Arquivos mensais: fevereiro 2021

Saída de Maia do DEM e queda de ACM Neto por Bolsonaro podem ter repercussão forte na política maranhense

 

Saída de Rodrigo Maia do DEM e declarações de ACM Neto podem enfraquecer Juscelino Filho e prejudicar Weverton Rocha na corrida pelo Governo do Maranhão

Duas situações envolvendo o DEM no plano nacional podem ter forte repercussão no cenário político maranhense. Primeira: o deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), hoje o nome de maior visibilidade do partido, informou a aliados próximos que deixará a legenda, alegando que foi traído pelo comando partidário na guerra pela sua sucessão na presidência da Câmara Federal, podendo vir a se filiar ao PSL ou ao Cidadania. Segunda: o presidente nacional do DEM, o baiano ACM Neto, avisou que caminha para apoiar o projeto de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no ano que vem. A eventual saída de Rodrigo Maia será uma pancada na estatura do DEM, podendo enfraquecer o deputado federal Juscelino Filho, que preside a legenda no Maranhão, e se ele migrar para o Cidadania, a senadora Eliziane Gama ganha mais peso com o fortalecimento do seu partido. E a hipótese de o DEM vir a se aliar a Jair Bolsonaro em 22 coloca o PDT, hoje o seu principal aliado, numa saia justa, principalmente no Maranhão.

Rodrigo Maia não se conforma por ter sido traído por ACM Neto às vésperas da eleição na Câmara Federal, quando, com a ajuda do deputado Juscelino Filho – muito prestigiado na sua presidência -, abandonou a candidatura do deputado Baleia Rossi (SP). Oficialmente, anunciou “neutralidade”, mas na verdade orientou os deputados do DEM a migrarem de mala e cuia para a candidatura de Arthur Lira (PP-AL), o que liquidou as chances de Baleia Rossi. Diante disso, Rodrigo Maia anunciou que não fica no partido e deve anunciar seu desligamento do DEM na semana que vem. Sondado sobre para onde vai, o ex-presidente da Câmara Federal, que é um político da direita esclarecida, levantou duas hipóteses: o PSL, fortalecendo a banda que rompeu com o bolsonarismo, ou o Cidadania, que há muito perdeu seu viés esquerdista e hoje é visto como um partido de centro.

Oito entre dez analistas políticos dizem que a estratégia de ACM Neto de tirar o DEM do bloco de apoio a Baleia Rossi garantiu a vitória de Arthur Lira e agradou ao Palácio do Planalto, mas em compensação estilhaçou o partido, que vinha se transformando numa força a ser levada em conta, inclusive no jogo sucessório, com a possível candidatura do deputado federal e ex-ministro da Saúde H de Salvador nem ao presidente da República.

A saída de Rodrigo Maia, que levará com ele dezenas de políticos, entre eles vários deputados federais, fragilizará fortemente a musculatura do DEM, inclusive no Maranhão, onde o deputado federal Juscelino Filho dá as cartas, mas pode perder o apoio de alguns quadros do partido. Em outro plano, se Rodrigo Maia ingressar no Cidadania e reforçar o partido como alguns preveem, a senadora Eliziane Gama terá turbinado seu espaço no tabuleiro estadual.

O aviso de ACM Neto de que, além de perder Rodrigo Maia, o DEM poderá apoiar o projeto de reeleição do presidente Jair Bolsonaro, pode ter efeito bombástico na aliança nacional do partido com o PDT, o que produzirá forte impacto no projeto do senador Weverton Rocha de disputar o Palácio dos Leões. Isso porque, se ACM Neto, de olho no Governo da Bahia no ano que vem e no Palácio do Planalto em 2026, empurrar o DEM para o colo de Jair Bolsonaro, colocará o PDT numa tremenda saia justa, podendo fragilizar o hoje bem delineado e viável projeto de poder do senador pedetista.

Evidente que são possibilidades, mas o que se viu na eleição para presidente da Câmara Federal, quando menos de 48 horas antes o comando nacional do DEM anunciou “neutralidade” – muito parecida com a “neutralidade que o PDT assumiu no 2º turno da guerra pela Prefeitura de São Luís -, dá para suspeitar que o DEM entrou numa ciranda sem norte. Nesse ambiente, o senador Weverton Rocha terá de mergulhar na cautela e montar um “plano b” no que respeita a alianças preferenciais.

