Pesquisa mostra que o político Flávio Dino se consolida entre os protagonistas da política nacional

 

Flávio Dino entre João Doria e Wilson Witzel, na pesquisa de Veja

Por mais que alguns adversários e outro tanto de céticos tentem minimizar sua importância política e esnobar o fato de que ela, de fato, já ultrapassou os limites do Maranhão, a verdade incontestável é que o governador Flávio Dino se tornou, por seus próprios movimentos, um dos protagonistas do atual momento político brasileiro. Essa evidência, como várias outras, está no cenário 3 de pesquisa do Instituto Paraná sobre corrida presidencial, publicada pela revista Veja desta semana. No levantamento, que ouviu por telefone 2006 eleitores dos 26 estados e do DF no período de 26 a 29 de abril, o governador do Maranhão aparece com 1,4% das intenções de voto, à frente do governador fluminense Wilson Witzel (PSC), com 1,1%, num cenário em que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem 29,1%, seguido de Fernando Haddad (PT) com 15,4%, Ciro Gomes (PDT) com 11,1%, o apresentador Luciano Huck (sem partido) com 8,1%, o ex-ministro da Saúde e deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM) com 6,8%, o fundador e presidente do Partido Novo João Amoêdo com 4,5% e do governador de São Paulo João Dória (PSDB) com 4.4%. No mesmo cenário, 5,9% responderam que não sabem em quem votariam e expressivos 12,2% disseram que não votariam em nenhum deles.

O percentual de intenções de votos ao governador do Maranhão é mínimo, é verdade, mas uma análise mais cuidadosa do cenário leva à conclusão de que só estar entre os oito nomes já é um passo político gigantesco para um governador do Maranhão. Basta observar que ele está entre o presidente Jair Bolsonaro e o Fernando Haddad, que foi seu adversário no segundo turno da corrida ao Palácio do Planalto em 2018, o também presidenciável bem aceito Ciro Gomes, o estrelismo do apresentador global Luciano Huck e do deputado federal Luiz Henrique Mandetta, que ganhou enorme gás político como ministro da Saúde nos primeiros momentos de enfrentamento ao coronavírus no Brasil, ainda o governador João Doria, que pelo peso político e econômico de São Paulo mede forças com o presidente da República, o peso de João Amoêdo no  meio empresarial e, finalmente, o governador fluminense Wilson Witzel, que tem a seu favor a enorme importância política e econômica do Rio de Janeiro.

A pesquisa explica, por exemplo, o fato de Flávio Dino ter sido o único governador do Norte e Nordeste a participar do movimento de celebração do 1º de Maio com manifestações virtuais com participação dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Lula da Silva (PT), Dilma Rousseff (PT), e figuras politicamente influentes como a ex-senadora e fundadora do Rede, Marina Silva, e Ciro Gomes. Flávio Dino falou como representante do PCdoB. Sua participação o nivelou com os líderes do centro e do centro-esquerda, como FHC, que concitou os participantes a esquecerem momentaneamente suas diferenças e se unam para enfrentar a crise política e dar um rumo ao País. O apelo do ex-presidente tucano é exatamente a pregação que Flávio Dino vem fazendo há tempos sobre formar uma frente unindo o centro, o centro-esquerda e até esquerda mais ortodoxa para fazer uma oposição consistente ao presidente Bolsonaro e seu Governo.

Quando o Grupo Sarney perdeu o poder em 2014 e o ex-presidente José Sarney deixou de disputar mandatos parlamentares e saiu da cena política nacional, muitos observadores previram que o Maranhão seria varrido do mapa das referências políticas do País. Erraram feio. O agora governador Flávio Dino, que já tinha feito um nome como juiz federal e presidente da Associação dos Juízes Federais, e também exercido um mandato de deputado federal em que foi uma das estrelas da Câmara Federal, manteve de pé a tradição política do estado. Já no segundo mandato de governador e em razão do espaço político que alcançou, Flávio Dino tem três caminhos possíveis: disputar uma vaga no Senado, entrar na guerra pelo poder central como candidato a presidente ou a vice-presidente, ou finalmente permanecer no comando do Governo estadual até o fim do mandato e voltar a dar aulas da UFMA.

