Arquivos mensais: setembro 2016

Wellington do Curso e Eliziane Gama terão de mudar estratégias se não quiserem que Edivaldo Jr. vença no primeiro turno

 

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Distanciamento de Edivaldo Jr. pode estimular confronto entre Wellington do Curso e Eliziane Gama em São Luís

As pesquisas mais recentes, uma do Ibope outra do Escutec, ambas publicadas pelo jornal O Estado do Maranhão, balizaram acorrida eleitoral em São Luís, apontando o prefeito e candidato à reeleição Edivaldo Jr. (PDT) na liderança e uma briga intensa pelo segundo lugar entre Wellington do Curso (PP) e Eliziane Gama (PPS) para definir o adversário do primeiro num eventual segundo turno, se não quiserem que o prefeito dispare e vença primeiro turno. A repercussão dessas informações acerca das preferências do eleitorado foi e continua sendo muito forte, à medida que resultou no acirramento do confronto, principalmente entre o entre o candidato do PP e a candidata do PPS. Ambos vinham centrando fogo contra o prefeito, mas os percentuais das últimas pesquisas estão fazendo com que os dois substituam uma trégua informal para partir, cada um a seu modo, para o embate. Eliziane vinha fazendo uma campanha cuidadosa, responsabilizando Edivaldo Jr. pelos problemas da Capital, enquanto Wellington fala o mesmo, só que em tom mais agressivo em relação. Agora, diante do avanço significativo do prefeito, os dois encontram-se numa encruzilhada onde o enredo é o  clássico “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”.

A equação é simples, e sem mistério. Nos primeiros momentos da campanha, Eliziane e Wellington jogaram todo o seu peso crítico sobre a atual gestão, tentando pregar em Edivaldo Jr. o carimbo da incompetência e, naturalmente, apresentando-se como salvadores da pátria.  Essa estratégia, porém, foi simplesmente desmontada quando o prefeito iniciou sua avassaladora campanha na TV. Diante do volume de informações que divulga a cada dia e do discurso seguro e objetivo que o candidato do PDT tem feito, seus adversários mais perigosos tentam reverter a perda de pontos com campanhas não muito eficientes em matéria de proposição.

Wellington do Curso partiu para a emoção, enchendo sua própria bola com o argumento segundo qual São Luís poderá ser administrada por um prefeito que estudou em escola pública e que para sobreviver trabalhava como feirante, tentando passar a impressão de que esses traços da sua trajetória o credenciam a disputar a Prefeitura. Simpático, de sorriso fácil, dono de uma forte dose de carisma e usando com competência as redes sociais, por meio das quais alcança principalmente o eleitorado mais jovem, o candidato do PP aposta na propagação do seu nome como a opção mais viável para enfrentar o prefeito de São Luís. A cada dia de campanha reforça certeza de que nesse jogo não tem meio termo, pactos de não agressão um acordo que o faça abrir mão do espaço ocupado em favor de um concorrente que está no seu encalço. Certamente tem aprendido com seu principal aliado, o senador Roberto Rocha (PSB), que em disputa eleitoral não há espaço para concessões amigáveis, enfim, que a corrida pelo voto é uma guerra sem trégua, na qual saem derrotados os que baixam a guarda.

