos logo mostraram que ele tinha razão. Depois de uma convivência sem maiores traumas com o presidente Michel Temer (MDB), o então governador enfrentou o poder de fogo do presidente Jair Bolsonaro (PL), que o elegeu como principal adversário, o que o levou ao “posto” de mais intenso e destemido enfrentador do presidente.

Ministro da Justiça no Governo Lula da Silva, Flávio Dino viveu e venceu o maior desafio da sua carreira ao comandar a reação ao 8 de Janeiro de 2023, quando o Brasil esteve, de fato, na iminência de sofrer um golpe de estado. Foi personagem central de uma situação dramática, marcada por atos decisivos – como o afastamento do governador de Brasília e a intervenção no Sistema de Segurança Pública da Capital da República – concretizados em meio a um forte clima de tensão, agora revelada na rica reportagem de Vera Magalhães. Numa abordagem mais ampla, a reportagem mostra que Flávio Dino foi, durante um ano, a face política do Governo Lula da Silva, principalmente no enfrentamento às forças da oposição bolsonaristas, por ele impiedosamente demolidas em audiências no Congresso Nacional.

O crescimento e ampliação da sua imagem na opinião pública fez com que aliados do PT, assim como adversários da oposição, tentassem minar sua credibilidade, para evitar que ele se tornasse o nome indicado pela frente de centro-esquerda para suceder o presidente Lula da Silva. Ele resistiu e driblou todas as ciladas, consolidando sua posição até se tornar ministro da Suprema Corte, em fevereiro de 2024. Ali, enfrentou o poder de fogo do Congresso Nacional ao fazer o inimaginável: romper a couraça que negava transparência ao uso dos recursos e emendas parlamentares, suspendendo a liberação de recursos até que regras, acentuando sobretudo a transparência, fossem votadas e implantadas. Essa guerra, por ele vencida, definiu o seu gigantismo como membro da Corte Suprema.

Com o formato de mais um registro da rica e emblemática trajetória do ministro, a reportagem de O Globo é o mais novo indicador que de Flávio Dino poderá mais uma vez deixar a magistratura para voltar ao desafiador tabuleiro da luta pelo poder.

PONTO & CONTRAPONTO

Brandão anuncia: Polícia Civil ganha mais 40 delegados, 20 investigadores e oito peritos

Carlos Brandão: reforço à Segurança

O Sistema Estadual de Segurança Pública foi fortalecido ontem, com o anúncio feito pelo governador Carlos Brandão (PSB), da nomeação de 40 novos delegados, 20 investigadores e oito peritos, bem como a promoção de delegados e a progressão dos demais policiais civis, o que reforçará expressivamente a atuação da Polícia Civil. No mesmo anúncio, o mandatário informou que estão em fase final estudos para atender a demandas da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros.

O anúncio foi feito na data em que se homenageia Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, patrono das instituições policiais brasileiras. E na sua fala, o governador agradeceu aos homens e mulheres que integram as instituições policiais do Maranhão.

Os esforços do atual Governo para fortalecer e melhorar a atuação do Sistema Estadual de Segurança Pública são traduzidos em números, como o programa de reformar 135 delegacias e batalhões de polícia nas mais diversas regiões do estado.

A Polícia maranhense ampliou sua eficiência com programas de inteligência, como o Meu Celular de Volta, que já recuperou e devolveu aos seus proprietários mais de mil aparelhos. O resultado foi a redução em 17% do roubo de celulares e 39% os roubos de veículos entre janeiro e março no Maranhão.

Esses reforços garantiram que no mesmo período 96% dos inquéritos foram concluídos pela Polícia Civil, resultado direto da convocação de 1.445 novos policiais civis, dos quais 826 estão devidamente formados, aos quais se somarão outros 389 recentemente nomeados.

 Além disso, o Governo investiu fortemente em armamentos – munição, coletes, drones e outros equipamentos para fortalecer o trabalho das forças de segurança – e na mobilidade da Polícia com a aquisição de 700 viaturas.

É isso aí.

Pedro Lucas decide hoje se será ministro das Comunicações ou continuará líder do União

Pedro Lucas Fernandes: decisão

Depois do fim de semana prolongado, que passou ao telefone tentando desatar os nós que impedem a superação da crise que sacode o União Brasil desde que o deputado federal Juscelino Filho deixou o Ministério das Comunicações, o deputado federal Pedro Lucas Fernandes, que lidera a bancada do partido na Câmara Federal e foi convidado pelo presidente Lula da Silva para ministro das Comunicações, seguiu ontem para Brasília com uma decisão tomada, que será anunciada numa reunião, hoje à tarde, aos seus colegas de partido.

A decisão: vai comunicar ao presidente Lula da Silva que não aceita assumir o Ministério das Comunicações, optando por permanecer como líder da bancada do União Brasil na Câmara Federal.

A situação no União Brasil é complicada, uma vez que o partido é formado por uma banda que abandonou o bolsonarismo, caminhando para o centro, e por outra, formada pelo grupo oriundo do antigo DEM.

O primeiro grupo, ao qual Pedro Lucas Fernandes pertence, o quer no Ministério, desde que sua vaga na liderança seja preenchida por um integrante dessa corrente. O segundo grupo, ao qual Juscelino Filho é ligado, quer o ex-ministro das Comunicações como sucessor no comando da bancada na Câmara Federal.

O presidente do partido, Antonio Rueda, ao qual Pedro Lucas Fernandes é ligado, não quer Juscelino Filho na liderança do partido, alegando que o União Brasil pode sofrer desgastes se colocar um réu no comando da sua representação. Ocorre que a chamada “ala do DEM”, comandada pelo baiano ACM Neto, apoia Juscelino Filho para a liderança, formando um impasse.

Para evitar mais uma crise e mais desgastes ao partido, Pedro Lucas Fernandes viajou decidido a abrir mão do ministério e permanecer no comando da bancada.

O desfecho desse imbróglio deve acontecer até o início da noite.

Em Tempo: Vale lembrar que há exatos 525 anos o Brasil era descoberto por Pedro Álvares Cabral, que desembarcava onde hoje é Salvador, na Bahia, no comando da frota composta por 13 embarcações: nove naus, três caravelas e uma naveta de mantimentos. Essa frota levava cerca de 1500 homens, incluindo soldados, religiosos, e até mesmo condenados à morte que trocavam sua pena por exílio.

São Luís, 22 de Abril de 2025.

Candidatura de Brandão ao Senado começa a ser apontada como certa no cenário nacional

Carlos Brandão: agenda intensa de inaugurações
e contatos direto multidões no interior

A informação publicada ontem na coluna Painel, do jornal Folha de S. Paulo, dando conta de que o governador Carlos Brandão (PSB) está entre os 13 governadores que renunciarão em abril do ano que vem para encarar as urnas na corrida ao Senado, é a confirmação de que a aliança governista está sendo recolocada nos eixos depois de meses de tensão, com ameaças de rompimentos e desmanche. A notícia, dada sem qualquer traço de dúvida, confirma também que brandonistas e dinistas caminham para ajustarem a relação e, assim, garantir o que está rascunhado desde o início de 2022, quando o então governador Flávio Dino (PSB) bateu martelo confirmando a candidatura do seu vice, Carlos Brandão (PSB), à sua sucessão, rifando a pretensão do senador Weverton Rocha (PDT).

Para divulgar uma informação como essa com esse teor de segurança, usando o “será candidato” ao invés do “poderá ser candidato”, o jornal paulista certamente se valeu de fonte segura, que lhe passou exatamente o que está decidido na agenda política do chefe do Executivo estadual. Isso significa dizer que, embora não haja anúncio oficial nem uma declaração pública do governador a respeito do assunto, o projeto senatorial é item prioritário no planejamento político e eleitoral do governador para os próximos anos. E anima os bastidores da corrida às urnas e reforça o projeto de uma chapa tendo o vice-governador Felipe Camarão (PT) como governador a partir de abril e, naturalmente, como candidato à reeleição.

Carlos Brandão tem usado a astúcia das raposas para conduzir esse processo, evitando o lançamento de uma chapa fechada com um ano e meio de antecedência, colocando os candidatos na rota do desgaste. À medida que vai montando, tijolo a tijolo, a chapa majoritária do seu campo, levando em conta também os movimentos de adversários e concorrentes, caminha com segurança para o 03 de abril do ano que vem, quando se verá, finalmente, diante da realidade nua e crua, que é sair para disputar uma cadeira no Senado ou permanecer no Governo para se tornar apenas um ex-mandatário sem poder, mesmo que venha a deixar um aliado no comando.

