Arquivos mensais: dezembro 2020

Assembleia Legislativa entrou e saiu das eleições como centro de movimentação política

 

Othelino Neto ao comandar sessão de quinta-feira: ação política arrojada no estado

Não há dúvida de que as eleições municipais alteraram expressivamente o desenho político do Maranhão. E nesse novo cenário, a Assembleia Legislativa ocupa um lugar destacado como Casa política, sem qualquer prejuízo do seu papel institucional como um dos Poderes do Estado. O envolvimento direto dos seus integrantes na guerra política e eleitoral travada nos 217 municípios maranhenses a transformou no epicentro de uma intensa movimentação política, na qual o seu presidente, deputado Othelino Neto (PCdoB), teve papel decisivo. Por decisão das urnas, de lá sairão três deputados e um suplente para assumir prefeituras importantes – Felipe dos Pneus (Republicanos), eleito prefeito de Santa Inês, Rigo Teles (PL), que assumirá o comando político e administrativo de Barra do Corda, e Fernando Pessoa (Solidariedade), que se elegeu prefeito de Tuntum, além da suplente Ducilene Belezinha (PL), que se elegeu prefeita de Chapadinha.  A eleição deles abrirá vagas para a ascensão dos suplentes Socorro Waquim (MDB), Betel Gomes (PRTB), e Fábio Braga (Solidariedade). É verdade que as mudanças não alteraram o equilíbrio no plenário, mas é igualmente verdadeiro que a guerra eleitoral gerou ali um quadro político diferente do de antes da disputa municipal.

Mesmo considerando os três deputados eleitos e os que se destacaram com bons desempenhos na disputa, como Duarte Júnior (Republicanos) em São Luís e Marco Aurélio (PCdoB) em Imperatriz, e ainda o fato de não haver disputado votos, o presidente Othelino Neto foi, de longe, o quadro politicamente mais ativo desse período. Apoiou candidatos em 28 municípios, cumprindo uma maratona exaustiva, e viu nada menos que 19 deles saírem das urnas eleitos, o que lhe deu um cacife político respeitável. Sua maior conquista na corrida eleitoral foi a eleição da sua esposa, Ana Paula Lobato (PDT), vice-prefeita de Pinheiro.

O presidente da Assembleia Legislativa atuou no cenário político-eleitoral como um articulador que enxerga bem à frente. Numa articulação com o senador Weverton Rocha (PDT), Othelino Neto se afastou da disputa do 2º turno em São Luís, não seguindo a posição do seu partido, o PCdoB, de apoiar Duarte Jr. (Republicanos). Parte do PDT apoiou Eduardo Braide, segundo orientação do senador Weverton Rocha, mas o presidente da Assembleia Legislativa preferiu se distanciar da disputa, mesmo sabendo que seria acusado de contrariar o PCdoB e o Palácio dos Leões. Os movimentos do grupo visaram fazer frente aos feitos pelo vice-governador Carlos Brandão (Republicanos), candidato a candidato a governador, adversário, portanto, do senador Weverton Rocha. Othelino Neto se posicionou ao lado de Weverton Rocha com a determinação de um político que sabe onde quer chegar. Tornou, como era previsto, sua situação instável dentro do PCdoB, mas mantém sua posição com a firmeza e a segurança de um político determinado.

O deputado Duarte Jr. retornou à Casa levando nas costas a derrota na disputa em São Luís, mas ao mesmo tempo embalado pelos 216 mil votos (44%) que recebeu no 2º turno, o que lhe deu legitimidade. O deputado Neto Evangelista (DEM) ficou em terceiro na Capital, com mais de 80 mil votos, e retorna à Assembleia Legislativa “vingado” com a eleição de Eduardo Braide (Podemos) com o seu apoio. A posição mais modesta na Capital foi a do deputado Yglésio Moises (PROS), que recebeu pouco mais de nove mil votos, mas saiu da corrida eleitoral como entrou, com a vantagem de ter se tornado mais conhecido. Entre os que não tiveram sucesso nas urnas estão também os deputados Adelmo Soares (PCdoB), que ficou em segundo em Caxias, e Leonardo Sá (PL), que disputou a Prefeitura de Pinheiro.

