
em estado de alerta máximo
As declarações recentes do governador Carlos Brandao (PSB) sinalizando a possibilidade de permanecer no Governo e lançar o secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB), seu sobrinho, como candidato à sucessão, além de estremecer as bases da aliança partidária que ele comanda e acender sinal laranja nos segmentos partidários alinhados ao projeto do vice-governador Felipe Camarão (PT), disparou o alerta vermelho nos pré-candidatos ao Senado. Diante dessa possibilidade, os senadores Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PSD), que buscam a reeleição; o ministro do Esporte André Fufuca (PP), que já admitiu sua candidatura, e mais recentemente o deputado estadual Yglésio Moises (PRTB), que se lançou pela direita bolsonarista, entram numa via de incerteza, sem saber se brigam pelas duas vagas ou continuam reservando uma ao governador do Estado.
Não há dúvida de que com a participação do governador Carlos Bandão, a disputa para as duas cadeiras no Senado será diferenciada, à medida que sua candidatura entra com peso avassalador, de vez que dificilmente outro candidato entrará no jogo para enfrenta-lo. Todos os candidatos posicionados até agora declararam que apoiam a candidatura do chefe do Executivo, colocando-se como eventuais parceiros para dobradinhas. Essas manifestações se baseiam principalmente no poder de fogo que o governador vem demonstrando nas pesquisas, que o apontam como favorito para uma das vagas. Todos os pré-candidatos já deram declarações no sentido de que apoiam a candidatura do chefe do Poder Executivo à Câmara Alta.
Por outro lado, se o governador Carlos Brandão romper de vez com o grupo dinista, ignorar a preferência do presidente Lula da Silva e do PT pela candidatura de Felipe Camarão, permanecer no Governo até o final do mandato, lançando o secretário Orleans Brandão – ou a presidente da Assembleia legislativa, Iracema Vale (PSB) – à sua sucessão, a corrida ao Senado sofrerá uma mudança radical. E se, mesmo assim, Felipe Camarão entrar na briga pelo Governo, num confronto improvável, mas possível em se tratando de política, o cenário da corrida ao Senado será virado pelo avesso, produzindo uma realidade difícil de prever. Isso porque, nesse contexto improvável, mas não impossível, o governador e seu grupo lançarão um ou dois candidatos ao Senado
E nesse tabuleiro, para onde se moverá o senador Weverton Rocha? Ficará no grupo do candidato do PT ou migrará para o grupo do PSB? E a senadora Eliziane Gama, como se situará nesse ambiente? O ministro André Fufuca se manterá alinhado com o candidato do PT? Como se vê, seria uma reviravolta tão turbulenta que não deixaria margem nem para previsões nesse sentido. E nesse cenário, o próprio governador Carlos Brandão teria dificuldade para definir candidatos com força para enfrentar dois senadores e um ministro, de vez que os três estão com seus projetos já encaminhados. E pelo menos em princípio, a corrida às duas vagas seria colocada no mais elevado grau de imprevisibilidade.
Um dos fatores que tornam improvável essa reviravolta é o fato de que ainda faltam 11 meses para que esse martelo seja batido, com o governador Carlos Brandão decidindo se sai para ser candidato ao Senado numa dobradinha com Felipe Camarão, que será governador e buscará a reeleição, ou mude o curso e permaneça no cargo e lance um candidato e, junto com ele, candidatos ao Senado. No primeiro caso, o cenário permanecerá como está sendo desenhado agora, com o governador como candidato fortíssimo ao Senado. No segundo caso, o quadro de candidatos ao Senado pode mudar radicalmente, provavelmente com o aumento do número de candidatos a senador.
O tempo que falta para que as cartas sejam postas sobre a mesa e as decisões sejam tomadas na base governista é um indicador eficiente de que há espaço para o diálogo e para uma composição montada pela lógica. Como também pode esse tempo ser consumido no perigoso campo da desavença.
PONTO & CONTRAPONTO
Neto Evangelista reage a críticas de Othelino Neto e Márcio Jerry a falas de Brandão sobre sucessão
No bate-rebate entre dinistas e brandonistas desencadeado com as declarações recentes do governador Carlos Brandão (PSB), em especial a que ele deu em Cajapió, onde parabenizou o ex-prefeito Marconi Pinheiro (PSB) por ter escolhido e elegido o sobrinho Rômulo Nunes (PSB) como sucessor, um “bateu-levou” ganhou peso no plenário da Assembleia Legislativa.
O deputado estadual Othelino Neto (Solidariedade) e o deputado federal Márcio Jerry (PCdoB) criticaram a manifestação do governador Carlos Brandão (PSB) por causa da sinalização.
O primeiro, que faz oposição dura, acusou o governador tentar transformar o Governo “num negócio de família”, considerando “absurda” a possibilidade de o chefe do Executivo se lançar o secretário candidato à sua sucessão. O segundo não fez um ataque direto ao governador, mas declarou, em tom crítico, que “em democracia”, “candidatos são indicados pelos partidos e coalizões partidárias mediante articulações, debates e realização da convenção”,
O rebate, igualmente duro, não demorou, e partiu do líder do Governo na Assembleia Legislativa, deputado Neto Evangelista (União), que fez o disparo verbal nas duas direções.
– Nós, na vida pública, não podemos trabalhar com hipocrisia. Se um deputado pode indicar um familiar, por que o governador não pode? Quando é na sua vez, tudo bem, mas quando é a vez do governador não pode? – indagou, em tom irônico, Neto Evangelista.
A ferina observação do líder governista se referiu à indicação da hoje senadora Ana Paula Lobato (PDT), esposa do deputado Othelino Neto, como suplente do então senador Flávio Dino (PSB), e o irmão do deputado federal Márcio Jerry, João Haroldo, com o candidato do PCdoB a prefeito de Colinas.
Iracema faz política madura, com posições claras e sem quebrar regras como presidente da Assembleia
“Este é um momento crucial para a Grande Ilha. A duplicação da MA-204 trará mais segurança e qualidade de vida para os maranhenses. A Assembleia Legislativa segue ao lado do Governo do Estado, garantindo que projetos como esse transformem a realidade da nossa população”.
A declaração, enfática, partiu da presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB), no lançamento, ontem, da duplicação da MA-204, que representa a quarta etapa da Avenida Metropolitana, destinada a integrar a Ilha de Upaon Açu.
A presidente da Assembleia Legislativa tem sido presença constante a maioria dos atos de entrega e anúncio de obras pelo governador Carlos Brandão (PSB), principalmente nas regiões onde atua politicamente.
A chefe do parlamento estadual não esconde a sua posição política de aliada incondicional do governador, mas o faz com habilidade política suficiente para não contrariar o discurso segundo o qual o Poder Legislativo vive em harmonia com os demais Poderes, mas não abre mão da sua independência.
No campo político e partidário, Iracema Vale joga aberto: é militante do PSB e pertence ao núcleo político liderado pelo governador Carlos Brandão. E nessa condição política, tem se engajado nas posições alinhadas ao chefe do Poder Executivo, defendendo enfaticamente o seu programa de Governo e sua alinha de atuação política. O seu equilíbrio é demonstrado no comando das sessões legislativas, nas quais trabalha para não se posicionar nos embates entre dinistas e brandonistas, atuando com isenção.
A presidente da Assembleia Legislativa pratica uma política maiúscula e madura.
São Luís, 09 de Maio de 2025.