Arquivos mensais: junho 2015

Sucessão em São Luís tem dois times de pré-candidatos

 

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Primeiro time: Edivaldo Jr. Eliziane Gama, Gastão Vieira e João Castelo

 

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2º Time: Natalino Salgado, Ricardo e Andrea Murad, Neto Evangelista e Rose Sales

 

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2º time: Astro de Ogum, Edilázio Jr., Saulo Arcangeli, Marcos Silva e Luis Pedrosa

 

É bem maior do que se imagina o número de aspirantes a vestir o fardão de candidato à Prefeitura de São Luís. Além dos nomes conhecidos e já pré-candidatos assumidos, um número expressivo – e que cresce a cada dia – dos que sonham sentar-se na cadeira principal do Palácio de la Ravardiàre. São políticos que querem dar um passo à frente escalão, que têm nome e estão em busca de renome. Uns têm situação partidária definida, outros nem tanto e alguns nem isso têm. Entre esses estão alguns que podem surpreender, como surpreendeu, por exemplo, em 2012 a então deputada estadual Eliziane Gama (PPS), que impressionou a muitos com sua desenvoltura discursiva, embora não tenha apresentado uma só proposta inovadora para melhorar a vida em São Luís.

O primeiro time de pré-candidatos está praticamente definido e é formado pelo prefeito Edivaldo Jr. (PTC), que buscará a reeleição; a deputada federal Eliziane Gama, que não esconde sua condição de pré-candidata; o deputado federal João Castelo (PSDB), que não tem se manifestado sobre o assunto, mas é o nome mais sólido do seu partido; e o ex-deputado federal Gastão Vieira (PROS), que tem confirmado sua pré-candidatura em conversas reservadas.

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Roseana Sarney: um caso à parte

O segundo time é liderado pela ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), que nunca disse que é candidata a prefeita, mas recentemente começou a admitir essa possibilidade com o recado segundo o qual continua na política. Junto com ela vêm o reitor da UFMA, Natalino Salgado, que só precisa agora de um partido, que pode ser o PT; o ex-deputado Ricardo Murad ou a filha, a deputada Andrea Murad, que dependem da posição da ex-governadora Roseana Sarney e do aval da cúpula estadual e municipal do PMDB, que os quer ver pelas costas; o deputado Neto Evangelista, que é a segunda opção do PSDB; vereadora Rose Sales, que deixou o PCdoB e se filiou ao PP; o engenheiro Ricardo Guterres ou o suplente de senador Clóvis Fecury; o vereador e presidente da Câmara Astro de Ogun (PMN); Marcos Silva e Saulo Arcangeli, que podem decidir no par ou impar a vaga de candidato do PSTU; e, finalmente, Luis Pedrosa, que seria a primeira opção do PSOL. Nesse contexto desponta ainda o deputado Edilázio Jr., que pode ser o candidato do PV ou buscar outro partido para entrar na disputa.

Focada nos desdobramentos da Operação Lava Jato e no processo, que corre sob sigilo na Justiça estadual, que apura suspeita de corrupção no acerto com a empreiteira Constran para pagamento de precatório milionário, a ex-governadora dificilmente encontrará disposição para entrar numa briga em que correria o sério risco de ser derrotada. O PMDB quer lançar candidato próprio, mas rejeita duramente o projeto do ex-deputado Ricardo Murad de ser ele mesmo o candidato ou a deputada Andrea Murad. Roseana está dividida nesse racha no seu grupo, podendo resolver o problema levando o PMDB a apoiar um candidato do PT. Essa aliança poderá se dar em torno da possível candidatura do reitor da UFMA, Natalino Salgado, que tem recebido insistentes convites da cúpula nacional do PT, que gostou do seu trabalho como gestor. Outros partidos estão cercando o reitor, mas tudo indica que se ele vier mesmo a ser candidato, o será pelo PT, para o que já tem o aval da cúpula estadual do partido.