Mais traquejada no jogo eleitoral – essa é sua quinta campanha eleitoral -,  Eliziane Gama começou sua campanha supervalorizando imagens dela própria em festivos e animados contatos com eleitores durante caminhadas em bairros. Logo ficou claro que aquele não seria o caminho. Em seguida vieram programas mais arrojados, com um discurso sugerindo a ideia de um programa de governo que ela ainda não apresentou até agora, a não ser temas como educação, pavimentação de ruas, melhorar hospitais e postos de saúde, todos tratados de maneira genérica. A candidata do PPS elegeu o prefeito como o culpado por todos os males de São Luís, como se ele já estivesse no poder há uma eternidade. Foi rebatida com eficiência pela poderosa mídia do candidato Edivaldo Jr.. E o resultado dessa primeira fase foi que Eliziane Gama não só não avançou como também perdeu pontos. A candidata popular-socialista esbanjou o seu sorriso cativante, jogou-se nos braços dos eleitores nas caminhadas, usou o seu indiscutível carisma, mas nada disso funcionou até aqui. Até aqui, ela abusou do sorriso e do carisma, mas esqueceu-se de mostrar o seu conteúdo, o que faz com competência quando fala para plateias fechadas. Essa Eliziane não foi mostrada ainda na campanha, devendo aparecer nos debates que estão sendo programados.

Se Wellington do Curso não intensificar sua campanha com um discurso mais substancial, que mostra que ele tem conteúdo e está, de fato, apto a governar a maior cidade do Maranhão, não avançará o suficiente para se sequer se aproximar do líder da corrida. O mesmo acontecerá com Eliziane Gama se ela não compreender que, além de simpatia, o candidato a prefeito de São Luís tem de expor suas ideias e seus projetos, pois a cidade quatrocentona, que é um tesouro histórico e empório portuário fundamental para o desenvolvimento econômico do Maranhão e do Brasil. E nesse aspecto, que é o ponto central do debate, o prefeito Edivaldo Jr. tem avançado, mesmo as ênfase necessária para dar a verdadeira dimensão da Cidade Patrimônio Histórico da Humanidade.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Pesquisa acende alerta vermelho para Rosângela Curado
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Rosângela Curado e Ildon Marques estão tecnicamente empatados, bem à frente de Assis Ramos em Imperatriz

Pesquisa do instituto Exata sobre a corrida para a Prefeitura de Imperatriz, publicada no fim de semana pelo jornal Correio Popular, acendeu alerta vermelho no Quartel-General da campanha da candidata do PDT, Rosângela Curado, com forte reverberação no Palácio dos Leões. Rosângela Curado aparece com 29% das intenções de voto contra 28% dados a Ildon Marques, configurando uma situação de empate técnico quase perfeito, já que dentro da margem de erro (3%) qualquer um dos dois pode estar na frente com vantagem de até dois pontos percentuais. Assis Ramos, candidato do PMDB, aparece isolado na faixa intermediária  com expressivos 17%, enquanto o candidato do PSD Ribinha Cunha, apoiado pelo prefeito Sebastião Madeira, recebeu 5%, tecnicamente empatado com o candidato do PPL, Edmilson Sanches, com 4%. E para complicar ainda mais o tabuleiro, a pesquisa mostra que ainda são 11% de indecisos, o que torna o resultado da corrida rigorosamente imprevisível. Alvo de muitas especulações, entre elas a de que a pesquisa teria sido uma ação de aliados do governo para fragilizar a candidata do PDT. O instituto Exata, no entanto, tem realizado um trabalho; competente nas campanhas eleitorais mais recente, saindo de cada uma delas com a credibilidade aumentada pelos resultados confirmados pelas urnas. Tudo indica que o que pode estar acontecendo em Imperatriz é Rosângela Curado e Ildon Marques tenham chegado aos seus tetos e com o risco se prosseguirem ombro a ombro até no dia da eleição. É possível que um debate sirva para impulsionar uma das candidaturas. O fato é que a pesquisa funcionou como uma ducha de água fria nos apoiadores de Rosângela Curado e, ao mesmo tempo, estimulado o ex-prefeito, que vê a possibilidade concreta de vencer a disputa, o que seria desastroso para o projeto político do governador Flávio Dino (PCdoB).