A Assembleia Legislativa sempre foi transformada em palco de duras refregas em período de eleições municipais, com deputados medindo força para manter e, se possível, fortalecer, suas bases eleitorais. O processo deste ano manteve a regra, mas fez ferver os seus bastidores por causa do movimento de antecipação da grande disputa de 2022, no qual o presidente Othelino Neto será voz importante na mesa em que serão tomadas as grandes decisões. Até lá, O Palácio Manoel Beckman continuará como um centro de intensa movimentação política.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Desarmados, Edivaldo Jr. e Eduardo Braide se reúnem e acertam transição republicana

Edivaldo Jr. e Eduardo Braide no Palácio de la Ravardière: transição sem problemas na Prefeitura de São Luís

Foi saudável ver a visita ao prefeito eleito de São Luís, Eduardo Braide (Podemos) ao prefeito em fim de mandato Edivaldo Holanda Jr. (PDT), ontem, para tratar da transição. Dois políticos jovens, pertencentes a campos políticos e partidários diferentes, testados nas urnas e que se enfrentaram em 2016 pelo comando da Capital. Presenciado pela atual primeira-dama Camila Holanda e pela futura Graziela Braide, o encontro entre o prefeito e seu sucessor se deu de maneira republicana, em clima de descontração. Os dois trocaram gentilezas, conversaram sobre o processo de transição, falaram sobre o momento que o País está vivendo, sobre pandemia e trocaram impressões sobre o futuro da cidade que o prefeito entregará ao seu sucessor.

A descontração que marcou a visita é reflexo do fato de o prefeito Edivaldo Holanda Jr. haver-se mantido distante da guerra pelo voto, tendo com essa postura evitado feridas que certamente os distanciaria ainda mais. É também desdobramento da posição de alinhamento do PDT ao lado de Eduardo Braide no 2º turno, depois de tê-lo atacado duramente no 1º turno. Ninguém duvida de que se Edivaldo Holanda Jr. tivesse entrado de cabeça na campanha, primeiro apoiando Neto Evangelista e depois Duarte Jr., o encontro de ontem dificilmente teria acontecido, e mesmo se tivesse ocorrido, não teria sido tão descontraído como foi. Bem diferente de 2012, quando Edivaldo Holanda Jr. não se encontrou com João Castelo (PSDB) e o detonou no discurso de posse.

 

Esquema denunciado por Eudes Sampaio pode alcançar Josimar de Maranhãozinho

Josimar de Maranhãozinho 

Ganha proporções gigantescas e com a possibilidade de causar dramáticas explosões na bancada federal a operação da Polícia Federal que prendeu agiotas que estavam chantageando o prefeito de São José de Ribamar, Eudes Sampaio (PTB), para extorquir recursos de emendas federais na área de saúde. À medida que a investigação avança, novos fatos e personagens da trama envolvendo milhões em recursos públicos vai sendo desenhada. Ontem, além do encarceramento do notório agiota Pacovan na Penitenciária de Pedrinhas, depois de ter sido fotografado com o uniforme laranja, circulou a informação de que os deputados federais Josimar de Maranhãozinho (PL) e Pastor Gildenemyr (PL) e o deputado estadual Hélio Soares (PL) estariam por trás de um suposto esquema de venda de emendas. A revelação teria sido feita por um dos envolvidos preso pela PF, que diante das provas irrefutáveis, resolveu abrir o jogo. Se pelo menos parte das acusações forem verdadeiras, a ponto por meio da qual Josimar de Maranhãozinho pretende ir mais longe na política estadual será impiedosamente dinamitada.

São Luís, 05 de Dezembro de 2020.

Ministério Público acerta em cheio ao cobrar transição transparente em municípios que mudarão prefeito

 

Eduardo Nicolau: orientação republicana 

Os prefeitos em fim de mandato têm de garantir aos seus sucessores acesso prévio à situação administrativa e financeira dos seus municípios por meio de processo de transição. Antes visto quase como uma abstração, principalmente em municípios marcados por disputas políticas e eleitorais renhidas e tensas, o processo de transição ganha agora força de regra no Maranhão. Trata-se de procedimento saudável e republicano, que assegura ao governante que chega a oportunidade de se preparar para assumir o cargo com maior segurança, independentemente da situação em que se encontrar a máquina que vai administrar. Por iniciativa do Ministério Público estadual, a partir da orientação dada pelo procurador geral de Justiça, Eduardo Nicolau, no início de Novembro, às Promotorias maranhenses, no sentido de que assegurassem transição efetiva e transparente nos municípios onde as urnas decidiram por troca de comando em Janeiro.

Esse processo se dará em dezenas de municípios, a começar por São Luís, onde o prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT) terá de municiar o prefeito eleito Eduardo Braide (Podemos) com as informações sobre a administração, programas em andamento, situação fiscal – receita e despesa – e as do caixa municipal, para que ele não assuma no escuro e possa definir o seu plano de ação, incluindo aí o pacote de medidas para os primeiros 100 dias de gestão.

A recomendação do procurador geral de Justiça às Promotorias estabeleceu prazo de cinco dias para que prefeitos e sucessores definam comissões, e de 10 dias para que os representantes do prefeito forneçam todas as informações que forem solicitadas pelo prefeito eleito. A recomendação explicita que o processo deve ser transparente, para que não haja dúvidas a respeito do que for informado. Prevê também medidas extrajudiciais e judiciais contra o prefeito que se recusar a fazer a transição, criar dificuldades ou tentar manipular dados. Em caso de recusa, o primeiro procedimento Judicial será a assinatura de Termo de Ajustamento de Conduta, pelo qual o prefeito se compromete a fazer a transição, tornando-se sujeito a medidas judiciais severas caso não realize o processo dentro das regras.

Muitos prefeitos em fim de mandato e que não elegeram seus sucessores ou que concorreram à reeleição e foram derrotados encontram-se em situação complicada. Ontem, por exemplo, o prefeito Eudes Sampaio (PTB), de São José de Ribamar, derrotado nas urnas, foi o epicentro de uma operação da Polícia Federal para prender agiotas que estariam pressionando-o para que usasse dinheiro público para bancar “acertos” a juros escorchantes. Agiotagem envolvendo dinheiro público é crime, isso não se discute. Mas agiota não cobra dívida de quem não lhe deve. Se o prefeito Eudes Sampaio estava sendo chantageado e extorquido, algum compromisso ele assumiu. Assim como o Ministério Público e a Polícia Federal, o prefeito eleito Júlio Matos (PL), que é seu adversário figadal, certamente vai querer colocar essa estranha situação em pratos limpos. De preferência já na transição.

Cumprida por promotores de Justiça em todos os quadrantes do estado, a recomendação do procurador geral de Justiça, Eduardo Nicolau, é uma iniciativa cuja valia é imensurável, por meio da qual o Ministério Público Estadual cumpre corretamente seu papel institucional. Afinal, municípios muito perderam quando prefeitos em fim de mandato ou derrotados cuidavam de criar um ambiente de terra arrasada para esconder rombos ou dificultar a vida do adversário sucessor.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Bastidores da Câmara Municipal vivem clima de euforia dos reeleitos e baixo astral dos reprovados

Chico Carvalho e Isaías Pereirinha: alto astral e baixo astral na Câmara

Os bastidores da Câmara Municipal de São Luís estão vivendo fortemente uma dualidade clássica em parlamentos. De um lado a euforia dos vereadores reeleitos e de outro o baixo astral dos que foram mandados para casa. O presidente e de novo candidato a presidente Osmar Filho (PDT) é a expressão acabada da euforia por ter sido de novo o mais votado, mesmo que sua votação tenha encolhido. A euforia é expressada também por Astro de Ogum (PCdoB), Dr. Gutemberg (PSC), Chico Carvalho (PSL) e Chaguinhas (Podemos), quatro veteranos que se reelegeram e temiam ser mandados para casa vestir o pijama, e por novatos como Marcial Lima (Podemos), que foram à luta na linha central da lei das probabilidades e se deram bem renovando seus mandatos.  O baixo astral alcança “ex-bons de voto” como Isaías Pereirinha (PSL), Afonso Manoel Ferreira (Solidariedade), Pavão Filho (PDT), e figuras emblemáticas como Silvino Abreu e Sebastião Albuquerque (PSL), que após um longo período de reeleições consecutivas foram barrados no baile e mandados para casa. César Bombeiro (PSD), que foi despachado pelo eleitorado na condição de suplente de Karla Sarney (PSD).

 

Erlânio Xavier é forte candidato à reeleição, mas sucessão na Famem pode ser muito disputada

Erlânio Xavier e Fábio Gentil podem disputar a presidência da Famem

Não será fácil a reeleição do atual presidente da Famem e prefeito reeleito de Igarapé Grande Erlânio Xavier (PDT), homem forte do senador Weverton Rocha (PDT) na seara municipalista. Isso porque o deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL) e o vice-governador Carlos Brandão (Republicanos) estão se articulando fortemente para não dar espaço para que o senador pedetista permaneça no controle da entidade.

Erlânio Xavier conta com os votos do PDT e aliados, que somam 74. Por seu turno, se juntar os votos do Republicanos, PCdoB e PSB, o grupo liderado por Carlos Brandão, que pode apoiar a candidatura do prefeito reeleito de Caxias Fábio Gentil (Republicanos) terá um total de 57. E Josimar de Maranhãozinho pode lançar um candidato com 40 votos fechados. Nesse caso, sobrarão 46 votos, incluindo o do prefeito de São Luís, Eduardo Braide, que foi o único prefeito do Podemos eleito no Maranhão, para serem buscados pelos candidatos e seus apoiadores.

Não se duvida que na condição de presidente em busca da reeleição e com o apoio do senador Weverton Rocha, o prefeito Erlânio Xavier é candidato forte, com indiscutíveis condições de vencer na urna. Mas, no cenário do momento, com as forças partidárias divididas como se encontram, sua reeleição está longe de ser fato consumado.

São Luís, 04 de Dezembro de 2020.

Eduardo Braide mantém discurso e sinaliza que plano dos 100 dias é para dar jeito no que está fora do lugar

 

Eduardo Braide: gestão técnica e com controle total sobre a máquina

A gestão da Prefeitura de São Luís a partir do dia 1º de Janeiro terá viés predominantemente técnico, sem maiores interferências de aliados políticos com indicação de colaboradores fora daquele padrão.  Nas várias entrevistas que concedeu desde que as urnas anunciaram sua eleição, o prefeito eleito de São Luís, Eduardo Braide (Podemos), do alto dos seus 270.557 votos, manteve o discurso básico da campanha, no qual usa a habilidade política para deixar claro que só fará parte da sua equipe de ponta – secretários, chefes de autarquias e assessores especiais – quem tiver qualificação para cuidar da área que comandará. Isso vale para escolhidos por ele e para indicados por aliados. Na mesma linha da campanha, Eduardo Braide tem reafirmado que continuará as obras iniciadas pelo prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT). Ao mesmo tempo, tem feito declarações indicativas de que não colocará panos quentes no que encontrar fora da linha. “Tem escola que não tem água”, disse ontem, com o tom enfático da crítica, em entrevista ao programa Ponto e Vírgula, da Difusora FM.

A ênfase que tem dado ao arrojado plano para os primeiros 100 dias de sua gestão é reveladora de que o propósito é colocar em ordem o que está fora do lugar, assumir o controle sobre eventuais itens fora de controle. E se há situações como escola sem água e população mais pobre sofrendo na inaceitável fila para marcação de consultas, isso significa dizer que a gestão do prefeito Edivaldo Holanda Jr. falhou na educação e na saúde nos seus oito anos de gestão. O que não quer dizer que ele faça como Edivaldo Holanda Jr. fez com o ex-prefeito João Castelo (PSDB) no seu discurso de posse (1º de janeiro de 2013), cujo tom agressivo e virulento surpreendeu até mesmo os seus aliados. Mas suas declarações guardam recados avisando que um novo padrão de gestão, pouco identificado com o atual, está a caminho.

As sinalizações feitas pelo prefeito eleito de São Luís indicam que ele pretende governar com mão firme, tendo total e absoluto controle da máquina, mas ao mesmo tempo com uma janela aberta ao diálogo, sem, no entanto, abrir a guarda para fazer concessões. Esse posicionamento agora tem caráter preventivo, porque se ainda não sabe, o prefeito Eduardo Braide logo após a posse saberá que será confrontado com a política do toma-lá-dá-cá, ainda vigente na Câmara Municipal de São Luís. E será nesse campo que entrará o político frio e centrado que ele é para usar toda a sua habilidade para administrar o assédio de vereadores, que têm bases a alimentar e não brincam em serviço.

Nascido na forja da política tradicional e pautando sua trajetória na linha de centro-direita, posição que lhe valeu o apoio de espectro partidário que uniu direita e esquerda no 2º turno, Eduardo Braide parece determinado a trabalhar sustentado pelas três correntes, tendo o apoio de partidos de direita (PSC e PSD), de centro (Podemos, PSDB e PTB) e esquerda (PDT e PT). Se terá como alinhar boa convivência com esse lastro partidário multifacetado é algo que só se saberá em meados de 2021, quando os partidos iniciarem movimentações visando a grande disputa eleitoral de 2022. Ninguém duvida de que, ao contrário de Edivaldo Holanda Jr., que só cuidou das suas próprias eleições, Eduardo Braide será voz ativa na corrida ao Palácio dos Leões.

Para ganhar cacife e chegar em 2022 em condições de palpitar, o prefeito de São Luís precisará estar bem visto aos olhos da opinião pública. E isso só acontecerá se ele souber vencer os desafios que estão ganhando forma à sua frente, que não são poucos nem de fácil solução.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Duarte Jr. volta à AL, tem projeto aprovado e é alvo de especulação sobre cargo no Governo

Duarte Jr. na volta à Assembleia Legislativa

Em meio ao esfriamento dos ânimos esquentados pela campanha eleitoral, e embalado pelos 216.665 votos que recebeu no 2º turno da corrida à Prefeitura de São Luís, o deputado estadual Duarte Jr. (Republicanos) retornou ontem à Assembleia Legislativa comemorando uma vitória parlamentar e alvo de especulação segundo a qual será convocado pelo governador Flávio Dino para assumir um cargo no Governo do Estado.

A vitória parlamentar se deu com a aprovação pela Assembleia Legislativa, por unanimidade, do Projeto de Lei 113/2019, de sua autoria, que institui a Política Estadual de Formação e Capacitação Continuada de Mulheres para o Mercado de Trabalho. Voltado prioritariamente para mulheres vítimas de violência doméstica e mulheres chefes de família, o projeto prevê a oferta de cursos profissionalizantes em várias áreas. A nova Lei Estadual assegura que o Estado reserve para as mulheres 50% das vagas em programas já existentes, em parceria com as esferas nacional e municipal.

O projeto ganhou força a partir de dados da Delegacia da Mulher em São Luís, segundo os quais somente em 2018, foram registradas 1.870 denúncias de mulheres ameaçadas por companheiros ou conhecidos, o que levou à instauração de 1.625 inquéritos, 3.789 pedidos de medidas de proteção, 433 prisões e 1.120 casos de agressão física. Tais informações colocam a Capital do Maranhão numa situação delicada, exigindo medidas que funcionem como freio a essa escalada de violência.

– Eu agradeço pelo voto favorável, porque, infelizmente, em nossa cidade, 48% das casas são chefiadas por mulheres, mães solteiras e divorciadas. E essas mulheres precisam de mais oportunidade, precisam ter melhores condições para suprir as necessidades das suas famílias. Esse projeto é tão importante que, ao tempo em que ajuda essas mulheres que são chefes de família, também ajuda as mulheres a terem independência – destacou o deputado Duarte Jr. no agradecimento aos deputados.

Quanto à especulação sobre eventual licenciamento para assumir cargo no Governo se daria por conta de suposta indisposição do parlamentar com alguns colegas por conta da disputa em São Luís. O motivo não faz sentido, a começar pelo fato de que diferenças políticas se resolve é conversando. E a prova de que esse clima não existe é que o projeto de sua autoria foi aprovado por unanimidade. E depois, mesmo que haja ressentimentos, o mandato parlamentar está acima de diferenças e a Assembleia Legislativa é uma instituição sem dono.

 

Flávio Dino critica com razão a não preparação do Brasil para a vacina contra o coronavírus

Flávio Dino critica posição de Jair Bolsonaro

O anúncio feito ontem de que o Reino Unido aprovou a vacina da Pfizer-Biontech contra o novo coronavírus desenhou mais uma evidência dos erros de condução e procedimento do Governo Federal no enfrentamento da pandemia. O anúncio mostrou que muitos países, a começar pelo próprio Reino Unido, anteciparam a elaboração de estratégias para vacinação em massa, tendo se preparado para imunização tão logo as primeiras vacinas fossem aprovadas. Os britânicos começarão a ser vacinados já na próxima semana. Enquanto isso, em entrevista concedida ontem sobre o assunto, o general que comanda o Ministério da Saúde assessorado por coronéis e capitães, se enrolou todo, sem saber precisar como o Brasil vai imunizar seus mais de 220 milhões de habitantes.