Aguarda-se, portanto, o desembarque de Rodrigo Maia do DEM, o rumo que ele tomará e os desdobramentos desse movimento.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Presidente da Famem participa de reuniões sobre coronavírus e regularização fundiária nos municípios

Erlânio Xavier (paletó cinza) com o procurador geral Eduardo Nicolau  e  com o corregedor geral da Justiça, desembargador Paulo Velten

O presidente da Famem, Erlânio Xavier (PDT), fez ontem dois movimentos que reforçaram o leque de ações da entidade para fortalecer a organização dos municípios nesse momento de transição em meio à assoladora crise sanitária e as suas consequências na vida socioeconômica das cidades e dos estados.

Ele cumpriu o primeiro compromisso no Ministério Público, onde participou de reunião promovida pelo procurador geral de Justiça, Eduardo Nicolau, para tratar de pautas relacionadas com o enfrentamento do novo coronavírus, entre elas o aumento de leitos hospitalares, ações fiscalizadoras para evitar aglomerações e a busca de medidas consensuais para garantir o trabalho de artistas. Com a preocupação de quem, na condição de comandante de entidade municipalista, tem uma visão ampla dos problemas que a pandemia vem impondo aos municípios, o

Presidente da Famem reforçou a necessidade de medidas para conter aglomerações, defendendo, no entanto, que elas sejam consensuais. Realizado na sede do Ministério Público estadual, o evento reuniu promotores e procuradores de Justiça e representantes do Governo do Estado, entre eles o secretário-chefe da Casa Civil, Marcelo Tavares, e da Prefeitura de São Luís, liderados pelo secretário municipal de Saúde, Joel Nunes.

O outro compromisso foi uma conversa com corregedor geral da Justiça, desembargador Paulo Velten, com quem tratou do processo de regularização fundiária dos municípios e erradicação do subregistro no Maranhão. A questão fundiária não é nova e é motivo de problema na esmagadora maioria dos municípios. Dois casos são exemplares. O primeiro é o de São Luís, que enfrenta graves problemas de ocupações por invasão, fazendo com que boa parte do território da Capital seja ocupada ilegalmente, o que torna a regularização um processo dificílimo. O outro exemplo é Açailândia, cujo perímetro urbano é cercado por particulares, muitas delas de propriedade suspeita ou irregular.

O corregedor geral da Justiça colocou setores do Judiciário para ajudar os prefeitos na formulação dessas políticas, concordando que a regularização das terras municipais é uma providência necessária e urgente. Acatando também a proposta do presidente da Famem de promover uma ampla reunião com prefeitos para discutir o tema e procurar soluções.

Com essas iniciativas, o presidente da Famem vem cumprindo o seu discurso de campanha e fortalecendo a natureza municipalista da entidade.

 

Decisão sobre lockdown a ser anunciada pelo juiz Douglas Martins gera expectativa

Douglas Martins pode determinar ou não, hoje, a decretação do lockdown no MA

O juiz Douglas Martins, titular da Vara de Interesses Difusos e Coletivos de São Luís, vai decidir hoje se acata ou não a ação de três defensores públicos que obriga o governador do Estado e os 217 municípios maranhenses a decretarem lockdown em todo o território maranhense. A bomba lhe caiu às mãos no início da semana, surpreendendo a todos pela sua intempestividade, já que a pandemia no Maranhão está sob controle, com leves alterações, as autoridades estaduais e municipais têm feito a sua parte, o mesmo acontecendo com a população, em que pesem as extremas dificuldades que os segmentos menos favorecidos.  Tanto que ao tomar conhecimento da ação o governador Flávio Dino (PCdoB) se posicionou contra, seguido pouco depois pelo prefeito de São Luís, Eduardo Braide (Podemos).  De perfil midiático, com um histórico de decisões polêmicas e fissurado em redes sociais, Douglas Martins decidiu “ouvir” o governador Flávio Dino e os 217 prefeitos, para embasar a decisão que vai anunciar nesta Sexta-Feira. A expectativa dominante é a de que ele não atacará a medida, mas não são poucos os que acreditam que o magistrado fechar com os defensores.

