Quadro de aspirantes ao Governo aumenta, e poderá inflar ainda mais depois do dia 31

 

Palácio dos Leões é cobiçado por Carlos Brandão, Weverton Rocha, Edivaldo Jr., Lahesio Bonfim, Josimar de Maranhãozinho, Roseana Sarney, Andrea Murad  e Roberto Rocha

À medida que o espaço temporal em relação às eleições vai sendo reduzido, obrigando os grupos partidários e suas lideranças a definirem candidaturas majoritárias e proporcionais, no Maranhão começam a proliferar pré-candidaturas ao Governo do Estado. Além dos pré-candidatos considerados “para valer”, como o vice-governador Carlos Brandão (PSDB a caminho do PSB), o senador Weverton Rocha (PDT), o secretário de Indústria e Comércio Simplício Araújo (Solidariedade), o ex-prefeito de São Luís Edivaldo Holanda Jr. (PSD), o prefeito de São Pedro dos Crentes Lahesio Bonfim (Agir36), o quadro de postulantes tem de volta a ex-governadora Roseana Sarney (MDB) e, surpresa das surpresas, a ex-deputada estadual Andrea Murad (PSDB). Além desses, o senador Roberto Rocha (sem partido), é apontado como pré-candidato ainda não assumido, mas que aguarda apenas o momento adequado para resolver sua situação partidária e anunciar seu projeto eleitoral, que pode ser chegar ao Palácio dos Leões ou renovar seu mandato senatorial. E num plano mais remoto, mas rigorosamente previsível, partidos da esquerda radical, como PSOL, PSTU, PCB e PCO podem lançar candidatos, como fazem em todos os pleitos.

Carlos Brandão, Weverton Rocha, Edivaldo Jr., Lahesio Bonfim e Simplício Araújo estão no jogo, e devem manter-se como os quatro componentes fixos do quadro de pré-candidatos com gás para chegar às convenções e ser confirmados candidatos por seus partidos ou coligações. Isso porque, a menos que haja um grande acordo nos próximos dias, a tendência é que, com o apoio do governador Flávio Dino (PSB), o vice-governador e o senador manterão suas candidaturas. O mesmo deve acontecer com Edivaldo Jr. e Lahesio Bonfim, que estão em ritmo de pré-campanha, sem que haja algum indício de que arquivarão seus projetos de chegar ao Palácio dos Leões, e com algum potencial de crescimento. E a julgar pela entrevista que concedeu ontem à TV Mirante, Simplício Araújo será candidato de qualquer maneira, tendo afirmado, categoricamente, que manterá sua candidatura “até o fim”, sem esclarecer, o que define como “fim”, e muita gente avalie que seu futuro mesmo é disputar uma cadeira na Câmara Federal, da qual é suplente.

Outro bloco reúne pré-candidatos fortemente afetados pela suspeita de que estão tentando apenas ocupar espaço. É o caso, por exemplo, da ex-governadora Roseana Sarney, que já disse ser e não ser candidata pelo menos uma dezena de vezes, o que coloca seu projeto em risco por absoluta falta de credibilidade causada por ela própria com esse vai-não-vai. Na semana passada, ela era candidata à Câmara Federal, nesta semana, ressuscitou pela quinta vez, em menos de um ano, o projeto de voltar aos Leões. É mais ou menos a situação do deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL) que, mesmo soltando pistas de que deseja, de fato, disputar um mandato na Assembleia Legislativa, alimenta o discurso de que disputará o Governo do Estado ou, numa hipótese bem mais remota, uma cadeira no Senado.

Mas a pré-candidatura mais inusitada surgiu nas últimas 72 horas, a da ex-deputada estadual Andrea Murad, que juntamente com o deputado Wellington do Curso, negocia o controle do PSDB após a iminente saída do vice-governador Carlos Brandão. Filha do ex-deputado Ricardo Murad, que já passou por quase uma dezena de partidos, foi deputada bem votada em 2014 e sofreu uma reviravolta radical ao não se reeleger em 2018, recebendo pouco mais de 20 mil votos, causando por isso muitas dificuldades para que se entenda o seu projeto de candidatura ao Governo do Estado. Há quem diga que a movimentação de Andrea Murad é uma estratégia do ex-deputado Ricardo Murad para voltar ao cenário político, já que ele próprio não chamaria muito a atenção.

Não será surpresa se depois do dia 31, quando a base governista poderá ter escolhido seu candidato, outros nomes resolvam sair do anonimato para entrar na corrida ao Palácio dos Leões.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Líderes do União Brasil terão dificuldade para se posicionar na corrida presidencial

Juscelino Filho e Pedro Lucas Fernandes: dificuldades na escolha presidencial

Em processo de homologação, a fusão DEM/PSL para a formação do União Brasil acontece em meio a fortes focos internos de crise. O principal deles é que, mesmo sendo membro de proa do Centrão, os partidos estão sendo sacudidos por confronto entres bolsonaristas e não bolsonaristas. Isso poderá levar as correntes internas a pressionar para o lançamento de candidato próprio a presidente ou a apoiar um nome que não seja o presidente Jair Bolsonaro (PL) nem o ex-presidente Lula. No Maranhão, o conflito alcança os deputados federais Juscelino Filho (DEM) e Pedro Lucas Fernandes (PSL), que ainda não definiram os seus papeis em atos no Maranhão. Os dois parlamentares apoiam a pré-candidatura do senador Weverton Rocha (PDT), mas a situação deles poderá se complicar dependendo do rumo que o comando nacional do partido escolher na eleição presidencial. Nos bastidores da política nacional é dado como certo que o União Brasil apoiará o projeto de candidatura de Sérgio Moro (Podemos), havendo também a possibilidade de o partido fechar com o PSDB em torno do governador paulista João Doria. Qualquer que seja a posição, os líderes do União Brasil no Maranhão terão dificuldades para não causar constrangimento ao senador Weverton Rocha (PDT), que apoiam para o Governo do Estado.

