Dino desmontou jogada de Lira de acusa-lo de perseguição usando a Polícia Federal

Flávio Dino foi à casa de Arthur Lira e jogou aberto: operação da
Polícia Federal em Alagoas foi decisão judicial, e ponto final

O ministro Flávio Dino (PSB), da Justiça e Segurança Pública, voltou ao agitado epicentro da política nacional, quando tentaram responsabilizá-lo pelo “mau humor” – com forte aparência de chantagem – do presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (AL/PP), que fez forte pressão para trocar emendas parlamentares represadas por votos necessários para a aprovação da MP dos Ministérios, e andou se colocando como “vítima” indireta de uma operação da Polícia Federal em Alagoas na qual um ex-assessor dele foi preso com um cofre abarrotado de dinheiro vivo, tudo em notas de R$ 100,00 novinhas em folha. Arthur Lira também reclamou ao presidente Lula da Silva (PT) que o ministro Flávio Dino foi a Alagoas entregar viaturas do Pronasci II e não o teria convidado. Se jogou para minar o crescente espaço político do ministro da Justiça, o presidente da Câmara Federal deu dois tiros nos pés.

Quem conhece o ministro Flávio Dino, o seu modo de agir com segurança e com destemor na pasta e nos meandros da política nacional, principalmente na seara onde o presidente Arthur Lira transita como “manda-chuva”, sabe que o titular da Justiça e Segurança Pública não se intimida com os achaques do representante alagoano para alimentar o seu imenso poder. A diferença é que o atual ministro da Justiça tem conhecimento, experiência e autoridade para não entrar no jogo pesado do chefe maior do Centrão. Entrar no jogo seria reagir atirando – e o ministro certamente teria munição para isso -, mas esse é o jogo que o presidente da Câmara Federal gostaria de jogar. Flávio Dino, com argumentos sólidos e afiados, o encara sem problemas, fazendo o que tem sugerido o presidente Lula da Silva: fazer política, desde que dentro das regras.

Quando o presidente Arthur Lira reclamou da operação da PF que alcançou um ex-assessor dele com um cofre abarrotado de dinheiro, o ministro Flávio Dino foi até a residência oficial do presidente da Câmara e jogou aberto. Primeiro esclarecendo e   assegurando que, no presente Governo, a Polícia Federal atua como polícia de Estado, só realizando operações de acordo com o Ministério Público Federal e com autorização judicial, sem qualquer ingerência do ministro da Justiça. No caso da operação alagoana, as investigações mostraram que os investigados têm muito o que explicar à Justiça e provavelmente passarão um bom tempo na cadeia, independentemente dos laços que possam ter com o presidente da Câmara Federal. Indagado sobre o que falou ao presidente Arthur Lira a respeito do caso, o ministro da Justiça foi curto e direto:

– Falei o óbvio: ordem judicial. Sou senador, ele é o presidente da Câmara. Anormal seria se eu tivesse ido lá antes da operação policial, o que jamais ocorreria.

No que diz respeito à agenda em que vem entregando aos estados equipamentos (viaturas, armamentos, etc.) do Programa Nacional de Segurança com Cidadania (Pronasci II) – que foi descartado pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) quando o hoje senador Sérgio Moro (UD-PR) era ministro da Justiça -, o ministro Flávio Dino deixou claro que já esteve em quase metade dos estados e não recebeu nenhuma reclamação. No caso de Alagoas, o deputado Arthur Lira reclamou, mas jamais se faria presente, porque é arqui-inimigo do governador Paulo Dantas (MDB), aliado do senador Renan Calheiro, que na semana passada o chamou, mais uma vez, de “bandido” e “corrupto”. Ou seja, o queixume não teve razão de ser, mas o ministro Flávio Dino fez questão de registrar que nada tem contra a participação de deputados federais e senadores nesses atos, muito pelo contrário.

Os episódios da semana passada tornaram mais nítida uma situação incontestável no cenário político nacional: Flávio Dino é um ministro da Justiça diferenciado dos seus antecessores mais recentes. Primeiro, porque conhece as leis como poucos e, assim, tem noção clara dos limites seus e dos outros, posição reforçada pela condição de senador da República, o que o nivela no embate com qualquer congressista, a começar pelo presidente da Câmara Federal. Além disso, tem dado provas de que é politicamente hábil. E com a biografia que construiu, na qual não constam manchas, tem cacife para encarar, no ministério ou fora dele, situações que o próprio Arthur Lira dificilmente encararia.

