Arquivos mensais: julho 2018

Ao abrir a “Caravana da Guerreira” em Lago da Pedra, Roseana Sarney admitiu que está incomodada com Maura Jorge

 

Junto com César Pires, Luis Osmany, Edilázio Jr. e Edison Lobão, Roseana Sarney registra selfie em Lago da Pedra; Maura eufórica na visita de Jair Bolsonaro ao Maranhão
Junto com César Pires, Luis Osmany, Edilázio Jr. e Edison Lobão, Roseana Sarney registra selfie em Lago da Pedra; Maura eufórica na visita de Jair Bolsonaro ao MA

 

Por mais que os fatos falem mais alto, é difícil para qualquer observador da cena política maranhense assimilar como verdadeira a situação que ocorreu terça-feira em Lago da Pedra, onde a ex-governadora Roseana Sarney (MDB) iniciou a “Caravana da Guerreira”, a maratona de visitas a municípios por meio da qual pretende chegar mais uma vez ao Palácio dos Leões. Ali, acompanhada do senador Edison Lobão (MDB) e do deputado estadual Edilázio Jr. (PV) e César Pires (PEN), a pré-candidata emedebista foi recebida pelo ex-prefeito Luis Osmany, um velho adversário, e não pela ex-prefeita Maura Jorge (PSL), cuja família foi durante décadas o braço forte do Grupo Sarney na região, e a quem agora trata como adversária “perigosa” na disputa pelo Governo do Estado. Ainda que não tenha se referido à ex-prefeita nas suas falas, a insatisfação de Roseana Sarney em relação a Maura Jorge foi tão evidente e ostensiva, que foi percebida pela mais desatenta das testemunhas da sua passagem por Lago da Pedra. E, segundo um observador, tirou definitivamente Maura Jorge do anonimato político, dando-lhe um impulso que a porta-voz do bolsonarismo no Maranhão normalmente não conseguiria por seus próprios esforços. E a conclusão dominante sobre o ocorrido foi a seguinte: Roseana Sarney está realmente incomodada com a desenvoltura política de Maura Jorge.

Evidente que a preocupação de Roseana Sarney com Maura Jorge não está relacionada com a possibilidade de que a pré-candidata do PSL venha a ameaçar a posição da ex-governadora na corrida ao Palácio dos Leões. Por maior que seja o espaço que possa vir a ocupar como braço do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) no Maranhão, Maura Jorge não reuniu,  e dificilmente reunirá, cacife para se tornar uma ameaça de fato à posição. Forte na sua região, a pré-candidata do PSL poderá avançar na esteira da corrida presidencial, mas todas as avaliações feitas até agora indicam que ela dificilmente ultrapassará a condição de adversária do senador Roberto Rocha, candidato ao PSDB, no segundo time da corrida ao cargo de governador do Maranhão.

Na verdade, os problemas de Roseana Sarney no contexto da corrida sucessória são muito maiores e mais complexos do que a movimentação de Maura Jorge. A ex-governadora entrou numa guerra sem as armas que teve à disposição e usou intensamente nas eleições em que foi largamente vitoriosa (1994, 1998 e 2010): apoio dos presidentes da República e dos governadores do momento, das máquinas federal e estadual e de ampla malha partidária. Sempre teve adversários bem definidos, mas nada comparado ao movimento de Maura Jorge. E quando teve de enfrentar um revés, este foi o governador José Reinaldo, que atrapalhou seu plano ao apoiar a candidatura vitoriosa de Jackson Lago (PDT). Agora, ela tem pela frente ninguém menos que o governador Flávio Dino (PCdoB ), largamente favorito, segundo as pesquisas, o que no contexto da corrida sucessória torna a pré-candidatura de Maura Jorge um fato barulhento, mas sem a solidez que um projeto dessa natureza exige. As dificuldades do tucano Roberto Rocha, que tem um projeto muito mais sólido exemplificam com muita clareza tal situação.