A vereadora Rose Sales se desencantou com o PCdoB, mas não deixará a política; ao contrário, há quem garanta que ela encontrou no PP o meio que precisava para entrar na briga majoritária, num projeto ainda embrionário, mas possível. Já Ricardo Guterres, um técnico competente e lúcido, poderá ser o candidato do DEM, isso se o dono do partido, Clóvis Fecury, não ensaiar a sua própria candidatura, o que é improvável. O deputado Edilázio Jr. estuda o cenário e procura a melhor maneira de nele se encaixar como político jovem e ousado, podendo vir a ser um diferencial. No plano dos nomes viáveis entra também o vereador Astro de Ogum, que vem demonstrando desenvoltura no comando da Câmara e ampliando sua influência no cenário político municipal, o que lhe dá gás para entrar na briga.

Finalmente, a turma da extrema esquerda. O PSOL tem Luis Pedrosa, que se saiu muito bem como candidato a governador, mas pode lançar o ex-deputado Haroldo Sabóia. Já o velho e radical PSTU não surpreenderá se lançar mais uma vez Marcos Silva ou Saulo Arcangeli.

É esse o cenário do momento. O tempo dirá quem vai mesmo entrar na briga ou recolher as armas.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

Adeus a um líder

apolonioA coluna registra, com pesar, a morte de Apolônio Melônio (foto), o líder do Boi da Floresta, que também era muito conhecido como Boi do Apolônio. Foi quase um século – ele morreu aos 94 anos – de dedicação total e absoluta à cultura popular do Maranhão, cultivando com seu “batalhão” o sotaque de matraca. Apolônio começou quando bumba-boi era um folguedo marginal, periférico e esnobado pelas elites, tanto que “não passava do João Paulo”. Morador da Floresta, no centro do complexo da Liberdade, Apolônio Melônio formou gerações e gerações de cantadores, vaqueiros, índios, amos e novilhos, que levou para as praças públicas, hotéis, residências e palácios com a dignidade de um verdadeiro líder. Deixa um grande vazio no universo dos “batalhões” de São Luís.

 

São Luís, 03 de Junho de 2015.

Violência gera equívoco e debates intensos na Assembleia

 

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Adriano Sarney errou na dose e Eduardo Braide aproveitou para virar o jogo

 

A violência que grassa no Maranhão tem sido tema de fortes debates na Assembleia Legislativa. O mais recente deles aconteceu em torno de requerimento do deputado Adriano Sarney (PV) sugerindo ao governador  Flávio Dino (PCdoB) pedir ao Ministério da Justiça o envio de tropas federais para reforçar a segurança nas ruas de São Luís. O requerimento, claro, foi atropelado pela maioria governista, mas, antes do atropelamento, ensejou debates interessantes sobre o problema da violência, com a manifestação de propostas lúcidas, sugestões já batidas, lugares comuns surrados e teses absolutamente fora de contexto.

A sugestão do deputado Adriano Sarney para que o governador peça tropas federais para reforçar o combate à violência nasceu, na verdade, na semana passada, quando ele, que tem se revelado competente e bem preparado, cometeu, ou por inexperiência ou por ingenuidade, o equívoco de sugerir um processo de intervenção no Maranhão, sob a alegação de que, na sua avaliação, o governo estadual não estaria sendo capaz de conter o avanço da violência. A proposta intervencionista caiu como um presente na bancada governista, dando a falcões como os deputados Eduardo Braide (PMN) e Othelino Neto (PCdoB) o motivo que eles precisavam para demolir, com argumentos sólidos, a iniciativa do parlamentar oposicionista.

