Sem aval do triunvirato, Grupo Sarney não se articula para as eleições

 

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Roseana, Lobão e João Alberto formam o triunvirato que toma as decisões no Grupo Sarney

 

Os partidos que formam o Grupo Sarney não se movimentarão com muita evidência para definir posições relacionadas com as eleições municipais do ano que vem enquanto a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) e o senador Edison Lobão (PMDB) não tiverem sua situação resolvida em relação à Operação Lava Jato. Os dois, que juntamente com o senador João Alberto formam o triunvirato que comanda a coalizão partidária cuja base é formada por PMDB, DEM, PTB, PV e PSC, vivem momentos de forte expectativa quanto ao que o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidirá em relação aos seus pedidos. Roseana e Lobão, por meio dos seus advogados, pedem o arquivamento da denúncia feita pelo procurador geral da República, Rodrigo Janot, alegando falta de inconsistência no que foi apresentado como prova – declarações contraditórias do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, sobre suposto pedido de R$ 2 milhões para a campanha de 2010.

Domina os partidos do grupo uma forte expectativa, que começa com a contagem regressiva para a tomada de decisões fundamentais visando a estruturação partidária para o pleito do ano que vem em mais de duas centenas de municípios, a começar por São Luís. Líderes intermediários – prefeitos, deputados federais, deputados estaduais e vereadores – avaliam que já é momento de sentar para definir nomes. Argumentam que no plano municipal não cabe o lançamento de candidaturas de última hora, como aconteceu na disputa para o Governo do Estado, quando um candidato (Lobão Filho) lançado cinco meses antes da eleição enfrentou um candidato (Flávio Dino) em campanha havia cinco anos.

Os chefes municipais ligados ao grupo não querem avançar nas definições sem discutir as alternativas com o triunvirato. Inibidos pela perda de poder estadual, com a drástica redução de influência em Brasília e, em muitos casos, rondados por grupos que tomaram o poder no estado, os líderes de base do Grupo Sarney vivem uma situação de forte pressão para definir seus rumos. Pesa nesse cenário a situação de indefinição dos líderes maiores, que dependem de decisões judiciais. Se elas lhes forem favoráveis, estarão livres para cuidar da remontagem do grupo destroçado nas eleições de 2014. Se lhes forem desfavoráveis, dificilmente terão condições pessoais e políticas para organizar, apoiar e comandar dezenas de candidatos a prefeito e centenas de candidatos a vereador.

O caso de São Luís é revelador desse clima de indefinição. O PMDB, que é o partido mais forte do grupo e tem mais penetração na Capital, não conta com um nome definido para entrar na briga pela Prefeitura. Corre nos bastidores que o ex-deputado Ricardo Murad estaria pressionando para ser o candidato, mas a cúpula do partido não concorda, preferindo lançar o suplente de senador Lobão Filho. Se não for o candidato, Murad lavará as mãos em relação a São Luís e cuidará de candidatos do seu interesse no interior, a começar por Coroatá. Já Lobão Filho não quer saber de política enquanto não tiver resolvida a situação do pai, senador Edison Lobão. Em meio a isso, o prefeito Edivaldo Jr. (PTC) vai ganhando fôlego administrativo e se estruturando para buscar a reeleição, e a deputada Eliziane Gama (PPS) ganha espaço e consolida seu projeto eleitoral. Além disso, outros nomes que podem entrar na disputa, como o reitor Natalino Salgado, que deve se filiar a um partido político antes de entregar, em novembro, o cargo ao seu sucessor.

O PV, que é um partido com potencial de crescimento, está amarrado à indefinição dos líderes maiores do Grupo, ainda que o seu chefe no estado, deputado federal Sarney Filho, aqui e ali tome decisões à margem do triunvirato. Tem à sua disposição o deputado Edilázio Jr., um dos falcões da Assembleia Legislativa, que em conversas reservadas admite entrar na disputa com o apoio do grupo. O PTB não mostrou até agora interesse pela corrida eleitoral em São Luís, certamente por conta da indefinição que afeta o triunvirato. O mesmo acontece com PSC e DEM, que não se posicionam sem o aval da cúpula.

Esse clima de indefinição preocupa líderes do grupo na Ilha, em Imperatriz, Balsas, Pinheiro, Caxias, Timon, Santa Inês, Pedreiras, Codó, Açailândia, Chapadinha e na grande maioria dos pequenos municípios, onde partidários do Grupo Sarney têm atuação forte.

 

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

Ocupando espaço

A deputada Andrea Murad (PMDB) foi ontem, mais uma vez, a grande estrela da sessão da Assembleia Legislativa. Ao longo de 30 minutos – 20 no primeiro discurso e 10 no segundo -, ela não apenas dominou a cena, como também atraiu para si as atenções dos representantes governistas, a começar pelo líder da bancada do Governo, deputado Rogério Cafeteira (PSC). E com um discurso cada vez mais articulado e incisivo – ainda que devendo mais consistência nas provas -, a parlamentar pemedebista deu um show de ocupação de espaço, pois depois da sua primeira intervenção, toda a sessão girou em torno dela.

 

Apelo verde

O deputado federal Victor Mendes (PV), surpreendeu ontem. Membro destacado da oposição ao Governo Flávio Dino (PCdoB), ele ocupou a tribuna da Câmara Federal para cobrar do governador do Estado a continuação das obras dos hospitais macrorregionais de Pinheiro – sua terra natal e base política -, Santa Inês e Bacabal. Relatou que as obras estão praticamente paralisadas e que as empresas responsáveis enfrentam problemas por falta de pagamento. O curioso da manifestação foi que o parlamentar foi enfático ao relatar a situação, mas cuidadoso no pedido, fazendo um apelo para que o governador se sensibilize e libere recursos para a retomada das obras, argumentando que os hospitais são essenciais para o Maranhão.

 

Correção

No post de ontem, a coluna informou erroneamente que o mandato do reitor da UFMA, Natalino Salgado, terminará em 2016, assim como a eleição do seu sucessor. A informação correta: a eleição do novo reitor se dará neste ano, mais precisamente no dia 27 de maio, daqui a menos de um mês; e o mandato do reitor terminará em novembro.

 

São Luís, 28 de Abril de 2015.

 

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