Pesquisas como a de Veja e o seu protagonismo no Governo do Maranhão e na cena política nacional indicam que Flávio Dino tem ainda muito chão político pela frente.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Registro

 

Partiu Celso Coutinho, um dos expoentes políticos do Maranhão

Celso Coutinho: recebendo a Medalha do Mérito de Manoel Beckman das mãos do presidente Othelino Neto

O Maranhão perdeu ontem o ex-deputado estadual e ex-prefeito de Guimarães, Celso Coutinho, aos 89 anos, um dos últimos expoentes de uma geração de políticos – José Sarney, José Bento Neves, Epitácio Cafeteira, Alexandre Costa, Henrique la Rocque, entre outros – que começou a atuar nos anos 50, pontificaram nas décadas de 60, 70, 80 e 90, chegando no novo século como respeitadas referências. Advogado por formação e tabelião por profissão, Celso da Conceição Coutinho foi vitimado por uma infecção generalizada quando se tratava, no UDI Hospital, de um infarto e de problemas renais.

Celso Coutinho se notabilizou por dois traços que o conduziram por toda a vida. O primeiro foi sua vasta cultura, que associada ao dom da palavra, o tornou um dos oradores mais brilhantes, pujantes, contundentes e eruditos da sua geração. O segundo, o militante político audacioso, polemista temido, parlamentar competente e prefeito respeitado. Conseguia ser ao mesmo tempo o orador vibrante e o tribuno ferino e desafiador.

Politicamente, começou militando na esquerda, que o fez adotar a cor vermelha nas camisas que usou durante décadas, menos quando estava de paletó. Democrata convicto, lutou contra o vitorinismo e se posicionou contra a ditadura, enfrentando uma série de problemas nos anos de chumbo. Migrou depois para a Arena, rompendo com o grupo sarneysista no início dos anos 80 para ficar com o grupo do ex-governador e senador João Castelo.

Deputado por quatro mandatos, Celso Coutinho presidia a Assembleia Legislativa em 1984, quando o racha de sarneysistas, então liderados pelo governador Luís Rocha, que abraçaram a pré-candidatura do ex-ministro dos Transportes, Mário Andreazza, e castelistas, que com o apoio do senador Alexandre Costa e do deputado federal Edison Lobão, formaram fileiras com o deputado federal Paulo Maluf. Celso Coutinho comandou a tumultuada sessão da Assembleia Legislativa que escolheu os delegados ao Colégio Eleitoral, todos contra o senador José Sarney, que havia rompido com o governo militar e deixado a Arena. Diante da tensão, Celso Coutinho, pediu a presença da Polícia Federal para garantir a sessão, tendo sido por isso muito criticado. Os malufistas derrotaram os andreazzistas, mas o seu candidato foi impiedosamente derrotado pela chapa Tancredo Neves/José Sarney, que viria a ser o presidente da República. O dado dessa passagem é que Celso Coutinho manteve a coerência como aliado de João Castelo.

Os dois mandatos de prefeito de Guimarães foram bons para a cidade.

Entre mandatos e períodos fora da política institucional, Celso Coutinho foi um polemista militante, desassombrado, ferino, atacando e se defendendo com artigos de espantosa virulência, mas sempre muito bem escritos, em linguagem erudita, apesar da adjetivação ácida com que brindava seus inimigos. Nunca fugiu de uma boa briga política.

A importância política de Celso Coutinho foi coroada no final do ano passado, quando foi justamente homenageado com a Medalha do Mérito Legislativo Manoel Beckman, a mais alta honraria da Assembleia Legislativa do Maranhão, a ele concedida por unanimidade a partir de um projeto dos deputados Edivaldo Holanda (PTC) e o presidente Othelino Neto (PCdoB).

São Luís, 03 de Maio de 2020.

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