Crítico severo da maneira desastrada como o Governo Federal vem atuando na pandemia, e da posição ostensiva do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contra todas as medidas de isolamento social, o governador Flávio Dino reagiu no twitter às incertezas deixadas no ar pelo ministro da Saúde. “Vários países já começando vacinação contra o coronavírus. Aqui, os delírios de Bolsonaro atrasaram tudo. Além de incompetente, temos um irresponsável e desumano ocupando a presidência do Brasil”.

O tom duro usado pelo governador é o de quem sabe o que está dizendo. E com um dado a mais: sua posição crítica está sustentada no sucesso das medidas de enfrentamento do novo coronavírus que adotou no Maranhão. As ações planejadas de acordo com as orientações da OMS produziram os resultados pretendidos, colocando o estado entre os cinco que melhor combateram a pandemia.

São Luís, 03 de Dezembro de 2020.

Em recado ao PDT, Flávio Dino aponta tensão na aliança governista e avisa que ela será revisada

 

Recado de Flávio Dino sobre a aliança por causa das tensões entre Weverton Rocha e Carlos Brandão

O desacerto em parte das forças governistas causado pelo desfecho da eleição em São Luís, marcado pelo apoio do PDT, liderado pelo senador Weverton Rocha, ao candidato e adversário do Governo Eduardo Braide (Podemos), contra o candidato governista Duarte Jr. (Republicanos), bem como a atitude do prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT) de ficar neutro na disputa, se negando a fazer o que foi feito a seu favor em 2012 e 2016, produziu a primeira consequência. Ontem, o governador Flávio Dino (PCdoB) avisou, via twitter, que, por ter sido tensionada nas eleições por causa da sua sucessão em 2022, a aliança por ele construída será revista. Não foi uma declaração de ruptura, mas um recado contundente de que, por conta do não cumprimento dos acordos que possibilitaram as várias candidaturas da base governista em São Luís, e segundo os quais todos se uniriam em favor de que fosse para o 2º turno, a aliança foi fortemente afetada e precisa ser rediscutida.

Na sua postagem, Flávio Dino apontou a antecipação da corrida à sua sucessão, que envolve diretamente o senador Weverton Rocha, que levou o PDT a uma aliança com o DEM em torno do deputado Neto Evangelista (DEM), sem o aval do prefeito Edivaldo Holanda Jr., e o vice-governador Carlos Brandão (Republicanos), que apoiou naturalmente a candidatura do deputado Duarte Jr., do seu partido. No 2º turno, quando a lógica indicava que o PDT apoiaria o candidato do Republicanos, o partido divulgou uma nota anunciando neutralidade, mas na prática se posicionou a favor do candidato do Podemos. A reação do vice-governador Carlos Brandão acusando o comando pedetista desertar da aliança, corroborando declarações feitas dias antes pelo deputado federal Rubens Jr. (PCdoB), de que quem não estivesse com Duarte Jr. estaria contra Flávio Dino, exaltou os ânimos dentro da base governista.

Vozes governistas criticam duramente o comando do PDT lembrando que as forças lideradas pelo governador Flávio Dino marcharam com o PDT em 2016 e garantiram a reeleição do prefeito Edivaldo Holanda Jr., e fizeram o mesmo em apoio à candidatura do então deputado federal Weverton Rocha para o Senado em 2018. Para essas vozes, não faz nenhum sentido a mobilização do PDT a favor de Eduardo Braide contra Duarte Jr. pelo fato de ele pertencer ao partido do vice-governador, que não esconde projeto de candidatar-se à sucessão do governador Flávio Dino. O sentimento dominante no círculo mais próximo do governador Flávio Dino é o de que, com sua postura em São Luís, o PDT colocou a aliança em xeque. E nesse sentido, aliados do governador argumentam que as bases da aliança, principalmente no que diz respeito ao PDT, foram trincadas e precisam de reparo urgente.

– Nossa aliança estadual está tensionada por conta da disputa pela vaga de governador, já que não posso ser reeleito. Esse processo de revisão das alianças estaduais exige diálogo, serenidade e prudência. Espero que os partidos políticos se dediquem a isso”, afirmou Flávio Dino, qualificando o processo como “normal e democrático”. Mesmo sendo cuidadoso para evitar o agravamento tensão, o governador deixou muito claro que não dá para continuar como está depois de tudo o que aconteceu na corrida para a Prefeitura de São Luís.