São Luís, 05 de Fevereiro de 2021.

Afastada dos confrontos políticos no estado, Eliziane Gama lidera bloco no Senado e ganha força para 22

 

Eliziane Gama: eficiência no Senado e opção para 2022 

Com atuação discreta durante a guerra eleitoral que no ano passado elegeu os novos prefeitos e vereadores e sem se envolver na disputa ferrenha entre o senador Weverton Rocha (PDT) e o vice-governador Carlos Brandão (Republicanos) na barulhenta eleição da diretoria da Famem, situações pelas quais foi elogiada e criticada, a senadora Eliziane Gama (Cidadania) foi escolhida para liderar o Bloco Senado Independente (BSI), formado por nove parlamentares de quatro partidos – Cidadania, PDT, Rede e PSB – além de ter sido eleita para a 3ª suplência da Mesa do Senado, o que reforçou seu cacife no plenário da Câmara Alta. A liderança do BSI e a suplência no comando da Casa confirmaram o que já vinha sendo percebido por observadores mais atentos: Eliziane Gama resolveu investir toda sua energia política na primeira metade do mandato senatorial, atuando fortemente como parlamentar – com discursos densos sobre temas fortes, incluindo severas críticas ao Governo e às diatribes do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) –, e como legisladora – já tem uma considerável produção legislativa. Além de brigar pelos interesses do Maranhão na Esplanada dos Ministérios.

Parece claro que nesse primeiro momento da sua trajetória na Câmara Alta a senadora fez uma opção clara e objetiva por não se envolver na dura e desgastante guerra política da planície. Isso pode ser explicado em parte pelo fato de não pertencer a um partido que joga pesado nesse campo – o Cidadania elegeu apenas um prefeito. E também pelo fato de que na maioria dos municípios a disputa se deu num ambiente em que mais da metade dos candidatos a prefeito associaram suas eleições a líderes que miram o Palácio dos Leões nas eleições de 2022, a exemplo do seu colega Weverton Rocha e do vice-governador Carlos Brandão. O seu envolvimento ostensivo na disputa municipal certamente a colocaria como parte desse confronto maior pela sucessão do governador Flávio Dino (PCdoB). E como seu partido não tem lastro, o resultado das eleições municipais certamente a apontaria como uma liderança derrotada e sem base. O distanciamento da refrega a livrou de um desgaste desnecessário.

Já vista por seus pares como um quadro de excelência parlamentar, a senadora Eliziane Gama tem agora o desafio de mostrar que tem habilidade para jogar num tabuleiro de raposas. O BSI é um bloco que, independentemente das ações individuais dos seus integrantes, tem três focos, que estão interligados: a defesa da democracia, a defesa dos interesses nacionais e o fortalecimento do Senado. Sua tarefa é articular posições comuns dos integrantes do BSI em relação a questões e projetos importantes. Não será tarefa fácil unir o bloco, que reúne senadores como o determinado Weverton Rocha, o atuante e bem posicionado amapaense Randolfe Rodrigues (Rede), e o competente, mas temperamental, cearense Cid Gomes (PDT). Se topou o desafio, encarado por Weverton Rocha desde que o bloco foi formado, Eliziane Gama o fez convencida de que dará conta do recado.

O seu distanciamento das guerras na planície, porém, não a afastaram da elite política que se movimenta alimentando projetos de poder dentro da grande aliança comandada pelo governador Flávio Dino, a exemplo de Weverton Rocha, Carlos Brandão e do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB), e fora dela, como o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (Podemos), e seu colega de Caxias, Fábio Gentil (Republicanos), para citar alguns exemplos. Em todas as conversas e avaliações isentas de partidarismo, Eliziane Gama é naturalmente incluída. E com um dado importante que favorece seu cacife: não tendo condicionamento partidário, tem perfil adequado para surgir como nome de consenso num ambiente de fortes tensões e diferenças. E não são poucos os que a veem por esse viés, enxergando um nome preparado e preservado para liderar a aliança dinista como candidata ao Governo em 2022.