Bira do Pindaré vê País em conflito por causa do impeachment
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Bira do Pindaré diz que impeachment de Dilma  colocou País em conflito

O impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), que define como “golpe parlamentar”, colocou o Brasil numa situação de confronto sem perspectiva de pacificação. É esse o cenário desenhado pelo deputado Bira do Pindaré (PSB) para o país nos próximos os tempos som o Governo Michel Temer (PMDB). Ele criticou o Congresso Nacional por ter embarcado no processo de impedimento da presidente da República, considerando que o Poder Legislativo federal colocou o País numa situação de conflito. “Nós não sabemos quando isso vai terminar, tamanho foi o erro cometido em relação a esse procedimento, porque a meu ver não houve configuração de crime de responsabilidade”, destacou. Na avaliação do parlamenta socialista, o impeachment da presidente Dilma Rousseff criou uma nova conduta criminosa no Brasil, a chamada pedalada, coisa que não existia. “Realmente é algo que nos preocupa sobremaneira e eu não posso deixar de expressar aqui a minha indignação em relação a esse resultado, a esse desfecho, que é altamente prejudicial ao País, para nossa história política, para nossa democracia, que deu um passo atrás com a decisão tomada pelo Senado e pela Câmara Federal”, ressaltou. Bira do Pindaré lembrou que população já está se manifestando, protestando e pedindo ‘Fora Temer’. Para ele, essa vai ser a tônica da luta política em todo país, tendo em vista que muitos não reconhecem o Michel Temer como presidente legítimo, sobretudo quando ele tenta colocar em prática o seu chamado Plano Ponte para o Futuro, que, segundo o deputado, é na verdade uma ponte para o atraso. “Porque querer fazer reforma trabalhista, modificar as leis da Previdência em prejuízo ao trabalhador brasileiro vai ser um Deus nos acuda neste país. A população não vai aceitar! E vocês vão ver, com certeza, mais uma vez, as ruas ocupadas pela luta concreta em favor de direitos historicamente conquistados neste Brasil”, concluiu o deputado socialista em tom zangado.

 

São Luís, 05 de Setembro de 2016.

 

Flávio Dino terá de usar prestígio e muito pragmatismo para se relacionar bem com o presidente Michel Temer

 

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Flavio Dino precisa construir boas relações com Michel Temer

Muito se comentou recentemente – e continua-se comentando – sobre a situação do governador Flávio Dino (PCdoB) no contexto da mudança no comando do País. Legiões de observadores avaliam que ele ficou em maus lençóis; brigadas interpretam o cenário como lhe sendo favorável; e alguns pelotões enxergam que a queda da presidente Dilma Rousseff (PT) e a ascensão do vice-presidente Michel Temer (PMDB) em nada mudam a posição política do chefe de Estado maranhense. Misturando essas avaliações, a conclusão óbvia e incontestável é que, por ter sido linha de frente na defesa da presidente Dilma contra o impeachment, e um dos mais enfáticos propagadores da tese do golpe, o líder maranhense verá portas de importância fundamental se fechar para ele em Brasília, pois ninguém duvida de que enfrentará dificuldades por ter se mantido na contramão e na mira permanente de muitos dos cardeais aliados do presidente Michel Temer (PMDB) e que agora estão dando as cartas, entre eles o ainda poderoso e influente ex-presidente José Sarney (PMDB). Por outro lado, não há como ignorar o fato de que o governador do Maranhão é hoje uma personalidade política reconhecida nacionalmente como uma das mais importantes lideranças surgidas em tempos recentes no País, o que lhe dá estatura para, pelo menos, minimizar os ataques que estão a caminho na sua direção.

Flávio Dino é um político com viés ideológico definido no campo que pode ser identificado como esquerda moderada, que busca “humanizar” pela via de uma social democracia avançada, que tenha como foco a redução – ou a eliminação, se possível – do quadro de desigualdades sociais, econômicas e culturais no País e que é muito acentuado no Maranhão.    Ao mesmo tempo, o governador se movimenta politicamente pela vereda do pragmatismo que pauta as relações institucionais, o que lhe assegura sobrevivência. E o faz baseado no argumento segundo o qual uma coisa são as diferenças políticas que colocando grupos e correntes em confronto permanente, e outra são as relações do Governo estadual com o Governo Federal, que não podem ser tolhidas por conta de tais diferenças. Afinal, os recursos da União pertencem à população e devem ser distribuídos equitativamente, sem restrições políticas.