PONTO & CONTRAPONTO

Carlos Lula intensifica ação no Legislativo, mas diz estar pronto para disputar Prefeitura

Carlos Lula tem atuação parlamentar forte
e atua como articulador político

Enquanto o prefeito Eduardo Braide vai avançando com a sua política de não entrar em confronto aberto com prováveis adversários na corrida sucessória do ano que vem, a aliança governista não se movimenta efetivamente no sentido de definir um candidato ao palácio de la Ravardière. No campo governista, os movimentos feitos pelo presidente da Câmara Municipal de São Luís, vereador Paulo Victor (PCdoB), que já se declarou pré-candidato, e pelo deputado federal Duarte Jr. (PSB), que obteve o aval do presidente nacional do PSB, não têm ecoado na cúpula.

Nesse contexto, um terceiro nome desponta como pré-candidato a prefeito de São Luís, o deputado estadual Carlos Lula (PSB). Terceiro mais votado em 2022, bateu a casa dos 80 mil votos, atrás apenas de Iracema Vale (PSB), que superou os 100 mil e de Othelino Neto (PCdoB), que ultrapassou os 84 mil. Carlos Lula chegou na Assembleia Legislativa como o vitorioso e nacionalmente reconhecido secretário de Saúde que comandou a mais eficiente campanha contra a pandemia entre os estados de todo o País. Foi naturalmente visto como uma promessa parlamentar de alto nível.

E não decepcionou: tem sido ativo como legislador e interlocutor político. Como legislador, tem feito propostas importantes na área da saúde, na forma de projetos de lei e indicações. Como ativista político, vem trabalhando para manter intacta a aliança que mantém a federação formada por PSB, PCdoB e PT que controla o Governo e mantém unidos o ministro Flávio Dino e o governador Carlos Brandão. Nesse campo, tem sido um crítico duro do prefeito Eduardo Braide (PSD), credenciando-se como pré-candidato a prefeito de São Luís.

Politicamente sensato, Carlos Lula acha que o grande grupo tem condições de se mobilizar em torno de um candidato forte, capaz de enfrentar o prefeito Eduardo Braide. Reconhece méritos no deputado Duarte Jr., que considera forte, e no vereador Paulo Victor, que é uma novidade a ser levada em conta. E deixa claro que está pronto para assumir a vaga de candidato se o grupo o escolher.

Enquanto essa definição não vem, ele vai intensificando sua ação parlamentar e sua atuação política.

Se for pressionado, Josimar de Maranhãozinho pode deflagrar o esvaziamento do PL

Josimar de Maranhãozinho

Estimulado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que tenta dar as cartas dentro do partido, o comando nacional do PL avisou que pretende punir os deputados federais Josimar de Maranhãozinho, Detinha, Júnior Lourenço e Pastor Gildenemyr por haverem eles votado a favor da MP dos Ministérios, contrariando, juntamente com outros cinco, a orientação que levou a bancada do partido a votar em massa contra a matéria.

Josimar de Maranhãozinho é um político extremamente pragmático. Estava na expectativa e poderia ter votado contra ou recorrido à abstenção, se o Governo não tivesse liberado os recursos para as emendas a que os deputados têm direito. Somados, os quatros parlamentares do PL maranhense formam um bolo de pelo menos duas dezenas de milhões de reais em emendas. É nisso que está a força política do chefe do PL no Maranhão, o que explica o fato de ter ele o controle de mais de 30 prefeituras.

Ninguém duvida que, embora tenha sido por muito tempo “queridinho” do chefão do PL Waldemar Costa Neto, Josimar de Maranhãozinho não pense duas vezes em mudar de partido se ele, a deputada detinha e seus aliados se sentirem hostilizados pela cúpula da agremiação bolsonarista. Nesse caso, só o PL tem a perder, pois deixará de contar com quatro deputados que, juntos, representam mais de 400 mil votos. Além disso, seria o fim do PL no Maranhão, que poderia até continuar existindo, mas nem de longe com a força que Josimar de Maranhãozinho lhe dá.

É difícil imaginar que o PL coloque em risco a permanência da sua bancada maranhense por um capricho do chefão do bolsonarismo.

São Luís, 04 de Junho de 2023.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *