Uma discussão interessante ganha intensidade nos bastidores da política maranhense: quem vai mesmo liderar a Oposição ao Governo Flávio Dino (PCdoB)? Uma avaliação rápida aponta para alguns nomes da bancada federal: o senador Roberto Rocha (PSDB), e os deputados federais eleitos e reeleitos Eduardo Braide (PMN), Edilázio Jr. (PSD), Aluísio Mendes (Podemos) e João Marcelo (MDB). No plano estadual, o deputado estadual reeleito Adriano Sarney (PV) não tem quase ninguém para liderar, e será líder de si mesmo. Há figuras destacadas fazendo barulho – como a ex-candidata a governadora Maura Jorge (PSL), por exemplo -, mas nas regras atuais uma voz sem mandato nada pesa no contexto político. Há exceções, como o ex-presidente José Sarney (MDB) e a ex-governadora Roseana Sarney (MDB), mas a repercussão das suas ações será drasticamente minimizada quando eles não mais tiverem uma máquina estatal para operar, o que fatalmente acontecerá a partir de Janeiro.
Numa situação de normalidade política, o caminho mais lógico seria a Oposição ser liderada pelo senador Roberto Rocha. O desastroso desempenho do PSDB nas eleições de Outubro, no entanto, destruiu completamente a máquina tucana, sendo que no Maranhão o estrago reduziu o partido à eleição do deputado estadual Wellington do Curso, hoje o principal nome do partido depois do senador, no plano parlamentar. O naufrágio do barco tucano colocou Roberto Rocha em segundo plano, pelo menos por enquanto. No contraponto, o deputado federal Eduardo Braide desponta como o nome com mais estatura para assumir o comando oposicionista, podendo ceder o “posto” ao deputado federal reeleito Hildo Rocha ou ao colega dele Aluísio Mendes. Hildo Rocha parece mais interessado em ocupar espaço parlamentar e garimpar emendas para municípios e sobreviver na bancada do MDB, enquanto Aluísio Mendes avança para ser uma das vozes do Governo Jair Bolsonaro no Congresso Nacional, podendo, por isso, vir a ser escalado para tornar-se a voz dele no Maranhão contra o Governo Flávio Dino. Nesse grupo está Edilázio Jr., mas para ser um líder oposicionista ele precisará mostrar que é mais do que uma voz sobrevivente do Grupo Sarney.
O problema da Oposição ao Governo Flávio Dino é que a aliança dinista venceu as eleições de cabo a rabo, formando um exército aguerrido em torno do Palácio dos Leões. Conta com pelo menos 32 dos 42 deputados estaduais, com 12 dos 18 deputados federais e dois dos três senadores, não deixando espaço para que adversários se mobilizem e formem o cerco com poder de fogo para atingi-lo. No caso da bancada federal, os quadros que a aliança governista elegeu são politicamente fiéis e competentes, como é o caso do deputado federal reeleito Rubens Jr. (PCdoB), que teve desempenho surpreendente no primeiro mandato; de Márcio Jerry (PCdoB), principal articulador político da base dinista; do experiente e bem preparado Bira do Pindaré (PSB), e do ativo e correto Pedro Lucas Fernandes (PTB). Além deles, que estão na primeira linha de combate, o governador Flávio Dino conta ainda com o hábil e bem articulado André Fufuca (PP), com o cristão novo Gil Cutrim (PDT), com o petista Zé Carlos (PT) e o campeão de votos Josimar Maranhãozinho (PR), que se declara aliado do governador, mas tem planos para voos mais altos.
Não há dúvidas de que o comando do que restou do Grupo Sarney vai tentar assumir a Oposição ao governador Flávio Dino, mas também e verdade que outras vozes tentarão o mesmo. É provável que, cedo ou tarde, com movimentos cuidadosos, o Grupo Sarney encontrará um caminho para se relacionar com o presidente Jair Bolsonaro, mesmo tendo ele já dado várias demonstrações de que não quer aproximação com o sarneysismo. Há quem que esse canal será aberto pelo deputado Aluísio Mendes, caso ele venha mesmo a ocupar um espaço expressivo na base de apoio do novo Governo, como os sinais estão indicando. Isso, porém, não garante força ao projeto oposicionista do Grupo Sarney.