Seus movimentos nos próximos meses dirão como será seu futuro próximo na seara política do Maranhão.

 

 PONTO & CONTRAPONTO

 

Governador fez o certo quando proibiu o Carnaval e suspendeu o ponto facultativo do dia 16

Flávio Dino: sem Carnaval é vida normal no estado

Sensata e coerente a decisão do governador Flávio Dino de suspender o ponto facultativo do dia 16, que seria a Terça-Feira de Carnaval. Com a impossibilidade sanitária de manter a mais importante festa popular do País em território maranhense, o governador decretou que neste ano, por causa do novo coronavírus, pela primeira vez em quatro séculos Momo não reinará no Maranhão.

Já foi dito, mas não custa nada lembrar, que Terça-Feira de Carnaval nunca foi feriado, a começar pelo fato de que a data muda a cada ano, acontecendo às vezes em março. Se não haverá folia, não faz sentido facultar o ponto e interromper a normalidade do serviço público e conceder uma folga sem razão de ser. Será, portanto, uma semana normal de trabalho, tanto na máquina pública quanto na atividade privada.

Qualquer outra decisão fazendo concessão total ou parcial, contrariaria o histórico de decisões acertadas e produtivas, tomadas pelo Governo do Estado desde que o novo coronavírus desembarcou no Maranhão fazendo vítimas, espalhando medo e causando danos na economia e nas finanças públicas. E por isso mesmo qualquer reação negativa a essa medida deve ser rejeitada de maneira enfática.

O que vale mesmo agora é preservar a vida, brigar pela vacinação de todos, para que se possa realizar o maior Carnaval do século no ano que vem.

 

Aliados maranhenses de Lira ganharam força, mas foram longe  na exibição

Aluísio Mendes e André Fufuca: aliados entusiasmados de Arthur Lira

Não há dúvida de que alguns entre os membros da bancada maranhense que votaram no deputado alagoano Arthur Lira (PP) para a presidência da Câmara Federal estão desde Terça-Feira mais fortes, e externaram isso no plenário e na festa que comemorou a vitória. Apoiador de primeira hora do candidato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o deputado Aluísio Mendes (PSC), foi um dos mais presentes ao lado do candidato e depois presidente eleito, atuando às vezes como “anjo” protetor na retaguarda do alagoano, como mostram fotos e imagens daquele dia. Mas o campeão de entusiasmo foi o deputado André Fufuca (PP) – que já foi vice-presidente e até assumiu a presidência, mas dessa vez nada levou. O jovem parlamentar de Alto Alegre do Pindaré foi um dos mais animados na farra que se seguiu à eleição e posse de Arthur Lira, na qual deputados e convidados jogaram para o alto os cuidados com a pandemia, promoveram aglomeração, abraços, tapinhas nas costas e no rosto e até beijinhos na face, num espetacular festival de maus exemplos. Muito provavelmente, a euforia descuidada do deputado André Fufuca se baseou na lógica bolsonarista segundo a qual “o poder cura”.

São Luís, 04 de Fevereiro de 2021.

 

Nova Câmara de São Luís dá largada com seu comando ajustado por acordo do PDT com o prefeito Eduardo Braide

 

Eduardo Braide e Osmar Filho trocam cumprimentos diante do olhar de vereadores

Eleitos no ano passado, os 31 vereadores de São Luís iniciaram ontem, os seus trabalhos, com a abertura formal da Câmara Municipal. O presidente Osmar Filho (PDT) cumpriu o rito regimental abrindo os trabalhos na presença do prefeito Eduardo Braide (Podemos) e do procurador geral de Justiça Eduardo Nicolau. O ato em si e as declarações registradas deixaram no ar a impressão de que a única mudança genuína produzida pelas urnas foi o mandato coletivo “Nós” conquistado por cinco militantes do PT. Muito preocupado com medidas sanitárias para impedir que o novo coronavírus invada e assole o Palácio Pedro Neiva de Santana, o presidente Osmar Filho fez um discurso anêmico, sem densidade, no qual repetiu jargões conhecidos como a afirmação de que a Casa “é independente”, mas logo tendo o cuidado de acrescentar que seu objetivo é conviver em paz com o Poder Executivo. Palavras que certamente soaram como boa música aos ouvidos do prefeito Eduardo Braide.