Qualquer político experiente aconselharia a ex-governadora a não iniciar o roteiro da sua “Caravana da Guerreira” por Lago da Pedra, exatamente pelo risco de aparentar preocupação,  fragilidade política e insegurança eleitoral. Isso, é claro, não é uma verdade absoluta, a começar pelo faro de que em política o que aparenta obviedade costuma enganar. Roseana Sarney pode ter feito esse movimento acreditando que a escolha de Lago da Pedra seria interpretada como uma “coincidência”, que nada tem a ver com a candidatura de Maura Jorge. Se pensou assim, errou feio na avaliação, porque, ao contrário, a imagem que passou foi a deque está de isto incomodada com a desenvoltura da agora ex-aliada, que assumiu a representação da extrema direita no Maranhão.

 

 PONTO & CONTRAPONTO

 

Recuperado de acidente, José Reinaldo deve encarar os problemas que o aguardam no PSDB

José Reinaldo Tavares, com Crisálida ???, está em forma e deve enfrentar os problemas no PSDB
José Reinaldo Tavares, com Crisálida ???, está em forma e deve enfrentar os problemas da sua candidatura no PSDB

Recuperado de um acidente automobilístico que sofreu na BR-402, próximo a Barreirinhas, no Domingo (1º), o ex-governador e deputado federal José Reinaldo Tavares está de volta à corrida eleitoral como candidato a senador pelo PSDB. O retorno do ex-governador à maratona pré-eleitoral deve começar por um amplo entendimento dentro do PSDB, visando consolidar sua candidatura, que está ameaçada por causa das diferenças que o distanciaram do comando do partido no Maranhão. José Reinaldo é acusado pelo senador Roberto Rocha, presidente do PSDB e seu candidato a governador, e pelo secretário-geral Sebastião Madeira, ex-prefeito de Imperatriz, de fazer campanha paralela, separada do partido e, por isso, nã se integrar ao projeto maior da agremiação. A crise no ninho dos tucanos foi agravada recentemente pela movimentação do deputado federal Waldir Maranhão, com a anuência do comando partidário, com o objetivo de ocupar a vaga de candidato a senador destinada ao ex-governador. O acidente – que envolveu também Crisálida Rodrigues, mulher do ex-governador -, produziu uma trégua dentro do ninho dos tucanos, mas o retorno de José Reinaldo ao cenário da corrida eleitoral deve reiniciar o embate. E não há dúvida de que a candidatura do ex-governador corre sério risco.

 

Cleomar Tema quer Tuntum como exemplo na aplicação dos recursos extras do Fundeb

Cleomar Tema dá exemplo no uso dos recursos extras do Fundeb em Tuntum
Cleomar Tema dá exemplo no uso dos recursos extras do Fundeb em Tuntum

A Prefeitura de Tuntum vai aplicar na área de Educação 100% dos recursos adicionais do Fundeb, repassados pela União como reposição de perdas sofridas pelos municípios no cálculo de repasses do antigo Fundef durante vários anos. A decisão foi tomada e anunciada pelo prefeito Cleomar Tema (PSB), presidente da Federação dos Municípios do Maranhão (Famem). A iniciativa de Cleomar Tema, além de dar transparência ao emprego desses  recursos em Tuntum, deve também funcionar como uma espécie de recomendação informal do presidente da Famem no sentido de que os prefeitos de municípios beneficiados façam o mesmo.

– Em Tuntum, não há o que discutir. Resolvemos que esses recursos serão aplicados 100% na educação, através de recuperação de escolas, salário de professores, aquisição de ônibus escolares, capacitação dos educadores e compra de equipamentos – explicou o prefeito Cleomar Tema, chamando atenção para o fato de que a liberação desses recursos dá aos municípios, principalmente aos menores e mais carentes, uma oportunidade rara de melhorarem efetivamente os seus sistemas educacionais.

O presidente da Famem lembra que a decisão de empregar integralmente esses recursos na Educação é, na verdade, o cumprimento de uma obrigação. É que na sessão de 23 de Agosto do ano passado, o Tribunal de Contas da União (TCU), decidiu, por unanimidade, que os recursos originados no antigo Fundef devem ser empregados exclusivamente na educação, ficando vetado seu uso em qualquer outra área, como pagamento de honorários advocatícios, por exemplo.

Cleomar Tema alerta os prefeitos no sentido de abrir uma conta bancária exclusiva para depositar e movimentar esses valores, de modo a dar à aplicação a maior transparência possível, facilitando o acompanhamento dos órgãos fiscalizadores. Nesse sentido, na semana passada o Ministério Público, juntamente com o Tribunal de Contas do Estado e o TCU reuniram 13 prefeitos de pequenos municípios para orientá-los no sentido de seguir as regras para a aplicação desses recursos, deixando claro que fiscalização será severa.