Política é uma atividade nobre, mas é também implacável, porque a essência dela é a busca permanente pelo poder, e quem o consegue e o deixa escapar costuma pagar um preço muito elevado. Daí não fazer qualquer sentido que um político na posição do atual governador do Maranhão abra mão de permanecer no epicentro do poder como senador da República.  E a julgar pela desenvoltura com quem vem movimentando seu Governo e se relacionando com a classe política, tudo indica que o governador seguirá a trilha indicada na informação publicada na prestigiada e bem informada coluna política da Folha de S. Paulo.

Salvo casos raríssimos, como o da senadora Ana Paula Lobato (PDT), que ganhou um mandato senatorial inteiro na condição de suplente do senador Flávio Dino (PSB), que renunciou para ser ministro da Corte Suprema, ninguém em outra condição ganha oito anos de estadia na Câmara Alta. E como político que conhece o caminho difícil, tortuoso e exigente que leva às urnas, Carlos Brandão sabe que, mesmo sendo detentor de prestígio político e poder, como é o seu caso, tem de sair a campo em busca do respaldo eleitoral. E isso exige muito trabalho, muita conversa e muito compromisso assumido.

As pesquisas têm dito que o governador é favorito para uma das duas vagas, sendo a segunda mirada por dois senadores em busca da reeleição, Eliziane Gama (PSD) e Weverton Rocha (PDT), e pelo deputado federal André Fufuca (PP), atual ministro do Esporte. Carlos Brandão tem experiência suficiente para saber que, independentemente do favoritismo apontado nas pesquisas, voto não cai do céu, por isso mesmo está trabalhando duro para preencher as expectativas do eleitorado.

Afinal, melhor do que ser eleito é ter uma eleição maiúscula.

PONTO & CONTRAPONTO

Iracema Vale e Othelino Neto aguardam atentos o desfecho da votação do Supremo

Iracema Vale mostra confiança;
Othelino Neto tem sido discreto

A presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale (PSB), e o ex-presidente Othelino Neto (Solidariedade), passarão a Páscoa e entrarão na semana mergulhados em clima de expectativa por conta do julgamento virtual do Supremo Tribunal Federal, que dirá se o mandato de presidente que ela está exercendo, resultado da eleição realizada no dia 13 de novembro do ano passado, é legal ou não.

Iracema Vale tem demonstrado descontração em relação ao caso. Primeiro porque tem exibido convicção de que nada houve de errado na sua eleição. E segundo porque os quatro ministros que já votaram, três tem posições favoráveis a ela , e um deu voto mesclado com alguns questionamentos, mas confirmando a legalidade da eleição. Se tiver mais dois votos a favor e o quarto não for revisto, o assunto estará liquidado a seu favor.

Othelino Neto tem mantido certa discrição em relação ao julgamento desde que a ministra-relatora Cármen Lúcia anunciou seu voto não reconhecendo os argumentos da ação do seu partido contra a eleição. Andou reforçando sua argumentação, mas os advogados da Alema contra-atacaram fortalecendo ainda mais a tese segundo a qual se trata de assunto de prerrogativa do parlamento, não cabendo a intromissão da Justiça.

A expectativa dos dois interessados deve acabar a qualquer momento da semana que começa, com a manifestação de todos os integrantes da Corte Suprema.        

Lahesio perde espaço por conta dos seus movimentos de candidato assumido ao Governo

Lahesio Bonfim: perdas

Na sua estratégia belicista de se viabilizar como candidato da direita – aí incluindo todas as suas correntes – ao Governo do Estado, o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (Novo), parece estar mais perdendo do que acrescentando cacife à sua candidatura já anunciada.

Fez gestos inadequados ao prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD) e teve um estrondoso silêncio como resposta, traduzido por alguns observadores como um aviso de que não há qualquer chance de uma aliança.

Se movimentou também, com algum cuidado, na direção do grupo liderado pelo deputado federal Josimar de Maranhãozinho, mas tudo o que teve como resposta foram recados de que não deve esperar o apoio do PL do Maranhão.

E, mais recentemente, foi duramente alvejado por petardos verbais disparados pela deputada estadual Mical Damasceno (PSD), que o apontou como alguém que “diz muita besteira” e aparenta ter “um parafuso frouxo”. O ataque da parlamentar pode significar que uma grande fatia da corrente evangélica da Assembleia de Deus não o seguirá como candidato.

Essas reações aos seus movimentos são suficientes para que o candidato assumido do Novo reveja sua estratégia, sob pena de mergulhar num isolamento que pode ser fatal ao seu projeto de ser governador. São Luís, 20 de Abril de 2025.

Dias Toffoli e Gilmar Mendes seguem Cármen Lúcia e formam tendência favorável a Iracema Vale no Supremo

Iracema Vale tem voto favorável de Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Gilmar Mendes
na mesma linha, e de Alexandre de Moraes, que apesar de restrições ao
critério, reconheceu a legalidade da eleição

Os votos dos ministros Dias Toffoli e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, acompanhando a relatora, ministra Cármen Lúcia, que votou pela legalidade plena da eleição para a presidência da Assembleia Legislativa, realizada no dia 13 de novembro de 2024, na qual foi eleita a presidente Iracema Vale (PSB), desenharam uma tendência clara, cujo fundamento principal é o princípio da autonomia do parlamento estadual como ente federativo. No quarto voto já dado, o ministro Alexandre de Moraes faz algumas observações sobre o critério de desempate em si, mas deixa claro que não houve ilegalidade no pleito, confirmando assim a eleição da presidente Iracema Vale – sem explicação, esse voto foi recolhido, e se não for revisto, será mais um a confirmar a reeleição da deputada Iracema Vale para mais um mandato.

Vale relembrar que a eleição resultou num surpreendente empate (21 a 21), tendo a presidente Iracema Vale sido eleita pela regra regimental segundo a qual em caso de empate vence o mais velho. Sem que o critério tenha sido questionado com antecedência, o deputado Othelino Neto decidiu questiona-lo, e com ele a própria eleição, na Suprema Corte, por meio de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN), na qual sugere a ilegalidade do critério da maior idade como desempate e defende que o correto seria a eleição do candidato que tivesse mais mandatos, o que é o seu caso.

A ministra-relatora recebeu a ADIN, mas não suspendeu liminarmente a eleição, e no seu voto confirmou a legalidade do pleito com o argumento de que se trata de matéria interna corporis. Isso quer dizer que a definição de critério de desempate em eleição presidencial é prerrogativa da Assembleia Legislativa, na qual a Justiça não deve se intrometer. A condição é que o critério escolhido esteja previsto na Constituição Federal, e o da maioridade está. Ou seja, a ministra Cármen Lúcia definiu a linha. O ministro Alexandre de Moraes, questionou o mérito, mas confirmou a legalidade da eleição. Na sequencia, os ministros Dias Toffoli e Gilmar Mendes reforçaram o voto da ministra-relatora e definiram uma tendência indiscutivelmente favorável à eleição da deputada Iracema Vale para novo mandato presidencial, que, aliás, foi iniciado no dia 3 de fevereiro, sem qualquer intercorrência.

O questionamento do mandato da presidente da Assembleia Legislativa em tela não decorre de uma preocupação no sentido de ajustar e aperfeiçoar o Poder Legislativo maranhense, nem de um gesto de ambição política do deputado Othelino Neto. O imbróglio é o resultado de uma luta mais ampla pelo poder. Isso porque, se o governador Carlos Brandão (PSB) sair em abril de 2026 para disputar o Senado, o presidente da Assembleia Legislativa passa a ser automaticamente também vice-governador do Estado, aumentando expressivamente a sua massa de poder. Dependendo das circunstâncias, pode até passar uma pequena temporada no Palácio dos Leões, como aconteceu em 2014 com o então presidente Arnaldo Melo (MDB), que assumiu o Governo com a renúncia da governadora Roseana Sarney (MDB), que decidiu não passar o bastão para o governador eleito Flávio Dino (PCdoB). Além disso, a eleição do deputado Othelino Neto mudaria radicalmente a relação do Poder Legislativo com o Poder Executivo, saindo da convivência harmônica para entrar no confronto direto.

Os quatro votos favoráveis não são ainda garantia de que o mandato da presidente Iracema Vale esteja irreversivelmente confirmado, uma vez que a Corte Suprema tem 11 votos, só decidido no sexto voto. Mas o fundamento dos votos da ministra-relatora Cármen Lúcia e dos ministros Dias Toffoli e Gilmar Mendes, com o reforço do voto do ministro Alexandre de Moraes pela legalidade da eleição produziram até aqui um indicativo forte de que tudo vai continuar como está na Casa de Manoel Beckman.