O governador do Maranhão sabe perfeitamente em que terreno está pisando. Tem consciência de que é visto como adversário pelo PMDB, não somente pelo seu alinhamento político com o Governo da ex-presidente Dilma Rousseff. Mas também já deu provas fartas de que sabe conviver nessa corda-bamba, como fez na campanha de 2014, quando, ao perceber que o apoio explícito da presidente Dilma e do PT, seus aliados preferenciais, articulou, de maneira inteligente, o apoio do PSDB, dando ao tucano Carlos Brandão a vaga de candidato a vice-governador na sua coligação. Reeleita Dilma Rousseff, Flávio Dino lhe declarou apoio incondicional, sem, no entanto, descartar as relações que mantém até hoje com PSDB, PPS e DEM, por exemplo. Na campanha que fez contra o impeachment, usou retórica dura contra os apoiadores do processo, dando substância política à tese do “golpe”, mas com o cuidado de não nomear golpistas, evitando assim a satanização dos que pregaram pelo impedimento da presidente da República.

Hoje, consumado o impeachment e efetivado Michel Temer na Presidência da República, confirmando assim a volta do PMDB ao poder central, Flávio Dino demonstra interesse numa convivência institucional saudável com o Palácio do Planalto, independentemente de ter o braço pemedebista fazendo oposição cerrada ao seu Governo. Sabe que todos os passos do grupo liderado pelo ex-presidente José Sarney serão no sentido de fragilizar o seu governo e minar a sua força e o seu prestígio políticos. Dino, porém, tem noção clara do poder de um governador que, mesmo em oposição ao Governo central, é visto com bons olhos pelos mais diversos segmentos políticos, inclusive parte daqueles mais conservadores, que o veem muito mais como um adversário do que como um inimigo.

Politicamente, portanto, a situação do governador é delicada, mas com ingredientes que o colocam em condições de abrir e alimentar um diálogo com o presidente Michel Temer, apesar da artilharia pesada que líderes pemedebistas maranhenses vão disparar na sua direção durante a campanha em andamento, e depois da eleição dos novos prefeitos e vereadores. Se as forças por ele lideradas saírem derrotadas nas urnas municipais, sua situação se fragilizará expressivamente; mas se, por outro lado, sair das urnas vitorioso, a começar pela Ilha de Upaon Açu, o governador Flávio Dino terá as condições de bater às portas do Palácio do Planalto com autoridade política para estabelecer relações institucionais produtivas com o presidente Michel Temer em favor do Maranhão.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Magno Bacelar condenado

A juíza Raquel Menezes, titular da 1a Vara da Comarca de Coelho Neto, condenou o ex-prefeito Magno Duque Bacelar por improbidade administrativa por ausência de prestação de contas. A ação foi ajuizada pelo Município de Coelho Neto, contra o ex-gestor e contra a Engebrás Construções e Transportes. A acusação afirmou que o então prefeito teria praticado atos como a omissão da execução de obras de revestimento e tapa buracos na MA 034, fruto dos convênios n.º 1013327/2007 e 1013316/2007, nos valores de R$ 65.158,00 e 914.426,00, respectivamente. O atual prefeito Soliney Silva afirmou que os desvios do ex-prefeito causaram danos à Prefeitura, que ficou impossibilitada de realizar de novos convênios e recebimento de verbas para os projetos de infraestrutura, e que a empresa Engebrás Construções e Transportes Ltda., teria abandonado a obra não terminada, enriquecendo ilicitamente. Com a condenação, Magno Bacelar perde função pública (caso ocupe alguma), os direitos políticos pelo período de 03 (três) anos, e o direito de contratar com o poder público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que seja por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 03 (três) anos.

