Arquivos mensais: outubro 2015

A pedido de empresários da construção civil, Waldir Maranhão, consegue demitir Kátia Bogéa do Iphan

 

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Waldir Maranhão articulou e tirou Kátia Bogéa do comando do Iphan

 

Se nenhum fato vier a reverter o que está programado nos bastidores da política, a partir da próxima sexta-feira (23), o deputado federal Waldir Maranhão (PP), atual 1º vice-presidente da Câmara Federal, em torno de quem giram denúncias, suspeitas e controvérsias, fortalecerá seu cacife político como eminência parda no braço maranhense do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Isso se dará com a demissão da atual superintendente Kátia Bogéa, por ele articulada, e que será substituída por Alfredo Costa, atual subsecretário das Cidades, indicado pelo parlamentar. A mudança de comando no Iphan do Maranhão foi armada em Brasília, num jogo do parlamentar com o Palácio do Planalto, em troca do seu apoio a um pacote que inclui salvar a pele do presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ), bagunçar o processo de impeachment, apoiar os vetos da presidente Dilma Rousseff (PT) e votar e pedir votos a favor da do ajuste fiscal.

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Alfredo Costa vai comandar o Iphan

A troca de comando no Iphan poderá produzir um enorme leque de mudanças, algumas com teor capaz de causar graves danos à política de preservação do patrimônio histórico e artístico do Maranhão, notadamente em São Luis. Isso porque quebrará uma linha de trabalho que, sob o comando da diretora Kátia Bogéa, funcionária de carreira da autarquia, vem se mostrando competente, produtiva e independente, desde o final dos anos 90 do século passado. Essa orientação, que resultou em muitos ganhos na seara do patrimônio cultural do Maranhão, sobreviveu, por mérito, ao segundo governo de Roseana Sarney (1999/2012), aos cinco anos de José Reinaldo Tavares, aos dois anos e meio de do governo Jackson Lago, mais cinco anos de governo de Roseana Sarney e aos primeiros nove meses do governo Flávio Dino, o que elimina qualquer dúvida quanto o seu desempenho competente.

Hoje, a maior força do Iphan está concessão de licenças ambientais e no poder de fiscalização, pois são atividades que movimentam milhões, que são revertidos em obras de preservação do patrimônio cultural. Nenhuma construção, principalmente de médio e grande porte, pode ser feita sem licenciamento, que têm custo financeiro elevado, sob pena de as empresas arcarem com multas salgadas. Há quem avalie que em mãos erradas, o Iphan é uma tentação para desvios.

A queda de Kátia Bogéa começou a ser desenhada quando ela intensificou a fiscalização em projetos de construção em todo o estado, procurando identificar e preservar o que pudesse ser definido como patrimônio cultural, como sítios arqueológicos. Um exemplo do seu trabalho ocorreu o desmatamento e terraplanagem feita na área da Refinaria Premium I, em Bacabeira. O Iphan identificou a destruição de vários sítios arqueológicos e multou a Petrobras em R$ 11 milhões. Depois de uma peleja processual, a Petrobras reconheceu o “crime” e programou o desembolso de R$ 11 milhões, dinheiro com o qual a UFMA vai restaurar o prédio ao antigo Sioge para implantar ali um museu para exibir as peças encontradas na área desmatada.

Nesse contexto, várias empresas de construção civil que atuam no filão do Minha Casa, Minha Vida atropelaram a regra e foram pesadamente multadas pelo Iphan. Insatisfeitos, alguns empresários montaram um lobby e procuraram o deputado Waldir Maranhão, a quem relataram as pesadas multas e pediram mudanças no Iphan do Maranhão, incluindo a demissão de Kátia Bogéa. Encantado com o mundo que se abria à sua frente, Waldir Maranhão articulou e o resultado dessa ação foi um telefonema, na semana passada, da Casa Civil da Presidência da República, comunicando-a que seria demitida. Outras forças, incluindo o ex-presidente José Sarney, tentaram manter Kátia Bogéa no cargo – o Palácio dos Leões não se envolveu -, mas Waldir Maranhão levou a melhor.

Tão logo confirmou seu domínio sobre o Iphan no estado, o deputado Waldir Maranhão cuidou de indicar o substituto de Kátia Bogéa na superintendência do órgão. Não se sabe ainda por quais motivos, indicou o atual subsecretário de Estado das Cidades, Alfredo Costa, oriundo de Carolina, onde existe um expressivo acervo de casarões coloniais e itens do patrimônio cultural. A mudança de comando – que está deixando perplexa a comunidade cultural e até mesmo o meio político – está marcada para sexta-feira que vem, dia 23 de outubro.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

Um bom trabalho

Funcionária de carreira do Iphan, Kátia Bogéa deixa a Superintendência do órgão no Maranhão depois de uma gestão longeva, mas de alto nível, produtiva e respeitada. Durante esse período, ela realizou um trabalho visível em São Luís, mas alcançando também cidades nas quais existem acervos arquitetônicos e manifestações culturais importantes. Sob sua gestão, São Luís foi tratada como Cidade Patrimônio Cultural da Humanidade – o título chegou antes da sua gestão, mas sob ela a Capital foi respeitada como tal. Técnica e burocraticamente exigente, ela contribuiu decisivamente para o reconhecimento do Bumba-boi, do Tambor de Crioula e da Festa do Divino como patrimônios imateriais do Brasil, e para a preservação do patrimônio arquitetônico de São Luís e Alcântara, como também brigou intensamente pelo respeito à regra do licenciamento ambiental, de modo a proteger sítios arqueológicos, principalmente na Ilha de São Luís. Vigilante e exigente no exercício do cargo, ela comprou boas brigas, algumas delas com a então governadora Roseana Sarney, ora levando a melhor, ora perdendo, mas sempre em defesa de boas causas. Quase duas décadas é muito tempo para um agente público permanecer num cargo dessa natureza. Em circunstâncias normais, sua substituição causaria impacto bem menor. Mas ser demitida por articulação do deputado federal Waldir Maranhão foi no mínimo incômodo.

 

Nuvens de dúvidas

Depois de começar a semana sob intenso bombardeio, principalmente de alguns segmentos da imprensa nacional, para os quais sua condição de 1º vice-presidente da Câmara Federal é um absurdo, principalmente pelas ações que o envolvem na Justiça – seu mandato é garantido por uma liminar da Justiça Eleitoral, o deputado federal Waldir Maranhão chega ao fim da semana como um parlamentar muito mais poderoso. A pedido de empresários da construção civil – quase todos tocam projetos do Minha Casa, Minha Vida -, ele articulou a mudança na direção do Iphan no Maranhão desmontando uma gestão que vinha dando certo e era respeitada todos. O que lhe disseram os empresários? Que tipo de acordo político foi feito? Como será a nova gestão vai agir diferentemente da atual? Será flexível com uma regra – a do licenciamento – que tem de ser implacável? São perguntas que estão sendo feitas. Até aqui, nada desabona a conduta do futuro superintendente, Alfredo Costa, mas o simples fato de ser indicado pelo deputado Waldir Maranhão infelizmente o coloca sob o nevoeiro dúvidas que paira sobre a cabeça do patrono. No mais é torcer para que seja uma gestão correta e produtiva como foi a que termina na próxima sexta-feira.

 

São Luís, 16 de Outubro de 2015.

 

 

Resolução da cúpula nacional obriga PSB a lançar candidato a prefeito em São Luís e grandes cidades.

 

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Roberto Rocha, José Reinaldo Tavares e Bira do Pindaré podem se unir no PSB

Uma decisão da cúpula nacional do PSB, anunciada terça-feira, pode mudar expressivamente o cenário da corrida à Prefeitura de São Luís. O partido decidiu que terá candidatos a prefeito em todas as capitais e, se possível, também nas maiores cidades de cada estado. Outra decisão reforça a primeira: o partido não participará da base política do governo, mas também não se juntará às forças de oposição, preferindo seguir uma carreira solo, com total independência, se posicionando a favor ou contra os interesses governistas conforme o caso, o que lhe dá liberdade para montar um projeto eleitoral sem amarras.

Se a regra for aplicada integralmente pelo PSB do Maranhão, o partido terá de lançar candidato a prefeito de São Luís, Imperatriz, Caxias, Timon, São José de Ribamar e Paço do Lumiar. Nesse cenário, a situação mais complicada será a de São Luís, onde o PSB terá de lançar um candidato contra o prefeito Edivaldo Jr. (PDT), de quem foi aliado, tendo elegido vice-prefeito o hoje senador Roberto Rocha.

