Roseana descarta os Leões, quer ser deputada federal e recuperar a força e o prestígio do MDB

 

Roseana Sarney quer ser deputada federal e fortalecer o MDB

O MDB não vai mesmo lançar candidatos majoritários, e, como foi previsto por esta Coluna ainda no final de 2020, logo após as eleições municipais, o partido vai investir todos os seus recursos na eleição de deputados federais e deputados estaduais. A diretriz emedebista nas eleições gerais deste ano foi anunciada ontem pela presidente do partido, a ex-governadora Roseana Sarney, em entrevista à TV Mirante, na qual afirmou, em termos definitivos, que não será candidata a cargo majoritário e que seu caminho será disputar uma cadeira na Câmara Federal. Ao mesmo tempo em que escolheu a neutralidade como sua posição pessoal em relação à disputa majoritária, ela liberou os integrantes do partido para fazerem suas próprias escolhas no que diz respeito à corrida ao Palácio dos Leões e ao Senado da República. O partido deve firmar posição integral na disputa presidencial. A Roseana Sarney entrevistada ontem pela TV Mirante falou como líder política e partidária, embalada pelo pragmatismo e também pelo bom senso, bem diferente da autora de declarações contraditórias de tempos recentes.

Roseana Sarney deixou bem claro que a participação do MDB nessas eleições terá um sentido de recomeço. Ela reconheceu que o partido, que é a base do Grupo Sarney, foi triturado nas eleições recentes, tendo perdido a disputa para o Governo em 2014 com a candidatura do empresário Lobão Filho, e em 2018 com ela própria candidata, tendo também desempenho pífio nas eleições municipais de 2016 e 2020.  Nas eleições deste ano, investirá os recursos ao seu alcance para retomar o caminho do fortalecimento político e partidário. “Queremos o MDB forte no Maranhão e com poder de decisão. Convenhamos, perdemos muito e precisamos recuperar essa nossa perda. Estou trabalhando para isso à frente da presidência estadual do partido”, assinalou.

No que diz respeito à sua posição, que tem o poder de influenciar a legenda como um todo, Roseana Sarney confirmou o que até as pedras de cantaria da Praia Grande já sabiam, exatamente porque era o mais inteligente a fazer: mesmo liderando as pesquisas der intenções de voto, não disputar nem o Governo nem o Senado. Correria o risco desnecessário de acrescentar mais uma derrota no seu currículo. Por outro lado, sua candidatura à Câmara Federal, com a força do prestígio político que ainda desfruta, pode lhe dar o título de campeã, com a vantagem adicional de injetar gás no seu partido, cujo projeto maior é se fortalecer no Congresso Nacional, especialmente na Câmara Federal.

Outro dado politicamente importante das declarações da ex-governadora Roseana Sarney foi a sua afirmação de que, mesmo ela já tendo escolhido a neutralidade na disputa para o Governo do Estado e para o Senado, está conduzindo conversações do MDB com outros partidos. E nesse contexto estão incluídos os que integram a aliança liderada pelo governador Flávio Dino e que estão na base da pré-candidatura do vice-governador Carlos Brandão, como PSB, PCdoB e PSDB, como também, mas com menor ênfase, o PDT, carro-chefe da pré-candidatura do senador Weverton Rocha. “Como ocorre em todos os partidos, há pluralidade e diferentes ideologias, mas estamos buscando um denominador comum para apoiar um candidato apenas”.

Roseana Sarney rompeu também um estranho e incômodo silêncio que vinha mantendo em relação à pré-candidatura da senadora Simone Tebet à presidência da República pelo MDB. Deixou claro que não é entusiasta do projeto da senadora mato-grossense, sem, no entanto, pretender desestimulá-la. E usou a tangência para se manifestar: “Ainda há muito o que ser construído. Tenho acompanhado as pesquisas e o partido irá avaliar se há possibilidades para uma terceira via. É o povo quem vai dizer”.

Com a entrevista de ontem, a presidente do MDB, que já governou o Maranhão por quatro vezes, pareceu ter encerrado definitivamente sua relação com o Palácio dos Leões, pelo menos por enquanto.

 

 PONTO & CONTRAPONTO

 

Ferdinando Coutinho declara apoio a Weverton Rocha

Ferdinando Coutinho, Weverton Rocha e Juscelino Filho na declaração de apoio

O prefeito de Matões do Norte, Ferdinando Coutinho (União Brasil), declarou apoio à pré-candidatura do senador Weverton Rocha (PDT) ao Governo do Estado. A manifestação repercutiu no meio político, porque passou a impressão de que essa posição pode impactar na equação da corrida sucessória em Caxias, onde o prefeito Fábio Gentil (Republicanos) e a deputada Cleide Coutinho (PDT), adversários, declararam apoio à pré-candidatura do vice-governador Carlos Brandão (PSDB a caminho do PSB). Irmão do grande líder Humberto Coutinho, morto em 2018, e politicamente radicado em Matões, onde é prefeito reeleito, Ferdinando Coutinho não tem, como alguns imaginam, força na política e eleitoral em Caxias. Não se discute que a mulher dele, Cláudia Coutinho, com o apoio da família, venha a ser bem votada na Princesa do Sertão. Mas no que diz respeito à disputa para o Governo do Estado e para o Senado, o peso de sua influência se resume a Matões, onde enfrenta dura oposição do deputado federal Rubens Jr. (PCdoB), e da mãe dele, a ex-prefeita eleita e reeleita Suely Pereira. Portanto, quem fizer contas eleitorais prevendo peso do prefeito de Matões, Ferdinando Coutinho, na política de Caxias, pode estar cometendo um grande erro.

 

Retomada do PTB por Jefferson pode colocar em risco posição de JP

Josivaldo JP: vai continuar no PTB?

Não está garantida a permanência do deputado federal Josivaldo JP no comando do PTB no Maranhão. A reviravolta na disputa do comando nacional pelo grupo liderado pelo ex-deputado federal e atual presidente de honra do partido, Roberto Jefferson, que numa série de golpes e contragolpes derrubou a presidente Graciela Nienov, pode complicar a situação de Josivaldo JP. Isso porque ele foi alçado à presidência do PTB no Maranhão por Graciela Nienov, antes da crise que acabou na sua derrubada. Não está claro se Roberto Jefferson concorda com a mudança que tirou a deputada estadual Mical Damasceno da presidência regional e a transferiu para a presidência do PTB Mulher. Com a queda de Graciela Nienov, a deputada Mical Damasceno se reconciliou rapidamente com Roberto Jefferson, devendo continuar onde está. Já o deputado Josivaldo JP poderá continuar ou não no comando do partido no Maranhão. Contra ele está o fato de ter sido turbinado por Graciela Nienov; a seu favor pesa o fato de ele ser deputado federal e bolsonarista de primeira hora. E a julgar pelo empenho com que os partidos bolsonaristas estão se preparando para tentar sobreviver nas urnas, não será surpresa se o deputado federal Josivaldo JP for mantido no chamando do PTB no Maranhão. Mas ele corre o risco de ser despachado se não jurar lealdade a Roberto Jefferson.

São Luís, 12 de Fevereiro de 2022.

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