O vereador-presidente tem razão quando prega a independência da Câmara Municipal de São Luís. Ela foi, de fato, uma instituição altiva, onde o debate ocorria com frequência, obrigando os prefeitos a manter as antenas ligadas e interpretar os sinais disparados pelo plenário. As disputas para o comando da Casa eram intensas e sem interferências externas – um exemplo: no auge da sua força como governador, Epitácio Cafeteira jogou pesado para emplacar seu sogro, Ilton Rodrigues, na presidência da Casa, mas amargou uma dura derrota. Em tempos mais recentes, a instituição fundada no século XVI por Simão Estácio da Silveira vem perdendo a altivez de outrora para se tornar um parlamento via de regra alinhado ao Palácio de la Ravardière.

Vivendo a realidade das casas legislativas, a nova Câmara Municipal de São Luís tem uma composição politicamente heterogênea, sem a presença de um partido dominante ou com força diferenciada. Sua nova composição é uma impressionante colcha de retalhos partidários: os 31 vereadores, que somam magros 142.171 votos de um total de 699 mil da Capital – 50 mil votos a menos do que os 193 mil recebidos pelo candidato do Podemos no primeiro turno – representam nada menos que 19 partidos, sendo que as duas maiores bancadas partidárias, a do Podemos, partido do prefeito Eduardo Braide, e a do PCdoB, partido do governador Flávio Dino, têm quatro vereadores cada uma.

Esse mosaico política e eleitoralmente frágil permite, por exemplo, que o PDT, que tem apenas três vereadores, eleja o presidente da Casa, o mesmo que presidiu os dois últimos anos da legislatura passada. Sua eleição entrou no pacote acertado pelo senador Weverton Rocha para o PDT apoiar o candidato do Podemos no 2º turno. Não fosse esse acordo, o vereador Osmar Filho não teria nenhuma chance de eleger-se presidente, mesmo tendo sido o mais votado. Não fosse o acordo, o prefeito Eduardo Braide teria sem maiores problemas um aliado seu no comando da Casa. Amarrado a esse acordo, que poderá ser estendido para 2022, com o possível – para muitos improvável – apoio do Podemos à provável candidatura do senador Weverton Rocha ao Governo do estado, dificilmente o presidente Osmar Filho colocará a Câmara Municipal, por sua maioria, em rota de colisão com o prefeito Eduardo Braide, que assim reúne as condições políticas para governar sem tensões, pelo menos nos dois primeiros anos da sua gestão.

O prefeito Eduardo Braide sabe que, além da promissória política, o apoio de uma maioria articulada custa caro para uma gestão que enfrentará amargas dificuldades financeiras. Os vareadores, é sabido, vivem sob a pressão das suas bases, e por isso pressionam o prefeito. Ontem, eles surpreenderam com a criação de três blocos parlamentares. Um indicativo de que o líder do Governo, vereador Marcial Arruda (Podemos), terá muito trabalho na articulação, num ambiente que exigirá também do presidente da Casa bem mais do que se mostrar um bom administrador, o que nada significa em matéria de produção legislativa.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Defensores pedem lockdown, juiz faz consultas e governador acha medida desnecessária

Douglas Martins vai decidir

O Maranhão – aí incluídos seus cidadãos, suas autoridades municipais e estaduais, seus representantes e suas instituições – foi surpreendido pela iniciativa de três defensores públicos de pedir à Justiça que determine que o Governo do Estado e os municípios decretem lockdown por 14 dias em todo o território estadual como medida extrema de combate ao novo coronavírus. O pedido foi encaminhado ao juiz-titular da Vara de Interesses Difusos e Coletivos, Douglas Martins, que determinara a decretação do primeiro lockdown, cumprido pelo governador Flávio Dino (PCdoB), mas criticado País a fora, não pela medida em si, mas pela maneira como ela foi decidida e imposta ao Governo do Estado. Horas depois de receber a bomba engatilhada pelos defensores, o magistrado anunciou que fará consultas ao Governo do Estado e aos prefeitos de todo o estado para tomar uma decisão abalizada acatando ou rejeitando o pedido.