Afinal, com o aval do senador Weverton Rocha, o presidente do PDT de São Luís, vereador Osmar Filho, declarou apoio a Eduardo Braide, sendo seguido por seus colegas de partido Raimundo Penha e Nato Jr., uma iniciativa impensável sem o aval da cúpula estadual. Na visão dos governistas, a equação é simples: Eduardo Braide é um adversário do Governo e tem projeto próprio e ganhou do PDT o apoio que precisava para viabilizá-lo. A “DR” para eliminar a tensão e recompor integralmente a estabilidade da base será complicada, pontilhada de nuances e, como tudo em política, com desfecho imprevisível.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Edivaldo Holanda Jr. se isolou para não apoiar Neto Evangelista nem Duarte Jr.

Edivaldo Holanda Jr.: só

Ao contrário do que muita gente está imaginando, o prefeito Edivaldo Holanda Jr. não participou do movimento do PDT para apoiar a candidatura de Eduardo Braide no 2º turno da disputa em São Luís. Nem sua neutralidade na disputa se deu em atenção à posição formal adotada pelo PDT por orientação do comando nacional do partido. O prefeito se isolou por vontade própria, não tendo sua atitude qualquer relação com a movimentação da cúpula da agremiação pedetista.

Já era sabido que Edivaldo Holanda Jr. avisara ao senador Weverton Rocha que não apoiaria a aliança do seu partido com o DEM em torno da candidatura do deputado Neto Evangelista (DEM). O recado foi dado em meados de 2019, quando Edivaldo Holanda Jr. não compareceu ao ato em que presidente nacional do DEM, o seu colega prefeito de Salvador ACM Neto, esteve em São Luís declarar apoio à candidatura de Neto Evangelista em aliança com o PDT. A rusga entre os dois surgiu nos idos de 2012, quando o agora candidato do DEM disputou a Prefeitura como vice do prefeito João Castelo (PSDB). Houve troca de acusações, restaram mágoas. Weverton Rocha e Neto Evangelista articularam a aliança sabendo que ela não seria apoiada pelo prefeito. Houve sondagens para reverter a posição no 2º turno em apoio a Eduardo Braide, mas o prefeito se manteve irredutível.

O mesmo movimento foi feito pelo presidente do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry – que coordenou suas duas campanhas vitoriosas para a Prefeitura – em busca do apoio do Palácio de la Ravardière à candidatura de Duarte Jr. (Republicanos) no 2º turno, mas Edivaldo Holanda Jr. se mostrou inflexível. O próprio governador Flávio Dino o sondou sobre o assunto, mas o prefeito prometeu fazer consultas à sua consciência e às suas conveniências, e não retornou. Outros aliados dele tentaram, mas ele não abriu espaço para conversa.

Não há, na base governista e no próprio entorno dele, quem tenha uma explicação lógica e convincente para o isolamento do prefeito Edivaldo Holanda Jr.. Afinal, trata-se de um político jovem, que apoiado por muitos, principalmente pelo governador Flávio Dino, construiu um bom lastro nos oito anos de Prefeitura de São Luís, e tem futuro amplo pela frente. E como em política ninguém vai longe sozinho, a pergunta do momento é: como ele pretende alçar novos voos sem uma base de apoio? Só ele pode responder.

 

Eduardo Braide vai montar equipe técnica, com pouco espaço para indicação política

Eduardo Braide

É grande a expectativa em relação à equipe que o prefeito eleito Eduardo Braide (Podemos) vai montar para assumir o comando da Prefeitura de São Luís a partir de 1º de Janeiro. Uma fonte próxima do prefeito eleito disse à Coluna que ele está determinado a formar um time rigorosamente técnico, no qual não haverá muito espaço para indicações políticas. Revela também que ele é exigente com relação a desempenho e que não admitirá equívocos nem corpo-mole na sua gestão. Os que toparem o desafio terão de estar preparados para trabalhar quase sem folga nos primeiros 100 dias, período  ao qual será imposto ritmo de maratona. O futuro prefeito tem dito que  trabalhará todos os dias, e que dividirá seu tempo entre despachos no Palácio de la Ravardière, inspeções a obras e “incertas” em hospitais, prontos-socorros e escolas. “Quem for convidado para entrar na equipe é bom pensar duas vezes antes de aceitar”, diz a fonte, que preferiu manter o anonimato.

São Luís, 01 de Dezembro de 2020.