Com a reeleição, antecipada em um ano e sete meses, para novo mandato de presidente da Assembleia Legislativa, a ser iniciado em fevereiro de 2025, a deputada Iracema Vale (PSB) consolida, definitivamente, a condição de um dos quadros mais destacados da sua geração no cenário político do Maranhão. A obtenção do segundo mandato presidencial, num processo em que ninguém discutiu a sua continuidade no comando do Palácio Manoel Beckman, foi o resultado da soma do poder do grupo político a que pertence e a sua habilidade na condução da instituição, onde o maior desafio tem sido harmonizar os mais diferentes interesses políticos, partidários e ideológicos latentes numa Casa tão plural como a Assembleia Legislativa. Os quatro primeiros meses da sua gestão foram decisivos para ela se firmar como líder e ganhar autoridade política para propor e obter a reeleição para o mais cobiçado posto do Poder Legislativo.
Para ganhar força política para comandar a atual Assembleia Legislativa por quatro anos, à exemplo dos três últimos presidentes – Arnaldo Melo (PP), Humberto Coutinho (PDT) e Othelino Neto (PCdoB) -, principalmente levando em conta o diferencial que impõe a condição de mulher, a deputada Iracema Vale tem desempenhado papel decisivo para garantir a estabilidade política ao Governo comandado pelo seu principal aliado e incentivador, o governador Carlos Brandão (PSB). Nessa equação, ela tem sido muito eficiente nas articulações que mantêm unida a base parlamentar do Governo, formada por um leque que vai da chamada esquerda democrática à extrema-direita.
Ao contrário do que muita gente imagina, Iracema Vale não chegou por acaso ao topo da carreira parlamentar estadual no primeiro mandato. É verdade que teve o apoio decisivo do governador Carlos Brandão, mas é igualmente verdadeiro que foi também autorizada por sua trajetória. Vareadora por três mandatos e prefeitas por dois mandatos Urbano Santos, que lhe deram status de liderança naquela região, ela deu um passo gigantesco ao sair das urnas de 2022 como o candidato mais para a Assembleia Legislativa, ultrapassando a até então resistente barreira dos 100 mil votos – obteve exatos 104.729 -, para logo em seguida entrar de vez para a História ao se tornar a primeira mulher a ser eleita presidente do Poder Legislativo do Maranhão.
Não há registro de um início de mandato tão espetacular, que incluiu até mesmo uma passagem de sete dias no Palácio dos Leões, que a tornou a segunda mulher a assumir o Governo do Maranhão – a primeira foi a hoje deputada federal Roseana Sarney (MDB). A reeleição para a presidência do Poder Legislativa turbina ainda mais a sua biografia, que deverá ganhar mais um item de importância maior em abril de 2026, quando ela passar a acumular a presidência da Assembleia Legislativa com a de vice-governadora do Maranhão, se o governador Carlos Brandão renunciar para disputar o Senado e o atual vice-governador Felipe Camarão (PT) assumir o Governo e nele disputar a reeleição.
A força política da presidente da Assembleia Legislativa tem estimulado especulações em série acerca do seu futuro. A principal dela é a possibilidade de ela vir a ser indicada candidata a vice-governadora na chapa que será liderada por Felipe1º Camarão. Isso explica de alguma maneira a briga travada pelo comando da 1ª vice-presidência do Poder Legislativa, que está sendo intensamente disputada pelo atual 1º vice-presidente, deputado Rodrigo Lago (PCdoB), e pelo deputado Júlio Mendonça, do mesmo partido, na formação da nova Mesa Diretora. Independentemente do que vier a acontecer em relação ás eleições de 2026, não há dúvida de que a deputada Iracema Vale terá papel destacado no processo.
O fato imediato é a reeleição presidencial de Iracema Vale, que alarga em grande escala o seu horizonte político.
PONTO & CONTRAPONTO
Braide paga caro por silenciar sobre atitude do secretário da SMTT
Se não se manifestar por fala ou nota nem tonar uma medida dura a respeito do que aconteceu na Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT) da Prefeitura de São Luís na primeira hora de 28 de maio, onde o secretário Diego Pereira, em pessoa, mandou liberar uma Toyota Hilux SW4, de luxo, apreendida e guinchada por documentação vencida, fato registrado por seguranças, o prefeito Eduardo Braide (PSD) fechará a semana correndo, pela primeira vez, o risco de ser afetado pelo vírus do descrédito.
O fato já ganhou projeção nacionais, vendido com uma versão comprometedora e que não foi contestada pelo governo municipal, o que lhe dá atestado de verdade absoluta.
Político experiente, respeitado pela sua correção pessoal e como gestor, o prefeito Eduardo Braide sabe que parte da pancadaria tem a corrida sucessória como motivação e que será assim as eleições do ano que vem. No caso, o silêncio pesa mais do que uma reação inconsistente.
Carlos Lula reage com veemência contra lei que protege políticos
“Políticos não são castas superiores à sociedade para acharem que merecem esse tipo de proteção da Legislação Federal”. A frase resume a reação indignada do deputado Carlos Lula (PSB) condenando a aprovação, pela Câmara Federal, do Projeto de Lei 2720/23, que tipifica como crime discriminar políticos e réus em processos sem trânsito em julgado, instituindo pena de 2 a 4 anos de prisão e multa.
Com a autoridade de advogado de larga reputação, que atua em vários campos do direito, a começar pela seara eleitoral, o deputado Carlos Lula avalia o projeto como um grave equívoco, uma vez que afasta ainda mais a sociedade civil dos políticos.
“Ele (o PL) criminaliza a discriminação de pessoas politicamente expostas. No seu projeto original, criminalizava, inclusive, a conduta de criticar políticos ou criticar pessoas politicamente expostas. A gente tem dois equívocos absurdos nesse projeto que foi, infelizmente, aprovado na Câmara dos Deputados, ontem, e que agora segue para o Senado”, assinalou Carlos Lula.
Vale lembrar que o PL nº 2720-23 é de autoria da deputada federal Dani Cunha (União-RJ), filha de Eduardo Cunha, condenado a 16 anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, e que entrou para a história como um dos mais controversos políticos da história do Brasil neste século. Este ano, a decisão foi anulada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Em Tempo: O projeto é de autoria da deputada Dani Cunha (União-RJ), filha de Eduardo Cunha, condenado a 16 anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Este ano, a decisão foi anulada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
São Luís, 16 de Junho de 2023.