PONTO & CONTRAPONTO

Camarão amplia espaços estreitando relações com aliados e adversários

Juscelino Filho e Felipe Camarão confraternizam
com o prefeito de Codó, Chiquinho da FC (PT)

O vice-governador Felipe Camarão (PT) demonstra que já está distante do político jovem e inexperiente. Prova disso foi a declaração que ele deu em favor do deputado federal Juscelino Filho (União), ex-ministro das Comunicações.

Agora focado de vez no projeto de, em chegando ao Governo em abril do ano que vem, entrar forte na briga pela reeleição, ele sabe que não pode fazer restrições a nenhum líder da aliança partidária que, se tudo correr como está previsto, vai liderar no momento em que o governador Carlos Brandão (PSB) lhe passar o bastão para ser candidato ao Senado.

O vice-governador está se movimentando para ampliar o seu leque de relações dentro e fora da base governista. E trabalha cativando também aqueles que, por razões diversas, se afastaram do Palácio dos Leões, como é o caso do deputado Juscelino Filho, cujo distanciamento se deu por causa do racha ocorrido na família Rezende, em Vitorino Freire. Ali, o ex-ministro e a irmã, Luanna Bringel, fizeram o sucessor dela na Prefeitura, contra as forças mobilizadas pelo tio, o ex-deputado Stênio Rezende, e a mulher dele, a deputada Andreia Rezende (PSB).

Nessa toada, Felipe Camarão vai operando para ganhar o apoio das duas alas, ampliando seu espaço dentro da base governista e fora dela.

PSDB e Podemos devem se juntar em fusão e o comando estadual pode ficar com Madeira

Sebastião Madeira e Fábio Macedo podem
chegar a um acordo sobre o comando da
fusão PSDB/Podemos no Maranhão

Tudo indica que, em busca da sobrevivência, PSDB e Podemos poderão mesmo se fundirem nos próximos dias. Os dois partidos estão em situação complicada e sob o risco de serem varridos do mapa eleitoral do País nas eleições do ano que vem.

No Maranhão, por conta do intenso trabalho do seu presidente regional, Sebastião Madeira, ex-prefeito de Imperatriz e atual chefe da Casa Civil do Governo do Estado, o PSDB respirou bem e saiu das urnas com sete prefeitos.

O Podemos, por sua vez, que é comandado no estado pelo deputado federal Fábio Macedo, elegeu apenas dois prefeitos: Júlio Matos, de São José de Ribamar, o quinto maior município do Maranhão, e André da RalpNet, de Pinheiro, o mais importante município da Baixada.

Se a fusão for consumada, poderá haver um acerto pelo comando do braço maranhense da nova legenda – o projeto de fusão prevê que em princípio os dois partidos continuarão respondendo pelos mesmos nomes.

A tendência é que, como o PSDB é maior, inclusive no País, o comando no maranhão permaneça com o ex-prefeito Sebastião Madeira.

São Luís, 19 de Abril de 2025.

Pedro Lucas pode chegar à Páscoa como ministro das Comunicações ou confirmado como líder do União

Pedro Lucas Fernandes: primeiro a pacificação do
partido e depois o ministério ou a liderança

Se for para sair deixando a bancada do União Brasil unida, com uma liderança efetiva, tudo bem, mas se for para sair deixando um ambiente de instabilidade e disputa na representação partidária, o melhor será continuar onde está. É essa a posição do deputado federal Pedro Lucas Fernandes, líder da bancada do União Brasil na Câmara Federal, em relação ao convite que recebeu do presidente Lula da Silva (PT) para assumir o Ministério das Comunicações no lugar do deputado federal Juscelino Filho (União), que pediu demissão e foi demitido há duas semanas pressionado pela condição de réu em processo no qual é acusado de corrupção com emendas parlamentares destinadas à Prefeitura de Vitorino Freire.

Não há dúvida de que Pedro Lucas Fernandes quer ser ministro das Comunicações, e no plano pessoal só depende de uma decisão dele para aceitar o convite presidencial. Só que o parlamentar maranhense mantém no seu alforje político uma reserva de ética partidária que o impede de colocar os seus interesses à frente dos interesses do partido. Para ele, não faz sentido deixar a liderança, para a qual foi eleito há pouco tempo, para ser ministro deixando para trás um ambiente de forte crise dentro do partido, com vários colegas, entre eles o ex-ministro Juscelino Filho, tentando chegar à liderança numa disputa fratricida.

Não há que duvidar de que Pedro Lucas Fernandes quer ser ministro, principalmente convidado pelo presidente Lula da Silva, numa conversa franca no início da semana, no Palácio da Alvorada. Ele aceitou de pronto, mas jogou aberto com o presidente pedindo um tempo – o período da Semana Santa -, para resolver as coisas dentro da bancada escolhendo um novo líder. No acerto com o chefe da Nação, que o conhece, Pedro Lucas foi objetivo: se a sucessão dele na liderança foi resolvida de maneira pacífica, ele assumirá o comando da pasta. Se isso não acontecer, ele prefere permanecer como líder, abrindo para que um colega seu de partido assuma o Ministério das Comunicações.

A situação dentro do União Brasil é tensa por conta da disputa entre várias correntes, em especial as originárias do antigo PSL, que romperam com o bolsonarismo, e os grupos oriundos do DEM, da qual faz parte Juscelino Filho. Saído das fileiras do PTB, onde nasceu e cresceu politicamente, tendo lá permanecido até que a insanidade do presidente Roberto Jefferson destruiu a agremiação criada por Getúlio Vargas, Pedro Lucas Fernandes trabalha para pacificar as duas correntes, e foi exatamente essa ação pacificadora que o tornou líder de uma bancada de 58 membros da Câmara Federal, o que representa grande peso e influência nas decisões da Casa.

Nas suas entrevistas, mais recentes, como a concedida ao influente jornalista Domingos Costa, Pedro Lucas Fernandes tem colocado as coisas com clareza, explicando que só dirá o sim definitivo se conseguir articular a escolha de um líder que não enfrente restrições na bancada, que precisa de uma condução articulada. O fato de o ex-ministro Juscelino Filho querer a liderança é lícito, mas ele enfrenta resistências, que fundamentam as tais restrições como o motivo pelo qual ele perdeu o ministério. Pedro Lucas Fernandes tem se mantido fora dessa discussão, não levantando qualquer óbice à indicação do colega maranhense, mas também sem fazer campanha aberta em seu favor. Sua condição de líder o desobriga de um posicionamento dessa natureza em relação ao colega.

O fato é que o deputado federal Pedro Lucas Fernandes está muito entusiasmado pelo convite que recebeu do presidente Lula da Silva, e além das orações da Semana Santa, está mergulhado nas articulações por meio das quais chegará ao Domingo de Páscoa como ministro das Comunicações ou reafirmando sua condição de líder.

PONTO & CONTRAPONTO

De olho na Assembleia Legislativa, Paulo Victor vai disputar uma seara eleitoral minada

Paulo Victor vai disputar votos com
Osmar Filho, Neto Evangelista e Yglésio
Moises, entre outros, em São Luís

Na esteira do presidente da Câmara Municipal de São Luís, o vereador Paulo Victor (PSB), que segundo nove entre dez observadores será candidato a uma cadeira na Assembleia Legislativa, alguns outros candidatos estão fazendo contas sobre os nichos eleitorais que serão liberados em São Luís.

Dois deles chamam a atenção, o nicho deixado pelo atual prefeito de Bacabal, Roberto Costa, que sempre atuou fortemente na Capital. O outro poderá ser aberto pelo atual deputado estadual Fernando Braide, que segundo fonte ligada à família Braide, poderá ser candidato a deputado federal.

Atualmente, vários deputados bem votados em São Luís se preparam para buscar a reeleição, como Osmar Filho (PDT), que foi vereador por muito tempo, presidiu a Câmara Municipal, Yglésio Moises (PRTB), que tem base forte na Capital, e Wellington do Curso (Novo), que tem a cidade como sua principal prioridade, e Neto Evangelista (União), que herdou e vem mantendo o legado do pai, o ex-vereador e ex-deputado João Evangelista. Outros parlamentares, como Carlos Lula (PSB), Rodrigo Lago (PCdoB), residem na cidade, recebem boas votações e querem ser considerados representantes dos ludovicenses.