 

Condenação mancha trajetória política de altos e baixos

A condenação alcança Mago Bacelar aos 78 anos, com ele já fora do embate político depois de uma trajetória das mais movimentadas na vida política e empresarial do Maranhão. Filho de chefe político Raimundo Bacelar, líder de uma família que deu as cartas por mais de um século na região de Coelho Neto, Magno Bacelar formou-se em Direito na hoje UFMA, envolvendo-se desde cedo com a advocacia e o jornalismo. Junto com seu irmão Raimundo Bacelar, fundou em 1963 o Sistema Difusora de Comunicação. E foi também um dos fundadores de um gigantesco empreendimento para a produção de açúcar em Coelho Neto, financiado pela Sudene, e que acabou ruindo de maneira escandalosa como um dos maiores fiascos empresariais do Maranhão. O político Magno Bacelar começou como deputado estadual em 1962, foi chefe de gabinete da Prefeitura de São Luís e chefe da Casa Civil e secretário de Educação no Pedro Neiva de Santana. Elegeu-se deputado federal em 1974 e 1978, e foi secretário de Justiça no governo João Castelo (1979/2982), elegendo-se deputado federal pelo PDS em 1982. Em 1986, tentou o senado disputando uma das vagas com Edison Lobão, ficando na primeira suplência, que naquela época dava esse direito ao segundo mais votado. Já no PDT, foi eleito vice-prefeito de São Luís na chapa de Jackson Lago (PDT) em 1988, e foi efetivado senador em 1991, quando Edison Lobão assumiu o Governo do Estado. Em 1994 foi eleito para o seu quarto mandato de deputado federal. Não se reelegeu em 1998, mas tornou-se chefe de Gabinete do então ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho. Em 2004 foi eleito prefeito de Coelho Neto pelo PV, não conseguindo ser reeleito em 2008. Se não conseguir reverter a condenação, colocará o carimbo do fracasso na sua animada trajetória pública.

 

São Luís, 3 de Setembro de 2016.

Racha do PSB leva facções a apoiarem três candidatos à Prefeitura de São Luís

 

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Roberto Rocha, Bira do Pindaré e José Reinaldo Tavares lideram correntes que movem o PSB do Maranhã

O ato em que o deputado Bira do Pindaré declarou apoio ao projeto de reeleição do prefeito Edivaldo Jr. (PDT) consumou de vez, e provavelmente de maneira irreversível, o racha no PSB, que agora está dividido em três correntes aparentemente irreconciliáveis. A primeira e mais influente tem como líder o senador Roberto Rocha, e que em São Luís apoia a candidatura de Wellington do Curso (PP), hoje o segundo colocado na corrida, conforme o Ibope divulgado nesta semana. A segunda corrente segue a orientação do deputado federal José Reinaldo Tavares, que apoia a candidatura de Eliziane Gama (PPS). E a terceira é representada pelo deputado Bira do Pindaré, que resolveu marchar com Edivaldo Jr.. A divisão do partido se confirma também no interior, onde os líderes mais destacados dos partidos seguem rumos diferentes.

Uma das forças mais promissoras do leque partidário do Maranhão neste momento de transição, o PSB é, de longe, o partido que, fundado no estado no início dos anos 80 do século passado, mais trocou de mãos nestas mais de três décadas. Nasceu por iniciativa de idealistas, tendo à frente Guilherme Freire, Rossini Corrêa, Valdelino Cécio, o autor, entre outros que se movimentavam para sepultar de vez a ditatura, mas caiu numa ciranda que de tanto rodar de mão em mão, foi parar, anos depois, por exemplo, nas mãos do então ex-prefeito de Coroatá, Ricardo Murad, que vestiu por algum tempo a fantasia de socialista, que definitivamente não lhe coube. Hoje, o partido tem o prefeito de Timon, Luciano Leitoa, como presidente estadual, apoiado pelo deputado federal José Reinaldo Tavares e pelo deputado estadual Bira do Pindaré, enfrentando, por outro lado, implacável oposição do senador Roberto Rocha, que se prepara para assumir o comando do partido no Maranhão, o que deverá acontecer depois das eleições municipais.