O fato concreto é que neste momento o governador Flávio Dino ainda não enxerga no cenário um movimento oposicionista que o preocupe. É verdade que ainda é cedo e que as forças derrotadas ainda estão dispersas. Mas é verdade também que o quadro político tende a se ajustar e que, mais cedo ou mais tarde, os adversários do Governo estadual se articularão com Eduardo Braide, Aluísio Mendes, Hildo Rocha e Edilázio Jr. para marcar posição nesse campo, provavelmente com o aval do Palácio do Planalto.
PONTO & CONTRAPONTO
Rogério Cafeteira mantém liderança do Governo, apesar de não reeleito
Enganou-se quem pensou que a não reeleição desestimularia o deputado Rogério Cafeteira (DEM) a cumprir o resto do mandato na condição de líder do Governo. Ao contrário, Rogério Cafeteira vem cumprindo fielmente as obrigações da liderança, principalmente dando combate aos ataques disparados no plenário da Assembleia Legislativa pelos deputados Adriano Sarney (PV) e Welington do Curso que, reeleitos, não aliviaram a artilharia na direção do Palácio dos Leões neste fim de legislatura. Ontem, por exemplo, o líder Rogério Cafeteira ocupou a tribuna para defender o governador Flávio Dino de críticas dos deputados Wellington do Curso e Adriano Sarney em relação à Portaria Nº 1.044, de 30 de Outubro, que estabelece redução de despesas na área de saúde e regula plantão de médicos.
Como que articulados num mini bloco oposicionistas, os deputados Adriano Sarney e Wellington do Curso acusaram o governador Flávio Dino de tentar reduzir salários com o anunciado controle de despesas na área de Saúde. Durante do ataque, o líder governista reagiu afirmando que a referida Portaria está em consonância com a PEC 95, do Governo Federal, que dispõe sobre o controle de despesas com a saúde em todo o Brasil.
Rogério Cafeteira foi mais além: “Não é plausível que um médico que presta um plantão em Pinheiro ganhe diferente do outro que ganha em Chapadinha. É apenas e tão somente isso. Agora, me causa estranheza alguns deputados mais afoitos chegarem aqui e questionarem, como se houvesse diminuição de salários. Todos sabem que a Emenda 95 restringiu gastos com saúde em todo o Brasil e os grupos que votaram a favor da referida PEC são os mesmos que chegam aqui chamando de golpistas quem venceu democraticamente as eleições, fazendo defesa de presidente eleito (Jair Bolsonaro), que agora mesmo denunciou que o ex-ministro do Meio Ambiente, o deputado federal Sarney Filho, tinha vendido a Amazônia para organizações internacionais”, disse.
Afirmando ser ele próprio o único responsável por sua não reeleição, afirmando que perdeu e já fez o seu “mea culpa”, Rogério Cafeteira avisou que será líder do Governo até último dia do seu mandato, pronto para rebater qualquer ataque da Oposição ao governador Flávio Dino.
Fábio Câmara: depois do aval de Michel Temero, quer o de Jair Bolsonaro
Para anotar e aguardar: o ex-vereador Fábio Câmara (PSL) teria confidenciado a vários interlocutores que está de passagem comprada para Brasília no início do ano que vem e que retornará ao Maranhão com o aval do presidente Jair Bolsonaro para ser o candidato do partido a prefeito de São Luís em 2020. A esses interlocutores, ele teria dito ter os argumentos que convencerão o presidente a apostar no seu projeto. Para lembrar: quando conseguiu convencer a cúpula estadual do então PMDB de que ela a melhor alternativa para disputar a Prefeitura de São Luís em 2016, Fábio Câmara conseguiu convencer os chefes do partido a levá-lo a Brasília e o apresentassem ao presidente Michel Temer. A viagem foi feita, o então vereador esteve pelo menos duas vezes com o presidente da República, com quem conversou sobre seu projeto. Retornou a São Luís entusiasmado com a receptividade de Michel Temer. Embalado por aquele apoio, foi para a disputa e ficou em um humilhante quarto lugar. Resta saber se será diferente com o presidente Jair Bolsonaro.
São Luís, 06 de Novembro de 2018.