Sem nada de especial, debate do imirante.com foi superficial, mas mostrou Brandão firme no posto de favorito

 

Esquerda para a direita: Simplício Araújo, Joás Moraes, Carlos Brandão (o jornalista  Clóvis Cabalau), Enilton Rodrigues, Lahesio Bonfim e Weverton Rocha posicionados para o debate realizado pelo portal de notícias imirante.com, do Grupo Mirante

Não houve vencedores nem vencidos no debate de ontem entre os candidatos a governador realizado pelo portal imirante.com. Durante duas horas, o governador Carlos Brandão (PSB), o senador Weverton Rocha (PDT), o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes Lahesio Bonfim (PSC), o empresário Simplício Araújo (Solidariedade), o engenheiro florestal Enilton Rodrigues (PSOL) e o professor Joás Moraes (Democracia Cristã) – Edivaldo Holanda Jr. (PSD) não compareceu – quase que trocaram figurinhas, numa situação só alterada por alguns ruídos entre Lahesio Bonfim, Weverton Rocha e Simplício Araújo, e entre estes e Carlos Brandão, que manteve postura de chefe de Estado.  Predominou a visão superficial dos candidatos sobre o Maranhão, mais uma vez apontado como um estado rico, mas cheio de problemas, principalmente nas áreas de Saúde, Educação, Infraestrutura e Segurança Pública, temas de ponta tratados quase que com amadorismo por quase todos os candidatos, exceto o governador Carlos Brandão, que quando teve espaço, disse o que tinha de ser dito sobre o Governo que comanda. E no geral, nada mais foi dito que abrisse janelas na percepção do eleitor.

No geral, os candidatos falaram de turismo sem citar os Lençóis, a Chapada das Mesas, o centro histórico de São Luís e Alcântara. Quando falaram de educação, até que tentaram, mas acabaram demonstrando que estão longe de alcançar o atual Governo. No tema saúde, a abordagem foi primária, também longe de chegar perto do que foi feito pelo Governo. Falou-se muito em futuro e evolução, modernidade, mas nenhum deles sequer pronunciou uma única palavra sobre o Centro de Lançamento de Alcântara e o potencial que ele representa nesse campo. Quando o assunto foi segurança pública, a abordagem foi tão simplória que ficou na promessa de um deles de implantar um plano de cargos e carreira na Polícia Militar, o que na verdade já existe. Enfim, no debate dos candidatos a governador não se falou da situação dos municípios, de temas gravíssimos, como o tratamento de resíduos sólidos (lixo), e não se ouviu qualquer preocupação sobre o futuro de Imperatriz, São José de Ribamar e Caxias, por exemplo.

O governador Carlos Brandão deu seguidas mostras de que tem o domínio do Governo e sabe exatamente o que está acontecendo nas mais diversas áreas, com respostas prontas e eficientes, como se estivesse numa sabatina. Weverton Rocha, Simplício Araújo e Lahesio Bonfim tentaram provocá-lo, mas ele mostrou maturidade, não entrou na onda das provocações, devolveu algumas pancadas pontuais, e saiu como entrou. Carlos Brandão frustrou a expectativa dos adversários que o queriam emparedado, e participou do debate sem levantar a voz nem fazer drama, bem ao seu estilo um pouco reservado, mas que sabe o que diz. E preferiu dizer o que já fez, só prometendo o que pode realizar.

O senador Weverton Rocha repetiu o discurso que faz: menino pobre, filho de uma professora e um técnico agrícola… E destacou os seus feitos como senador, como o Hospital do Amor, em Imperatriz, e um novo Aldenora Bello em Pinheiro. Fez um longo relato do que mandou para municípios em recursos e emendas. Foi provocado por Lahesio Bonfim, mas deu o troco quando pôde, conseguindo mostrar que o candidato do PSC não conhece o Maranhão. O candidato pedetista saiu-se bem, mas sem a estatura que muitos esperam dele, mesmo sendo um senador.

Lahesio Bonfim se revelou no debate: fala muito e pouco diz de concreto além dos resultados que diz ter obtido como prefeito de São Pedro dos Crentes (4 mil habitantes). Foi um dos que mais teve oportunidade para falar, mas desperdiçou seu tempo com frases de efeito sem apresentar um projeto factível. E quando foi indagado sobre o que é, de fato, o Maranhão, fez malabarismo verbal e nada respondeu de concreto. Precisa rever seu discurso para não virar folclore.

Simplício Araújo foi o mais propositivo, apresentando algumas propostas na área de desenvolvimento econômico e geração de emprego e renda, tentando também passar a imagem de gestor eficiente ao afirmar, por exemplo, que foi à China buscar respiradores no auge da pandemia, quando na verdade, aquela foi uma operação coletiva, na qual ele, o secretário Carlos Lula (Saúde), o próprio governador Flávio Dino e outros colaboradores tiveram papéis decisivos. Sua postura perdeu consistência quando tentou atacar o Governo Carlos Brandão como continuidade do Governo Flávio Dino.