A regra definida pela cúpula nacional do PSB coloca o braço maranhense do partido contra a parede. Para começar, para o PSB lançar um candidato a prefeito de São Luís, o senador Roberto Rocha, o deputado federal José Reinaldo Tavares e o deputado estadual licenciado Bira do Pindaré vão ter de sentar para encontrar um caminho que agregue todos os interesses conflitantes. Isso porque não é segredo que Roberto Rocha e José Reinaldo nada têm em comum e vivem medindo forças dentro do partido, numa situação que se tornou mais tensa com a chegada de Pindaré, que também quer controlar um naco de poder na agremiação.

O problema é que o PSB do Maranhão é um partido marcado pela divisão. O senador Roberto Rocha, que controla o braço do partido em São Luís, não se relacionada bem com o deputado federal José Reinaldo, que mantém o controle do Diretório estadual, e entre eles está o deputado licenciado Bira do Pindaré, que não manda, mas tenta passar a ideia de que não é regra três dentro do partido. Roberto Rocha já deixou claro que não quer ser candidato a prefeito de São Luís. José Reinaldo também já descartou esse projeto. Bira do Pindaré vive insinuando ter interesse em candidatar-se, mas sempre que manifesta como pré-candidato, é de alguma maneira  reprovado por Rocha ou por Tavares.

Uma análise fria leva naturalmente à conclusão de que o nome mais forte do partido para articular uma posição dentro da linha definida pela cúpula nacional é o senador Roberto Rocha, mas ele dificilmente apoiará um projeto eleitoral contrário ao prefeito Edivaldo Jr.. O problema é que o deputado federal José Reinaldo decidiu declarar apoio ao projeto de candidatura da deputada federal Eliziane Gama (Rede), mas poderá também arquivar esse projeto e apoiar a candidatura do deputado federal e ex-prefeito João Castelo, caso ele venha mesmo a ser candidato. E caso seu projeto de candidatura não se viabilize – o que é improvável -, Bira do Pindaré, que é secretario de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, tende a seguir a orientação do governador Flávio Dino (PCdoB) no sentido de apoiar a candidatura do prefeito de São Luís à reeleição.

Em resumo: a decisão da cúpula nacional do PSB terá de ser cumprida pelo braço estadual do partido. E por se tratar de uma resolução, que precisa ser levada às últimas consequências, a decisão poderá levar o PSB maranhense a duas situações. A primeira é o desarmamento das correntes lideradas por Roberto Rocha, José Reinaldo Tavares e Bira do Pindaré, de modo a que eles possam finamente se entender e encontrar uma solução que reúna as três forças. A outra, que seria o contraponto da primeira e estaria na contramão da direção nacional, seria um acordo para não lançar candidato próprio e liberar as correntes para seguirem o caminho que bem entendessem, com ou sem candidato.

De qualquer maneira, a resolução fará com que os três líderes do PSB se sentem para conversar, e isso já será um bom começo.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

Combate ao câncer

cancer 1O governador Flávio Dino (PCdoB) empossou ontem os membros do Conselho Consultivo do Fundo Estadual de Combate ao Câncer, que serão responsáveis pela política de aplicação dos recursos nas ações de combate ao câncer no Maranhão. No mesmo ato entrou em vigor a norma constitucional instituindo que 3% do valor do ICMS arrecadado sobre bebidas alcoólicas e cigarros comercializados no estado. A garantia dos recursos resultou de PEC apresentada pelo deputado Eduardo Braide (PMN) e aprovada pela Assembleia Legislativa – Braide tem a luta contra o câncer como uma das suas bandeiras como parlamentar. Do ato participou também o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Humberto Coutinho (PDT), que enfrentou e venceu a doença e se tornou um dos “soldados” no combate ao mal.

 

Encrenca no Judiciário

Cleonice-FreireOs servidores do Poder Judiciário reafirmam que a greve que deflagraram terça-feira será mesmo por tempo indeterminado. A paralisação foi decidida depois que da eleição do novo comando do Tribunal de Justiça, que será presidido pelo desembargador Cleones Freire (foto) a partir de meados de dezembro. A bomba terá de ser desarmada pela atual presidente, desembargadora Cleonice Freire, que está no epicentro da crise, segundo informe do Sindjus/Ma. E será uma tarefa difícil, pois os servidores estão calcados em argumentos fortes. Lembram que a Lei Nº 13.091/2015, publicada no Diário Oficial da União, no dia 12 de janeiro de 2015, aumentou o subsídios dos ministros do Supremo Tribunal Federal para R$ 33.763,00, o que equivale em percentual um aumento de 14,36%. Com a aprovação dessa lei a tabela de subsídios da carreira da magistratura foi realinhada em todo o país. No dia 13 de janeiro, um dia após a publicação da referida lei, a presidente  Cleonice Freire editou o Ato da Presidência Nº 120/2015, autorizando a Diretoria Financeira aplicar na folha o mesmo aumento para juízes e desembargadores, cujos salários ficaram assim: desembargador: R$ 30.741,11; juiz final: R$ 28.947,55; juiz intermediário: R$ 27.500,17; e juiz inicial: R$ 26.125,16. E nada para os servidores, que cobram uma reposição de 6%. É confusão para ninguém botar defeito.

 

São Luis, 15 de Outubro de 2015.

Deputado Fernando Furtado pode ser interpelado por levantar suspeita de corrupção no Poder Judiciário

 

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Fernando Furtado: declarações polêmicas e verdades incômodas

Protagonista de várias situações em que fez declarações polêmicas, algumas delas condenáveis por conta do teor preconceituoso na esteira de discurso em disse verdades que incomodam, e outras por colocar instituições em situação constrangedora, também pela via da franqueza sem limites, o deputado estadual Fernando Furtado (PCdoB) terá agora, em circunstâncias apropriadas para que coloque em pratos limpos o que andou falando em tom de denúncia. Explica-se: ontem, o Órgão Especial do Tribunal de Justiça, acatando sugestão do desembargador Joaquim Figueiredo, decidiu interpelar judicialmente o parlamentar, para ele explicar a denúncia de que genro de desembargador estaria recebendo propina para assegurar a volta ao cargo de um prefeito afastado por corrupção, e que essa seria uma prática comum de deputados com acesso aos meandros do Judiciário. A interpelação, segundo a decisão do  Órgão Especial, será feita pelo Ministério Público com o aval da Associação dos Magistrados do Maranhão (AMMA).

Suplente no exercício do mandato na vaga aberta com a licença do deputado Bira do Pindaré (PSB) oriundo do movimento sindical, com formação política à esquerda, Fernando Furtado, 60 anos, passou a maior parte da vida militando nas lides sindicais como quadro ativo do PCdoB, foi fundador e é dirigente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTTB) e tem vinculação direta com a atividade pesqueira, sendo porta-voz de milhares de pescadores maranhenses como secretário da Federação dos Sindicatos dos Pescadores e Pescadoras do Maranhão, no exercício do mandato na vaga aberta pela licença do deputado Bira do Pindaré (PSB). O deputado é dono de opiniões firmes e tem pavio curto, sempre deixando claro que diz o que pensa e não leva desaforo para casa, embora sua aparência, realçada pelo indefectível chapéu branco, sugira o contrário. Tem feito discursos explosivos dentro e fora da Assembleia Legislativa. Com tal postura franca, comete excessos, mas não deixa dúvida de que é pessoal e politicamente honesto, o que tem lhe dado muitos adversários.

Em meados de agosto, seus adversários colocaram na internet um áudio com trechos de um discurso em que critica a postura de indígenas maranhenses, que agiriam como “veadinhos”, o que lhe valeu uma enxurrada de críticas, feitas até no exterior. No caso, os críticos não se deram ao trabalho de ouvir outros trechos do discurso, nos quais o parlamentar diz verdades duras, mas inquestionáveis, sobre a maneira como o Estado brasileiro e parte da sociedade nacional tratam os povos indígenas. Na sua fala, Fernando Furtado denunciou a politica indigenista brasileira, mostrou que os órgãos responsáveis não atuam corretamente, demonstrou que a grande maioria dos povos indígenas maranhenses vive de migalhas da União é tratada com indiferença e como indigente, chegando a suspeitar que boa parte dos recursos destinados à saúde, à educação e à preservação das reservas e da cultura desses povos é desviada. É verdade que se excedeu ao criticar, num trecho isolado do discurso, o comportamento de alguns representantes indígenas, mas deveria, antes, ser cumprimentado pelas verdades que disse naquela fala.