Com quase 800 mil eleitores, São Luís poderia contar com pelo menos meia dúzia de deputados alinhados que atuassem como uma “bancada” da Capital, a exemplo do que acontece hoje com Caxias, que está representada por quatro deputados: Cláudia Coutinho (PDT), Catulé Jr. (PP), Daniella Gidão (PSB) e Adelmo Soares (PSB).  Mas isso, ao que parece, não acontecerá tão cedo.

Membros da direita radical fazem guerras isoladas

Acima: Allan Garcez acusado de atacar
Flávia Berthier, e embaixo: Lahesio Bonfim é
duramente atacado por Mical Damasceno

A direita radical do Maranhão, identificada com a ala mais reacionária do bolsonarismo, está vivendo uma espécie de autofagia, com membros destacados travando guerras isoladas. Esse ambiente de total discórdia veio à tona recentemente com dois confrontos.

O primeiro: segundo alguns canais da blogosfera, a vereadora por São Luís, Flávia Berthier (PL), bolsonarista roxa, atual presidente do PL Mulher do Maranhão, mesmo tendo sua atuação política resumida à cidade de São Luís, acusou o suplemente de deputado federal no exercício do mandato Allan Garcez, de agir nas sombras para ataca-la e desgastar a sua imagem política. Até onde é sabido, os dois são candidatos à Câmara Federal e querem ganhar os votos dos bolsonaristas mais radicais.

O segundo: a ultradireitista deputada estadual Mical Damasceno (PSD) abriu fogo de artilharia pesada contra o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (Novo), que se movimenta como nome da direita na corrida ao Palácio dos Leões em 2026. Ela o acusou de “falar muita besteira”, avaliando que o ex-prefeito “tem alguns parafusos frouxos”. E completou, enfática: “Ele não nos representa”.

Há quem preveja que isso é só o começo e que mais troca de chumbo grosso está a caminho.

São Luís, 18 de Abril de 2026.

Fala de Brandão reforça a impressão de que ele planeja chegar ao Senado em 26

Na presença de ministro, senadora, deputados federais e estaduais, Carlos Brandão
faz o discurso em que sinalizou que poderá deixar o Governo e se candidatar a senador

Mesmo repetindo o bordão segundo o qual “Eleição para 2026 a gente conversa em 2026”, conforme declarara no início da manhã à TV Mirante, o governador Carlos Brandão (PSB) voltou a sinalizar, ontem, a possibilidade de renunciar em abril do ano que vem ao Governo para disputar uma cadeira no Senado, passando o bastão para seu vice Felipe Camarão (PT), que no caso concorrerá à reeleição. E mais, Carlos Brandão manifestou enfaticamente a convicção de que o grupo que lidera elegerá o seu sucessor. E repetiu também um aviso: está focado na gestão e assim permanecerá até o final do ano, só se permitindo colocar as cartas eleitorais na mesa a partir do início do ano que vem.

As declarações do governador Carlos Brandão foram dadas durante a manhã, no ato de assinatura da Ordem de Serviço para as obras de prolongamento da Avenida Litorânea por mais sete quilômetros. Fruto de uma articulação do Governo do Estado com o Governo Federal, a extensão da Avenida Litorânea vai ligar a Avenida São Carlos, no Olho D´Água, em São Luís, à Avenida Atlântica, no Araçagy, em São José de Ribamar, e vai custar R$ 235,6 milhões, com conclusão prevista para até o final do ano ou, no máximo, no início do ano que vem.

O expressivo toque político dado à sua fala pelo chefe do Executivo tinha total razão de ser, a começar pelo fato de que ali estavam um ministro, André Fufuca (Esporte), o deputado federal e candidato a ministro das Comunicações, Pedro Lucas Fernandes, ainda líder do União na Câmara Federal, uma senadora em busca da reeleição, Eliziane Gama (PSD), o deputado federal Júnior Lourenço (PL), um dos integrantes da minibancada federal comandada pelo deputado Josimar de Maranhãozinho (PL). Um ambiente apropriado para sinalizações políticas como a que foi feita.

Do alto da sua experiência, Carlos Brandão avalia que chegou a hora de começar a colocar as peças sobre o tabuleiro do xadrez que será jogado de agora por diante. Tanto que vem aos poucos indicando qual vai ser o seu movimento principal, que na bolsa de apostas será a sua saída do Governo para disputar uma cadeira no Senado com amplas chances de eleição, o que lhe garantirá presença forte no cenário do Maranhão por longos oito anos, ou muito mais, dependendo da evolução do processo político no Maranhão. E como não poderia deixar de ser, sairá abrindo caminho para o vice-governador Felipe Camarão assumir o comando e tentar a reeleição.

Carlos Brandão usa a cautela em relação à sua tomada de decisão por várias razões. A primeira é que o processo eleitoral tem um roteiro que não deve ser alterado. E a segunda, vista como a principal, é que como líder de uma aliança com 12 partidos, qualquer decisão sua afetará a disputa para o Governo do Estado, para o Senado, para a Câmara Federal e para a Assembleia Legislativa, com riscos de ganhos e perdas se tal decisão não se encaixar perfeitamente num projeto viável. Essa situação se reflete na sua previsão de que “o nosso grupo” elegerá o próximo governador. Com isso, o mandatário não abre mão do comando, mas lembra que o desfecho da guerra eleitoral que se aproxima será responsabilidade de todos que integram a base governista.

Provavelmente por problema de agenda, o vice-governador Felipe Camarão não participou do ato de assinatura da Ordem de Serviço para as obras de prolongamento da Avenida Litorânea, mas com certeza de onde estava recebeu as declarações do governador Carlos Brandão como mais um sinal de que o futuro do Maranhão estará nas suas mãos a partir de 3 de abril, junto com a responsabilidade política de liderar a corrida às urnas.

PONTO & CONTRAPONTO

Prefeitos de quatro grandes cidades têm prioridades diversas e projeto político comum para 2026

Acima, Rildo Amaral e Rafael Brito, e embaixo
Gentil Neto e Roberto Costa: pauta política comum

Prefeitos de quatro das mais importantes cidades do Maranhão trabalham em muitas frentes, mas cada um tem uma meta que nesse momento se impõe às demais. Eles também têm prioridades políticas para 2026.

O prefeito de Imperatriz, Rildo Amaral (PP), está determinado a eliminar os rombos financeiros que a gestão de oito anos do agora ex-prefeito Assis Ramos (União). Ao tomar posse, o novo prefeito editou decreto colocando a Prefeitura imperatrizense sob implacável controle no que diz respeito às finanças. As coisas ali já melhoraram nesse campo, mas Rildo Amaral nem pensa em afrouxar o nó.

O prefeito de Timon, Rafael Brito (PSB), já concretizou uma das mais importantes promessas de campanha: dotar a cidade – que é a terceira maior do Maranhão em população -, de um sistema de transporte coletivo, principalmente na sua ligação com a vizinha Teresina, onde muitos timonenses trabalham.

Já o prefeito Gentil Neto (PSB), de Caxias, voltou-se intensamente para o Sistema Municipal de Saúde, que encontrou com problemas quando assumiu. De lá para cá, os problemas mais urgentes do Sistema foram solucionados, com medidas definitivas e algumas paliativas, enquanto as mais graves foram equacionadas para solução de médio prazo.

Em Bacabal, o prefeito Roberto Costa (MDB) já resolveu algumas pequenas pendências, mas ainda está em planejamento o seu projeto maior: dotar a cidade de um eficiente Sistema de Abastecimento de Água, pondo fim a um problema que afeta e angustia os bacabalenses há muito tempo.

No que diz respeito à política, os quatro têm uma posição comum: apoiam uma chapa com o vice-governador Felipe Camarão (PT) para o Governo e o governador Carlos Brandão (PSB) e o ministro André Fufuca para o Senado.      

Candidatos têm motivos fortes para disputar a presidência da Câmara de São Luís

Atuação de Paulo Victor e possível ascensão de
Esmênia Miranda embalam candidatura de
Beto Castro, Marquinhos e Concita Pinto

Leitores indagam o motivo de a disputa para o comando da Câmara Municipal de São Luís, com eleição agendada apenas para o próximo ano, ter sido deflagrada com tanta antecedência. Na verdade, são vários os motivos, sendo dois deles bem mais importantes do que os demais.

