
A avaliação do marqueteiro Pablo Nobel de que o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, é o melhor nome da esquerda para disputar a Presidência da República em 2026 teve forte repercussão no meio político. E reacendeu a expectativa de muitos no sentido de que ele não permanecerá por muito tempo no cargo, ao qual pode renunciar, se quiser. Pablo Nobel falou com a autoridade e a experiência de quem tem 25 anos no ramo das campanhas eleitorais, tendo como conquista mais recente a campanha vitoriosa do governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (PL) e uma participação importante na campanha também vitoriosa do presidente da Argentina, Javier Milei. Na avaliação dele para a disputa do ano que vem, o presidente Lula da Silva (PT) enfrentará problemas, caso seja candidato, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que é a primeira opção do PT depois do presidente Lula da Silva, está desgastado por conta dos resultados modestos da política econômica.
Dono de uma visão prática, que não doura a pílula sem motivo, Pablo Nobel, que é consultor de comunicação política da agência PLTK, fundamenta sua avaliação em relação a Flávio Dino com uma série de fatores: “Acredito que o Flávio Dino é o melhor nome da esquerda para 2026. Explico: é articulado. Dá respostas ácidas e afiadas quando pressionado, o que funciona bem nas redes sociais. É nordestino, o que pode ajudar a esquerda numa região onde o prestígio do lulopetismo está caindo, segundo as últimas pesquisas. Tem experiência como gestor público e ainda casou com a sua mulher recentemente. E sabemos que ser casado é uma condição relevante para uma candidatura nacional”.
A avaliação do marqueteiro é uma interpretação correta e muito próxima de Flávio Dino, principalmente o primeiro e decisivo fator, quando ele aponta o ministro como um político articulado, que não leva desaforo para casa quando está sob pressão, reagindo sempre com respostas ácidas, via de regra desarmando os alvos dos seus disparos verbais. Essa característica do líder maranhense foi mostrada de maneira franca ao país nas três vezes em que ele esteve no Congresso Nacional na condição de ministro da Justiça. Ali, ele demoliu com respostas inteligentes e ferinas todos os oponentes bolsonaristas que tentaram constrange-lo.
O segundo argumento do marqueteiro é o fato de Flávio Dino ser o único político da atualidade e da sua geração a ter passado pelos três poderes: foi juiz federal e hoje é ministro da Suprema Corte; foi deputado federal e governador do Maranhão por dois mandatos consecutivos, tendo presidido a Embratur e comandado o Ministério da Justiça; e foi deputado federal e senador da República. E com um dado muito fácil de aferir: foi bem-sucedido por onde passou, como está sendo agora no STF, como um dos 11 ministros. O político que chegou mais próximo dessa trajetória foi o gaúcho Nelson Jobim, duas gerações atrás, que foi deputado federal, presidente da Câmara Federal, senador, ministro da Justiça e ministro da Suprema Corte duas vezes, sem ter sido, no entanto, governador do Rio Grande do Sul.
O fato é que na geração de políticos cinquentões, independente do viés ideológico, não existe no País um quadro com as qualificações do ministro Flávio Dino. E com um dado essencial: ele é um militante da democracia, defensor do mandato conquistado pelo voto e que não tolera regime de exceção. Não há registro de que ele tenha, como magistrado, parlamentar ou governante, contrariado as regras da Constituição da República. E no que respeita ao executivo, os seus sete anos e três meses como governador do Maranhão e os treze meses como ministro da Justiça revelaram um gestor tecnicamente competente e eticamente correto.
Para fazer uma declaração pública desse porte, envolvendo um ministro da Suprema Corte na corrida presidencial, o publicitário Pablo Nobel certamente tem juízo formado sobre o assunto, o que leva naturalmente à suposição de que ele avaliou bem a trajetória do ex-governador do Maranhão.
PONTO & CONTRAPONTO
Supremo pode formar maioria e tornar réus os deputados Josimar de Maranhãozinho e Pastor Gil
Não está sendo fácil o Carnaval dos deputados federais Josimar de Maranhãozinho e Pastor Gil, ambos do PL. O voto do ministro Alexandre de Moraes acompanhando o voto do ministro-relator Cristiano Zanin que os torna réus na ação na qual os dois são acusados de desviar dinheiro de emendas parlamentares.
A angustia dos dois deputados está no fato de que o terceiro voto formará maioria, podendo complicar de vez a situação dos dois parlamentares. Faltam os votos dos ministros Luiz Fux, Cármen Lúcia e Flávio Dino.
A situação dos deputados – que envolve também o suplente Bosco Costa, (PL-SE) – é muito complicada. Na denúncia, a PGR os acusa de ter pressionado o prefeito de São José de Ribamar, Eudes Sampaio, a lhes repassar R$ 1,6 milhão como pagamento por R$ 6,6 milhões em emendas repassados ao município. Eudes Sampaio se recusou e denunciou os deputados à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal.
Os deputados se defendem, por meio dos seus advogados, afirmando que a denúncia não tem base porque não há prova de que eles tentaram extorquir a Prefeitura de São José de Ribamar. Só que também não apresentam provas da inconsistência da denúncia.
Não será surpresa se o terceiro voto saia na ressaca do Carnaval, colocando os dois parlamentares em situação muito complicada.
Braide espera decisão da Justiça sobre movimentação de verbas em São Luís
O desembargador Marcelo Carvalho deve bater martelo nesta semana a respeito da ação por meio da qual o prefeito Eduardo Braide (PSD) pede a anulação da decisão da Câmara Municipal de reduzir de 25% para apenas 5% a margem de movimentação de recursos entre áreas dentro do Orçamento.
A mudança, consideradas drástica e descabida, foi proposta pelo vereador Raimundo Penha (PDT), por meio de emenda à Lei Orçamentária Anual (LOA), aprovada há três semanas, com votos da maioria, mas sob os protestos doa vereadores da base de apoio do Palácio de la Ravardière.
Ao receber a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) protocolada pelo prefeito, o desembargador abriu prazo para uma audiência de conciliação entre o prefeito e a Câmara Municipal. O prefeito Eduardo Braide comunicou ao magistrado não ter interesse em conciliação.
O argumento do prefeito Eduardo Braide faz sentido. Afinal, na maioria das Prefeituras de Capitais, a margem de movimentação de recursos entre áreas é de 20%, sendo que algumas chegam a 35%.
O prefeito de São Luís alega que a redução para 5% é um golpe contra sua gestão e pede na ação que a Justiça restaure os 25%.
São Luís, 04 de Março de 2025.