São Luís, 05 de Julho de 2018.

Flávio Dino sai na frente com aliança partidária definida; Roseana Sarney ainda busca base política para definir aliados

 

Terça-Feira: Flávio Dino com dezenas de prefeitos num ato de entrega de ambulâmcias; Roseana, tendo Lobão ao Lado, em Lago do Junto, com o ex-prefeito Leda
Terça-Feira: Flávio Dino com dezenas de prefeitos em ato de entrega de ambulâncias; Roseana, tendo Lobão ao Lado, em Lago do Junto, com o ex-prefeito Leda

 

A corrida eleitoral, que já vinha ganhando volume e intensidade, entra agora no ritmo frenético que a marcará até o dia da votação, 7 de Outubro. O governador Flávio Dino (PCdoB), que antecipou a estruturação política e partidária do campo que lidera, saiu mais uma vez na frente ao marcar para o próximo dia 28 de Julho as convenções por meio das quais agremiações concretizarão a grande coligação, formalizando as chapas majoritária, com candidatos a governado e a senador, e proporcional, com aspirantes a deputado estadual e deputado federal, e que será por ele liderada, a partir de quando esse movimento entrará na fase de campanha formal. A ex-governadora Roseana Sarney (MDB), por seu turno, ainda não definiu como será a aliança que a terá como candidata ao Governo do Estado, preferindo neste momento incursionar pelo estado em busca de suporte político e eleitoral para consolidar o seu projeto de voltar ao poder. Roberto Rocha (PSDB) e Maura Jorge (PSL) nada definiram ainda sobre aliança e convenção.

A tendência de polarização da corrida pelo Governo do Estado coloca o governador Flávio Dino e a ex-governadora Roseana Sarney no epicentro da disputa, a partir do fato de que ele aparece nas pesquisas como franco favorito, com possibilidade de liquidar a fatura já no primeiro turno, e ela pontificando em segundo, fazendo grande esforço para levar o confronto eleitoral para uma segunda rodada.

Flávio Dino está se desdobrando para cumprir uma agenda com três frentes: cuidar das ações de Governo, numa maratona de despachos e inaugurações; lapidar as articulações comandadas pelo seu principal porta-voz, o ex-secretário de Comunicação e Articulação Política e presidente do PCdoB, jornalista Márcio Jerry, que cuida também da sua própria campanha à Câmara Federal; e, finalmente, as démarches no plano nacional, onde é partidário da candidatura do ex-presidente Lula da Silva (PT), e caso de ela ser inviável, o lançamento de um candidato que reúna os segmentos de esquerda. Flávio Dino sabe que não pode vacilar no plano administrativo nem no plano político, a começar pelo fato de que são esses fatores – boa gestão e coerência política – a base do seu prestígio e o gás que está embalando sua caminhada.

Roseana Sarney se movimenta para compor a aliança que vai liderar, tendo como certa a participação do PV e do Podemos, devendo atrair ainda outros partidos menores. Sem um suporte político forte no plano nacional, a ex-governadora aposta todas as suas fichas no seu prestígio pessoal, acumulado durante aos seus mais de 13 anos de inquilinato no Palácio dos Leões. Iniciada ontem em Lago da Pedra, base principal da concorrente Maura Jorge, a chamada “Caravana da Guerreira” é a reedição de uma estratégia usada em outras campanhas da emedebista. Roseana Sarney anuncia a sua volta. A incursão, por meio da qual pretende percorrer todos os 217 municípios ao longo da campanha, é o caminho pelo qual Roseana Sarney espera estabelecer – em muitos casos, retomar – laços como eleitorado a partir das lideranças que vieram a apoiá-la. Nada disse até agora sobre alianças e convenções, que só deve definir no início de Agosto.