Antes de ser consultado pelo juiz, o governador Flávio Dino disparou uma ducha de água fria no pedido dos defensores informando que, apesar do aumento do número de casos de Covid-19, a pandemia está sob controle no Maranhão, conforme avaliação do Comitê Científico que o assessora nessa área. O governador foi claro ao informar que todas as medidas possíveis estão sendo tomadas, não estando, portanto, cogitando decretar a mais extrema das medidas contra a pandemia nem no estado inteiro nem em regiões isoladas. Na sua avaliação, o Maranhão está preparado para enfrentar esses momentos de alteração no cenário da pandemia.

O lockdown é, de fato, uma medida extrema. Nenhuma forma de distanciamento se mostrou mais eficiente em todo o planeta. E exatamente por ser extrema, só deve ser adotada em situações extremas, não podendo ser determinada a partir de um estalo de três defensores públicos. A começar pelo fato de que a medida propõe o isolamento de 7,5 milhões de pessoas espalhadas por 217 municípios nos 331 mil quilômetros quadrados do território maranhense. Quando adotado na Ilha de São Luís em junho do ano passado, num momento em que o novo coronavírus avançava de maneira avassaladora no estado, foram as duas semanas de lockdown na Ilha de São Luís, associadas aos esforços do Governo do Estado para montar uma eficiente estrutura hospitalar que evitou o pior. A medida proposta agora pelos três defensores é visivelmente intempestiva e, por enquanto, desnecessária, não devendo descartada. Tudo leva a crer que, caso o juiz Douglas Martins acate o pedido dos defensores e determine a decretação do lockdown em todo o território estadual, o Governo do Estado fará contraponto na Justiça.

Vale aguardar.

 

Fotografia de Eliziane Gama com Márcio Jerry em Brasília gera especulação no meio político

Eliziane Gama e Márcio Jerry no gabinete da senadora em Brasília: imagem deu o que falar

Uma fotografia registrando o senador Weverton Rocha (PDT) e o secretário Márcio Jerry (PCdoB), divulgada no início da semana, deu origem a uma onda de especulações sobre a corrida ao Palácio dos Leões, entre elas a possibilidade de o presidente do PCdoB vir a ser candidato a vice-governador numa chapa liderada pelo pedetista. Ontem, numa espécie de contrapeso, o próprio secretário Márcio Jerry voltou a provocar especulações ao divulgar outra fotografia, essa com a senadora Eliziane Gama (Cidadania), em Brasília, causando a mesma onda de especulações. Mesmo distanciada da ciranda política estadual e se dedicando integralmente ao exercício do seu mandato – com eficiência e bons resultados, vale destacar –, a senadora Eliziane Gama começa a ser incluída nas listas dos prováveis candidatos à sucessão do governador Flávio Dino, o que tem causado rumores nos bastidores da aliança partidária por ele liderada. Provavelmente satisfeita por estar sendo lembrada, a senadora do Cidadania faz, porém, de conta de que não é com ela.

São Luís, 03 de Fevereiro de 2021.

Fala de Othelino Neto e foto de Weverton Rocha e Márcio Jerry indicam que 22 já está na pauta

 

Othelino Neto disse que não disputará o Senado se Flávio Dino for candidato; Weverton Rocha e Márcio Jerry no Congresso: foto deu o que falar no meio político

Por mais que algumas lideranças tentassem alimentar o discurso segundo o qual é muito cedo para se falar de sucessão estadual em 2022, algumas declarações feitas ontem, em gestos e entrevistas, mostraram que a pauta sucessória já está em vigor e que será tema de infindáveis manifestações e articulações até abril do ano que vem, quando fase prévia do jogo terminar e a guerra propriamente dita será iniciada. Primeiro foram as declarações do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB) sobre seu futuro nas próximas eleições; segundo, foi uma imagem fotográfica do senador Weverton Rocha, presidente estadual do PDT, e o deputado federal licenciado, presidente estadual do PCdoB e atual secretário de Cidade. Os dois registros deram o que falar nos bastidores da política e fora deles, dando margem a uma frenética série de especulações, confirmando assim a suspeita de que o tema sucessório dificilmente sairá da posição de prioridade que já ocupa na agenda política estadual.