No caso da denúncia sobre suposta corrupção no seio do Poder Judiciário, patrocinada por deputados, que pagariam entre R$ 100 e R$ 200 mil para tentar salvar a pela de prefeitos cassados por corrupção, o deputado Fernando Furtado certamente pecou por tratar de assunto tão grave e delicado numa audiência pública em São João do Carú. O correto seria encaminhar denúncia formal à Corregedoria Geral de Justiça e à presidência do TJ. Por outro, teve a coragem de falar em voz alta o que o que corre nos bastidores da política todas as vezes que o Judiciário concede uma liminar aliviando a situação de um prefeito cassado por corrupção – independente de que tal decisão judicial seja tecnicamente correta.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

Cidadão do Maranhão I

Carlos Alberto recebe diploma de Júnior Verde em Mesa com posta pelo  presidente Humberto Coutinho, os prefeitos Léo Coutinho e Zito Rolim (e) , a ex-deputada Cleide Coutinho o empresário Chiquinho Oliveira (d)

 

Poucos títulos de cidadania maranhense concedidos pela Assembleia Legislativa nos últimos tempos foram tão justos como o entregue ontem ao economista, publicitário e expert em comunicação Carlos Alberto Ferreira, um baiano que viveu em São Paulo, morou na Alemanha e desembarcou em São Luís na década de 80, construiu uma carreira respeitável até se radicar em Caxias, onde nos últimos 20 anos foi o mentor das campanhas do grupo político liderado pelo atual presidente da Assembleia Legislativa, deputado Humberto Coutinho (PDT) de cujo staf faz parte como diretor de Comunicação. A cidadania maranhense foi concedida a Carlos Alberto por iniciativa do deputado Júnior Verde (PRB), cujo projeto recebeu aval unânime dos deputados, todos manifestando satisfação com as mudanças que estão em curso e que já dinamizaram intensamente as atividades do Centro de Comunicação do Legislativo, que tem como base a TV Assembleia. A sessão solene em que o título foi entregue foi uma das mais com corridas dos últimos tempos, com a presença políticos – com destaque pera os prefeitos de Caxias, Leo Coutinho, e de Codó, Zito Rolim (PV) -, empresários, jornalistas, intelectuais e artistas, numa demonstração de que o homenageado soube construir uma trajetória enriquecida por um amplo leque de relações no meio político, intelectual e artístico. Ao saudá-lo, o deputado Júnior Verde justificou a concessão do título: “Como sindicalista e como ser humano, Carlos Alberto conseguiu desenvolver um trabalho relevante no sentido de ampliar o sistema de comunicação no Maranhão, através da Comunicação desta Casa, levando cidadania às pessoas. Quem o conhece sabe da dedicação e do zelo em tudo aquilo que ele faz. Sempre se dedicou às causas sociais, tendo no bojo as atribuições que lhe são pertinentes. Carlos Alberto, que está fazendo uma verdadeira revolução na Comunicação desta Casa, dando acesso e levando informações ao povo do Maranhão, nasce duas vezes: em Caravelas, na Bahia e, agora, como cidadão maranhense”,

 

Cidadão Maranhense II

Ao agradecer a honraria, Carlos Alberto Ferreira fez um discurso em que, ao mesmo tempo em que falou da sua trajetória – saiu do interior da Bahia para lutar por uma formação -, registrou sua afinidade com a política – se definiu como um socialista convicto, com formação na banda comunista da Alemanha nos anos 80 -, relatou suas experiências profissionais antes de chegar ao Maranhão – participou do staf do governo da socialista Luiza Erundina na prefeitura de São Paulo -, lembrou  sua chegada ao Maranhão, da paixão que nutre por São Luís, dos trabalhos que aqui realizou, especialmente a Estação Gráfica, para finalmente desembarcar em Caxias, onde como homem de comunicação realizou o que definiu como o seu mais importante trabalho, que continua depois de 20 anos, principalmente pela relação profissional e de amizade sólida que construiu com o deputado Humberto Coutinho, a ex-deputada Cleide Coutinho e todos os seus familiares e amigos mais próximos. “Eles são mais do que amigos”.  Essa afirmação foi confirmada pelo próprio presidente Humberto Coutinho, que ao saudar o auxiliar homenageado, assinalou que ele é um membro da sua família. E ao se manifestar, o presidente foi traído pela emoção e foi às lagrimas, principalmente quando lembrou os momentos difíceis que enfrentou doente e teve em Carlos Alberto um amigo firme e otimista. As palavras emocionadas do presidente Humberto Coutinho foram ratificadas pela ex-deputada Cleide Coutinho.

Cidadão Maranhense III

No seu discurso, Carlos Alberto Ferreira demonstrou ser um profissional antenado com a contemporaneidade em todos os aspectos. Emitiu sinais claros de que se alimenta de convicções a partir de estudos e reflexões e que na sua visão de mundo o foco das suas preocupações é o homem e seu futuro. Revelou, por fim, que como diretor de Comunicação recebeu do presidente Humberto Coutinho uma orientação que é um mantra sagrado: todos os deputados são iguais e merecem o respeito e a dedicação de cada servidor. E completou: “Vossas excelências representam o povo e são os legítimos condutores dos anseios de todos os maranhenses e agora, por obra e graça da sua generosidade, acabei me tornando mais um”.

 

São Luís, 14 de Outubro de 2015.

Certezas e dúvidas marcam a corrida à Prefeitura de São Luís a menos de um ano das eleições

 

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Edivaldo Jr.: regularidade; Eliziane Gama: dúvida
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Rose Sales: certeza; João Castelo: dúvidas

Faltando menos de um ano para as eleições municipais, a corrida para a Prefeitura de São Luís começa a tomar rumo mais ou menos definido, à medida que projetos de chegar ao Palácio de la Ravardière ganham as mais diferentes tendências, uma previstas, algumas nem tanto, e outras absolutamente surpreendentes. Nessa primeira fase do jogo de arrumação, o que está evidenciado e consolidado mesmo são as pré-candidaturas do prefeito Edivaldo Jr. (PDT) à reeleição, o projeto do PV de fazer da vereadora Rose Sales (ex-PCdoB) sua candidata, e a decisão do PSDC de emplacar o médico João Bentivi como o seu pré-candidato a prefeito. O projeto de candidatura da deputada federal Eliziane Gama (Rede), por sua vez, entrou numa fase nebulosa, com a parlamentar soltando impressão de que estaria num profundo mar de dúvida, algo inesperado. E no PSDB, o deputado federal João Castelo continua dizendo nos bastidores que está pronto para ser candidato.

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João Bentivi: certeza

De todos os pré-candidatos a prefeito de São Luís, o mais regular até agora tem sido o prefeito Edivaldo Jr.. Desde que sua sucessão começou a ser discutida dentro e fora dos partidos, o prefeito sinaliza que é candidato à reeleição. E a partir de então, comporta-se como pré-candidato: não descartou a candidatura, não badala muito o seu projeto eleitoral, reforçou a condição partidária ao ingressar no PDT e, mais importante, não parou de trabalhar para fazer campanha antes do tempo, tocando sua gestão, que saiu de uma situação crítica para ser agora embalada por um pacote de obras em curso. Essa estratégia tem mostrado eficiência, pois de terceiro colocado nas pesquisas, já é agora o segundo, e caminhando para se aproximar da deputada Eliziane Gama, a primeira colocada.

A vereadora Rose Sales não teve ainda tempo para testar sua candidatura pelo PV na preferência do eleitorado, mas se não despontou, de maneira impactante, no trampolim verde, certamente não se apequenou, o que leva à conclusão de que ela tem potencial para crescer. Jovem, esforçada e politicamente muito ativa, Rose Sales chama atenção pela ousadia da sua guinada partidária: saiu do PCdoB, partido do governador Flávio Dino e onde muitos pré-candidatos gostariam de estar, para ingressar no PV, onde foi recebida festivamente. E no meio político ninguém mais duvida da sua candidatura ao Palácio de la Ravardière, principalmente depois que o chefe maior do partido, deputado federal Sarney Filho, deu-lhe carta branca para articular a formação de uma aliança em torno da sua candidatura. Só lhe resta agora correr atrás de voto.

No que diz respeito ao médico, jornalista, maestro, advogado João Bentivi, aconteceu o que ele havia previsto duas semanas atrás: o PSDC o quer como candidato a prefeito de São Luís. E ponto final.

A situação mais curiosa e surpreendente é a da deputada Eliziane Gama, que na avaliação do bem informado jornalista Marcos D`Eça, a parlamentar, que lidera as pesquisas de opinião até aqui – se bem que em curva descendente -, estaria numa espécie de encruzilhada com dois rumos. O primeiro: manter sua candidatura e se dedicar a esse projeto. O segundo: investir no seu mandato na Câmara Federal, de modo a ganhar espaço dentro da Rede e se tornar uma das estrelas de Marina Silva. Para ser candidata, terá de se dedicar integralmente ao projeto, de modo a estancar a tendência de queda, já estando com a liderança ameaçada pelo prefeito Edivaldo Jr.. Se demorar na tomada de decisão, corre o risco de ser derrotada e de perder espaço na cúpula da Rede.

