Roberto Rocha pode integrar a base do Governo Bolsonaro e tentar reverter o desastre que o atingiu em Outubro

 

Roberto Rocha recebe Flávio Bolsonaro em seu gabinete, no Senado: aliança à vista

Depois de um o período de recolhimento, que usou para cuidar das feridas e hematomas que resultaram da corrida eleitoral, o senador Roberto Rocha (PSDB) começa a movimentar-se como quem volta à normalidade, ainda que politicamente cercado por uma situação de sombria  indefinição. O senador, que viu as urnas dragarem o seu prestígio eleitoral e, junto com ele, seus planos para o futuro imediato, tendo visto também o quase aniquilamento do seu partido, o outrora poderoso e influente PSDB, dá sinais muito claros de que poderá buscar o gás da sobrevivência no ainda inconsistente movimento que dá suporte ao presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). A declaração de apoio ao candidato Jair Bolsonaro no segundo turno da disputa presidencial, a visita que lhe fez depois da eleição, as declarações que deu a seu favor e a recente visita que recebeu do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL), no início da semana, em Brasília, indicam claramente que Roberto Rocha pode estar se deslocando do ninho dos tucanos para o acampamento militar do capitão Bolsonaro.

Se, de fato, vier a deixar o PSDB para ingressar no PSL, ou mesmo agregar o ninho à base governista – como, aliás, querem alguns líderes tucanos – o senador Roberto Rocha estará, na verdade, fazendo o caminho de volta às suas origens de político nascido em berço de ouro da direita. Nos anos 80, quando já tinha saído da adolescência, acompanhou a guinada do seu pai, o então governador Luiz Rocha, um político nascido na militância estudantil em São Luís, que se tornou um dos graúdos do Grupo Sarney, e abraçou  as causas ruralistas. Luiz Rocha tornou-se um dos principais apoiadores do movimento liderado pelo então jovem médico e latifundiário goiano Ronaldo Caiado – hoje senador e governador eleito de Goiás – e que resultou na criação da União Democrática Ruralista (UDR), cujo postulado básico era armar os proprietários de terra contra ameaças de invasão que ganharam força com o nascimento do PT, no início daquela década. A UDR se manteve viva, mas perdeu força com a redemocratização do Brasil, sob o comando do presidente José Sarney, levando Luiz Rocha a uma posição de centro-direita.

Roberto Rocha viveu essa ciranda de perto e por ela foi moldando sua linha de ação na direção da centro-esquerda, desembarcando finalmente no PSB, depois de ter nascido no PDS, passado pelo PMDB, flertado com o PDT e comandado o PSDB. Só que, mesmo permanecendo por longo tempo no PSB, Roberto Rocha sabia sempre que seu esquerdismo não iria além de uma visão de democracia social, contrariando assim as linhas-mestras do partido. Visto com desconfiança pela ala mais à esquerda, ligou-se a Márcio França, atual governador de São Paulo, um socialista moderado que sempre manteve intensa relação com o PSDB, tanto que acabou vice do governador Geraldo Alckmin. No Maranhão, depois de ter sido eleito vice-prefeito de São Luís (2012) e senador  da República (2014) em aliança com o governador Flávio Dino, Roberto Rocha rompeu os acordos do PSB com PCdoB e PDT, retomou ao PSDB e decidiu enfrentar Flávio Dino para o Governo do Estado. Foi duramente castigado pelas urnas, arrastando com ele todas as possibilidades dos tucanos nas eleições de Outubro.

Agora, embalado por quatro anos de mandato e à vontade dentro do barco tucano que afunda mais a cada dia, Roberto Rocha ganha espaço para uma nova guinada, agora à direita conservadora, se vier, como está rascunhado, ligar-se ao Governo de Jair Bolsonaro. Nessa seara, segundo um observador atento, ele terá os instrumentos que precisa para – como o comando da Codevasf, por exemplo – se manter como Oposição ao governador Flávio Dino com o objetivo de retomar espaços para as eleições municipais de 2020 e na esperança de dar a vota por cima em 2022. Para isso, terá de combinar com os bolsonaristas maranhenses de primeira hora, como Maura Jorge, Chico Carvalho e Allan Garcêz, e o deputado federal reeleito Aluísio Mendes (Podemos), que já consta nos levantamentos como soldado da base governista no Congresso Nacional.