O PSB de São Luís formalizou apoio a Wellington do Curso, porque o candidato precisava de um partido forte como aliado para lhe dar suporte político e também tempo de televisão. O acordo com o candidato do PP foi possível porque ele cedeu a vaga de candidato à vice ao vereador Roberto Rocha Jr., ao contrário do candidato do PDT, que preferiu ceder a vaga ao PCdoB, o que em princípio pareceu não estar previsto ou então foi um estratagema muito urdido para não parecer uma exigência do Palácio dos Leões. O acerto com o PP sepultou de vez o projeto de candidatura de Bira do Pindaré, que depois de altos e baixos, vai-não-vai, que o levou inclusive a Brasília apelar, sem sucesso, ao comando nacional do partido. Em princípio, havia um zum-zum segundo o qual Pindaré deixaria o partido, mas ficou claro que ele optou por permanecer na legenda, decidido a pagar para ver o que lhe está reservado para a dura e implacável guerra eleitoral de 2018, quando o futuro do braço do PSB no Maranhão será traçado, provavelmente com a candidatura do senador Roberto Rocha ao Governo do Estado.

Num outro pedaço do partido, o deputado federal José Reinaldo Tavares faz o contraponto ao senador Roberto Rocha apoiando a candidatura de Eliziane Gama. Afastados desde a disputa senatorial de 2010, quando disputaram e foram vencidos por João Alberto e Edison Lobão, ambos do PMDB. De lá para cá, José Reinaldo e Roberto Rocha convivem no mesmo partido, mas é como se militassem em partidos adversários, situação que os leva a estar sempre em posição de confronto, como é o caso na corrida eleitoral pela prefeitura de São Luís.

Mesmo diante da certeza nutrida por muitos de que o senador Roberto Rocha será candidato ao Governo do Estado em 2018, tendo o governador Flávio Dino como adversário, o PSB é um partido de três faces. E tudo indica que só vai mudar se Rocha, Tavares ou Pindaré assumir de fato comando do partido no Maranhão. Todos os ventos indicam que o PSB ficará com Roberto Rocha, já que José Reinaldo não tem ânimo para cuidar de partido e Bira do Pindaré não parece ter cacife atropelar o senador nessa disputa.

PONTO & CONTRAPONTO

Ibope animou Eduardo Braide, Fábio Câmara e Rose Sales
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Eduardo Braide, Fábio Câmara e Rose Sales com novo ânimo com o Ibope

 

A pesquisa do Ibope injetou ânimo nos candidatos a prefeito de São Luís Eduardo Braide (PMN), Rose Sales (PMB) e Fábio Câmara (PMDB), todos com 5%. Entusiasmados, acreditam, cada um a seu modo, que podem virar o jogo e alcançar um dos três candidatos que estão na dianteira. Um deles disse à Coluna que vai trabalhar duramente pela queda definitiva de Eliziane Gama, que apareceu na pesquisa com 15%, depois de liderar a corrida durante meses. A impressão geral, porém, é que, limitados por tempo de campanha na TV e sem recursos para movimentar estruturas maiores, a de que dificilmente um deles alcançará o patamar dos dois dígitos. Mas é fato que no meio político há forte expectativa em relação ao futuro da candidatura de Eliziane Gama. Uns torcendo para que a queda se acentue ainda mais, outros torcendo para que ela se recomponha e volte a ser a adversária do prefeito Edivaldo Jr. num eventual segundo turno.

Waldir Maranhão avança na volta por cima
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Waldir Maranhão está dando a volta por cima.

