Nas Como em últimas horas, muito se especulou sobre as relações do governador Flávio Dino (PCdoB) com alguns dos seus maquis destacados aliados políticos no que diz respeito aos já acentuados movimentos na direção das urnas de 2018, notadamente em relação às duas vagas de candidato a senador e, em escala mais tímida e mais adequada, à vaga de candidato a vice-governador. Nesse contexto de “disse, não disse”, a indefinição mais badalada, mas equivocada, é o apoio à candidatura do deputado federal José Reinaldo Tavares (PSB), que, na interpretação de alguns, estaria sendo preterida em relação ao projeto senatorial do atual deputado federal Waldir Maranhão (PP). A Coluna chegou a enxergar um rascunho naquela direção, mas outros fatos indicaram que o inquilino do Palácio dos Leões joga com habilidade para não dispensar aliados.
Para começar, o governador Flávio Dino já tem maturidade política suficiente para não cometer erros primários, como o de abraçar um candidato em meio a aliados de peso que também aspiram à vaga sem realizar uma ampla consulta. No histórico político recente do governador está escrito com clareza que para tomar esse tipo de decisão ele costuma mexer com as pedras até que elas apontem o caminho mais adequado. Foi assim em 2012, quando criou o “consórcio” de pré-candidatos a prefeito de São Luís, formado pelos então federais, Waldir Maranhão e Edivaldo Jr. (PTC), a deputada estadual Eliziane Gama (PPS) e o ex-prefeito Tadeu Palácio (PDT), e que depois de várias reuniões, embates e desistências, apontou o atual prefeito de São Luís como o candidato do grupo que então se formava. A posição do governador às vezes parece contraditória, mas, salvo em casos pontuais, Flávio Dino exibiu até aqui habilidade política suficiente para organizar seu time de maneira eficiente, tanto que seus resultados estão aí.
Surpreende ver o governador dar espaço político para o deputado federal Waldir Maranhão, um quadro mergulhado em polêmicas e controvérsias. Ocorre que Waldir Maranhão teve papel destacado no cenário nacional durante turbulentos episódios de 2016, que resultaram na derrubada da presidente Dilma Rousseff (PT). Waldir Maranhão atuou em sintonia fina com o governador Flávio Dino, inclusive confrontando o seu partido, a ponto de perder o seu comando no estado e ser colocado na mira para um processo de expulsão. Isso não significa que tenha batido martelo por sua candidatura a senador, dando as costas, por exemplo, para José Reinaldo Tavares ou para Weverton Rocha.
O fato é que, ao montar a chapa majoritária que liderará como candidato à reeleição, o governador terá de ter dois candidatos a senador. Se a opção for por coligar o PCdoB com PDT e PSB, seus candidatos ao Senado serão oficialmente Weverton Rocha e José Reinaldo, podendo o PP sair com Waldir Maranhão como candidato avulso, com o fator complicador de que atualmente a agremiação está no campo contrário ao do governador. E como não há possibilidade de o PP aliar-se à esquerda campo do governador, Waldir Maranhão só será candidato a senador se seguir a linha do partido, contrária a Flávio Dino, o que parece improvável, ou se migrar para um partido do campo liderado por Flávio Dino. Waldir Maranhão já é suficientemente calejado para saber que no contexto atual o governador Flávio Dino não tem como virar as costas para Weverton Rocha ou para José Reinaldo para apontá-lo como candidato preferencial.
Escolado nesse jogo, que aprendeu quando foi homem de proa do Grupo Sarney, e com a autoridade de ter sido o grande articulador e principal fiador do grande movimento que tirou o sarneysismo do poder em 2006, José Reinaldo Tavares não força a barra, pois sabe que todos os ventos de agora lhe são favoráveis. Faz sua pré-campanha com a segurança de quem tem um partido e não corre o risco de ficar sem a vaga de candidato. E com a determinação de permanecer na linha de frente do movimento liderado pelo governador Flávio Dino, de que se declara “aliado de primeira hora” e garante que “não há nada” que os separe.
