
Marcus Brandão, Eric Silva exibe sua ficha de filiação no MDB
Dois movimentos recentes de migração partidária funcionaram como fortes sinais de que outros, bem mais amplos, podem ocorrer nos próximos meses, devendo os seus resultados e consequências desembocarem nas eleições de 2026. O primeiro foi a decisão do deputado estadual Carlos Lula de deixar o PSB, alegando não haver mais ambiente para ele permanecer na legenda, que é presidida pelo governador Carlos Brandão. O segundo foi a migração do ex-prefeito de Balsas, Eric Silva, que deixou o PDT e ingressou nas fileiras do MDB. Aparentemente, esses dois gestos podem ser vistos como simples trocas de partido, mas observados como mais atenção, eles indicam o enfraquecimento das duas legendas PSB e PDT e, por enquanto, o fortalecimento do MDB, comandado no estado pelo empresário Marcus Brandão, irmão e coordenador político do governador Carlos Brandão.
A decisão do deputado Carlos Lula de deixar o PSB reflete um conjunto de situações que vem distanciando alguns quadros da agremiação, notadamente parlamentares que integram o chamado grupo dinista. Além das diferenças que ganharam corpo no que diz respeito ao Governo, o que o afastou do governador Carlos Brandão, Carlos Lula fazia parte da cúpula dirigente do partido, mas alega que perdeu espaço nas decisões do comando da máquina partidária, o que tornou insustentável a sua presença nos quadros do partido. Quadro de proa no Governo Flávio Dino como secretário de Saúde, e que se elegeu deputado estadual com grande votação, Carlos Lula ainda não consumou a saída, mas já disse que ela e irreversível. Sua saída fragiliza o PSB, que já perdeu o senador Flávio Dino e sua sucessora, a senadora Ana Paula Lobato, que migrou para o PDT.
O ingresso do ex-prefeito de Balsas, Eric Silva, nos quadros do MDB causa dois impactos: fortalece, expressivamente, a agremiação emedebista, ao mesmo tempo em que faz um grande estrago no PDT, que perde um dos seus principais quadros no Maranhão. O ingresso de Eric Silva no MDB é o resultado do seu projeto de deixar o PDT depois da surpreendente derrota que ele e o seu grupo sofreram com a eleição de Alan da Marrisol (PRD) para a Prefeitura de Balsas. Mesmo não elegendo o eu sucessor, Eric Silva se tornou uma referência política em Balsas e na região Sul, e ganhou força para ser um forte candidato à Câmara Federal. Sua mulher, a deputada Dra. Viviane, permanecerá no PDT, pelo menos por enquanto.
Ao receber um filiado do peso de Eric Silva, o MDB fortalece sua posição, podendo voltar a ser o maior partido do Maranhão, posição que alcançou durante os Governos de Roseana Sarney. O novo processo de robustecimento do MDB pode ser turbinado com o ingresso de ninguém menos que o governador Carlos Brandão, que, dependendo do cenário político que for criado nos próximos meses, deixará o PSB e ingressará na legenda emedebista, juntamente com a presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale, que será mais um desfalque, que poderá levar o PSB ao risco de enfraquecimento, a exemplo do que aconteceu com o PCdoB. Vale anotar que no MDB já se encontra filiado o secretário de Articulação com Municípios, Orleans Brandão, tido no grupo brandonista como forte candidato a governador, caso Carlos Brandão resolva permanecer no Governo até o final do seu mandato.
No caso dos dois movimentos em curso, o PSB e o PDT saem como os grandes perdedores. O primeiro ainda como o maior partido do estado, mas ameaçado de perder a coroa nos próximos meses. E o segundo sofrendo mais um golpe numa série que o vem emagrecendo a cada eleição. As duas agremiações dificilmente chegarão às convenções de 2026 com o poder de fogo que têm atualmente.
PONTO & CONTTAPONTO
Notas na “grande imprensa” dizem que Lula atua pessoalmente para conciliar Dino com Brandão. Será?
Colunas de veículos da chamada “grande imprensa” têm publicado com alguma frequência a informação segundo a qual o presidente Lula da Silva (PT) estaria atuando pessoalmente por um acordo de paz entre o governador Carlos Brandão (PSB) e o ministro Flávio Dino (Corte Suprema).
O líder petista estaria preocupado que o rompimento prejudique o projeto de fazer o vice-governador Felipe Camarão (PT) o sucessor de Carlos Brandão, que no caso sairá para o Senado.
A Coluna não duvida que o presidente Lula da Silva tente essa conciliação, mas duvida muito que o ministro Flávio Dino abra espaço para uma conversa dessa natureza.
Fala de Rodrigo Lago foi vista por governistas como as de um opositor irreversível
O disse-não-disse sobre a decisão do governador Carlos Brandão de mandar a MOB revogar a portaria autorizando aumento de 40% no valor das passagens do transporte coletivo do sistema intermunicipal evidenciou uma situação com muita clareza: o rompimento do deputado Rodrigo Lago (PCdoB) com o Governo Carlos Brandão.
Ontem, depois de o governador Carlos Brandão haver consertado a precipitação da MOB e de o líder do Governo, deputado Neto Evangelista (União), haver declarado na tribuna que o chefe do Executivo tomara a decisão antes do alerta dos oposicionistas, na quarta-feira, o deputado Rodrigo Lago ultrapassou a linha de ataque a um aliado.
“Esse é o Governo da mentira”, disparou o parlamentar comunista, num tom de agressividade pouco visto em suas falas.
A dureza da fala fez com que o líder Neto Evangelista “segurasse a onda” e não fosse à tribuna rebater, por considerar que o deputado Rodrigo Lago passou, definitivamente, da condição de aliado insatisfeito para adversário irreversível.
São Luís, 28 de Fevereiro de 2025.