Os movimentos do governador são claramente planejados, nada parecendo ser fruto do improviso. Os movimentos da ex-governadora também fora concebidos por uma cúpula política com décadas e décadas de experiência, mas mesmo assim deixa no ar uma forte impressão de que alguns dos seus passos têm por base a improvisação. Nesse cenário, por onde passa o governador Flávio Dino tem sido embalado por grandes grupos de eleitores, enquanto a ex-governadora Roseana Sarney tem levado seu recado a pequenos grupos em ambientes fechados, como aconteceu, por exemplo, nesta terça-feira em Lago do Junco.  Mas no meio político a previsão dominante é a de que a campanha “vai pegar fogo”.  Com o gás que nela será injetado por Roberto Rocha, Maura Jorge, Odívio Neto (PSOL) e Ramon Zapata, que decidiu entrar na disputa pelo PSTU.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Flávio Dino e Roseana Sarney têm relações diferenciadas com candidatos a senador

Weverton Rocha e Eliziane gama seguem Flávio Dini, enquanto Edison Lobão e Sarney Filho ainda não ajustaram agenda com Roseana Sarney
Weverton Rocha e Eliziane gama seguem Flávio Dini, enquanto Edison Lobão e Sarney Filho ainda não ajustaram agenda com Roseana Sarney na pré-camoanha

Uma diferença tem marcado os movimentos de Flávio Dino e de Roseana Sarney. Em todos os seus eventos recentes, o governador tem sido acompanhado pelos dois candidatos ao Senado, os deputados federais Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PPS), contando também, na maioria dos casos, com o vice-governador Carlos Brandão (PRB). Weverton Rocha, que é o líder da minoria na Câmara Federal, mantém uma intensa ponte-aérea São Luís/ Brasília/ São Luís, o mesmo acontecendo com Eliziane Gama, com a diferença de que ela não tem o peso de liderar bancada. A ex-governadora nem sempre tem os dois candidatos ao Senado, o senador Edson Lobão (MDB) e o deputado federal Sarney Filho (PV). Edison Lobão, que permaneceu semanas em Brasília recuperando-se de um problema no fêmur, já superado, é às vezes obrigado a permanecer em Brasília devido à sua condição de presidente da poderosa e decisiva Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Na estranha visita que fez a Mirinzal, na semana passada, a ex-governadora teve a companha do deputado Sarney Filho. Ontem, em Lago do Junco e Lago da Pedra, Roseana Sarney estava acompanhada do senador Edison Lobão.

 

Desenhado o embate entre Roberto Rocha e Maura Jorge

Roberto Rocha e Maura Jorge: disputa isolada ma corrida aos Leões
Roberto Rocha e Maura Jorge: disputa isolada ma corrida aos Leões

Ganha ares de certeza no meio político a impressão de que, embalada pelo presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), Maura Jorge se movimenta para sair das urnas com vantagem sobre o senador Roberto Rocha (PSDB), tendência indicada nas últimas pesquisas. Os tucanos de proa, porém, não querem nem ouvir nessa possibilidade, preferindo acreditar que que o candidato tucano vai dar a volta por cima durante a campanha para medir força com a ex-governadora Roseana Sarney para encarar o governador Flávio Dino no ainda improvável segundo turno. É fato que no momento, levando em conta as margens de erro que balizam esses levantamentos feitos para medir as preferências do eleitorado, Maura Jorge e Roberto Rocha estão no mesmo patamar.  Com a diferença de que Maura Jorge conta com o motor bolsonarista para empurrá-la, enquanto Roberto Rocha vive a situação contrário de ter que embalar o pesado fardo que é o presidenciável Geraldo Alckmin no Maranhão.

São Luís, 04 de Julho de 2018.

A 100 dias das eleições, Flávio Dino se mantém forte, Roseana Sarney tenta de fortalecer e Roberto Rocha mede força com Maura Jorge

 

Flávio Dino lidera, seguido por Roseana Sarney, Roberto Rocha e Maura Jorge
Flávio Dino lidera corrida ao Palácio dos Leões seguido por Roseana Sarney, Roberto Rocha e Maura Jorge