PONTO & CONTRAPONTO
Acordo jogará luzes sobre as contas de Lago, Palácio e Castelo
Correto, saudável e oportuno sob todos os aspectos o acordo articulado pelo juiz titular da Vara de Interesse Difuso e Coletivo de São Luís, Douglas Martins, com o Ministério Público e a Câmara Municipal de São Luís, para garantir o cumprimento da Lei Orgânica do Município no que diz respeito ao julgamento das contas dos prefeitos da Capital nas duas últimas décadas, umas travadas no Legislativo e outras empacadas no Tribunal de Contas do Estado, relativas às gestões do prefeito Jackson Lago (PDT), Tadeu Palácio (PDT), João Castelo (PSDB) e o primeiro período do prefeito Edivaldo Jr. (PDT). O acordo, que foi homologado na semana passada, teve como figura decisiva o presidente da Câmara Municipal, vereador Astro de Ogum que, num rasgo de bom senso institucional, concordou com os termos propostos pelo Ministério Público e acatados pelo juiz Douglas Martins e evitou os duros desdobramentos de uma Ação Civil Pública que fatalmente acabaria em condenação, e com ela um desgaste político considerável para o Legislativo municipal. O acordo resolve uma situação estranha e injustificada, que vinha ganhando a forma de uma mancha incômoda na Câmara Municipal, onde estão pendentes as contas de 2002 até agora, e no TCE, onde repousam as de 1995, 2000, 2005, 2006, 2007 e 2008. Essas prestações de contas não julgadas cobrem as gestões de Jackson Lago, Tadeu Palácio, João Castelo e Edivaldo Jr. (primeiro mandato), mantendo sobre elas uma nuvem densa de incertezas sobre a integridade administrativa dos períodos alcançados. Qual o grau de correção das gestões de Jackson Lago à frente da Prefeitura de São Luís? Tadeu Palácio foi um prefeito correto na relação aos seus gastos? E João Castelo, como foi sua gestão? Essas indagações serão respondidas agora, graças ao acordo negociado e homologado pelo juiz Douglas Martins, que preferiu dar às instituições envolvidas a oportunidade de se redimir a simplesmente condená-la por irresponsabilidade. O acordo foi em boa hora abraçado pelo presidente Astro de Ogum, que numa só tacada rebateu para o espaço uma Ação Civil Pública que poderia lhe impor fortes dores de cabeça e livrou a Câmara Municipal da antiga acusação de que o não julgamento de prestações de contas seria sempre fruto de conivência com os ocupantes do Palácio de la Ravardière.
Aumento seletivo do ICMS vai dar o que falar na AL
A julgar pelo que foi prenunciado na de ontem, a sessão de hoje da Assembleia Legislativa será marcada por um debate forte sobre a entrada em vigor, amanhã, das novas alíquotas seletivas de ICMS no Maranhão, fruto de Projeto de Lei proposto pelo governador Flávio Dino e aprovado pela maioria em meio a um debate intenso, no qual oposição e situação se digladiaram em vários e duros embates verbais. Ontem, o mais incômodo adversário do Governo, o deputado Eduardo Braide (PMN) disparou vários petardos contra as novas alíquotas e sinalizou que voltará hoje à tribuna para disparar chumbo contra o Palácio dos Leões. O mesmo foi prometido pelo deputado Wellington do Curso (PSB). Eduardo Braide é mais consistente, estudioso e sempre apresenta argumentos tecnicamente fundamentados. Wellington do Curso não tem conhecimentos tributários para fazer análise técnica da medida, devendo limitar seu ataque a críticas superficiais e previsíveis. Pelo que está rascunhado, o líder do Governo, deputado Rogério Cafeteira (PSB) e Rafael Leitoa (PDT) terão algum trabalho para fazer o rebate aos ataques anunciados.
São Luís, de Março de 2017.
Flavio é um grande articulador politico. Sabe lidar com as nuances politicas.
A administracao de Edivaldo é uma das mais transparentes do pais. Inclusive ja foi reconhecida atraves de premios.
Flávio dino sabe se tar bem com os que apóia ele nesse ótimo governo é um politico muito competente
A verdade é: a maior rejeição do Governador está justamente no Universo Empresarial independente:- principalmente entre aqueles que não atendem o serviço público- a insatisfação é grande, dos minúsculos aos maiores… Saber se essa insatisfação se multiplicará, aí é outra história…