A proposta foi tão infeliz que levou à tribuna deputados que até então se limitavam a assistir ao duelo. Mais do que isso: deu tanto gás aos deputados governistas que num dado momento do debate, Eduardo Braide, num lance de esperteza, colocou Adriano Sarney contra a parede com uma pergunta fatal: “Deputado, o senhor acha que deveria ter havido intervenção no governo passado por causa dos problemas de violência?” Surpreendido pela pergunta, o deputado do PV não encontrou outra saída e respondeu: “Sim, eu acho”, colocando, a contragosto, uma pá de cal sobre a política de segurança comandada por sua tia, a governadora Roseana Sarney.

O deputado Adriano Sarney não se deu por vencido aproveitou o fim de semana para curar os hematomas e buscar uma saída honrosa. Não se sabe se de lavra própria ou de algum “gênio” conselheiro, o líder da bancada do PV apresentou, na sessão de segunda-feira, a bomba que lhe devolveria o discurso contra a violência: o tal requerimento sugerindo ao governador do Estado pedir tropas federais para reforçar a segurança nas ruas de São Luís. O argumento, fundado na lógica, se apoiava em reiteradas declarações do governador Flávio Dino e de governistas de alto coturno afirmando que um dos problemas da violência é a insuficiência do efetivo policial. Fazia sentido, mas no afã de convencer a maioria da Assembleia Legislativa, o parlamentar tropeçou mais uma vez na inexperiência, ao tentar fazer um inexplicável e descabido terrorismo com o plenário afirmando que colegas que não aprovassem o requerimento teriam insônia e problemas de consciência e se sentiriam responsáveis pela violência a partir de então.

A maneira equivocada com que defendeu seu requerimento se transformou mais uma vez em munição para os governistas. Eduardo Braide, Othelino Neto e o líder Rogério Cafeteira (PSC) desmontaram um por um os argumentos. E resumindo, afirmaram que o governador Flávio Dino tem discernimento suficiente para pedir tropas federais para reforçar a luta contra a violência no Maranhão no momento em que julgar conveniente. E que, por enquanto, a sugestão do parlamentar, que em todos os momentos recebeu valioso e rico apoio do deputado Edilázio Jr. (PV), está fora de cogitação. E colocado em votação, o requerimento foi mandado, por esmagadora maioria, para o arquivo morto do parlamento.

O que restou da sequência de episódios foi uma série de discursos favoráveis e contrários interessantes, bem fundamentados, que revelaram bom nível dos deputados envolvidos. O único problema: nenhuma saída contra a violência, que é de fato o que interessa.

 

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

Líder alfineta

rogerio cafe 2O líder Rogério Cafeteira (foto) deu uma interpretação pragmática ao requerimento do deputado Adriano Sarney sugerindo que o governador Flávio Dino peça tropas federais para reforçar a segurança nas ruas de São Luís. “Deputado, o que Vossa Excelência queria era que esse requerimento fosse aprovado para que amanhã o seu jornal estampasse uma manchete dizendo que o senhor resolveu o problema de segurança do Maranhão. Era só isso que o senhor queria”, disse Cafeteira, em tom irônico. Adriano Sarney sorriu meio sem graça da estocada.

 

Qual é a verdade?

Um dos argumentos da oposição que tira governistas do eixo é a afirmação do Governo estadual de que mil aprovados do concurso para a Polícia Militar já foram convocados. Os oposicionistas classificam a informação de “mentira”, demonstrando que apenas um contingente de poucos mais de 300 estão sendo preparados para ir para as ruas. Esse jogo de informação e contrainformação tem gerado certo desgaste para o Palácio dos Leões, principalmente depois de declaração recente do governador Flávio Dino afirmando que os convocados já passam de dois mil.

 

São Luis, 02 de Junho de 2016

Destempero de Jefferson Portela põe governo na defensiva

 

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Jefferson Portela bateu forte em deputados e César Pires liderou a reação contra ele

Não bastassem os problemas que o governador Flávio Dino (PCdoB) enfrenta na área de segurança pública, agora o Palácio dos Leões se vê obrigado a acionar a sua base na Assembleia Legislativa para, pelo menos, minimizar a dura tréplica dos deputados oposicionistas César Pires (DEM), Edilázio Jr. (PV) e Adriano Sarney (PV) à réplica do secretário de Segurança Pública, Jefferson Portela, a cobranças feitas pelo primeiro por causa da chamada “Chacina de Panaquatira”. Usando o twitter, provavelmente inspirado na forma de comunicação preferida do governador do Estado, o secretário, entre outras pancadas, escreveu que os parlamentares da oposição são “lixo da história” e “sabujos do Sarney”.