O deputado federal João Castelo tem dito a interlocutores que examina seriamente a possibilidade de ser candidato a prefeito. O seu maior obstáculo é o presidente estadual do PSDB, vice-governador Carlos Brandão, que tenta levar o partido para a aliança partidária que embalará a candidatura do prefeito Edivaldo Jr.. Castelo tem a simpatia dos chefes nacionais do PSDB, mas eles não querem rachar o partido. Nada, portanto, está decidido no ninho dos tucanos.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

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Dino e Coutinho conversam com agricultores

A abertura, sábado, da 1ª Feira de Agricultura Familiar e Agroecologia de Açailândia, além do entusiasmo dos parceiros que a realizaram, serviu também para mostrar que o governador Flávio Dino (PCdoB) e o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Humberto Coutinho (PDT), estão mais afinados do que nunca, principalmente na seara política. Tanto que os dois dirigentes têm posições semelhantes em relação ao tema agricultura familiar, como ficou demonstrado nas suas manifestações. Ao discursar para pequenos produtores, o governador Flávio Dinho destacou que a feira é uma demonstração de que a crise nacional é grave, mas que “no Maranhão, não há crise política, desânimo ou falta de coragem. O que nós temos é muita determinação para enfrentar essa crise”. Por sua vez, o deputado Humberto Coutinho foi enfático: “Nós temos que investir na agricultura familiar, porque a força de trabalho do nosso estado está na agricultura”. O presidente da Assembleia Legislativa destacou a grande satisfação que sentiu ao ver que o modelo de agricultura familiar aplicado em Caxias serviu de incentivo para que o atual Governo do Estado promovesse essas feiras em outras regiões. A primeira foi realizada em São Bento, a segunda está sendo em Açailândia e as próximas serão em Caxias, de 11 a 14 de novembro, e em Bacabal. “O governo está trilhando o caminho certo e com investimentos em tecnologia, temos certeza que a produção da agricultura familiar no Maranhão renderá muito mais frutos”, disse Humberto Coutinho.

 

São Luís, 13 de Outubro de 2015.

Parte da bancada maranhense poderá perder espaço na Câmara Federal se Eduardo Cunha cair

 

 

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Waldir Maranhão e Hildo Rocha são aliados de Eduardo Cunha…
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…assim como André Fufuca, Alberto Filho e Cléber Verde

A dramática situação do presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que por causa de envolvimento com o esquema de corrupção na Petrobrás caminha aceleradamente para perder o cargo e, muito provavelmente, o mandato – podendo até passar uma temporada na cadeia – afeta diretamente boa parte da bancada maranhense naquela Casa. O mais afetado é, de longe, o deputado Waldir Maranhão (PP), que ocupa atualmente o cargo de 1º vice-presidente da Câmara Federal, eleito por indicação do seu partido. No grupo que vinha dando sustentação política a Eduardo Cunha estão também os deputados Cléber Verde (PRB), Hildo Rocha (PMDB), André Fufuca (PEN) e Alberto Filho (PMDB). São relações meramente políticas, que nada tem a ver com as estripulias de Cunha no submundo da corrupção, e foram estabelecidas pela sua competência em atrair aliados usando os instrumentos que dispõe no comando da Casa e que ele sabe, como ninguém, manejar, e pela vontade natural desses deputados de ocupar espaços.

A situação mais delicada é a do deputado Waldir Maranhão, atual 1º vice-presidente da Câmara Federal. Independentemente das broncas pelas quais responde na Justiça Eleitoral e que mantêm seu mandato garantido por liminar, e de integrar a lista de suspeitos da Operação Lava Jato, ele se articulou com Cunha e, somando o peso dessa articulação com a força que armazenou na bancada do PP, viabilizou sua candidatura no partido e foi eleito 1º vice, com a prerrogativa de substituir o presidente. Nesse contexto, se Cunha cair, Waldir Maranhão assumirá o comando da Casa com a obrigação de organizar e presidir a eleição do novo presidente cinco sessões após a derrocada do atual dirigente. Ele certamente não abrirá mão de comandar esse processo, e a menos que seja impedido por decisão do plenário – o que é improvável -, Maranhão presidirá a escolha do sucessor de Eduardo Cunha. Depois disso, há quem avalie que ele perderá força, embora sua capacidade de sobrevivência sugira outra conclusão.

A queda de Cunha será também um tombo no projeto parlamentar e político do deputado federal Hildo Rocha (PMDB). Desde que chegou à Câmara Federal, Rocha se posicionou clara e ostensivamente ao lado de Eduardo Cunha e logo começou a ser identificado como um dos “homens de ouro” do grupo de deputados fiéis ao presidente. Rocha saiu do chamado baixo clero para assumir a relatoria de matérias de peso e chegou à presidência de uma das comissões especiais mais importantes da Casa, a que dá os primeiros e decisivos passos para a reforma tributária. Hildo Rocha fez questões de demonstrar poder de fogo em vários momentos, sendo o mais ostensivo o que se postou ao lado de Cunha, como um fiel escudeiro, na entrevista em que o chefe anunciou rompimento com a presidente Dilma Rousseff. A queda de Cunha certamente reduzirá muito do poder de Hildo Rocha. A menos que ele consiga manter o espaço que ocupa.

O deputado André Fufuca também faz parte do grupo de sustentação de Eduardo Cunha. Um dos frutos dessa relação foi a indicação do jovem parlamentar para a presidência da CPI que investigou as denúncia da existência de umas máfia manipulando os preços de próteses dentro e fora dos hospitais públicos. É impressão dominante que não teria chegado ao posto – que lhe deu muita visibilidade – sem um empurrão do presidente da Câmara. Por sua vez, o deputado Alberto Filho (PMDB) valeu-se do poder de fogo do presidente Eduardo Cunha para assumir seu mandato depois da briga judicial em que tirou do páreo o hoje suplente de deputado Deoclídes Macedo, ex-prefeito de Porto Franco. A “força” que Eduardo Cunha lhe deu no caso o colocou entre os seus comandados.

De todos os deputados maranhenses aliados de Eduardo Cunha, o que ocupa posição mais forte é Cleber Verde (PRB). É o primeiro membro da Casa a ocupar o recém-criado cargo de Diretor de Comunicação da Câmara Federal, com a prerrogativa para comandar toda a máquina de comunicação da instituição – rádios AM e FM, TV Câmara, sistemas de transmissão, Jornal da Câmara, etc.. Na avaliação de quem conhece os bastidores da Câmara Federal, é uma carga de poder excepcional para um só deputado. Cleber Verde é um dos mais bem articulados membros da Câmara Baixa, com espaço próprio, que foi fortalecido em aliança com Eduardo Cunha. E se o aliado cair, ele ficará do mesmo tamanho que era antes de assumir o poderoso cargo.

A iminente queda de Eduardo Cunha certamente mexerá com esses parlamentares, mas isso não significa que irão para o limbo da Câmara. A essas alturas, já se movimentam para se realinhar em outra situação. Afinal, cada um tem o poder de votar, e é isso que faz a diferença nas duas Casas do Congresso Nacional.

 

 

PONTOS & CONTRAPONTO

 

Maurício Macedo I

maurício macedoImpressiona a informação, estampada na 1ª página da edição de domingo (11) do Jornal Pequeno dando conta de que o engenheiro Maurício Macedo, que foi secretário de Indústria, Comércio e Desenvolvimento estaria envolvido diretamente numa operação de desvio de dinheiro na pasta que comandou durante o último governo de Roseana Sarney (PMDB). De acordo com informação divulgada pela Secretaria de Estado de Transparência e Controle, comandada pelo advogado Rodrigo Lago, Macedo teve reponsabilidade direta na recontratação de uma empresa de informática para prestar serviços à pasta, num esquema que teria desviado mais de R$ 4 milhões. A reportagem informa que Maurício Macedo teria autorizado a recontratação sem levar em conta as regras e os preços, que teria resultado na lesão ao erário.

 

Mauricio Macedo II

Técnico de alto nível, formado nas mais sofisticadas estruturas da Alcoa, nos Estados Unidos, o que lhe valeu integrar o quadro de executivos da multinacional e a participação, durante mais duas décadas, do corpo dirigente do Consórcio Alumar, Maurício Macedo levou sua rica experiência numa empresa privada de ponta para a máquina pública. E nem de longe lembra alguém que pudesse cair em tentação e trair a confiança das pessoas que nele sempre acreditaram– e são muitas -, para jogar no fosso uma bem sucedida história de vida. Nesse momento, o mais importante é sua reação ao que foi divulgado, sob pena de deixar que se faça algum juízo.

