Weverton continua na luta, mas seu projeto, que já foi forte, agora fragiliza aliados que não mudaram

 

Projeto de Weverton Rocha: Othelino Neto voltou forte ao seio do grupo de origem; Neto Evangelista seguiu em frente e enfrenta dificuldades para se reeleger deputado estadual

É verdade que a corrida ao Palácio dos Leões está apenas começando, agora numa fase em que as forças estão bem mais definidas, e que ainda tem muita estrada pela frente, não há como ignorar o fato de que o projeto de candidatura do senador Weverton Rocha (PDT), que começou sua marcha causando a impressão de ser um rolo compressor sem obstáculo, perdeu gás suficiente para que seu futuro seja colocado em dúvida. E como acontece com frequência na seara política, processos como esse costumam fazer vítimas dentro do próprio grupo de apoiadores, sendo que uma anteveem o abismo, mudam de rumo e se salvam, enquanto outras não conseguem e marcham para um provável desastre. No grupo articulado pelo senador pedetista, dois casos exemplares: o deputado Othelino Neto (PCdoB), presidente da Assembleia Legislativa, e o deputado estadual Neto Evangelista, que migrou do DEM para o PDT.

Político jovem e inteligente, o deputado Othelino Neto surpreendeu quando se afastou do projeto apoiado pelo governador Flávio Dino (PCdoB) com a candidatura do deputado Duarte Jr. (Republicanos) à Prefeitura de São Luís em 2020, apostando no projeto do senador Weverton Rocha de eleger o deputado estadual Neto Evangelista (DEM). O candidato não deslanchou, mas o grupo se manteve contra o candidato do Palácio dos Leões e apoiou o deputado federal Eduardo Braide (Podemos), que venceu a eleição, favorito que foi desde o início. No passo seguinte, Othelino Neto se tornou um dos esteios da pré-candidatura do senador Weverton Rocha ao Governo do Estado, posição que manteve até perceber que o projeto não se sustentaria.

Num jogo aberto, Othelino Neto suspendeu sua migração do PCdoB para o PDT e, manifestando respeito e desejando sucesso ao senador, declarou apoio ao governador Carlos Brandão, seguindo a linha do seu partido. E foi além ao emplacar sua esposa, Ana Paula Lobato, vice-prefeita de Pinheiro, pré-candidata a suplente de senador na chapa do ex-governador Flávio Dino (PSB), vaga sonhada por muitos políticos de peso. Em resumo: como um político maduro e racional, o presidente da Assembleia Legislativa usou a lógica e o pragmatismo político, e fez a escolha mais adequada no contexto político desenhado até aqui.

O deputado Neto Evangelista fez o contrário. Vitimado pela polarização Eduardo Braide/Duarte Jr. na corrida à Prefeitura de São Luís, e já tendo sofrido uma derrota como candidato a vice-prefeito na chapa do prefeito João Castelo em 2012, o parlamentar embarcou de cabeça no projeto de candidatura, inicialmente acreditando que teria cacife suficiente para disputar uma cadeira na Câmara Federal. Cria de João Evangelista, um político hábil, que driblou todos os obstáculos e chegou ao comando do Poder Legislativo estadual num momento de transição na política maranhense, Neto Evangelista não fez a leitura correta dos fatos e se manteve no projeto do senador Weverton Rocha: trocou o União Brasil pelo PDT, tentou, sem sucesso, articular suporte para disputar uma Câmara Federal, desistiu do projeto e agora cuida de se rearticular para tentar o quarto mandato consecutivo de deputado estadual. Só que num momento em que a briga por votos para o parlamento maranhense já está acirrada.

Alguns dirão que a comparação é injusta, uma vez que Othelino neto é o presidente da Assembleia legislativa, portanto com maior margem de manobra numa articulação dessa natureza, enquanto Neto Evangelista é apenas um deputado estadual. Não é bem assim. Se Othelino Neto tivesse permanecido como avalista do projeto de candidatura do senador Weverton Rocha, corria o risco de amargar forte desgaste político, ainda que se reelegesse. Se Neto Evangelista tivesse permanecido leal ao Governo que lhe deu o comando da Secretaria de Desenvolvimento Social durante três anos, o que lhe assegurou a reeleição em 2018 com 49 mil votos, sua situação política e eleitoral certamente seria outra.

A virada na senadora Eliziane Gama (Cidadania), orientada pelo instinto de sobrevivência – ela tem um mandato a ser renovado em 2026 -, referenda essa avaliação.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Brandão surpreende interlocutores pelo conhecimento sobre assuntos do Governo

Carlos Brandão deu alinha de ação administrativa na posse da equipe de Governo

Errou feio quem esperava que ao assumir o Governo Carlos Brandão (PSB) deitaria na fama e aguardaria o resultado da eleição. Ao contrário, ele turbinou seus movimentos, fazendo verdadeiro malabarismo para conciliar a rotina de trabalho administrativo, com as audiências palacianas e os compromissos políticos de pré-campanha. Desde a posse, os itens diários da sua agenda aumentaram de tal maneira consomem nada menos que 14 horas por dia. No despacho com secretários, o governador Carlos Brandão é minucioso nos detalhes, fazendo questão de se informar sobre todos os aspectos do projeto ou da proposta apresentada. Tem surpreendido alguns interlocutores pelo grau de conhecimento que detém sobre os assuntos do Governo. Muitos agora se dão conta de que ele nada teve de decorativo nos sete anos e três meses como vice-governador.

 

PSOL pode abrir a guarda e apoiar Brandão num eventual segundo turno

Enilton Rodrigues visitou Flávio Dino acompanhando o presidente nacional do PSOL

Não será surpresa se o PSOL somar forças com o governador Carlos Brandão num eventual segundo turno na disputa pelo Palácio dos Leões no caso de o seu candidato, Enilton Rodrigues, não passar da primeira volta. Uma eventual aproximação está sendo trabalhada pelo ex-governador Flávio Dino (PSB), que tem mantido contatos frequentes sob as lideranças do partido no Maranhão e no plano nacional. O braço maranhense do PSOL fez oposição sistemática ao Governo do PCdoB, mas o então governador Flávio Dino manteve as portas abertas ao partido durantes os seus sete anos de gestão. O sinal mais evidente dessa possibilidade foi a visita que o presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, acompanhado do pré-candidato do partido a governador Enilton Rodrigues, fez ao ex-governador Flávio Dino, na sede do PSB, em São Luís. Vale lembrar que o PSOL está em processo de federação com a Rede, que quer apoiar o senador Weverton Rocha (PDT). Essa diferença abre caminho para uma relação forte do PSOL com o PSB.

São Luís, 09 de Abril de 2022.

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