Enilton Rodrigues não decepcionou como candidato do PSOL, defendendo temas caros ao partido, como a causa quilombola, a defesa das minorias, o ataque ao capitalismo selvagem, mostrando também bom nível de conhecimento sobre a realidade social e econômica do Maranhão. Joás Moraes repetiu o discurso de professor universitário com bom conhecimento técnico, mas sem qualquer tintura política.

De qualquer maneira, funcionou como um ensaio geral para embates futuros, agora com os demais candidatos sabendo que não será nada fácil desbancar o governador Carlos Brandão da condição de favorito.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Com apoio popular e suporte político, Lula faz escala hoje no Maranhão

Lula da Silva traz reforço à aliança com  Carlos Brandão e Flávio Dino

A passagem do ex-presidente Lula da Silva (PT) hoje pelo Maranhão em campanha deve injetar mais ânimo na já entusiasmada base política e partidária que ele detém no estado. Líder disparado nas intenções de voto, com mais do dobro em relação ao presidente Jair Bolsonaro (PL), o líder petista encontrará em solo maranhense um ambiente de acolhimento. Começa com o fato de ter como aliado o governador Carlos Brandão (PSB), candidato à reeleição pela aliança liderada pelo ex-governador Flávio Dino (PSB), candidato ao Senado, com quem, no caso de eleição de ambos, Lula da Silva espera contar como um suporte destacado na Câmara Alta ou na equipe ministerial, segundo corre na cúpula nacional do PT e do PSB. O ex-presidente da República não tem o PDT na sua base de apoio, mas sabe que boa parte dos pedetistas, incluindo muitos do Maranhão, que não acredita no projeto eleitoral de Ciro Gomes. Além disso, politicamente o ex-presidente conta com o apoio de parte do MDB, nela incluída a ex-governadora Roseana Sarney e o ex-presidente José Sarney, que respeitam a candidata emedebista Simone Tebet, mas estão alinhados ao líder petista, com quem mantém relações desde a primeira eleição dele, em 2002. O fato é que Lula da Silva tem o apoio da esmagadora maioria do eleitorado maranhense, sendo esse apoio consolidado por uma forte base política. Daí a expectativa de que sua passagem hoje por São Luís seja bem-sucedida.

 

MDB se ajusta e Roseana lidera corrida para um bom resultado nas urnas

Roseana Sarney durante caminhada em Timon

Até pouco tempo mergulhado em indefinições, o braço maranhense do MDB ganhou novo ânimo com a entrada, para valer, da sua presidente, a ex-governadora Roseana Sarney na corrida eleitoral. O partido hoje tem um norte, apoiando formalmente a chapa da coligação “Para fazer muito mais”, que tem o governador Carlos Brandão (PSB) candidato à reeleição e o ex-governador Flávio Dino (PSB) candidato do Senado, e joga toda sua força no projeto de eleger o maior número possível de deputados federais – numa chapa liderada pela ex-governadora – e deputados estaduais – que tem o comando do deputado Roberto Costa, vice-presidente, como líder. Depois de um período de tensão interna, o MDB ajustou algumas divergências. A maior parte do partido, a começar por Roseana Sarney, apoia a candidatura do ex-presidente Lula da Silva (PT) na corrida presidencial, enquanto uma ala, liderada pelo deputado federal Hildo Rocha, apoia a candidatura da senadora Simone Tebet (MDB), situação já pacificada. No outro caso, o partido apoia formalmente a chapa liderada pelo governador Carlos Brandão, mas há divergências em relação ao ex-governador Flávio Dino, a quem Roseana e seu grupo mais próximo não declarou apoio, ao contrário de uma ala bem maior, liderada pelo deputado Roberto Costa, que está inteiramente alinhada ao ex-governador. O fato é que, com essas pendências resolvidas, Roseana Sarney entrou de cabeça na caça ao voto – ontem, por exemplo, fez caminhada em Timon -, com o propósito de se eleger, mas com o desafio de obter uma votação capaz de garantir a eleição de pelo menos quatro deputados federais: ela própria, os deputados federais João Marcelo e Hildo Rocha, que concorrem à reeleição, e o empresário Lobão Filho, também visto como dono de cacife para obter boa votação. Se realizar esse projeto, o MDB do Maranhão ganhará fôlego na Câmara Federal e reforçará seu cacife no comando nacional do partido. A mesma perspectiva está embalando os candidatos a deputado estadual.

São Luís, 02 de Setembro de 2022.

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