Em várias entrevistas, o presidente Othelino Neto, que assumiu ontem o mandato para o qual fora eleito ainda em abril de 2019, confirmou que seu projeto inicial era disputar a vaga de senador. Mas essa possibilidade entrou em banho-maria quando o governador Flávio Dino (PCdoB), que chegou a admitir disputar a Presidência da República, desde que por uma grande aliança juntando o centro-direita, o centro, o centro-esquerda e a esquerda, e até mesmo disputar uma cadeira na Câmara Federal para ajudar seu partido na luta pela sobrevivência formal, avisou recentemente que sua opção primeira é pela candidatura ao Senado, o que começa a ganhar forma definitiva. Nesse caso, Othelino Neto foi claro: não será candidato a senador e buscará a reeleição de deputado estadual.

Um dos quadros que mais ganharam musculatura política nos últimos tempos, Othelino Neto tem um leque de opções bem maior do que Senado e Assembleia Legislativa. Nos vários cenários possíveis, ele pode, por exemplo, vir a ser candidato a vice-governador numa chapa de consenso da aliança dinista liderada por Weverton Rocha ou pelo vice-governador Carlos Brandão (Republicanos). Ou pode ainda, numa hipótese remotíssima, mas possível na política do Maranhão, vir a assumir o Governo se o vice-governador optar por outro rumo, o que lhe daria a possibilidade de tentar a reeleição. O presidente da Assembleia Legislativa é centrado, tem os pés no chão e sabe planejar seu futuro com cuidado, como demonstraram todos os seus passos desde que conseguiu eleger-se vice-presidente do parlamento estadual em fevereiro de 2015.

Numa outra perspectiva, a imagem que registrou Weverton Rocha e Márcio Jerry ontem, em Brasília, deu margem a uma série de especulações, sendo a mais factível e interessante delas a que enxergou no registro o prenúncio da candidatura do líder pedetista como candidato a governador e o líder comunista como candidato a vice, numa chapa abençoada por Flávio Dino, que a completaria como candidato ao Senado. O frenesi causado pela imagem de ontem, na verdade, só deu mais força a uma possibilidade que já vem sendo imaginada há tempos nos bastidores da política. O próprio Márcio Jerry foi perguntado sobre o assunto, tendo respondido com evasivas, mas com um largo sorriso no rosto, que disse mais que suas palavras.

O fato é que, num gesto de coerência raro na política, o presidente da Assembleia Legislativa praticamente arquivou seu projeto senatorial ao condicioná-lo à decisão quase certa do governador Flávio Dino de candidatar-se à vaga. Deixa em aberto, por enquanto, seu próximo passo, mas com a sabedoria de não criar obstáculo à liderança do governador Flávio Dino e a cautela de ter pavimentado sua reeleição ao parlamento estadual nas últimas eleições, nas quais participou diretamente da eleição de 19 prefeitos. Já em relação à sugestiva imagem ligando Weverton Rocha e Márcio Jerry, trata-se de uma possibilidade, muito remota, é verdade, mas não descartável, pois basta lembrar o que aconteceu nos surpreendentes movimentos que resultaram na recente eleição do prefeito de São Luís.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Assembleia reabre empossando nova Mesa e é saudada por Flávio Dino

Nova Mesa Diretora: Othelino Neto ao centro, ladeado por Cleide Coutinho, Paulo Neto, Andrea Resende e Pará Maranhão à esquerda, e por Glaubert  Cutrim, Detinha, Rildo Amaral e César Pires à direita, eleitos antecipadamente em abril de 2019

A Assembleia Legislativa do Maranhão iniciou suas atividades do ano legislativo de 2021 (o terceiro da 19ª Legislatura) de forma inédita: empossando a nova Mesa Diretora, eleita no primeiro semestre de 2019. Sob a presidência do deputado Othelino Neto, que renovou o mandato naquela eleição, o novo comando do Poder Legislativo do Maranhão terá a seguinte composição: 1º vice-presidente: Glaubert Cutrim (PDT), 2º vice-presidente: Detinha (PL), 3º vice-presidente: Rildo Amaral (Solidariedade), 4º vice-presidente: César Pires (PV), 1º secretário: Andréia Rezende (DEM), 2º secretário: Cleide Coutinho (PDT), 3º secretário: Pará Figueiredo (PSL) e 4º secretário: Paulo Neto (DEM).