O clima se tornou pesado para o lado do secretário Jefferson Portela, ontem, na Assembleia Legislativa. O primeiro atingido a se manifestar foi o deputado César Pires, que usou pelo menos uma dezena de adjetivos para desqualificar o secretário: “incompetente”, “inconsequente”, “descontrolado”, “destemperado”, “incapaz”, “agressivo”, “irresponsável”, “despreparado”, “incoerente” e “metido a”.  Na mesma linha se manifestou o deputado Edilázio Jr., para quem Jefferson Portela “é a incompetência em pessoa”, “despreparado para exercer cargo tão importante, porque só consegue responder uma crítica com agressão”. E Adriano Sarney também não amenizou, pois além de criticar duramente a reação “destemperada” do secretário de Segurança, cobrou uma ação da Assembleia Legislativa exigindo reparo e sugeriu, em tom de cobrança, que o governador demita Portela e nomeie o deputado Raimundo Cutrim (PCdoB) para o cargo, “que foi um grande secretário”.

O episódio é claro. O secretário Jefferson Portela pisou na bola ao reagir agressivamente às críticas dos parlamentares de oposição à atuação da Polícia, sob seu comando, na tragédia em que três pessoas, entre elas um policial, foram assassinadas por bandidos numa residência em festa, e que se tornou manchete nacional.

Dono de um temperamento forte, diante da crítica – que, diga-se de passagem, foi incisiva, mas não agressiva – o secretário, provavelmente mal informado sobre o que fora dito pelos parlamentares, esqueceu as nuanças políticas do cargo e encarnou o militante do PCdoB. E nessa condição, usou o twitter, não para responder às críticas, como faria o secretário de Estado que ele deixou de lado naquele momento, mas para dar troco a agressões que não lhe foram dirigidas. O erro foi tão grotesco, que os próprios deputados da base governista sentiram a pancada.

Na democracia brasileira, detentor de mandato parlamentar tem a prerrogativa de dizer o que pensa sem o risco de censura ou retaliação. Ao secretário de Estado não é garantido esse direito, por não ser ele detentor de mandato, mas um assessor de ponta responsável por uma tarefa de caráter administrativo. Cabe-lhe responder com esclarecimentos e explicações, e nunca com ofensas ou agressões, principalmente se a crítica ou a cobrança for feita por um deputado, seja da situação ou da oposição. E as manifestações dos deputados oposicionistas foram de cobranças duras, mas é fato que não houve excesso em nenhuma das falas. Daí não haver motivo para a reação “destemperada” do secretário de Segurança.

O virulento contra-ataque de Jefferson Portela causou forte mal-estar na Assembleia Legislativa e colocou o Palácio dos Leões numa delicada situação de defesa. Tanto que, conforme destacou Edilázio Jr., “Nenhum deputado governista saiu em defesa desse secretário incompetente”. E o incômodo do governo era tanto que após a artilharia verbal pesada da oposição contra a metralha de Jefferson Portela no twitter, o deputado governista Othelino Neto (PCdoB) – que, diga-se de passagem, tem sido competente no embate com a oposição -, teve de fazer malabarismo verbal para revelar o sentimento do Palácio dos Leões acerca do incômodo episódio.

