O que era visto com reservas por alguns observadores começa a ganhar corpo no tabuleiro do jogo pelas duas cadeiras no Senado da República que serão disputadas nas eleições do ano que vem: o governador Carlos Brandão (PSB) já é visto no meio político e fora dele como nome favorito para uma delas e caminha para ser o parceiro ideal para os que disputam a segunda vaga, no caso os senadores Eliziane Gama (PSD), Weverton Rocha (PDT) e o deputado federal e atual ministro do Esporte André Fufuca (PP) – que também foi à Barreirinhas -, podendo entrar no jogo também nomes como os deputados federais Detinha (PL), Pedro Lucas Fernandes (União) e Juscelino Filho (União), atual ministro das Comunicações. Outros nomes podem despontar nos próximos meses, mas a avaliação dominante até aqui é que a disputa pelas cadeiras na Câmara Alta dificilmente sairá desse grupo de pré-candidatos.
Um exemplo dessa complexa equação ocorreu quinta-feira em Barreirinhas, onde o governador Carlos Brandão comandou uma grande festa popular para inaugurar uma ponde de concreto de 240 metros sobre o Rio Preguiças, para integrar a região dos Lençóis Maranhenses. Ali desembarcou também para participar da festa o senador Weverton Rocha como integrante da comitiva, pouco parecendo o parlamentar que em 2022 rompera com o então governador Flávio Dino (PSB) e disputou o Governo do Estado com o sucessor dele, Carlos Brandão, que ganhou no 1º turno, tendo o senador ficado em terceiro lugar, iniciando a segunda etapa do seu mandato senatorial com um discurso fortemente oposicionista. À medida que Carlos Brandão foi consolidando seu Governo, alcançando expressivos índices de aprovação e montando uma ampla rede de apoio nos municípios, Weverton Rocha foi revendo o seu discurso e sua posição oposicionista.
Misturado à massa popular que se mobilizou para a festa de inauguração, apesar do calor causticante da manhã ensolarada, o senador Weverton Rocha, suando forte, gravou um vídeo no qual exalta a obra e declara que é hora de recompor a união que ele rompeu. “O espírito é mais ou menos esse: de conclusão, de união, hora de chamar todos e fazer continuar esse trabalho a favor do Maranhão”, declarou o senador, num nítido movimento para se tornar o companheiro do governador Carlos Brandão, que foi o epicentro das atenções dos milhares de pessoas que foram à festa de inauguração.
Assim como Eliziane Gama, Weverton Rocha sabe que tem pela frente o enorme desafio da reeleição, e as pesquisas o aconselham a jogar para ter o governador Carlos Brandão como parceiro numa dobradinha pelas duas a vagas. Isso porque as contas que tem feito lhe mostram que corre o sério risco de ficar para trás se vier a optar por um embate direto com o mandatário maranhense por uma das vagas. O senador pedetista tem a avaliação segundo a qual suas chances de reeleição são reais, mas que também o ministro André Fufuca – se entrar como tem dito – será um concorrente capaz de alterar o seu favoritismo, porque irá para as urnas com o apoio total do seu partido, podendo também ser o parceiro de Carlos Brandão.
A incursão política do senador Weverton Rocha em Barreirinhas aponta claramente que ele decidiu trabalhar para construir uma ponte que o leve de volta à aliança governista e à condição de “companheiro de chapa” do governador Carlos Brandão. O mandatário – que ainda não disse se será candidato, mas até as pedras de cantaria da Praia Grande sabem que ele irá para a disputa -, segue seu curso comandando o Governo e inaugurando obras, preparando, sim, a base da sua candidatura, em chapa com o vice-governador Felipe Camarão (PT), que é tida como certa por nove entre dez observadores da cena política do Maranhão.
O problema é que a senadora Eliziane Gama e o ministro André Fufuca trabalham na mesma direção.
PONTO & CONTRAPONTO
Eliziane tem pauta cheia na corrida para viabilizar reeleição
Enquanto o senador Weverton Rocha (PDT) trabalha para se reconciliar plenamente com a base governista liderada pelo governador Carlos Brandão (PSB), a senadora Eliziane Gama (PSD) se movimenta para montar o painel político-eleitoral com o qual pretende viabilizar sua corrida à reeleição.
Ela confirma sua permanência no PSD, mas não deixa claro se apoiará a provável candidatura do prefeito Eduardo Braide (PSD) ao Governo do Estado. Isso porque, pelo menos até aqui, os seus movimentos a levam à base da possível pré-candidatura do vice-governador Felipe Camarão (PT). Ele pode também mudar de partido e resolver de vez essa pendência.
A senadora trabalha também para conquistar o maior apoio possível da massa eleitoral evangélica, que bandeou para a extrema-direita, aderindo ao bolsonarismo. Ela foi quase satanizada por algumas vozes evangélicas durante a CPI da Covid, da qual foi relatora.
Eliziane Gama se movimenta também para estreitar ainda mais a sua relação com o Governo do presidente Lula da Silva (PT), o qual apoiou integralmente até aqui, inclusive como vice-líder no Congresso Nacional e tendo sido cotada para ser ministra.
O leque de ajustes que a senadora precisa resolver é amplo, mas ninguém duvida da capacidade de trabalho e da competência política da senadora para colocar sua candidatura nos trilhos.
Movimento de ex-deputados para somar cacifes eleitorais ganha corpo

Raimundo Cutrim, Helena Duailibe, Jota
Pinto, Adelmo Soares (de gravata) e
Rogério Cafeteira: união por vagas na Alema
Os ex-deputados estaduais que estão se mobilizando para entrarem juntos em um partido com o objetivo de conquistar pelo menos duas cadeiras na Assembleia Legislativa podem ter acertado em cheio. Juntos, eles reúnem um respeitável baú de votos, que somados numa mesma legenda podem garantir, sim, pelo menos dois mandatos.
O movimento, formalizado num almoço na semana passada, chamou a atenção, principalmente na Assembleia Legislativa, onde parlamentares trabalham pela reeleição e não veem com bons olhos uma iniciativa política que funciona como uma ameaça aos seus projetos de renovação de mandato.
Nomes como Wendel Lajes, Fábio Braga, Marcos Caldas, Adelmo Soares, Raimundo Cutrim, Jota Pinto, Helena Duailibe, Rogério Cafeteira, Leonardo Sá, César Pires, Betel Gomes, além de Gardênia Castelo (filha) e Sérgio Frota.
Depois de várias rodadas de conversa, nas quais avaliaram os pós e contra da iniciativa e optando por lava-la em frente, os ex-deputados se debruçam agora na decisão na qual não podem errar: a escolha do partido ao qual se filiarão.
Resolvido o item filiação partidária, o resto será um por si e Deus por todos.
São Luís, 29 de Março de 2025.