Para começar, a presidência do parlamento ludivicense é o segundo cargo em importância no tabuleiro político da Capital, tendo esse status sido turbinado com a atuação política do atual presidente, vereador Paulo Victor (PSB). Ele mudou completamente o papel do chefe do Legislativo municipal, dando à Casa uma força política não vista nas últimas legislaturas. O próximo presidente terá o desafio de surfar nessa onda ou se autocondenar a ser uma figura inexpressiva.

O outro motivo está no projeto do prefeito Eduardo Braide (PSD), ainda não declarado, de renunciar em abril do ano que vem para disputar o Governo do Estado. Se isso for confirmado, como quer o comando nacional do PSD e, ao que tudo indica, o próprio chefe do Executivo municipal, com a ascensão natural da vice-prefeita Esmênia Miranda (PSD) ao comando da maior e mais importante Prefeitura do Maranhão, o presidente da Câmara Municipal será o vice-prefeito da Capital, o que multiplicará várias vezes a importância da chefia do Legislativo. Esses dois itens explicam o fato de a sucessão na presidência da Câmara Municipal de São Luís ter sido deflagrada com tanta antecedência, tendo como candidatos os vereadores Beto Castro (Avante), que já tem cinco votos declarados e o dele próprio; Marquinhos (União), que saiu na frente, mas ainda não deslanchou, e Concita Pinto (PSB), que até agora só manifestou a intenção de se candidatar.

São Luís, 17 de Abril de 2025.

Movimentos começam a confirmar previsão de que Camarão e Brandão farão dobradinha em 26

Felipe Camarão e Carlos Brandão caminha para formar
chapa defendida até Weverton Rocha, Juscelino Filho
e Leandro Bello, que fez discurso na Alema

As últimas semanas têm sinalizado a confirmação do que foi previsto neste espaço há mais de um ano e reafirmado quando muitos apostaram que a crise na base governista levaria ao rompimento e, como desdobramento, ao confronto entre brandonistas e dinistas: a crise está sendo rapidamente superada, com o vice-governador Felipe Camarão (PT) caminhando para assumir o Governo do Estado em abril do ano que vem e buscar a reeleição em outubro, e o governador Carlos Brandão (PSB) se movimentando com segurança na busca de uma cadeira no Senado. Pelas condições políticas vigentes no Maranhão neste momento, os dois reúnem as condições necessárias para marchar para as urnas como candidatos extremamente competitivos, mesmo considerando o potencial dos outros candidatos e as temidas imprevisibilidades da política. Felipe Camarão e Carlos Brandão são parte de um movimento político que vem mudando a cara e as relações políticas no Maranhão nos últimos 11 anos, com cacife para levar as mudanças à frente por pelo menos mais uma década.

Político jovem, mas com experiência pública de adulto – advogado, procurador federal concursado, professor universitário e uma participação decisiva na política educacional do estado nos últimos anos -, o vice-governador Felipe Camarão tem o desafio de assumir o Governo e convencer a maioria do eleitorado de que o Maranhão vai continuar bem sob seu comando durante a campanha e pelos próximos quatro anos a partir de 1º de janeiro de 2027. Tem argumentos técnicos e suporte político para tanto, a começar pelo fato de que foi o nome indicado pelo então governador – depois senador e agora ministro da Suprema Corte – Flávio Dino, e agora mais do que isso, vai carregar a bandeira do presidente Lula da Silva (PT), ou de quem for por ele indicado, para disputar a presidência da República.

Nesse campo de guerra, os desafios maiores do vice-governador será, primeiro, trabalhar sem descanso para recompor integralmente a base situacionista e consolidar a liderança do governador Carlos Brandão, que tem o poder de confirmar esse desenho ou virar o jogo radicalmente. E num cenário mais amplo, tem o vice-governador o desafio de, em nome dessas forças, provavelmente enfrentar nas urnas um adversário de peso, que vem liderando com larga vantagem, segundo todas as pesquisas: o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD). Como se vê, o leque de tarefas do vice-governador não é coisa para amador.

O governador Carlos Brandão tem uma situação rigorosamente inversa. Tem o comando do Governo, que moldou à sua visão política, e nesse ambiente, ganhou estatura de quase unanimidade para uma das vagas de senador, dentro e fora da sua base política e partidária. Em tempos recentes, os maranhenses foram surpreendidos com declarações de apoio à sua candidatura ao Senado, numa dobradinha com o vice-governador Felipe Camarão, como as feitas pelo então ministro das Comunicações, Juscelino Filho, que é deputado federal (União) e não faz parte do seu grupo político, do senador Weverton Rocha (PDT), seu adversário até meses atrás, e de políticos mais jovens e que estiveram distanciados, como o deputado estadual Leandro Bello (Podemos).

– Eu vejo, com muito bons olhos, a paz reinando no nosso grupo político, com o governador dando a entender que é candidato a senador e que o vice-governador será candidato a governador sentado na cadeira – declarou Leandro Bello, terça-feira, na tribuna da Assembleia Legislativa.

Admitam ou não seus adversários e seus críticos – que pouco se manifestam, vale observar -, o governador Carlos Brandão lidera um Governo ativo, com programas sociais ampliados e em dia, e cumprindo uma maratona de inaugurações em todo o estado pelo seu viés municipalista. Bem avaliado e sem adversário com cacife para ameaçar o seu projeto senatorial, o governador chega a um ano de deixar o cargo, se assim resolver, com todas as condições de chegar à Câmara Alta em 2026.

Esse é o cenário de agora, a 11 meses e 12 dias da data da desincompatibilização e a 17 meses e meio das eleições. Vale anotar para ver o que cantará a ciranda da política até lá.

PONTO & CONTRAPONTO

Motivado pelo favoritismo de agora, Braide vai preparar Esmênia para sucedê-lo

Eduardo Braide poderá ser
substituído por Esmênia Miranda

O prefeito Eduardo Braide (PSD) teria iniciado, de fato, a formulação de uma estratégia para, se for mesmo o caso, renunciar ao cargo em abril do ano que vem para ser candidato a governador. Atende assim a três estímulos: a sua vontade de ser governador, a sua posição de favorito mostrada nas pesquisas e a batida de martelo do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, decidindo que sua candidatura é prioridade para o partido.

Nesse contexto, uma preocupação ganha corpo: a vice-prefeita Esmênia Miranda (PSD). A ideia inicial é prepara-la intensamente para assumir o comando da Capital, o que passa por um mergulho no funcionamento da máquina administrativa, uma imersão cuidadosa a atenta na área das finanças e nos delicados meandros que levam ao equilíbrio fiscal, e, finalmente, o funcionamento de cada área de atuação do governo municipal – saúde, educação, urbanismo, assistência social, cultura, etc..

Eduardo Braide confia plenamente na sua vice, tanto que a manteve para a reeleição, mesmo sofrendo fortes pressões de alguns aliados, que queriam o cargo. Professora de nível superior e ex-oficiala da Polícia Militar, a vice-prefeita de São Luís foi secretária de Educação no primeiro mandato, mas o jogo pesado de grupos sindicais fez o prefeito poupa-la do ambiente de pressões. Cumpriu o seu papel de vice correta e lealmente. Reeleita, pode ter agora a possibilidade de vir a comandar a Prefeitura da Capital por dois anos, se o prefeito vier a ser candidato a governador e confirmar nas urnas o seu favoritismo.

Nos bastidores da Prefeitura há até quem defenda que Eduardo Braide repita a chapa, mas não correrão risco de entregar a poderosa máquina ludovicense ao próximo presidente da Câmara Municipal de São Luís.

Movimentos de Weverton chamam a atenção de Fufuca e Eliziane

Movimentos de Weverton Rocha em direção a
Carlos Brandão são observados por
Eliziane Gama e André Fufuca

A desenvoltura com que o senador Weverton Rocha (PDT) se movimenta junto à base governista para viabilizar sua reeleição está colocando em estado de alerta o ministro do Esporte, André Fufuca (PP), e a senadora Eliziane Gama (PSD), ambos candidatos à segunda vaga de senador, ele tentando ascender e ela buscando a reeleição.

Depois de terem sido alertados pelas declarações do senador pedetista em diversas entrevistas, nas quais ele vem defendendo a candidatura do governador Carlos Brandão para uma das vagas de senador sem adversários no grupo, eles ficaram surpresos com a presença ativa de Weverton Rocha na grande festa que foi a inauguração da ponte de Barreirinhas, há duas semanas, e depois nas inaugurações de domingo em Paço do Lumiar, onde ele reforçou a estratégia em discurso no palanque.