Por mais incrível que possa parecer, o deputado federal Waldir Maranhão (PP) continua escalando a sua volta por cima dando agora um passo decisivo para consolidar sua permanência em Brasília até o final do mandato. A efetivação do presidente Michel Temer (PMDB) foi o gás que precisava para se recompor, à medida que o tornou de novo habitué no papel de interino das Câmara Federal com a posse do deputado fluminense Rodrigo Maia (DEM) no comando da Casa. Na posse de Temer no Senado, Waldir Maranhão ganhou assento na mesa principal na condição de 1º vice-presidente do Congresso Nacional, cargo de extrema relevância que é exercido pelo 1º vice-presidente da Câmara Federal. Horas depois da posse, Waldir Maranhão estava empostado na Base Aérea de Brasília para assumir mais uma vez a presidência da Câmara por ter o titular assumido a presidência da República na ausência do novo ocupante do palácio do Planalto, que embarcou para uma reunião do G 20 na China. E como a ordem nesse novo com texto político é evitar crises e exercitar a tolerância até o limite do possível, parece já haver um entendimento de que Waldir Maranhão permaneça no PP, só que a pão e água e sob o comando do deputado federal André Fufuca, que agora é o manda-chuva do partido no Maranhão.

 

São Luís, 01 de Setembro de 2016.

 

Queda de Dilma e fim da “Era PT” deixam Flávio Dino politicamente isolado e cercado de adversários fortes

 

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Para chegar a MIchel Temer, Dino terá de passar por José Sarney e Roberto Rocha

 

A deposição da presidente Dilma Rousseff (PT) por decisão Senado da República e a efetivação do presidente Michel Temer (PMDB) por ato do Congresso Nacional, ontem, alterou completa e radicalmente o mapa do poder político no Brasil. Terminou a “Era PT”, a guinada à esquerda dada pelo Brasil com a eleição do metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva presidente da República em 2002, numa aliança com as forças conservadoras que comandam o PMDB. Entram em cena agora, no comando, as mesmas forças conservadoras do PMDB, agora associada aos ultraliberais do PSDB e associados de direita. Dos 27 estados federados, o cenário político do Maranhão talvez seja o que traduza mais fielmente essa reviravolta, com o governo de esquerda comandado pelo governador Flávio Dino (PCdoB), que foi o mais incisivo e exposto aliado da então presidente Dilma contra o impeachment, perdendo terreno no plano nacional e assistindo, de um lado, ao retorno do Grupo Sarney ao poder e, de outro, o fortalecimento visível do senador Roberto Rocha (PSB) no novo cenário político nacional.  E daqui para a frente, o enredo serão os preparativos para uma guerra política de vida ou morte em 2018.

Todos os indícios sugerem que, sob a batuta do ex-presidente José Sarney e da ex-governadora Roseana Sarney, o PMDB do Maranhão vai fazer de tudo para fragilizar, ou até desestabilizar, o Governo Flávio Dino e, assim, desmotivar o seu projeto político. A eleição de Dino e a desenvoltura com que ele vem conduzindo o Estado e ocupando todos os espaços que foram do grupo sarneysista são espinhas incômodas na garganta do ex-presidente e da ex-governadora, que publicamente se mantêm discretos, mas nos bastidores não se cansam agir como Catilina pregando a destruição de Cartago. A ordem é arregimentar todas as forças possíveis para fazer oposição cerrada a Dino e seu grupo, evitando principalmente que o governador consiga abrir canais eficientes de convivência institucional produtiva com o presidente Michel Temer e com os ocupantes da Esplanada dos Ministérios.