 

 Murad no PSC?

ricardo 9No último post, a Coluna examinou a situação partidária do ex-deputado Ricardo Murad e concluiu que, depois de perder o controle do PTN para o deputado federal Aloísio Mendes (PSDC), ele só tem dois caminhos: permanecer isolado no PMDB ou procurar abrigo na seara partidária adversária do Grupo Sarney. Ontem, porém, um tarimbado observador disse que Murad poderá desembarcar no PSC, que saiu do controle do ex-deputado Costa Ferreira e hoje é controlado pelo deputado André Fufuca. De acordo com esse observador, Fufuca pai e Fufuca filho cultivam relações muito fortes com o ex-secretário de Estado de Saúde e poderão tranquilamente abrir espaço para ele na sigla. Mesmo que isso venha resultar numa briga interna, já que dificilmente Murad entraria num partido para não assumir o comando e dar as cartas.

 

São Luís, 13 de Outubro de 2015.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sem o PTN, Ricardo Murad só tem duas saídas: ficar isolado no PMDB ou abandonar de novo o Grupo Sarney

 

 

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Ricardo Murad: situação partidária muito complicada

Não bastassem as pressões políticas, judiciais e até policiais que vêm sofrendo, o ex-deputado estadual Ricardo Murad enfrenta agora uma encrenca partidária que poderá isolá-lo dentro do PMDB, onde não tem espaço de mando. De acordo com o blog do bem informado jornalista Gilberto Leda, Murad está perdendo o controle do PTN, partido que seria a sua tábua de salvação caso seu naufrágio partidário dentro do PMDB seja consumado. Sem a alternativa partidária, Ricardo Murad simplesmente não terá para onde se movimentar dentro do elenco de partidos que formam tacitamente o Grupo Sarney, o que o obrigará a tomar uma decisão drástica num limitado leque de duas alternativas: permanecer no PMDB sem margem para fazer as suas sempre arrojadas e controvertidas ações políticas ou sair do Grupo Sarney e abrigar-se numa legenda do campo adversário, como fez ao entrar no PSB quando rompeu com o campo sarneysista.

O imbróglio do PTN é simples. Em dificuldades dentro do PMDB desde antes da campanha eleitoral de 2014, causadas por suas tentativas de colocar o senador João Alberto de escanteio e dar as cartas dentro do partido, Murad acabou se dando conta de que estava perdendo tempo. Mas como não costuma desistir dos seus objetivos, por mais inalcançáveis que pareçam, ele permaneceu no PMDB, mas decidiu montar um bote de sobrevivência partidária tornando-se o chefe secreto do PTN, cujo comando formal entregou para o deputado Souza Neto, seu genro e seguidor político. Uma equação simples: se o seu projeto de candidatura à Prefeitura de São Luís não fosse viabilizado no PMDB, ele se mudaria de malas e cuias para o PTN, onde daria as cartas sem ninguém para atrapalhá-lo.

O projeto era perfeito, sem erro. Nem tanto, pois o sempre antenado Ricardo Murad se esqueceu que seu projeto era paroquial, e que o PTN, como os demais partidos pequenos, funciona com o instinto de sobrevivência no sentido inverso, ou seja, antes de se resolver na base, ele precisa de suporte em Brasília. E encontrou esse suporte no deputado federal Aluísio Mendes, eleito pelo PSDC e que em busca de meios para declarar sua independência em relação ao Grupo Sarney, negociou com o comando nacional e assumiu o controle do PTN. Era o que a direção do partido queria. O deputado Souza Neto não tinha meios de garantir o controle e o outro deputado do partido, Alexandre Almeida, está focado na briga pela Prefeitura de Timon e não quer encarar uma desgastante encrenca partidária.

Em resumo: sem obstáculos à sua frente, o deputado federal Aluísio Mendes passou a dar as cartas no braço maranhense do PTN, e não pretende dividir esse controle com ninguém. Isso não significa dizer que Mendes não aceite de bom grado o ingresso de Ricardo Murad no partido – afinal, é corrente no meio político que parte do seu sucesso nas urnas foi alcançado com o apoio de Murad, então o todo-poderoso secretário de Estado da Saúde, portanto gestor de um orçamento milionário e com forte influência política em muitos municípios. O deputado Aluísio Mendes, porém, não abre mão do controle sobre o partido, situação que não interessa a Murad, que não aceita não ser o manda-chuva dentro de uma agremiação.

A bem sucedida investida do deputado federal Aluísio Mendes tirou Ricardo Murad do eixo e o deixou praticamente sem alternativa, obrigando-o a permanecer no PMDB, pelo menos por enquanto. Mas as últimas decisões do Congresso Nacional sobre a reforma política acendeu-lhe uma luz no fim do túnel ao dar mais seis meses de prazo para o troca-troca partidário. Sendo assim, Murad tem mais seis meses de tempo para encontrar uma saída num cenário partidário extremamente movimentado e no qual só dá cartas quem tem poder político de fato. E isso o outrora poderoso Ricardo Murad não tem agora.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

Poder total

rose verde 2O deputado federal Sarney Filho mandou para o espaço as últimas dúvidas de que a vereadora Rose Sales será a candidata do PV à Prefeitura de São Luís. Numa entrevista concedida sexta-feira a Roberto Fernandes, no programa Ponto Final, da Rádio Mirante AM, o chefe maior do PV no Maranhão  foi ao mesmo tempo categórico e entusiasmado: “Isso não está em discussão, não, já está decidido. A vereadora Rose Sales será a candidata do PV para ganhar a eleição”. Sarney Filho acha que a vereadora – que deixou o PCdoB, passou pelo PP e desembarcou no PV – tem as condições necessárias para se firmar como candidata e bagagem para fazer uma campanha agressiva e sair das urnas com resultado positivo. Ela própria está pensando assim, conforme declarou nesta semana. Vista como “um achado” pelos verdes e aliados, a vereadora Rose Sales é tão forte no PV que ganhou o comando do diretório do partido em São Luís com carta branca para conduzir todas as negociações que possam vir a fortalecer seu projeto eleitoral. E era tudo o que ela queria.

 

Manoel Santos Neto premiado

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padre mohana“A ressurreição do padre”, obra do jornalista Manoel Santos Neto, está entre os vencedores do 36º Concurso Literário Cidade de São Luís, anuncia o blog do jornalista Raimundo Garrone, que publicou em primeira mão, sexta-feira, o resultado divulgado pela Prefeitura de São Luís, por meio da Fundação Municipal de Cultura (Func). “O livro versa sobre a vida e a obra do saudoso padre João Mohana (1925-1995), um dos maiores intelectuais maranhenses do século 20”, situa Garrone. Natural de Bacabal nasceu no dia 15 de junho de 1925 e faleceu no dia 12 de agosto de 1995, aos 70 anos. Padre, médico, pregador, teólogo, escritor, poeta, autor teatral e compositor, João Mohana se destacou em todas as atividades que desenvolveu, consagrando-se como autor de obras literárias reconhecidas, como “O Outro Caminho”, e peças teatrais geniais como “Sara e Abraão” e “Por causa de Inês”. Tanto que ocupou a Cadeira Nº 3 da Academia Maranhense de Letras. O roteiro biográfico de “A ressurreição do Padre” é enriquecido pelo talento textual de Manoel dos Santos Neto, que pela via do jornalismo resgata a trajetória e a obra por meio da qual Padre Mohana deu uma contribuição sem paralelo à história e à cultura do Maranhão nos seus mais diferentes vieses.

 

São Luís, 10 de Outubro de 2015.

Roberto Rocha atua no Senado com independência, mas mantém alianças e abre novos canais políticos

 

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Roberto Rocha na tribuna do Senado

Passados oito meses e alguns dias da sua posse no Senado da República pelo PSB, o senador Roberto Rocha está no centro das conversas que vêm animando os bastidores da política do Maranhão. Desde há algum tempo, rumores frenéticos, sem origem nem confirmação, espalharam aos quatro cantos que o senador, depois de ter entrado deliberadamente em rota de colisão, teria rompido de vez com o governador Flávio Dino (PCdoB), de quem foi companheiro de chapa em 2014, e com o prefeito de São Luís, Edivaldo Jr. (PDT), de quem foi vice até abril do ano passado, e estaria se reaproximando do Grupo Sarney. Recentemente, três fatos contribuíram para, se não clarear definitivamente, pelo menos para jogar luzes sobre os ousados movimentos do senador.