Uma fonte ligada ao ministro André Fufuca disse que sua assessoria política está atenta e que ele tem sua própria agenda com o governador Carlos Brandão. Uma fonte ligada à senadora Eliziane Gama disse que no momento sua preocupação é resolver sua situação em relação ao PSD, mas que ela mantém “excelente” relação com o governador Carlos Brandão.

EM TEMPO: a partir desta quinta-feira e até o final de abril, a Coluna será publicada na primeira hora depois do Meio-Dia.

São Luís, 16 de Abril de 2025.

Câmara de SL antecipa disputa pelo comando da Casa com vereadores manifestando preferências

Beto Castro, Marquinho e Concita Pinto na disputa
pela sucessão na presidência da Câmara de São Luís

Em meio aos primeiros passos para as eleições gerais do ano que vem, inclusive com alguns dos seus integrantes, se preparando para disputar cadeira na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal, a Câmara Municipal está sendo sacudida pela sucessão no cargo de presidente. Num processo deflagrado no final de março, o vereador Marquinhos (União), um dos mais bem votados nas eleições de outubro, se lançou candidato à sucessão do presidente Paulo Victor (PSB), que de acordo com os rumores que correm nos bastidores, disputará um mandato estadual. E o processo sucessório, cuja eleição poderá ser agendada para qualquer momento do próximo ano, ganhou velocidade tal, que nada menos que oito vereadores já se manifestaram, sendo o próprio Marquinhos, Concita Pinto (PSB) e logo em seguida Beto Castro (Avante), que também se lançou candidato a presidente e já dispara na frente como favorito ao receber declaração de votos do presidente Paulo Victor e dos colegas Marlon Botão (PSB), Daniel Oliveira (PSD), Marcos Castro (PSD) e ontem o Cléber Filho (MDB).

Primeiro a se lançar candidato a presidente, no final de março, menos de três meses da posse da nova Câmara e da nova Mesa Diretora para o novo mandato, o vereador Marquinho fez o que já havia planejado, só que com muita antecedência. Surpreendentemente, nenhum vereador lhe declarou apoio. Logo em seguida, o vereador Beto Castro, atual 2º vice-presidente da Casa, lançou sua candidatura, tendo, desde então, recebido o apoio de cinco vereadores. Mais discreta, mas muito experiente no jogo político que move o parlamento ludovicense, a vereadora Concita Pinto avisou que está no páreo, podendo se tornar uma opositora forte ao projeto eleitoral de Beto Castro.

Diferentemente de tempos recentes, quando era composta por vereadores fortes, mas sem liderança para formar grupos e definir disputas, a atual Câmara Municipal de São Luís tem um desenho político e partidário muito claro, com uma banda forte do PSB, liderada pelo presidente Paulo Victor, que mantém diálogo com os vereadores mais jovens, como o emedebista Cléber Filho e com os mais experientes, como a própria Concita Pinto, que é a atual 1ª vice-presidente da instituição parlamentar, e Astro de Ogum (PCdoB), que já comandou a Casa e sabe tudo sobre a política de São Luís.

Na avaliação de quem conhece as tendências e rumores da Câmara da Capital, o vereador Marquinho vai encontrar muita dificuldade para montar a base da sua candidatura. Primeiro pelo seu temperamento explosivo, que deixou muitos colegas estupefatos ao declarar, num inflamado discurso de viés bolsonarista, ter certeza de que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal “é um psicopata”. Um vereador experiente avaliou que essa declaração praticamente liquidou as chances do vereador Marquinhos ser presidente. E foi exatamente no rescaldo dessa declaração que a vereadora Concita Pinto voltou a considerar a possibilidade de ser candidata.

A manifestação, ontem, do vereador Cléber Filho, que fez um discurso equilibrado, desenhou uma tendência na corrida à presidência da Câmara Municipal. Mas isso não significa uma definição. E a julgar pela tradição do parlamento ludovicense, e considerando o fato de que 23 dos seus 31 vereadores estão observando o cenário, tudo indica, não haver muita pressa para liquidar essa fatura. Isso significa dizer que o até aqui favorito Beto Castro tem chance ampla de chegar lá. Mas, mesmo ainda sozinho até aqui, Marquinhos pode alterar as condições e mudar o curso da corrida presidencial, podendo o mesmo ser dito em relação à vereadora Concita Pinto.

A verdade é que a Câmara Municipal de São Luís vive um momento em que as forçar que a compõem se mobilizam numa saudável luta pelo poder, que é, afinal, a essência da política. E vale registrar que essa movimentação está sendo acompanhada discreta, mas atentamente, pelo Palácio de la Ravardière, que não ficará fora do processo.

PONTO & CONTRAPONTO     

Em domingo de sol, Paço do Lumiar ganhou feira, praças e intensa movimentação política

Carlos Brandão, Iracema Vale, Fred Campos, Felipe Camarão
na inauguração da praça no Paranã; Carlos Brandão corta
um bolo e fala à população ouvido por Weverton Rocha
posicionado entre Felipe Camarão e Iracema Vale

Na ensolarada manhã de domingo (13), Paço do Lumiar foi palco de uma grande festa, que movimentou a população e teve dois vieses, um administrativo, com a inauguração de obras pelo governador Carlos Brandão (PSB), tendo o prefeito Fred Campos (PSB) como anfitrião, e outro político, pelos movimentos do próprio chefe do Executivo, do vice-governador Felipe Camarão (PT), da presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB), e do senador Weverton Rocha (PDT), que surpreendeu a muitos ao aparecer na festa.

A agenda do evento de entregas aconteceu primeiro na Vila Isabel Cafeteira, onde o governador entregou a nova Feira Municipal, equipada com 22 boxes e infraestrutura completa, o que fez a alegria de feirantes e consumidores, e a nova sede da União dos Moradores da Vila Epitácio Cafeteira, e uma praça moderna e funcional. Dali, a comitiva seguiu para o Paranã, onde foi entregue uma grande e bem equipada praça, construída numa área onde até meses atrás foi um lixão.  

Numa das suas falas, o governador Carlos Brandão reforçou o caráter municipalista do seu Governo: “Precisamos ter parcerias. Eu prego pelo Maranhão inteiro a importância de termos unidade com os municípios. De mãos dadas, nós chegamos mais longe. A presidente Iracema é uma grande parceira do nosso Governo. Quando mandamos um projeto para a Assembleia, ela rapidamente conversa com os deputados e aprova. Até mesmo porque os projetos são bons e visam atender a população”.

A deputada-presidente bateu na mesma tecla quando se manifestou: “Grata a Deus por estar aqui celebrando a entrega de obras tão importantes. Essa parceria forte que o governador Carlos Brandão tem com todos os municípios do Maranhão”.

No viés político, o destaque foi a presença do vice-governador Felipe Camarão na comitiva, atuando de maneira discreta, mas intensa, conversando muito com líderes comunitários e vereadores, respeitando o protagonismo do governador, que era o líder da festa, e da presidente da Alema, que atua na área. Consolidando a cada dia o projeto de assumir o comando do Governo em abril do ano que vem, Felipe Camarão teve de trocar duas vezes de camiseta, a primeira com a declaração “Amo Paço” e a outra estampando “Orgulho de ser luminense”.

Mas a surpresa política da festa foi a presença do senador Weverton Rocha, que se encontra em franca corrida pela reeleição, tendo como estratégia o discurso segundo o qual uma das vagas deve ser do governador Carlos Brandão. Com surpreendente desenvoltura para um oposicionista assumido até pouco tempo atrás, o senador pedetista ganhou até o direito de falar nos atos e elogiar as ações do governador. Vai assim, aos poucos, construindo a base para a tentativa de renovar o mandato.

Posições na bancada do Maranhão serão mantidas em qualquer situação do projeto de anistia a golpistas

A bancada do Maranhão já está definida em relação ao projeto de anistia aos que participaram dos atos golpistas que culminaram com o 8 de Janeiro e que, se aprovado, poderá livrar o ex-presidente Jair Bolsonaro de uma condenação e, muito provavelmente, da cadeia.

De acordo com deputados federais, o placar de 11 contrário e sete a favor, que se materializou no número de assinaturas relacionado com o pedido de urgência, deve ser mantido também no plenário, se ele for colocado em votação, como manda a regra. E esses números serão confirmados na hipótese de o projeto vir a ser votado.

Esses parlamentares ouvidos – dos dois lados – avaliam que, por conta dos seus laços muito estreitos com o bolsonarismo – caso de Allan Garcês (PP), Aluísio Mendes (Republicanos) e Josivaldo JP (PSD), e por conta da pressão que estão recebendo da cúpula – Josimar de Maranhãozinho (PL), Detinha (PL), Júnior Lourenço (PL) e Pastor Gil (PL), dificilmente voltarão atrás.

