Saída de Carlos Lula pode ser o primeiro movimento para fragilizar o PSB no Maranhão

Carlos Lula deixa o PSB, que foi turbinado com com o ingresso de Flávio Dino
e Carlos Brandão em 2021, num grande ato em Brasília, em plena pandemia

Mais do que o gesto isolado de um parlamentar insatisfeito, a decisão do deputado estadual Carlos Lula de deixar o PSB, presidido pelo governador Carlos Brandão, é o mais forte sinal de que o braço partidário deixado pelo agora ministro Flávio Dino, ou pelo menos a banda a ele ligada, pode estar caminhando para o desmanche. Antes dele, deixaram o partido a senadora Ana Paula Lobato, que migrou para o PDT, e o deputado Yglésio Moises, que resolveu fazer uma inversão ideológica radical. A saída do deputado Carlos Lula é vista por alguns como a perda mais significativa do PSB, por se tratar de um dos quadros políticos da nova geração que nasceu e cresceu no núcleo mais fechado do chamado dinismo. E a expectativa desses observadores é que outros quadros hoje na legenda que representa a esquerda moderada e democrática seguirão seus passos.

Turbinado em 2021, depois de quatro décadas de existência atribulada, mas intensa, no Maranhão, passando por diversas mãos (do ex-deputado federal constituinte José Carlos Sabóia, do respeitado advogado José Antônio Almeida Silva – foi candidato a vice-presidente da República -, Conceição Andrade, que foi prefeita de São Luís, e do ativo ex-deputado Ricardo Murad, até chegar ao controle do hoje ex-deputado federal Bira do Pindaré), o PSB se transformou numa potência com a filiação do então governador Flávio Dino, que deixou o PCdoB, e do vice-governador Carlos Brandão, que saiu do Republicanos. E não deu outra, o PSB saiu das urnas de 2022 como o grande vencedor, reelegendo o governador Carlos Brandão, e elegendo o senador Flávio Dino e 11 deputados estaduais, entre eles Iracema Vale, que saiu das urnas com o troféu de mais votada do pleito, seguida exatamente do deputado Carlos Lula, que agora deixa a agremiação.

Com a renúncia de Flávio Dino ao mandato senatorial para assumir cadeira na Corte Suprema, o PSB começou a viver um lento, mas visível, processo de desgaste, seguindo os passos de todos os braços partidários que engordaram de uma hora para outra com a chegada ao poder estadual, para depois amargarem dramático processo de emagrecimento até serem alcançadas pelo desmanche. Viveram essa saga dramática PDS, PFL, PMDB, DEM e PDT e estão vivendo o PCdoB, que foi atingido primeiro, com o desembarque de Flávio Dino, e agora o PSB, pelo mesmo motivo.

A legenda socialista tem sobrevivido pelo fato de que nela permanecem o governador Carlos Brandão – em parte graças à sua relação com o vice-presidente Geraldo Alckmin – e a deputada-presidente Iracema Vale, que seguram na legenda vários deputados estaduais e 19 prefeitos eleitos em 2024. Mas ninguém acredita de verdade no futuro do PSB. Não há nenhuma garantia de que o governador Carlos Brandão e seus aliados permanecerão na legenda. E um sintoma dessa incerteza é o crescente fortalecimento do MDB sob o comando do empresário Marcus Brandão, que é o coordenador das campanhas eleitorais do governador. A deputada Iracema Vale já disse, em várias ocasiões, que se tiver de mudar de partido, o seu caminho será o MDB.

A saída do deputado Carlos Lula, justificada com a alegação segundo a qual ele vem sendo desprestigiado pelo comando maior do partido, evidencia que o PSB caminha – a passos lentos, mas firmes – para o emagrecimento, que já atingiu seu parceiro de aliança, o PCdoB. Há quem garanta que esse será o caminho a ser seguido pelo deputado Francisco Nagib, que está em rota de confronto com o comando partidário e com o Palácio dos Leões, e cujo pai, Chiquinho FC, prefeito de Codó, é filiado ao PT. E os demais deputados estaduais hoje socialistas mergulham agora em clima de expectativa, uma vez que, se o processo de emagrecimento do PSB for acelerado, eles terão de resolver as suas vidas partidárias.

Em Tempo: Nada foi dito ainda, até porque o deputado Carlos Lula não soltou pistas quanto do seu futuro partidário. Mas há quem já diga que o parlamentar está a caminho do PT.

PONTO & CONTRAPONTO

Ana do Gás deve mesmo deixar o PCdoB

Ana do Gás

Não há novidade na inclinação da deputada Ana do Gás no sentido de deixar o PCdoB e procurar outro rumo partidário. E o motivo principal é óbvio: Ana do Gás não concorda com a posição do partido, comandado no Maranhão pelo deputado federal Márcio Jerry, de manter uma relação de tensão com o governador Carlos Brandão, que pode terminar em rompimento.

A deputada entrou em rota de colisão com a bancada e com a direção estadual do PCdoB depois que seus líderes resolveram alimentar a dissidência na bancada estadual, que vem se mantendo em estado de conflito com o Palácio dos Leões, integrando um grupo que tem à frente do deputado Othelino Neto (Solidariedade), que faz oposição declarada a agressiva ao governador Carlos Brandão.

Sem padrinhos poderosos, Ana do Gás luta duramente pela sobrevivência na seara parlamentar, tendo conseguido três mandatos pela tenacidade com que vem enfrentando seus adversários na sua base, Santo Antônio dos Lopes, e na região hoje sob a influência da produção de gás natural, da qual ela é uma legítima porta-voz.

Sua saída do PCdoB, portanto, é plenamente justificada, e pelo que se sabe, seu caminho pode ser o PSB, o PP ou o MDB.

Câmara aprova sem problemas aumento dos professores de São Luís

Paulo Victor comandou a sessão de ontem

Como havia anunciado o presidente Paulo Victor (PSB), a Câmara Municipal aprovou ontem o aumento salarial de 6.7% dos professores da rede municipal de ensino, proposto pelo prefeito Eduardo Braide (PSD).

Não houve maiores discussões, porque o projeto chegou ao parlamento municipal “amarrado” e sem brechas para emendas que pudessem alterá-lo e provocar um veto do prefeito.

A sessão foi acompanhada por líderes docentes atentos, numa espécie de “pressão branca”, do tipo “votem sem problemas, por favor”. Os líderes partidários entenderam o “recado” e tudo transcorreu dentro do que previu o Palácio de La Ravardière.

O próprio presidente Paulo Victor atuou para que a votação se desse dentro dos trâmites normais de uma sessão extraordinária e contribuiu para que o projeto fosse aprovado sem problemas.

São Luís, 07 de Fevereiro de 2025.

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