A 100 dias, ou seja, a 2.400 horas, das eleições, e a 18 dias (430 horas) do início do período das convenções partidárias, quando os pré-candidatos deverão ser transformados oficialmente em candidatos, para, a partir de então, sair a campo na caça ao voto para valer, o cenário da corrida ao Palácio dos Leões ganha um tom mais forte, indicando que uma verdadeira guerra política está a caminho. Ao mesmo tempo em que o governador Flávio Dino (PCdoB) incursiona pelo estado inaugurando obras, buscando o fortalecimento da sua condição de favorito, a ex-governadora Roseana Sarney (MDB) se movimenta para, de um lado, retomar sua agenda de visitas a municípios, e de outro, tentar criar embaraços judiciais ao chefe do Executivo. Nesse cenário, o senador Roberto Rocha, pré-candidato do PSDB, intensifica sua agenda de incursões ao interior, agora tendo a ex-prefeita de Lago da Pedra, Maura Jorge (PSL), braço bolsonarista no estado, como o obstáculo a ser vencido, ambos observados pelo professor Odívio Neto, candidato confirmado do PSOL. Além disso, o cenário é ainda composto por duas incertezas: para onde irão mesmo o deputado Eduardo Braide (PMN) e o ex-deputado Ricardo Murad (PRP)?

Por mais que se considere válidos os argumentos do tipo “ainda é cedo” e que “a maré pode virar” na campanha no rádio e na TV, que será iniciada no dia 27 de Agosto, é fato incontestável que, até aqui, o governador Flávio Dino lidera, com ampla folga, as preferências do eleitorado, e mais do que isso, sem qualquer indicação de uma mudança de curso. Tem como principal adversário a ex-governadora Roseana Sarney, apontada nas pesquisas – as que já foram divulgadas e as que ela própria vem contratando para consumo próprio – em segundo lugar, num patamar estável, que demonstra poder de fogo razoável, mas ainda insuficiente para ameaçar a posição do favorito. Mais ainda: de acordo com os levantamentos feitos até aqui, somados, os percentuais de Roseana Sarney, Roberto Rocha, Maura Jorge, Ricardo Murad e Odívio Neto não chegam a acender o sinal vermelho para o governador.

Os fatores que desenham esse cenário são muito claros. Flávio Dino comanda um Governo administrativamente inovador, com foco no investimento social, e politicamente de transição do sarneysismo para uma realidade política mais plural e diversificada no Maranhão. Roseana Sarney tem um lastro de 12 anos de Governo, que foram do arrojo inovador ao “rame-rame” conservador. Politicamente, Flávio Dino representa o novo, enquanto Roseana Sarney é porta-voz de um sistema exaurido, com muita dificuldade de se apresentar como o novo. Portanto, mais do que uma guerra personalizada do tipo “Dino X Sarney”, a possível reeleição do governador consolidará a transição iniciada com a eleição de 2014, abrindo caminho até para o surgimento de outras vias, com espaço para a sobrevivência de vias como Roberto Rocha e de Maura Jorge, como também abrindo veredas para projetos importantes, como o próximo passo do prefeito de São Luís, Edivaldo Jr. (PDT), e a materialização da expectativa criada pelo deputado estadual Eduardo Braide. Nesse contexto, a eventual volta de Roseana Sarney ao poder não gera muitas expectativas, a começar pelo fato de que ela e seu grupo não conseguiram alimentar o discurso na inovação. Essa é a realidade nua, crua e incontestável da política maranhense nesse momento.

Com faro suficientemente apurado para saber que a situação lhe é desfavorável, Roseana Sarney investe agora numa frente na qual já se deu bem: a judicialização da guerra política, sendo a investida mais recente um pedido de impeachment do governador Flávio Dino, protocolado na Assembleia Legislativa pelo deputado Edilázio Jr. (PV). Só que o governador tem maioria folgada para mandar o pedido para o arquivo morto. Mas não é só isso: ao contrário de outros adversários, que trucidou no tapetão judicial, como o governador Jackson Lago (PDT), por exemplo, Roseana Sarney tem pela frente um ex-juiz federal, que sabe jogar nessa seara, o que reduz drasticamente as chances de qualquer iniciativa nesse sentido.