Quando assumiu a defesa intransigente do mandado da presidente Dilma Rousseff, o governador Flávio Dino provavelmente não esperava que  seria esse o desfecho do processo de impeachment. Apostava que o bem engendrado projeto de catapultar Dilma Rousseff da cadeira principal do Palácio do Planalto andaria até ao Senado, mas avaliava que ele seria reversível. E foi exatamente acreditando em estancá-lo que ele assumiu a defesa do mandado da presidente Dilma como uma bandeira política com substância ideológica, mas também por acreditar que, se conseguisse mandar a denúncia para o arquivo morto do Congresso Nacional, teria crédito de suficiente para turbinar sua gestão. Flávio Dino dedicou muito da sua energia pessoal e cacife político na defesa do mandato presidencial, numa maratona que teve como um dos pontos altos o histórico discurso “contra o golpe”, que fez no Palácio do Planalto no ato em que artistas e intelectuais foram à sede do Governo manifestar apoio e solidariedade à presidente – foi criticado por aliados por se expor tanto numa guerra que não era sua. O governador sabe o que o aguarda na seara política, onde agora seus aliados são escassos.

Na semana que passou, veio a público, via blogs, a especulação segundo a qual, já sabendo que o impeachment da presidente Dilma era irreversível,  Flávio Dino estaria tentando construir uma ponte com o presidente Michel Temer via Renan Calheiros, que em outros tempos fora militante do PCdoB. Especulou-se também que o governador teria avaliado a possibilidade de controlar o PSB no Maranhão, operação que não teria prosperado devido ao crescente poder de fogo do senador Roberto Rocha em Brasília. E, finalmente, o jornalista Gilberto Leda postou em seu prestigiado blog que o governador teria cogitado repetir Chateaubriand com o projeto de candidatar Dilma ao senado pelo Maranhão.

O fato é que a derrubada da presidente Dilma Rousseff e, com ela, a interrupção drástica da guinada do Brasil à esquerda, colocou o governador do Maranhão numa situação politicamente muito complicada. Vai encontrar muitas dificuldades para dar andamento nos seus projetos em Brasília, vai enfrentar uma oposição cada vez mais dura e implacável de um Grupo Sarney returbinado, e o visível e desafiador crescimento político do senador Roberto Rocha, de quem vem se distanciando a passos largos. Por outro lado, podem estar errados os que subestimam o poder de fogo de Flávio Dino, um politico jovem, ideologicamente definido e convicto e que hoje é respeitado na esquerda, no centro e na direita.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Trio sintonizado
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João Alberto, Edison Lobão e Roberto Rocha votaram em sintonia

Os senadores João Alberto (PMDB), Edison Brandão (PMDB) e Roberto Rocha (PSB) se posicionaram em bloco nas duas decisões tomadas ontem pelo senado da República. Votaram em sintonia a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff. E também disseram não à inabilitação que proibiria a residente para exercer cargos públicos por oito anos. João Alberto e Edison Lobão deram os dois votos seguindo um entendimento dentro do PMDB. Roberto Rocha foi um dos cinco – de uma bancada de sete – representantes do PSB que votaram pelo impeachment; quanto ao voto pela não inabilitação da ex-presidente, esse posicionamento foi pessoal, decisão própria, sem submetê-la ao crivo do partido. Todos os três estiveram com o então presidente interino Michel Temer nos últimos dias.

Reação irada
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Eliziane : indignada com o  Ibope

O desempenho da candidata do PPS, Eliziane Gama (16%) na primeira pesquisa do Ibope sobre a corrida à Prefeitura de São Luís causou forte impacto no meio político e assombrou aliados que estavam seguros de que ela iria para o segundo turno com o prefeito Edivaldo Jr. (PDT), que apareceu com 29%. Eles contavam que ela permanecia em segundo lugar, mas se surpreenderam ao vê-la na terceira posição, ultrapassada pelo candidato do PP, Wellington do Curso. Eliziane reagiu irada e acusando o Ibope de estar a serviço da TV Mirante para prejudicá-la, convocando seus partidários a se mobilizarem para intensificar a campanha.

 

São Luís, 01 de Setembro de 2016.