“O governador Flávio Dino desaprova palavras ofensivas contra deputados”, disse Othelino Neto, fazendo as vezes de porta-voz do Palácio dos Leões. E em seguida criticou a oposição pelas cobranças que ela tem feito ao governo na área de segurança, recorrendo ao argumento fatal: a situação está assim porque o governo passado não fez o que deveria ter feito. Diante do esforço de Othelino Neto para minimizar o episódio, dois outros deputados governistas, Fernando Furtado e Marco Aurélio, ambos do PCdoB, ensaiaram, quase que como uma obrigação, uma defesa do secretário Jefferson Portela.

O que ficou claro ontem foi o seguinte: Jefferson Portela se comportou mal como secretário, a oposição reagiu à altura, o governo ficou numa saia justa, mas deixou claro que, mesmo com a orelha vermelha, Portela continuará no cargo. Até porque, fora os rompantes, trata-se de um bom policial.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

Líder de longe

rogerio cafe 2O líder do Governo, deputado Rogério Cafeteira (PSC), assistiu de longe a reação dos deputados oposicionista às pancadas do secretário Jefferson Portela. Era natural que ele ocupasse a tribuna para externar a posição do governador Flávio Dino em relação ao caso, mas a tarefa foi desempenhada pelo deputado Othelino Neto. O não envolvimento do líder no caso sugeriu uma série de indagações e ensejou especulações as mais diversas. A primeira dá a entender que o secretário não tem prestígio na bancada governista. A outra: o líder foi atropelado por Othelino Neto ou o escalou para dar o recado do governador.

 

Ninguém mais

O deputado Edilázio Jr. acertou em cheio quando disse que o secretário Jefferson Portela não recebeu manifestações de apoio na bancada governista. Ao contrário, ele foi duramente criticado por aliados nos bastidores por ter reagido agressivamente às cobranças feitas por deputados de oposição. As manifestações a favor do secretário se resumiram aos seus colegas de partido Marco Aurélio e Fernando Furtado. Othelino Neto defendeu a política de segurança do governo, mas em nenhum momento a associou ao secretário.

 

São Luís, 02 de junho de 2015.

Tucanos em crise tentam dar nova identidade ao PSDB

 

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Brandão preside um partido cm Castelo insatisfeito e Madeira liderando uma banda

Numa das suas edições recentes, o jornal O Estado de S. Paulo trouxe matéria especial sobre a crise de identidade que atinge o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Em quatro páginas densas, o jornal paulista mostra que depois da derrota em 2014 os tucanos estão perdendo o rumo como oposição, abandonando teses que sempre defenderam ardorosamente e fracionando o partido em grupos que professam posições diferentes. A crise de identidade vivida pelo PSDB nacional caminha para contaminar e causar desdobramentos graves no braço maranhense do partido, cuja unidade é mantida por uma linha muito frágil, devido às diferenças que movem os grupos que o integram. Uma das consequências de um provável racha no PSDB do Maranhão poderá ser a saída de um dos seus mais importantes líderes, o deputado federal João Castelo.

Nesse contexto, os líderes do tucanato nacional veem com perplexidade e preocupação membros do PSDB tomando rumos diferentes da orientação partidária em todo o país, desenhando alianças que dificilmente levarão o partido a um rumo do seu real interesse. E um dos exemplos está no Maranhão, onde o PSDB é representado no Governo pelo vice-governador Carlos Brandão, mas sem uma aliança sólida com o restante do partido.

Uma observação cuidadosa encontra o braço maranhense do PSDB em situação quase conflituosa com as posições hoje defendidas pelo partido e que agora os segmentos mais tradicionais da legenda tentam reimplantar como princípios imutáveis. Para se ter uma ideia do tamanho do problema, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e muitas outras vozes tucanas criticaram duramente o atual presidente do partido, senador Aécio Neves por ele insistir na tese de impeachment  para a presidente Dilma Rousseff e nas críticas que ele vinha fazendo ao ajuste fiscal. Para aqueles líderes, defender impeachment de Dilma parece intenção de golpe, coisa que, em tese, o PSDB abomina. E criticar o ajuste fiscal é negar o que fez o próprio governo Fernando Henrique, que ajustou brutalmente as suas contas para equilibrar o governo e inventou e implantou o fator previdenciário.