Na sexta-feira (2) da semana passada, numa decisão surpreendente, o comando estadual do PMDB mandou retirar a ação por meio da qual denunciava à Justiça Eleitoral o que seriam graves irregularidades na prestação de contas de campanha do senador Roberto Rocha. As versões para esse gesto do PMDB são as mais diversas, mas o que ficou evidenciado mesmo foi que Roberto Rocha abriu um canal de comunicação com o Grupo Sarney. A decisão pemedebista foi duramente criticada pelo ex-deputado Gastão Vieira, que disputou a senatória com Rocha pelo PMDB e hoje está no PROS e acreditava seriamente que a ação poderia levar a uma nova eleição para o Senado.

Na quarta-feira (7), o senador Roberto Rocha esteve no Palácio dos Leões, onde conversou demorada e descontraidamente com o governador Flávio Dino. Os dois participaram de uma feira de incentivo ao pequeno negócio, trocaram figurinhas e posaram abraçados para os fotógrafos. O encontro e a imagem não eliminaram os rumores de distanciamento entre os dois, mas evidenciaram que Rocha e Dino mantêm relacionamento político, que pode não ser o de aliados incondicionais, que rezam na mesma cartilha, mas também nem de longe sugere que os dois estão rompidos e são agora adversários.

Na quarta-feira, Rocha recebeu em seu gabinete no Senado ninguém menos que o prefeito Edivaldo Jr., de quem foi vice até se desincompatibilizar para se candidatar a senador. Nos bastidores, praticamente todas as vozes propagavam o rompimento político dos dois, especulação reforçada pela declaração de Roberto Rocha levantando a possibilidade de vir a ser candidato a prefeito de São Luís disputando exatamente com o prefeito Edivaldo Jr., seu companheiro de chapa em 2012 e seu vice por 16 meses. O encontro de Brasília sinalizou que, se houve problemas, eles não foram suficientes para afastá-los definitivamente.

Em meio a esse redemoinho, o senador Roberto Rocha vai exercendo seu mandato com visível independência, abrindo canais de comunicação política nas mais diversas direções. Para começar, faz oposição moderada, mas firme, à presidente Dilma Rousseff, seguindo a linha do seu partido e contrariando a do governador Flávio Dino, que é alinhado ao governo do PT. Com muita desenvoltura e a experiência de quem já foi deputado estadual, deputado federal e vice-prefeito de São Luís, Rocha integra comissões importantes da Câmara Alta e já apresentou várias propostas que deram o que falar. Ao mesmo tempo, atua no campo político e partidário, ora como articulador do seu partido, ora como político jovem que, movido pela audácia e pela ambição, procura construir uma carreira solo, lembrando a carreira do pai, o ex-governador Luis Rocha, um dos políticos maranhenses mais importantes, atuantes e também controvertidos do século passado.

No campo partidário, Roberto Rocha trava há anos uma guerra aberta com o ex-governador e hoje deputado federal José Reinaldo Tavares pelo controle do PSB no Maranhão. O rompimento aconteceu em 2010, quando os dois se candidataram ao Senado contra João Alberto e Edison Lobão, ambos do PMDB. Foram derrotados e até hoje José Reinaldo culpa Roberto Rocha. Em 2014, Roberto Rocha, então vice-prefeito de São Luís, tomou a frente, renunciou, se candidatou ao Senado em dobradinha com Flávio Dino e bateu nas urnas o deputado federal e ex-ministro Gastão Vieira (PMDB). A disputa no PSB é tão intensa, que recentemente, diante de um ensaio de pré-candidatura do deputado estadual Bira do Pindaré, Roberto Rocha estremeceu o cenário político ao se lançar pré-candidato a prefeito de São Luís. Ninguém acreditou, e a interpretação geral foi a de que ele quis tão somente deixar claro quem manda no partido. Aliados do prefeito Edivaldo Jr. reagiram indignados, mas o próprio senador tratou de desativar a bomba dizendo a interlocutores que não planeja disputar o Palácio de la Ravardière.

O fato é que o senador Roberto Rocha segue seu caminho dando a impressão de que seu projeto é construir base para chegar um dia ao Palácio dos Leões.

 

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

Bênçãos de Nossa Senhora

cleones cunhaO presidente eleito do Tribunal de Justiça, desembargador Cleones Cunha não mudou sua rotina no dia seguinte à escolha, que se deu ir aclamação, quarta-feira. Ontem, às 9h, já estava no Palácio Clóvis Bevilácqua, onde trabalhou o dia todo despachando processos. Hoje, embarca para Belém onde, na condição de católico fervoroso, participará da procissão do Sírio de Nazaré. “Vou entregar o meu mandato de presidente do Tribunal de Justiça à Nossa Senhora. Vou pedir-lhe que ilumine meus passos, que abençoe a justiça do Maranhão e que me ajude a fazer um bom trabalho como presidente”, disse, falando à Coluna com a convicção de católico praticante e devoto de Nossa Senhora.

 

Primeiras definições

O desembargador Cleones Cunha já tomou várias decisões para serem concretizadas no período de transição. Uma delas: a juíza Isabella Lago vai comandar a Diretoria Geral do Tribunal de Justiça. A nomeação dela será uma inovação, uma vez que até hoje nenhum magistrado ocupou cargo de comando administrativo no Poder Judiciário. Outra decisão: com exceção da Diretoria Judiciária, que vai continuar com a atual diretora, Denise Reis Batista, todas as demais diretorias serão ocupadas por funcionários de carreira do Poder Judiciário. É o caso, por exemplo, do advogado Marcos Nauz, servidor de carreira do TJ e ocupado atualmente a Diretoria Financeira do Tribunal Regional Eleitoral, que será convocado para retornar ao TJ para assumir a Diretoria Financeira, cargo que já exerceu com eficiência reconhecida.

 

Transição

A transição para a mudança de comando no Tribunal de Justiça será iniciada na próxima terça-feira, quando o presidente eleito Cleones Cunha começará a se reunir com os responsáveis pelos mais diversos setores administrativos do Poder.

 

São Luís, 09 de Outubro de 2015.

Eleito por aclamação, Cleones Cunha vai presidir um Judiciário com muitos problemas

 

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Cleones Cunha entre Anildes Cruz (corregedora) e Maria das Graças Duarte (vice)

O Poder Judiciário do Maranhão elegeu ontem o seu comando para o biênio 2016/2017. Pedra cantada, o desembargador Cleones Cunha foi eleito presidente por aclamação pelo Pleno do Tribunal de Justiça. Vai governar tendo como vice-presidente a desembargadora Maria das Graças Duarte e como corregedora geral de Justiça a desembargadora Anildes Cruz, também eleitas por aclamação. Conduzida pela desembargadora-presidente Cleonice Freire, a eleição dos futuros dirigentes ocorreu numa sessão rápida, sem o tradicional rito de votação e num clima de completa descontração e de aparente harmonia. Visivelmente feliz, mesmo já tendo uma ideia clara do que vem pela frente, o presidente eleito fez um discurso breve de agradecimento, mas deixando claro que comandará uma gestão com a firmeza possível e fazendo o que estiver ao seu alcance para manter a instituição unida e o mais produtiva possível.

Um dos mais experientes integrantes do Poder Judiciário do Maranhão, o desembargador Cleones Cunha sabe que vai enfrentar um alentado elenco de desafios na missão que recebeu. São mais de 200 comarcas – 78 delas sem juiz –, 280 juízes, boa parte dos quais concentrados na gigantesca comarca de São Luís; e nada menos que 500 mil processos em tramitação. Expressiva quantidade de fóruns funciona em condições precárias, com poucos servidores, instalações inadequadas e às vezes sem material de expediente.

Nesse contexto, o número de juízes é pífio em relação às necessidades do Poder. O quadro é tão grave que recentemente, durante uma sessão administrativa do Órgão Especial, a corregedora geral de Justiça, desembargadora Nelma Sarney, fez um balanço da situação estrutural e operacional do Poder e declarou que a Justiça maranhense “está à beira do caos”, sendo a situação mais crítica a das Varas Cíveis da comarca de São Luís. E para completar, um exército de servidores insatisfeitos e atualmente  em pé de guerra por causa de uma decisão do próprio TJ, que lhes podu 21% dos vencimentos.

Com a trajetória profissional inteiramente desenvolvida dentro do Tribunal de Justiça – salvo o período em que foi juiz no interior -, o presidente eleito do Poder Judiciário, tem uma dimensão exata do que o espera, a começar pelo fato de que foi corregedor geral de Justiça em mandato que antecedeu ao atual, o que lhe dá plena ciência da situação. Sabe que as condições gerais de trabalho no Judiciário como um todo são insuficientes para que as atividades jurisdicionais não atendam inteiramente as expectativas. Conhece os problemas da magistratura – de um lado as condições limitadas dadas aos juízes; do outro a desídia de magistrados, como o chamado juiz “TQQ”, que só trabalha de terça-feira a quinta-feira, quando é obrigado por lei a residir na comarca.