Consumada a posse das nova Mesa, em ato presenciado pelo procurador geral de Justiça, Eduardo Nicolau e pelo desembargador Tyrone Silva, representante do Judiciário, o presidente Othelino Neto definiu o momento: “Este novo biênio é importante para todos nós. Continuaremos trabalhando muito pelo Maranhão, cumprindo com o nosso dever de legislar e fiscalizar as ações do Poder Executivo, ajudando aqueles que mais precisam da proteção do Estado”. E completou: “A presença dos senhores mostra, mais uma vez, para o Maranhão inteiro e para o Brasil, a capacidade de diálogo que nós temos. O Maranhão dá um bom exemplo para o Brasil. Quem ganha com isso é a sociedade, quando nós todos, servidores públicos, estamos cumprindo com o nosso dever. Ruim seria se nós tivéssemos a capacidade de, mesmo na divergência, dialogar. Esse espírito público que supera divergências ideológicas é que tem norteado a Assembleia Legislativa do Maranhão”.

O governador Flávio Dino, que participou do ato remotamente, por videoconferência, saudou o Legislativo: “Quero transmitir meus votos de êxito nesta nova etapa da caminhada do Parlamento do nosso Estado. Sempre com a convicção de que independência e harmonia serão as marcas dessa nova quadra, como tem sido desde que tive a alegria e a honra de ser empossado como chefe do Poder Executivo estadual. Assim temos caminhado e assim continuaremos, porque acreditamos que os trilhos da Constituição são aqueles que nos conduzem a bons destinos”.

 

Senado faz sucessão civilizada; na Câmara Federal, novo presidente começa atacando antecessor

Rodrigo Pacheco venceu no Senado e Arthur Lira foi eleito na Câmara Federal

O Brasil assistiu ontem ao Congresso Nacional renovar seus comandos com dois cenários absolutamente diferentes. No primeiro, o Senado da República deu um exemplo de seriedade, com o presidente eleito, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), apoiado pelo Palácio do Planalto, deu uma prova de civilidade política, desfazendo ali mesmo o clima de disputa ao saudar respeitosa decentemente a sua oponente, a senadora Simone Tebet (MDB-MT), e elogiar a obra do seu antecessor, o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP). Além disso, abriu seu discurso mandando um recado ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e os golpistas que o cercam no Palácio do Planalto: não admitirá qualquer ameaça à democracia, à Constituição, às liberdades civis e o Estado Democrático de Direito. Foi uma transição de fazer inveja ao antes civilizado e hoje combalido Senado norte-americano, principal referência parlamentar do planeta até o mês passado.

Na Câmara Federal o ambiente foi outro. Numa decisão que surpreendeu até mesmo seus partidários, o novo presidente, deputado Arthur Lira (PP-AL), não completou uma hora no cargo e já partiu para o revanchismo. O seu primeiro ato formal foi uma resolução legislativa desmanchando ato do seu antecessor, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), aceitando deum bloco de partidos de esquerda que apoiou seu adversário, deputado Baleia Rossi (MDB-SP). E o fez de maneira agressiva, deixando muito claro que vai manter a Casa em clima de guerra, ao contrário do novo presidente do Senado, que preferiu unir a Câmara Alta.

Os dois cenários deixaram claro que, a exemplo do ex-presidente Davi Alcolumbre, o presidente Rodrigo Pacheco, terá relação próxima com o presidente Jair Bolsonaro, mas não permitirá sua interferência no Senado. Já os primeiros atos e gestos do presidente da Câmara Federal indicaram que, ao contrário do seu antecessor, o presidente Jair Bolsonaro e sua turma vão, direta ou indiretamente, dar as cartas na Casa.

São Luís, 02 de Fevereiro de 2021.