Pode haver briga pela vaga de vice de Edivaldo Jr.

 

 

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Roberto Rocha pode emplacar o filho como vice de Edivaldo Jr.

Não será fácil para o governador Flávio Dino (PCdoB) administrar os mais diversos segmentos de aliados na corrida para a Prefeitura de São Luís em 2016. Mesmo que a principal indicação do momento seja a de que ele apoiará o projeto de reeleição do prefeito Edivaldo Holanda Jr., o governador terá de se desdobrar em articulações para evitar um confronto que venha a estilhaçar sua base partidária. Até que outra evidência indique o contrário, o foco da disputa dentro do grupo será pela vaga vice-prefeito, hoje aberta com a eleição de Roberto Rocha (PSB) para o Senado Federal, e o confronto se desenha entre o PSB, controlado pelo senador, e o PSDB, que tem como figura proeminente o vice-governador Carlos Brandão e estrela maior o deputado federal João Castelo, com grande peso em São Luís.

Nos bastidores, corre que o senador Roberto Rocha, que controla o braço do PSB em São Luís, já estaria trabalhando a candidatura do filho, o jovem vereador Roberto Rocha Filho (PSB) a vice-prefeito na chapa do o prefeito Edivaldo Jr. O senador teria manifestado a alguns interlocutores o projeto de embalar a trajetória incipiente do vereador Roberto Rocha Filho, argumentando que a vaga de candidato a vice-prefeito é, em tese, do PSB. E aliados seus argumentam que o partido que, agora com um senador, um deputado federal (José Reinaldo Tavares), o prefeito de Balsa (Luiz Rocha Filho) e um deputado estadual (Bira do Pindaré), tem cacife para reivindicar a vaga de candidato a vice-prefeito.

Na outra ponta da corda posiciona-se o PSDB, que estaria interessado na vaga de vice-prefeito, por também julgar-se detentor de cacife para pleitear a vaga de candidato a companheiro de chapa do prefeito Edivaldo Jr.. Se esse projeto avançar, dois nomes poderão ser indicados: o deputado estadual Neto Evangelista, que foi vice de João Castelo em 2012, e o ex-vereador, ex-deputado federal e atual suplente de senador Pinto Itamaraty, ambos detentores de expressiva força eleitoral em São Luís. Evangelista tem boa penetração do eleitorado jovem, enquanto Itamaraty transita com facili9dade na chamada “massa regueira”. Os tucanos simpáticos ao projeto terão de dobrar o principal líder do partido, o deputado federal João Castelo, que mesmo aliado do governador Flávio Dino, guarda mágoas do prefeito Edivaldo Jr. durante a campanha de 2012, e também não se dá bem com o Edivaldo Holanda pai, com quem se bate desde o governo Luiz Rocha.

PSB e PSDB têm também dificuldades internas para definir posições em relação à corrida para a Prefeitura de São Luís em 2016.

O PSB é dividido em dois grupos, um liderado pelo senador Roberto Rocha, que controla o partido na Capital, e outro comandado pelo ex-governador e agora deputado federal José Reinaldo Tavares, que é aliado do tucano João Castelo e tem o controle do diretório estadual. Rocha (então no PSDB) e Tavares (então no PTB) mediram forças pela vaga de senador por uma vaga de senador em 2010, tendo sido derrotados por Edison Lobão e João Alberto, ambos do PMDB. Além da derrota, ficaram fortes mágoas entre os dois, com Tavares, que foi o terceiro mais votado, acusando Rocha, o quarto mais votado, de ter atrapalhado seu projeto senatorial ao se lançar também candidato, apesar dos apelos para que não se lançasse. Tavares mantém até hoje a convicção de que se Rocha não tivesse disputado a senatória, ele seria hoje senador. Os dois grupos do PSB mediram forças novamente antes das convenções que definiram candidaturas para as eleições do ano passado, e só não entraram em crise devido a interferências do então candidato a governador Flávio Dino, que apelou, e foi atendido, para que o PSB fosse para as urnas demonstrando unidade. Assim, para que Roberto Rocha emplaque Roberto Rocha Filho como candidato a vice na chapa de Edivaldo Jr. terá, entre outros obstáculos a serem vencidos, de obter o aval do grupo José Reinaldo.