O desembargador Cleones Cunha tem outro desafio pela frente: harmonizar o Colégio de Desembargadores, hoje dividido entre os que integram o Órgão Especial e os que fazem parte das Câmaras. Terá de usar sua conhecida habilidade “política” para construir um clima de harmonia que há muito não se vê na instituição. A mesma política de eliminação de conflitos terá de ser colocada em prática em relação à magistratura, onde são muitos os focos de insatisfação. Legalista por formação e convicção, o futuro presidente do TJ vai atuar com firmeza para que as regras básicas da Lei Orgânica da Magistratura sejam cumpridas à risca. “Estaremos juntos buscando cumprir o dever de servos da Justiça e do povo do Maranhão”, pontuou.

Quando foi saudá-lo, a presidente Cleonice Freire – que fez questão de interromper uma licença medica para presidir o processo de escolha -, desejou que “o espírito santo o ilumine nesta caminhada”. Homem de muita fé – é católico fervoroso e mestre em Direito Canônico -, Cleones Cunha agradeceu a saudação, deixando entrever ali que está plenamente consciente dos desafios que tem pela frente e que só poderá superá-los com o apoio dos seus pares e com ajuda divina. Vai precisar muito das duas fontes de poder a partir do dia 18 de dezembro, quando for investido efetivamente no comando do Poder Judiciário.

 

 

PONTOS & CONTRAPONTO

 No lugar certo na hora certa

O homem certo no lugar certo na hora certa. É assim que alguns conhecedores dos bastidores do Poder Judiciário avaliam a eleição do desembargador Cleones Cunha para a presidência da instituição. Aos 57 anos, dos quais 30 dedicados à magistratura, sendo 16 como desembargador, Cleones Cunha é conhecedor profundo das entranhas e manhas do Tribunal de Justiça. O presidente eleito do TJ transita em todas as correntes da Casa, o que lhe dá jogo de cintura suficiente para funcionar principalmente como moderador nos momentos de tensão que eclodem aqui e ali. Quando foi corregedor geral de Justiça, usou toda a sua habilidade para conduzir os problemas sem alarde, mas jogando pesado quando teve de tomar medidas duras para corrigir situações complicadas relacionadas com a magistratura. Tem experiência suficiente para fazer uma boa gestão, e quem o conhece sabe que ele vai se desdobrar para alcançar o propósito.

 

Primeiro cargo

A vice-presidente eleita do Tribunal de Justiça, desembargadora Maria das Graças Duarte, tem 66 anos, 37 anos de magistratura e nove como integrante do Colégio de Desembargadores. É o primeiro cargo de direção que ocupará desde que chegou à Corte.

 

Carga pesada

Eleita para exercer o cargo de corregedora geral de Justiça. a desembargadora Anildes Cruz, 68 anos e 37 de magistratura, está há 11 anos no cargo de desembargadora. Nesse período, já foi vice-presidente, corregedora geral eleitoral e presidente do Tribunal Regional Eleitoral. Atualmente é vice-presidente do Tribunal de Justiça e agora assumirá a Corregedoria Geral de Justiça, por muitos considerado o cargo mais desafiador e espinhoso do Poder Judiciário. Ontem, ao agradecer a eleição por aclamação, ela se disse disposta a trabalhar com afinco para que o nome do Tribunal de Justiça do Maranhão “continue a brilhar”.

 

Mais uma vez

Escolhido pela corregedora geral de Justiça eleita e confirmado por aclamação, o juiz Sebastião Bonfim será diretor do Fórum de São Luís, cargo que ocupará pela quarta vez. “A direção do Fórum é um desafio constante”, disse.

 

São Luís, 07 de Outubro de 2015.

 

 

 

 

Se quiserem, Edivaldo Jr., Eliziane Gama e Rose Sales podem renovar o discurso político

 

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Edivaldo Jr., Eliziane Gama e Rose Sales podem fazer uma campanha renovadora

 

A menos que haja uma reviravolta dentro do Grupo Sarney, causada, por exemplo, com o PMDB lançando um quarto nome num rompante, ou, do outro lado, o PSB peite o governador Flávio Dino e lance um projeto eleitoral fora da escrita do Palácio dos Leões, o quadro de candidatos de peso para a corrida eleitoral em São Luís está praticamente definido. E se essa avaliação estiver correta, a eleição de 2016 para a Prefeitura da Capital se dará entre três candidatos da mais nova geração de políticos maranhenses: o prefeito Edivaldo Jr. (PDT), a deputada federal Eliziane Gama (Rede Sustentabilidade) e a vereadora Rose Sales (PV). Eles terão uma oportunidade sem igual de mostrar durante a campanha o que essa geração tem, de fato, na cabeça, podendo até mesmo indicar novos rumos na política maranhense.

O prefeito Edivaldo Jr. entra na corrida para conquistar um novo mandato com a experiência de quem entrou “zerado” no primeiro, sofreu o isolamento imposto pela governadora Roseana Sarney, enfrentou acusações de despreparo, mas soube absorver a pancadaria e sobreviver até a chegada de um aliado no Palácio dos Leões. Agora fortalecido, está deslanchando o governo e deu uma guinada radical no campo político e partidário ao deixar o PTC e ingressar no PDT. Edivaldo Jr. terá na campanha a grande oportunidade de mostrar que conhece São Luís, sabe quais são e onde estão  os seus problemas centrais. Além do mais, já deve ter a fórmula para resolver cada um deles. Poderá fazer isso com um discurso novo, inteligente, focado na realidade e sem estar preocupado que os Leões ao lado do Palácio de la Ravardière querem hostilizá-lo.

Ao se filiar à Rede, agremiação criada pela ex-senadora Marina Silva, a deputada federal Eliziane Gama deu um salto de qualidade na sua pré-candidatura à Prefeitura de São Luís, pois largou PPS, um partido quase fora de contexto e que nada tem a oferecer ao eleitor. Na Rede, ao contrário, pode lhe dar um discurso moderno, que começa com a tarefa de mostrar ao eleitorado uma nova maneira de fazer política. A candidata da Rede terá a oportunidade de, através da linha programática do seu partido, provocar uma discussão séria sobre o presente e o futuro de São Luís. Se tem mesmo a inteligência política que muitos lhe atribuem, poderá transformar o programa da Rede numa bandeira com poder de arrebanhar seguidores.

A vereadora Rose Sales ganhou a mesma oportunidade ao desembarcar no PV, onde recebeu, de cara, o status de pré-candidata do Grupo Sarney à prefeita de São Luís. Nascida da base, e com a experiência de dois mandatos na Câmara de São Luís, ela reúne todas as condições de montar um discurso inovador tendo como base os postulados do PV, que vão muito além da pregação de “ecochatos”. Para isso, pode contar com a colaboração do deputado federal Sarney Filho, que se notabilizou como um dos mais ativos e respeitados líderes verdes do tabuleiro da política nacional.

Se esses três candidatos resolverem, de fato, inovar, modernizando os seus discursos de acordo com as linhas partidárias que defendem, pensando São Luís a partir dos valores contidos nas doutrinas e programas dos seus partidos, darão uma contribuição imensa ao processo político da Capital. E com reflexos nas eleições estaduais de 2018. Mais do que isso, fecharão o cerco para inviabilizar projetos eleitorais baseados em postulados políticos já vencidos e deixarão sem espaço candidatos que entrarem na corrida pelo caminho da pancadaria verbal pura e simples.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

Sorrisos para o público

dino e rochaTudo aconteceu como um entusiasmado encontro de parceiros políticos fidelíssimos. O governador Flávio Dino (PCdoB) recebeu ontem o senador Roberto Rocha (PSB), e após uma conversa rápida e descontraída, posaram para fotografia com sorrisos largos, como se tudo estivesse às mil maravilhas entre eles. Mas a realidade é outra. A relação de Dino e Rocha já não é a da campanha, durante a qual trilharam juntos e não esboçavam sequer uma divergência, por mais simples que fosse o assunto. Eleitos e empossados, os dois perceberam que têm muito mais diferenças do que puderam imaginar na corrida às urnas. O governador não concordou com algumas ações do senador, que também não gostou de algumas atitudes do governador. Resultado, os dois se afastaram, dando a entender que o divórcio político seria irreversível. A foto distribuída ontem pela Secom tenta passar à opinião pública que tudo está em ordem naquele relacionamento. Mas o mundo político todo sabe que a realidade é bem diferente.