 

Fala do presidente do TJ sai do padrão e alcança a realidade política e social do País

Lourival Serejo: fala fora dos padrões

Poucas vezes um discurso de presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão na abertura do ano judiciário foi tão politicamente aberto como o do atual presidente, desembargador Lourival Serejo, que, vale anotar, não compareceu à sessão inaugural, realizada quarta-feira (26). Lido pelo desembargador Vicente de Paula, vice-presidente da Corte no exercício da presidência, o pronunciamento fugiu ao padrão, a começar pelo fato de que não conteve o tradicional balanço de realizações da atual gestão. Com igual ênfase, deixou de lado os autoelogios e abordou, ainda que sucintamente, temas que estão na pauta dos brasileiros, como a pandemia do novo coronavírus e o negacionismo obstinado que vem contribuindo para dificultar a luta da ciência e da sociedade consciente contra o flagelo sanitário, fake news, meio ambiente e estado democrático de direito, princípios republicanos e ativismo responsável. Segue a reprodução integral do pronunciamento:

“Senhoras e senhores,

Pela segunda vez, em meu mandato, esta sessão, que deveria ser solene, faz-se por videoconferência, por força dessa pandemia que consumiu grande parte dos meus projetos de gestão. Mas, a despeito desse quadro de apreensão, ainda estamos carregados de esperança e fé em Deus de que logo voltaremos a um ambiente saudável de trabalho.

Não vou fazer um balanço do que já realizei até o momento, pois tudo já é do conhecimento de vossas excelências e vossas senhorias. Vou falar apenas do presente e do futuro, que está sempre se antecipando nesta era da inteligência artificial.

Pela importância do tema, volto-me para analisar o papel do Judiciário na contemporaneidade, a partir da minha experiência como gestor.

Já foi dito e repetido que o século XXI é o século do Poder Judiciário, o que tem se comprovado no Brasil e em outros países. Interpreto esse papel como a oportunidade que estamos tendo de nos afirmarmos como o espaço de garantia dos direitos fundamentais e de defesa da democracia.

Além da sua missão básica de distribuição da Justiça e da paz, é na defesa do estado democrático de direito que se encerra nossa atividade maior.

Não podemos ficar alheios às renovações e aos desafios da pós-pandemia, inclusive em defesa da Agenda 2030, para assegurar um meio ambiente saudável para nossos filhos e netos. Nesse ponto, agradeço a contribuição que o desembargador Jorge Rachid tem prestado para essa causa.

Em nosso estado, estamos integrados em todas as frentes de combate às discriminações em geral e à violência contra a mulher, contra os idosos e contra as crianças e adolescentes. Os desembargadores Cleones Carvalho e José Ribamar Castro têm contribuído de forma efetiva para o alcance desses objetivos. Ainda há pouco, estivemos em Balsas para expandir essa campanha em todo o interior do estado, a exemplo do que já aconteceu em Timon e em Imperatriz.

Todas essas iniciativas e outras abrangentes das diversidades são amostras de um Judiciário inclusivo, preocupado em efetivar os princípios republicanos albergados em nossa Constituição Federal, o que nos reclama uma postura ativista e responsável.

Afigura-me também como papel do Judiciário contemporâneo o combate à desinformação e todo o uso das ferramentas tecnológicas para disseminar o mal, a exemplo dos fake news, que propagam inverdades, geram conflitos e estimulam o ódio.

Não posso deixar de lamentar que, em plena terceira fase da pandemia, que já matou quase 700 mil brasileiros, ainda enfrentamos, inclusive dentro do Judiciário, o fenômeno do negacionismo, alimentado pela obstinação de quem obedece cegamente a ordem de não olhar para cima, enquanto as ameaças se aproximam e se propagam e contaminam e matam. Ainda assim, continuam gritando: Não olhe para cima.

Senhoras e senhores desembargadores,

A administração que me sucederá já terá a seu favor um Plano Plurianual elaborado com todos os detalhes técnicos, o que funcionará como um farol para atingirmos os pontos mais altos de qualidade e eficiência.

A pressa competitiva que domina a arquitetura neoliberal da sociedade presente elevou o desempenho individual à categoria mais aplaudida dos valores. Ocorre que o gestor precisa estar atento para que essa avaliação não leve os servidores ao esgotamento. Daí a necessidade de o humanismo conviver com as metas para equilibrar as condições do trabalho.

Senhores juízes e juízas, servidores e servidoras,

Para finalizar esta fala de abertura do Ano Judiciário de 2022, lembro que qualquer programa de gestão, qualquer atenção no campo dos recursos humanos tem que eleger a integridade como a meta das metas. No mundo contemporâneo não é admissível a qualquer empresa privada e aos poderes públicos negligenciarem a integridade. Ética, integridade, que se agregam na palavra compliance, são os vigores morais da contemporaneidade.

Feliz 2022 para todos nós.  Obrigado.”

São Luís, 28 de Janeiro de 2022.

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