Em meio à turbulência o partido vive uma situação de fragilidade, não dá sinais de que tenha teses a defender e procura dar a volta por cima para se firmar como uma agremiação que possa vir a disputar o poder de fato no estado. Um exemplo recente foi a filiação do ex-prefeito de São José de Ribamar, Luis Fernando Silva, que se prepara para brigar de novo pelo cargo.

No contexto geral, o PSDB maranhense encontra-se, de fato, sem poder efetivo e com o futuro incerto. Tem o vice-governador do Estado, Carlos Brandão, que se movimenta com habilidade, é prestigiado pelo governador Flávio Dino (PCdoB), mas não tem poder de fato. Preside o partido sem fazer o papel de líder, porque nas entranhas da agremiação enfrenta adversários que aguardam a oportunidade certa para tomar-lhe o comando partidário. Brandão é homem de proa de um governo tecnicamente anti-tucano, embora o governador comunista tenha realizado sua campanha com um pé no ninho.

Pesa para fragilizar ainda mais a unidade do PSDB a chamada “corrente Tocantina” do partido, comandada de Imperatriz pelo prefeito Sebastião Madeira cuja identidade partidária é genuinamente tucana. E é exatamente o projeto político de Madeira que poderá aprofundar mais ainda a crise de identidade do PSDB no Maranhão. O prefeito é candidato assumido a senador em 2018. Tem mantido um bom relacionamento com o governador Flávio Dino, mas o fato de Madeira haver apoiado a pré-candidatura de Luis Fernando Silva, com o aval da então governadora Roseana Sarney o distancia do Palácio dos Leões, onde o “núcleo duro” ligado ao governador o vê com reservas, e ele sabe disso.

Hoje, o PSDB do Maranhão tem pelo menos três correntes que o tornam uma colcha de retalhos e que dificilmente se enquadrará, unido, no perfil partidário agora desenhado pelos líderes do tucanato nacional. Essas diferenças vão se acentuar quando o partido tiver de decidir como participará da corrida para a prefeitura de São Luís, por exemplo.

 

PONTOS & CONTRAPONTO

 

Fantasma em Rosário

ricardo 8O jornal O Imparcial divulgou ontem, em manchete de 1ª página, a  descoberta, pela Secretaria de Estado de Transparência e Controle, do resultado de uma auditoria denunciando o pagamento, pelo Governo do Estado, de R$ 4,2 milhões por um hospital de 50 leitos em Rosário. De acordo com a reportagem, o hospital simplesmente não existe. Segundo o jornal, procurado para esclarecer, o ex-secretário de Saúde, Ricardo Murad (foto), respondeu o seguinte: “Sem maiores elementos, tenho pouco a dizer, a não ser que o programa é atestado pela gerenciadora do BNDES, que detém o poder de autorizar o pagamento de faturas apresentadas pelas empresas. Essa situação não tem condição de acontecer”. Claro que esta explicação de Murad deixa muitas dúvidas no ar e certamente não convenceria um promotor de Justiça bem informado.

 

João Goulart

DSC01393A Assembleia Legislativa aprovou ontem o Projeto de Lei Nº 110/2015, proposto pelo governador Flávio Dino que autoriza o Governo do Estado a adquirir imóveis pertencentes ao INSS na cidade de São Luís, através de doação em pagamento de dívida com o Instituto. Na mensagem, o governador explica que o pagamento dos imóveis será feito com uma dívida de R$ 9,9 que o INSS tem para com o Estado do Maranhão. O projeto prevê a aquisição de três imóveis, sendo um deles o Edifício João Goulart (foto), um espigão cuja presença fere violentamente a beleza arquitetônica da Praça Pedro II, mas que certamente será muito útil para abrigar órgãos públicos.

 

São Luís, 30 de Junho de 2015.