O fato é que 100 dias das eleições, a corrida ao Palácio dos Leões entra na fase de ajuste de rumo, para finalmente entrar na fase decisiva, do tudo ou nada. Flávio Dino caminha para as convenções com uma chapa definida, com Carlos Brandão como vice e os deputados federais Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PPS) como candidatos ao Senado, e o suporte de uma aliança formada por 14 partidos. Roseana Sarney se movimenta ainda sem vice e com o senador Edison Lobão (MDB) e Sarney Filho (PV) como candidatos ao Senado, e ainda sem uma aliança partidária definida. Roberto Rocha se aproxima da convenção tucana ainda sem vice, e com um o deputado Alexandre Almeida confirmado como um dos candidatos a senador, tendo a segunda vaga agora sendo disputada pelo ex-governador José Reinaldo Tavares e o deputado federal Waldir Maranhão. Odívio Neto com nomes a serem confirmados para vice e senador. E Maura Jorge ainda sem qualquer definição nessa seara.

Agora é prestar muita atenção nos movimentos de cada um e aguardar o que vem por aí.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Roseana Sarney iniciará maratona de visitas por Lago da Pedra e não inclui Bacabal na visita ao Médio Mearim.

Roseana Sarney define roteiro para fase inicial da pré-campanha
Roseana Sarney define roteiro para fase inicial da pré-campanha eleitoral

A ex-governadora Roseana Sarney decidiu iniciar o corpo-a-corpo com o eleitorado antes da convenção da convenção que confirmará sua candidatura ao Governo do Estado pelo MDB. A maratona terá largada na terça-feira (03) em Lago da Pedra e Lago do Junco, prosseguirá na quarta-feira (04) no Médio Mearim, com passagem por Lago dos Rodrigues, Igarapé Grande, Bernardo do Mearim, Pedreiras, Trizidela e Lima Campos, e será encerrada na quinta-feira (05) com visita aos três maiores municípios da Região dos Cocais: Timon, Caxias e Codó. A pré-candidata do MDB será acompanhada elos candidatos a senador Edison Lobão (MDB) e Sarney Filho (PV).

O roteiro definido por Roseana Sarney tem dois dados que chamam atenção. O primeiro deles pelo fato de ela iniciar a maratona exatamente em Lago da Pedra, maior e principal base política e eleitoral de Maura Jorge (PSL), que já foi integrante destacada do Grupo Sarney e sua aliada de primeira linha, e hoje é pré-candidata ao Governo do Estado, ganhando impulso como porta-voz do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL).O outro foi a não inclusão no roteiro de Bacabal, que é o epicentro da Região do Médio Mearim, provavelmente pelo fato de o município está politicamente convulsionado pela cassação do prefeito Zé Vieira e tem nova eleição a ser realizada ainda neste ano. Em Bacabal seu aliado preferencial é o grupo do senador João Alberto (MDB), mas a ex-governadora tem “amigos” no grupo de Zé Vieira e não deve querer entrar em bola dividida.

 

MDB espera que eleição em Bacabal só aconteça depois das eleições de Outubro

Edvan brandão deve disputar com Carlinhos Florêncio
Edvan brandão deve disputar com Carlinhos Florêncio em Bacabal

Na guerra pela Prefeitura de Bacabal, o comando do MDB trabalha com uma certeza: a nova eleição para prefeito não será realizada antes das eleições de Outubro, podendo acontecer junto com as eleições de Outubro, com o eleitorado bacabalense tendo apenas de apertar mais dois números na urna eletrônica, ou em novembro, após as eleições gerais. Em princípio, o candidato do partido será o atual presidente da Câmara Municipal Edvan Brandão (PSC), que assumirá Prefeitura até o dia 31 de dezembro, tão logo o TSE publique acórdão da decisão que cassou o prefeito Zé Vieira (PR) e o vice Florêncio Neto (PHS). Brandão terá a vantagem de concorrer no cargo, e na avaliação da cúpula emedebista tem condições de até lá tomar decisões que o fortaleçam e convença a maioria de que pode ser um bom prefeito. Se a eleição vier a acontecer em Novembro, o deputado Roberto Costa poderá disputar a Prefeitura em dois cenários: se Edvan Brandão não decolar e ele for reeleito para a Assembleia Legislativa em Outubro, disputará a Prefeitura sem o risco de ficar sem mandato, caso não seja bem sucedido nas urnas. Do outro lado, fala-se muito na possibilidade de o deputado estadual Carlinhos Florêncio (PCdoB) seja o candidato a ser apoiado pelo ex-prefeito Zé Vieira e pelo Grupo que lhe deu suporte.

São Luís, 20 de Junho de 2018.