O PSDB, por seu turno, está dividido entre lançar candidato próprio ao Palácio de la Ravardière e participar de uma aliança articulada pelo governador Flávio Dino em torno do prefeito Edivaldo Jr., indicando, no caso, o candidato a vice-prefeito. A orientação do tucanato nacional é no sentido de que o PSDB lance candidatos a prefeito em todas as capitais. Há tucanos de proa, com o prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira, que defendem a candidatura própria em São Luís. E citam como nomes viáveis o suplente de senador Pinto Itamaraty e o deputado estadual Neto Evangelista, ambos com sólida atuação política na Capital. No meio dessa teia de possibilidades, uma dificuldade a ser superada: as diferenças profundas, entre o ex-prefeito João Castelo e o prefeito Edivaldo Jr., que são anteriores à campanha de 2012, pois remetem a diferenças de Castelo também com o pai do atual prefeito, deputado estadual Edivaldo Holanda (PTC).

 

Sabe-se, porém, que os movimentos de agora são apenas ensaios na direção de 2016. O interesse pela vaga de candidato a vice na chapa do prefeito Edivaldo Jr. vai depender, principalmente, do desempenho do governo dele, que, tudo indica, inicia uma nova fase, agora com o apoio anunciado pelo governador Flávio Dino. Se o desempenho administrativo do prefeito for positivo a ponto de autorizá-lo a concorrer a um segundo mandato, a briga pela vaga de vice será quente. Se o desempenho não empolgar o eleitorado, poucos se interessarão pela vaga. Isso significa dizer que tanto PSB quanto PSDB poderão travar uma guerra sem trégua para emplacar o candidato a vice, quanto poderão esnobá-la no momento das definições, preferindo seguir outros rumos.

Não é demais lembrar que se essa disputa vier a ganhar corpo, será uma luta entre o senador Roberto Rocha com o deputado federal João Castelo. Os dois não se toleram por razões ancestrais. Quando Roberto Rocha começou a entender a política, o pai dele, Luiz Rocha, era o governador do Maranhão e tinha como maior adversário exatamente o então senador João Castelo. Quase duas décadas mais tarde, Rocha e Castelo encontraram-se nas fileiras do PSDB do Maranhão. Então deputado federal, Rocha se tornou presidente do partido no estado, mas diferenças irreparáveis os levaram ao confronto. No embate, Rocha foi derrotado e, para não ser politicamente liquidado dentro do ninho dos tucanos, deixou o partido e ingressou no PSB, agora para medir forças com José Reinaldo Tavares, sobre quem levou a melhor ao se eleger vice-prefeito e agora senador.

Se o prefeito Edivaldo Jr. realmente deslanchar – e tem condições e 17 meses para isso -, o governador Flávio Dino e o próprio chefe do Executivo municipal terão condições de ditar as regras do jogo e criar as condições para que a escolha do vice seja consensual. Se não, haverá uma corrida para lançar candidatos próprios, a começar pelo PSDB, ficando a vaga de vice-prefeito na chapa oficial relegada a plano inferior. Mas na base do governo municipal correm duas certezas: haverá mesmo uma disputa acirrada pela vaga, e o candidato à vice de Edivaldo Jr. não sairá do seu PTC, mas será um nome articulado com o aval do palácio vizinho. Pois afinal, o governador Flávio Dino não quer que um adversário more ao lado.

Em tempo: com a saída de Roberto Rocha para o Senado, as vezes de vice-prefeito de São Luís são feitas pelo presidente da Câmara Municipal, vereador Astro de Ogum (PMN).

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

Dúvida no ar

O plenário da Assembleia Legislativa foi palco ontem de uma discussão que promete ainda dar muito que falar. Reportagem veiculada ontem pelo telejornal Bom Dia Brasil, da Rede Globo, incluiu o Maranhão entre seis estados cujos governos anteriores cumpriram a Lei de Responsabilidade Fiscal e não deixaram rombos financeiros de “presente” para as novas gestões. A informação foi festejada por deputados ligados ao governo de Roseana Sarney, que aproveitaram para tentar desmentir o discurso inicial no qual o novo governo passou à sociedade a impressão de que encontrou o Estado em situação de terra arrasada. Mas os governistas reagiram e também tentaram confirmar o seu discurso. As falas de parte a parte acabaram gerando um ambiente de dúvida.