Não há dúvida de que Roberto Rocha é um político inteligente e preparado, em condições, portanto, de acertar o passo nas areias movediças da planície política. Resta saber se conseguirá superar o cruel desastre com que saiu das urnas em Outubro.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Governo vai economizar e ter transportes mais eficiente comprando serviços de táxi, Uber e similares

Por orientação do governador Flávio Dino, a Secretaria de Estado de Comunicação e Assuntos Políticos (Secap) lançou edital para substituir veículos alugados por táxi, Uber e similares, com o objetivo de economizar dinheiro público. O edital tem por base decreto governamental determinando que a substituição seja feita tanto nas secretarias quanto nas empresas do governo. A licitação feita pela Secap será do tipo Menor Preço, mas com garantia de que o serviço vai ser mais econômico. Em números, a classificação da proposta será pelo critério de maior desconto percentual, que significa dizer que quanto maior o desconto oferecido, maior será nota da proposta. Em tempo: o desconto mínimo tem que ser de 3%.

De acordo com as informações da Secap, “as empresas concorrentes deverão ser especializadas na intermediação ou no agenciamento de transporte individual remunerado de passageiros, na Grande Ilha e em Imperatriz. Em linhas gerais, estão aptas a participar cooperativas de táxi ou serviço de transporte individual privado, como Uber e similares. É obrigatório que o serviço funcione via aplicativo, para trazer agilidade e economia”.

O que o Governo do Estado está fazendo é entrar cada vez mais no mundo dos serviços, tirando do Estado atividades com as quais não tem qualquer relação e que, sob sua gestão, se tornaram ao longo do tempo focos de gastança fora dos limites e de desvios incontroláveis. Antes, o Governo comprava e “administrava” aviões, automóveis e similares, mantinha hangares e garagens, com um quadro expressivo de pilotos, motoristas, administradores e mecânicos, que consumiam uma avantajada quantidade de recursos. A venda de aviões no primeiro Governo de Roseana Sarney (PMDB), entre 1995 e 1998) deu a largada na modernização do sistema de transporte governamental, com o progressivo encolhimento da frota e a consequente redução de um foco incontrolável de corrupção. Atualmente, o uso desses serviços torna mais barato e eficiente o transporte no serviço público.

 

Adriano Sarney tem cacife político e base técnica para entrar na briga pela Prefeitura de São Luís

Adriano Sarney tem lastro para entrar na corrida pela Prefeitura de São Luís

Alguns leitores da Coluna cobraram a inclusão do deputado Adriano Sarney (PV) na lista de nomes com cacife para entrar na briga pela Prefeitura de São Luís em 2020. A cobrança faz sentido, à medida que o parlamentar é referência na novíssima geração de políticos do Maranhão. Para começo de conversa, o deputado Adriano Sarney carrega a fortíssima marca política da família liderada pelo avô, o ex-presidente José Sarney (MDB), e segue os passos do pai, o deputado federal e ex-ministro do Meio Ambiente Sarney Filho, com uma vantagem a mais: tem o controle absoluto do PV no Maranhão, a começar por São Luís. Além do sólido lastro político, o deputado Adriano Sarney é economista, com cursos avançados na francesa Sorbone e na norte-americana Harvard, especializado em finanças. Nasceu em São Luís, mas passou a maior parte da sua vida fora do Maranhão, onde só montou barraca por volta de 2012, quando iniciou a caminhada que o levou à Assembleia Legislativa nas eleições de 2014, tendo alcançado a reeleição, havendo por isso quem  ponha em dúvidas seus conhecimentos sobre a Capital. Independente disso, o parlamentar, que vai agora para o segundo mandato no parlamento estadual, reúne todas as credenciais políticas e técnicas para entrar na corrida eleitoral para o Palácio de la Ravardière.

São Luís, 12 de Dezembro de 2018.

4 comentários sobre “Roberto Rocha pode integrar a base do Governo Bolsonaro e tentar reverter o desastre que o atingiu em Outubro

  1. Concordo sobre o deputado Adriano. Meu voto é dele! Além de preparado é um político de posição. Tem trabalho e projetos interessantes. Esse debate de 2020 vai set muito bom.

  2. Adriano me representa! Um dos poucos, senão, o único Deputado preocupado com São Luís. Na votação do Orçamento 2019, tentou direcionar recursos para ações em combate aos danos ocasionados pelas chuvas em Slz. Quem se preocupou com isso? Pois é, infelizmente a proposta foi rejeitada por parlamentares do PDT, PCdoB e, pasmem, os deputados Edivaldo Holanda e Neto Evangelista. Que os ludovicenses guardem bem esses nomes!

  3. Esse Deputado Adriano parece realmente ter bagagem de conhecimentos que sejam suficientes para conduzir a Prefeitura de São Luís com uma gestão eficiente. Vi que ele defende um Estado liberal, ou seja, com intervenção mínima do Estado e consequentemente a sociedade seja menos dependente da máquina estatal; uma visão bem diferente dos seus familiares.

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