Já os deputados Pedro Lucas Fernandes (União), Juscelino Filho (União), Márcio Jerry (PCdoB), Rubens Júnior (PT), Duarte Jr. (PSB), Amanda Gentil (PP), Hildo Rocha (MDB), Márcio Honaiser (PDT), Marreca Filho (PSD), Cléber Verde (MDB) e Fábio Macedo (Podemos) manterão seguramente sua posição contrária à urgência e ao projeto em si.    

São Luís, 15 de Abril de 2025.

Projeto de anistia: só sete dos 18 deputados maranhenses assinaram pedido de urgência

Allan Garcês, Aluísio Mendes, Josivaldo JP, Josimar de Maranhãozinho, Detinha, Júnior
Lourenço e Pastor Gil assinaram o pedido de urgência por diferentes motivos

Usado como tábua de salvação pelos já condenados e os que estão a caminho da condenação por participarem dos atos golpistas que culminaram com 8 de Janeiro de 2023, aí incluída a cúpula do bolsonarismo, liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu entorno, o projeto de lei da anistia dividiu a bancada maranhense na Câmara Federal. A maioria dos 18 deputados é francamente contrária ao perdão, por entender, como a maioria dos brasileiros, que houve, de fato, uma tentativa de golpe de estado. E a minoria favorável, baseada no argumento segundo o qual os acontecimentos que incendiaram Brasília desde meados de dezembro de 2022 e que culminaram com o 8 de Janeiro, com o ataque violento e criminoso às sedes dos Três Poderes, foram pura ação de “vândalos infiltrados” em manifestações de “cidadãos de bem”., que foram “protestar” num domingo numa área vazia.

O posicionamento da bancada maranhense foi desenhado com clareza na sexta-feira, quando, usando todos os seus instrumentos de pressão, a banda bolsonarista da Câmara Baixa conseguiu as 257 assinaturas necessárias para garantir a urgência na tramitação do PL, fazendo com que ele vá direto para votação no plenário, sem passar pelas comissões técnicas. Esse aval foi dado por sete dos 18 deputados maranhenses: Allan Garcês (PP), Aluísio Mendes (Republicanos), Josivaldo JP (PSD), Detinha (PL), Josimar de Maranhãozinho (PL), Júnior Lourenço (PL) e Pastor Gil (PL). Eles formam dois grupos distintos na seara direitista, sendo o primeiro mais ideológico, que não discute as posições bolsonaristas, e o segundo, menos ideológico, forma a banda mais pragmática da direita, que não segue a cartilha do bolsonarismo. E nesse contexto, assinaram o pedido de urgência por diferentes motivos.

No primeiro grupo, que é bolsonarista roxo, Allan Garcês, que é de direita radical e fidelíssimo à linha de ação do chamado “bolsonarismo raiz”, divergindo da linha do seu partido, o PP, assinou a urgência por convicção, inclusive defendendo o projeto na forma em que foi proposto, “por uma anistia ampla, geral e irrestrita”. O deputado Aluísio Mendes, que tem relações muito próximas com a cúpula do bolsonarismo, integra a ala da Polícia Federal (ele é agente) identificada com essa corrente, também assinou a urgência para o projeto da anistia por convicção, ao contrário de muitos colegas de partido. O deputado Josivaldo JP, que marcha com o bolsonarismo sem deixar muito clara a sua verdadeira posição ideológica, joga com a corrente bolsonarista que é forte na Região Tocantina, mas foi rejeitado pela cúpula dessa corrente na eleição para a Prefeitura de Imperatriz. Não está claro o motivo do seu apoio à urgência do projeto de anistia.

Os outros quatro votos foram dados pelos integrantes da “minibancada” comandada pelo deputado Josimar de Maranhãozinho. A deputada Detinha já havia sinalizado apoio à urgência do projeto e assinou o pedido há alguns dias. Logo depois assinaram Júnior Lourenço, Pastor Gil e, finalmente, o próprio Josimar de Maranhãozinho, que só apôs sua assinatura no final da tarde de sexta-feira, sendo o 256º deputado, portanto, o penúltimo a fazê-lo.

Josimar de Maranhãozinho e seu grupo não queriam atender à “convocação” do ex-presidente Jair Bolsonaro, que é interessado direto na aprovação do projeto. O chefe do PL no Maranhão não engoliu até agora os ataques violentos que sofreu do ex-presidente, que no ano passado fez de tudo para expulsá-lo do partido, acusando-o de corrupção e o chamando de “bandido”. Josimar de Maranhãozinho pretendia liberar seus aliados, mas foi fortemente pressionado pelo chefe maior do PL, Waldemar Costa Neto, e acabou cedendo. Há quem diga que Josimar perdeu força no partido depois que foi denunciado pela PGR de comandar um esquema de corrupção com emendas parlamentares.

A tradição no Congresso Nacional e nas Casas legislativas em geral é que a assinatura de apoio a projeto nem sempre significa garantia de voto. São incontáveis os casos em que parlamentares que haviam aposto suas assinaturas em projetos de lei votaram contra os mesmos. Resta aguardar, primeiro, se o projeto será colocado em votação, o que parece que não acontecerá tão cedo. E depois, se os 257 votos de apoio se repetirão no tudo ou nada no plenário.

Em Tempo: não assinaram a urgência ao projeto da anistia os deputados federais Pedro Lucas Fernandes (União), Juscelino Filho (União), Márcio Jerry (PCdoB), Rubens Júnior (PT), Duarte Jr. (PSB), Amanda Gentil (PP), Hildo Rocha (MDB), Márcio Honaiser (PDT), Marreca Filho (PSD), Cléber Verde (MDB) e Fábio Macedo (Podemos).

PONTO & CONTRAPONTO

Pedro Lucas só assumirá ministério após escolha do líder do União, que dificilmente será Juscelino Filho

Pedro Lucas Fernandes será ministro,
Juscelino Filho tenta ser líder do União

O deputado federal Pedro Lucas Fernandes (União) está escolhido pelo presidente Lula da Silva (PT) para o Ministério das Comunicações, inclusive com o aval do presidente nacional do partido, Antonio Rueda, e da maioria da bancada do União na Câmara Federal. O parlamentar maranhense pediu um tempo – até depois da Semana Santa – ao presidente.

Para assumir o Ministério das Comunicações, Pedro Lucas Fernandes quer deixar resolvida sua sucessão no comando da bancada. Houve até apelos para que ele abrisse mão do ministério e permanecesse como líder do União, onde mostrou bom desempenho como articulador num parlamento dividido e sob forte tensão. Mas ele, também atendendo a uma grande fatia do partido, decidiu ser ministro.

O problema é que, imediatamente após deixar o comando do Ministério das Comunicações, depois que a denúncia de corrupção com emendas parlamentares lhe tirou as condições de permanecer no cargo, o deputado Juscelino Filho iniciou uma articulação para substituir Pedro Lucas Fernandes na liderança da bancada do União. Seu movimento abriu uma crise no partido, onde seu projeto encontrou muitos apoiadores e mais adversários.

Entraram no páreo pela liderança os deputados Mendonça Filho, pernambucano que foi ministro da Educação no Governo Temer, e Moses Araújo, um ativo membro da bancada. O clima de disputa levou o deputado Pedro Lucas Fernandes não tomou partido, mas teve de entrar numa intensa onda de negociações dentro do partido resolver a questão da liderança, inclusive atendendo a apelo do presidente Antonio Rueda, de quem é aliado de primeira hora.

O deputado Pedro Lucas Fernandes pediu ao presidente Lula da Silva para ser nomeado somente depois da Semana Santa, ganhando assim, tempo suficiente para resolver a escolha do novo líder. Esse, na avaliação de alguns observadores, dificilmente será o ex-ministro Juscelino Filho.

Pedro Fernandes se dividiu entre dois fatos na sexta-feira, um em Brasília e outro em Arame

Pedro Fernandes apoiou homenagem a
José Sarney pela Câmara Municipal de Arame

O prefeito de Arame, Pedro Fernandes (União), se dividiu durante a sexta-feira. Em meio ao expediente que cumpre rigorosamente na Prefeitura – entra às 8h, sai meio dia, volta às 14h e sai às 18h -, ele se manteve atento a dois movimentos.

Um em Brasília, protagonizado pelo filho, o deputado federal Pedro Lucas Fernandes (União), que está com um pé no Ministério das Comunicações.