 

Expectativa tensa

O mundo político está desde ontem mergulhado em forte e tensa expectativa com a decisão do procurador geral da República, Rodrigo Janot, de encaminhar ao Supremo Tribunal Federal inquéritos que investigam o envolvimento de algumas dúzias de políticos no megaescândalo da Petrobras. Na edição da semana passada, a revista Veja insistiu na possibilidade de que o  senador Edison Lobão (PMDB), ex-ministro de Minas e Energia, e a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) poderão integrar a tal lista. Nos segmentos políticos ligados ao grupo liderado pela ex-governadora ninguém quer falar no assunto.

 

PT unido?

Uma lenta e delicada operação está em curso para reagrupar todos os segmentos do PT maranhense numa só organização. Isso pode significar que o braço maranhense do PT vai colocar um ponto final na aliança regional com o PMDB. Segundo uma fonte petista, não há pressa na recomposição, que terá de ser bem articulada, para não fracassar. O objetivo é que o PT estadual chegue às eleições municipais como uma agremiação cacifada para lançar candidatos a prefeito no maior número possível de municípios, a começar por São Luís. E tudo indica que não fará em aliança com o PMDB, que também tem projeto de lançar candidato próprio na maioria dos municípios, inclusive na Capital.

 

Sem ilusões

Saudável o esforço feito pelo governador Flávio Dino para unir a bancada federal com o objetivo de fazer pressões sobre a Petrobras para reverter a decisão de cancelar o projeto da Refinaria Premium I, em Bacabeira. A conversa com os deputados federais foi animada, algumas propostas foram colocadas, mas depois da reunião, cada um dos participantes, a começar pelo próprio governador do Estado, caiu na real. Sabem todos que, pelo menos nos próximos cinco anos, a empresa não fará investimentos dessa dimensão, a menos que tenha uma recuperação rápida e encontre parceiros internacionais de peso para dividir o gigantesco bolo de investimentos.

 

Revelações desconcertantes

O deputado Wellington do Curso (PPS) resolveu se desnudar com revelações desconcertantes na tribuna da Assembleia Legislativa. No seu discurso de estreia, ele se apresentou como um sobrevivente das desigualdades sociais, iniciando sua história com a informação de que é filho de uma prostituta. Ontem, Wellington do Curso surpreendeu seus pares ao acrescentar um dado que pode comprometer sua atribulada biografia. Declarou que fora sargento do Exército durante mais de uma década: atuou no serviço de inteligência bisbilhotando o movimento estudantil, movimentos de rua, coisas assim. segundo suas próprias palavras. Ou seja: o hoje deputado estadual pelo Partido Popular Socialista, que nasceu com o Partido Comunista Brasileiro, foi um araponga do Exército. E sem demonstrar qualquer preocupação ou arrependimento.

 

São Luís, 02 de março de 2015.

 

5 comentários sobre “Pode haver briga pela vaga de vice de Edivaldo Jr.

  1. A título de correção no atual Post , você colocou que o atual deputado federal teria saído candidato ao senado em 2010 pelo PTB, mas na realidade ele foi candidato pelo PSB com o número 400. Zé Reinaldo chegou a ae filiar ao PTB mas há época que era governador , logo após romper com o grupo Sarney.

  2. Parabéns pelo excelentes artigos elaborados com muita clareza e conteúdo. Sua coluna tem sido uma grata obrigação de leitura.

  3. Eu continuo achando que o PSDB blefa… e vai segurar a vice de Eliziane. Tenho pra mim que ela vai costurar esse apoio diretamente com Aécio lá em Brasília. Nem Pinto (pra majoritária não dá…) nem Neto Evangelista (quando foi a última crítica dele ao prefeito?) tem cacife para disputar a eleição.

  4. Lamento que o governador Dino vá apoiar a releição do atual prefeito porque com a péssima gestão que ele os funcionários efetivos da prefeitura não querem saber de outra dose de Edivaldo uma basta! fora Edivaldo.

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