 

Ministros amigos

coutinho com ministroO presidente da Assembleia Legislativa, deputado Humberto Coutinho, participou ontem, em Brasília, da posse coletiva dos novos ministros do governo da presidente Dilma Rousseff. Além de levar o seu apoio à reforma ministerial operada pela presidente da República, o chefe do Poder Legislativo estadual foi a Brasília se congratular com dois ministros, especificamente: André Figueiredo, deputado federal do Ceará, que assumiu o Ministério das Comunicações como representante do PDT no governo, e Marcelo Castro, deputado federal do PMDB do Piauí, que foi guindado ao comando Ministério da Saúde. O deputado Humberto Coutinho cultiva relações pessoais com os dois ministros. Seu relacionamento de amizade com André Figueiredo vem da convivência no PDT. Já sua amizade com Marcelo Castro da proximidade de Caxias com Teresina e, mais, do fato de serem médicos e ter a saúde pública como item de ação política. Acompanharam o presidente Humberto Coutinho a Brasília os prefeitos de Caxias, Leo Coutinho, e de Parnarama, Davi Carvalho.

 

Eleição no Judiciário

cleones cunhaO Tribunal de Justiça elege hoje sua direção ara o biênio 2016/2017. Diferentemente de outros colégios, a eleição se dá por acordo, seguindo uma ordem em forma de rodizio. O presidente deverá ser o desembargador Cleones Cunha, um dos mais experientes integrantes do Colégio de Desembargadores. Os cargos de vice-presidente e corregedor geral de Justiça devem ser preenchidos por acordo, mas sendo quase certo que será ocupado pela desembargadora Anildes Cruz, atual vice-presidente do Poder Judiciário, mas pode haver surpresas. A eleição da nova direção se dá num momento de crise no Poder Judiciário, que parece viver um vazio de liderança, que pode ser preenchido pelo desembargador Cleones Cunha.

 

São Luís, 06 de Outubro de 2015.

Um ano depois das eleições, o Maranhão parece outro e Dino mantém de pé seu projeto de alçar voos mais altos

 

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Dino no Palácio dos Leões: um comunista perfeitamente adaptado ao poder

Há exatamente um ano, os maranhenses acordaram sob o impacto da maior e mais ampla mudança já causada por uma disputa eleitoral em várias décadas. O dia 5 de outubro terminara com a já prevista esmagadora vitória do candidato Flávio Dino (PCdoB), que saiu das urnas com 65% dos votos, contra Lobão Filho (PMDB), apoiado por 35% dos eleitores, num desfecho que significou bem mais do que um processo eleitoral de rotina. Naquele 6 de outubro, os maranhenses começaram a viver um ambiente de virada política radical, com a queda do Grupo Sarney e a ascensão de uma nova geração de políticos forjada na oposição sistemática ao esquema de poder  liderado pelo ex-presidente José Sarney.

Passados nove meses da investidura do novo governo, o Maranhão continua com os mesmos gigantescos e desafiadores problemas, mas com a diferença de que eles estão sendo combatidos por outro viés, de maneira mais franca, mais planejada e com decisão política. A sensação é a de que o Maranhão tem hoje um governo que parece saber onde quer chegar, ainda que seja muito cedo para se formular conclusões. Alguns sinais, porém, indicam que Flávio Dino trabalha para que os resultados do seu governo o projetem no cenário nacional.

É fato indiscutível que nos 275 dias que transcorreram desde a sua posse, no dia 1º de janeiro, o governador Flávio Dino fez exatamente o que anunciara na campanha. Com a autoridade que lhe deu a condição de governador mais bem votado do país, Dino começou a governar sem muito alarde e sem impactar os maranhenses com um pacote de medidas radicais. Seu primeiro movimento foi um gesto político: demonstrou que o Maranhão está sob o controle de um governante consciente do seu papel, com propósitos muito claros, e determinado a alcançar os objetivos que anunciou durante a campanha eleitoral. Mais: manteve seu discurso contra os adversários, mas – pelo menos até aqui – não agiu de maneira abusiva nem tripudiou sobre seus inimigos políticos.

Visto por seus adversários como um mandatário arrogante, muito senhor de si, que ainda não encontrou rumo, o governador é tido pela maioria como um dirigente sério, que se movimenta com os pés no chão, levando os seus simpatizantes a vê-lo como um chefe de Estado e de governo que atua com equilíbrio, que não fez concessões fora da lei e que tem se esforçado para se livrar de estereótipos. Para alguns, Flávio Dino ainda não está ajustado ao papel de governador, mas mesmo entre os que fazem essa avaliação há quem reconheça que sua governança passa a certeza de que o Maranhão está sob um governo correto, focado e em condições de efetuar efetivamente mudanças no curso da história política e administrativa do estado.

Seus adversários políticos, liderados pela ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), não dão trégua. Diariamente disparam críticas ao governo e denúncias de distorções administrativas. Mas as investidas oposicionistas não tiram o governador nem o governo do eixo. O governador reage ora ironizando no twitter, emitindo notas de rebate e tomando atitudes de governo. O fato é que Flávio Dino não deixa nenhuma estocada ou ataque sem resposta, reagindo ele mesmo ou seu porta-voz mais ativo, o secretário de Articulação Política e Assuntos Federativos, Márcio Jerry, que também preside o PCdoB no Maranhão. No campo político, opera sem descanso para formar uma base política sólida, com o fortalecimento do PCdoB e de outros partidos aliados, como o PDT, por exemplo, de olho também da fragilização cada vez mais acentuada da oposição.

Os nove meses demonstraram que o projeto político do governador tem o Maranhão como base, mas vai muito além das fronteiras do estado. Mas para isso, sabe ele que não irá a lugar algum se não fizer as transformações prometidas e acabar como mais um ex-governador que virou senador. Mas a julgar por suas declarações, sua aspiração vai longe. Na entrevista que concedeu sexta-feira à RedeTV!, a entrevistadora perguntou-lhe se pretende ser presidente da República, e ele respondeu: “Não. Quero dar conta desse primeiro desafio”. Para depois…

 

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

Doutores com justiça

A Universidade Federal do Maranhão (UFMA) homenageia hoje o poeta Nauro Machado e o ex-governador Jackson Lago (in memorian) com o título de Doutor Honoris Causa. Iniciativa do reitor Natalino Salgado aprovada pelo Conselho Universitário.

nauroNauro Machado – A láurea a Nauro Machado é mais que merecida, por ser ele um dos gigantes da poesia de língua portuguesa, cuja obra nada deixa a dever a grandes nomes da literatura universal. Tanto que chega aos 80 anos externando cada vez mais sabedoria na sua vigorosa poesia, como, por exemplo, o poema 1177, do livro “O baldio som de Deus”: Embora um outro em mim viesse com a / sua existência feita em duplos cios, /não chegarei aos oitenta de uma soma / acumulada em perdas e extravios: /  escavo a cova de uma carne em coma / na escritura da noite sem pavios, / pela presença dessa que me toma, / suando ainda em seus tremores frios. / E na existência que em mim se conta, / para afrontá-la quando a carne afronta / o dentro feito o meu próprio algoz, / sobre a cova sob mim acumulada / minuto e hora de um mesmo nada, / sei desse outro a falar com a minha voz. Nada mais justo, portanto, do que o reconhecimento que a UFMA lhe faz.

jackson lago 2Jackson Lago – O mesmo se pode dizer de Jackson Lago, que além de médico renomado e militante político engajado e movido pela coerência, dedicou muito da sua vida à UFMA com o professor do Curso de Medicina. Como médico, Lago foi pioneiro no Maranhão como especialista em cirurgia do baço, com o que contribuiu decisiva e efetivamente para mudar para melhor o tratamento de doença relacionada com aquele órgão humano. Na política, Jackson Lago foi um gigante. Militante de esquerda desde jovem, se manteve nessa seara por toda a sua trajetória política, que incluiu a fundação do PDT juntamente com Leonel Brizola e Neiva Moreira. Foi deputado estadual, prefeito de São Luís por três vezes e governador do Estado. Jackson Lago foi um exemplo de coerência, pois jamais se afastou da linha ideológica e doutrinária que abraçou. Teve seu mandato cassado sem uma mancha na sua imagem pessoal e deixou muitos seguidores, que até hoje o têm como referência. O título concedido pela UFMA contempla o médico e o político.

 

PTB alinhado

pedro lucaspresidente estadual do PTB no Maranhão, deputado federal Pedro Fernandes, corrige a coluna ao informar que o braço do partido em São Luís não participará de uma frente sarneysista, pois está inteiramente alinhado com o projeto de reeleição do prefeito Edivaldo Jr. (PDT), tendo à frente o vereador Pedro Lucas Fernandes.

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