E outro na Câmara Municipal de Arame, que votava e acabou aprovando, por unanimidade, projeto batizando de José Sarney (MDB) uma grande avenida da cidade.

Sobre a corrida do deputado Pedro Lucas da liderança do União na Câmara Federal para o gabinete principal do Ministério das Comunicações, o prefeito Pedro Fernandes subiu na longa experiência de Congresso Nacional e avaliou que o herdeiro sabe o que fazer e que tomará as decisões certas.

Já em relação ao projeto homenageando José Sarney, o prefeito de Arame se mostrou entusiasmado. Primeiro porque acha que a homenagem é mais que justa. E depois porque avalia que uma das suas principais avenidas com o nome de José Sarney valorizará a cidade.

São Luís, 13 de Abril de 2025.

Pesquisa Quaest/TV Mirante gera discussão, mas traduz o momento atual da corrida aos Leões

Pesquisa Quaest/TV Mirante: Eduardo Braide lidera
seguido de Felipe Camarão e de Lahesio Bonfim

A Coluna não teve acesso aos números da pesquisa Quest/TV Mirante, mas de acordo com o bem informado blog do jornalista Marco D`Eça, se a eleição para o Governo do Estado fosse agora, 17 meses antes da data agendada para as eleições de 2026, haveria segundo turno com a disputa decisiva entre o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD) com 34%, o vice-governador Felipe Camarão (PT) 19%, com o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (Novo), na terceira colocação com 17%, seguido do secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB) com 9%. Num segundo cenário, as posições dos três primeiros sofrem pequenas variações, tendo a presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB), colocada no lugar de Orleans Brandão, aparece com 6% das intenções de voto. Chamou a atenção o fato de o ex-senador Roberto Rocha (Republicanos), que é candidato assumido a governador, não ter sido incluído no levantamento.

Se os números estiverem corretos, a pesquisa Quaest/TV Mirante terá trazido à tona um cenário produzido pela lógica que move a política na situação presente, em que Eduardo Braide é o prefeito de São Luís bem avaliado e surfando nas gigantescas ondas de uma reeleição acachapante, de turno único. O seu principal adversário, Felipe Camarão, é, no momento, o vice-governador cujo poder de fogo está fundado numa boa avaliação pessoal e nas suas relações com o presidente Lula da Silva (PT), com o governador Carlos Brandão (PSB) e com o ministro Flávio Dino (STF). É lógico que nesse ambiente o prefeito Eduardo Braide “é o cara”, como, aliás, vêm demonstrando pesquisas de diferentes institutos.

Agora, imaginando um cenário mais realista, vale indagar como será a partir de 04 de abril do ano que vem, se o governador Carlos Brandão decidir mesmo sair para disputar uma cadeira no Senado, o que é quase certo. Nesse novo ambiente, o prefeito Eduardo Braide será obrigado a renunciar e entrará no páreo como ex-prefeito bem avaliado da Capital. Por seu turno, Felipe Camarão entrará para valer na corrida na condição de governador do Estado em busca da reeleição. Qualquer avaliação do cenário de abril de 2026, daqui a um ano, portanto, certamente concluirá que o jogo será radicalmente diferente. Logo, os levantamentos de agora podem servir de referência, mas já trazendo a certeza de que estarão superados, com prazo de validade bem curto.

Nas condições do presente – ainda que divulgados em meio a uma situação que sugere algum tumulto – os números divulgados pelo blog do jornalista Marco D`Eça dão ao prefeito Eduardo Braide um lastro invejável, mas ao mesmo tempo curioso: ele aparece firme na liderança, mas estacionado no patamar entre 33% e 35% das intenções de voto. Estimulante por um lado, essa posição ganha feição de risco quando se soma os percentuais de Felipe Camarão e Lahesio Bonfim, o que alcança um total de 36%, e chega a 42% se acrescentados os 7% de Orleans Brandão. O resultado é um segundo turno com o jogo zerado entre o ex-prefeito de São Luís e o governador do Estado e desfecho absolutamente imprevisível.

O levantamento Quaest/TV Mirante é certamente confiável e aponta o que pode ser de fato a realidade do momento. E em que pese a falha técnica e política da não inclusão do ex-senador Roberto Rocha, que foi o primeiro a se declarar candidato a candidato ao Governo em 2026, pode se destacar os sete pontos percentuais dados a Orleans Brandão, que em nenhum momento se disse candidato a governador, tendo se lançado às Câmaras Federal, e os seis pontos dados à deputada Iracema Vale, que também nada declarou até aqui sobre ser ou não ser candidata ao Governo. Ambos podem comemorar esse desempenho.

No mais, vale registrar com ênfase que nos dois cenários 8% se declararam indecisos e 15% 16%, respectivamente, disseram que votarão em branco ou anularão o voto. Percentuais aceitáveis se levado em conta o fato de que as eleições estão agendadas para daqui a 17 meses e que o 03 de abril de 2026 definirá o cenário real da disputa.

PONTO & CONTRAPONTO

Juíza barra chicana e comunica ao TRE que Hemetério Weba não é mais deputado estadual

Hemetério Weba abrirá vaga para Helena Duailibe

Os fatos indicam, com clareza solar, que os dias do deputado Hemetério Weba (PP) na Assembleia Legislativa estão chegando ao fim e que a suplente Helena Duailibe (PP) deve voltar à Casa nos trilhos da legalidade.

Hemetério Weba está cassado há mais de uma década e se manteve na condição de parlamentar graças a uma intrincada rede de recursos judiciais por meio dos quais vem ganhando sobrevida precária, com momentos críticos, superados por fios suspeitos de legalidade.

Mas esse jogo de mirabolância judicial esbarrou na juíza Patrícia Bastos de Carvalho Correia, titular da Vara Única de Santa Luzia do Paruá, que depois de brecar a chicana promovida pela defesa do deputado, confirmou a cassação do seu mandato e comunicou ontem ao presidente do TRE, desembargador Paulo Velten, que Hemetério Weba está cassado, inelegível por três anos e obrigado a pagar multa de R$ 665 mil.

No comunicado à Justiça Eleitoral, a magistrada pede a imediata declaração de vacância da cadeira parlamentar a convocação da suplente Helena Duailibe. Hemetério Weba tenta de todas as maneiras suspender a decisão da magistrada, mesmo estando irreversivelmente condenado por improbidade quando prefeito de Santa Luzia. Mas tudo indica que desta vez a chicana chagou ao ponto final.

O passo final será a comunicação, pelo TRE à Assembleia Legislativa, que Hemetério Weba não é mais deputado e dar posse à deputada Helena Duailibe.

Renovada, Câmara de São Luís completa 100 dias sinalizando que será politicamente ativa

Paulo Victor lidera o protagonismo
da Câmara Municipal de São Luís

Renovada nas urnas em 40% das suas 31 cadeiras nas eleições do ano passado, a Câmara Municipal de São Luís chegou aos primeiros 100 duas de atuação emitindo todos os sinais possíveis de que está, de fato, se estruturando para uma legislatura produtiva em produção legislativa e rica no debate parlamentar, com reflexos políticos dentro e fora do Palácio Pedro Neiva de Santana.

Comandado pelo vereador Paulo Victor (PSB), que a preside pela terceira vez consecutiva e tem sido até aqui o seu principal protagonista, o processo político e institucional que move os vereadores de São Luís tem sido intenso e produzido um cenário em que o Executivo municipal não tem qualquer controle sobre a Casa legislativa. Essa realidade produz a situação parlamentar em que as matérias propostas pelo prefeito Eduardo Braide sejam sempre bem debatidas e aprovadas por negociação.

Composta por 29 vereadores e dois Coletivos, o “Nós”, do PT, e o “Unidos”, do PRD, a nova Câmara hoje conta com quadros experientes, como Astro de Ogum (PCdoB), Concita Pinto (PSB) e Raimundo Penha (PDT), por exemplo; mandatos ativos como o de Marlon Botão (PSB) e o do “Coletivo Nós”; e promessas que começam a se destacar, como Thay Evangelista (União), André Campos (PP), Dr. Joel (PSD) e Douglas Pinto (PSD), entre outros.

É verdade que ainda é cedo e que o perfil de um o parlamento renovado leva mais tempo para ser construído. Mas a nova Câmara Municipal de São Luís foi de tal modo turbinada pelas urnas, que não será surpresa se a vida a política da Capital vier a ganhar mais intensidade nos próximos tempos.

São Luís, 11 de Abril de 2025.