Quando o fundaram em 1958, no auge da Guerra Fria, desgarrando-o do velho e carrancudo Partido Comunista Brasileiro (PCB), os líderes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) – Pedro Pomar, João Amazonas, Maurício Grabois, entre outros – sabiam que teriam vida difícil, que viveriam na clandestinidade, e provavelmente não imaginariam dois fatos que ligaram definitivamente a agremiação ao Maranhão. O primeiro: o PCdoB saiu das trevas da clandestinidade e passou a existir legalmente como organização política em 1986, por ato do então presidente José Sarney (PMDB). O segundo: o Maranhão foi o primeiro estado de um País latino-americano a ser governado por um comunista, o advogado, professor universitário, ex-juiz federal e ex-deputado federal Flávio Dino, eleito democraticamente pelo PCdoB, derrotando a Lobão Filho (PMDB), candidato do longevo e poderoso grupo político liderado pelo ex-presidente José Sarney.
Foi nesse clima de conquista, que perdura entusiasticamente desde outubro de 2014, que o PCdoB reuniu, sexta-feira (20), no Espaço Renascença – coincidentemente uma casa de eventos pertencente a um adversário histórico, o ex-prefeito Mauro Fecury – seus líderes, militantes e aliados para a sua 15ª Conferência Estadual, preparatória ao 14º Congresso Nacional do partido, marcado para o período de 17 a 19 de novembro em Brasília. O evento funcionou também como uma espécie de primeira convocação geral para a guerra eleitoral do ano que vem.
Comandado pelo governador Flávio Dino e tendo como presidente articulador-mor o jornalista Márcio Jerry, secretário de Articulação Política e Comunicação, o braço maranhense do PCdoB apresentou ao Maranhão e ao País as suas duas faces políticas. A primeira: é hoje o maior e mais influente partido do Maranhão, com o governador do Estado, um deputado federal, seis deputados estados, 46 prefeitos, vários vice-prefeitos e uma penca respeitável de vereadores. E a segunda: há pouco mais de mil dias no poder, o comunista Flávio Dino comanda um governo que vem substituindo o obrismo pelo foco nos problemas sociais, com eficiência administrativa e correção ética, fatores que o colocam entre os governadores mais bem avaliados pela Opinião Pública, que o aponta como uma das lideranças políticas mais promissoras da sua geração em todo o País.
Na abertura 15ª Conferência Estadual, o comando do PCdoB exibiu uma surpreendente aliança, formada por um arco partidário que vai da esquerda à direita. Ali estavam o PT, representado pelo presidente Augusto Lobato, o PDT, com o deputado federal Weverton Rocha, o PSB, pelo prefeito de Timon, Luciano Leitoa, o Solidariedade, com o deputado Fábio Braga -, o PTdoB, pelo deputado federal Waldir Maranhão, e o PRB, com o deputado federal Cleber Verde, e o PR, representado pela na figura ímpar do deputado Josemar de Maranhãozinho. Junto com essas, outras forças participam da aliança que será comandada pelo governador Flávio Dino na guerra eleitoral de 2018 e que terá como adversários o candidato do Grupo Sarney – que deve ser a ex-governadora Roseana Sarney – e o senador Roberto Rocha, candidato já definido do PSDB.
Com um discurso cuja linha central lembrou a Conferência de 2013, quando iniciou o movimento cujo desfechou seria uma esmagadora vitória das urnas, o governador Flávio Dino expressou o ânimo que atualmente move o partido: “Não somos movidos hoje, diferente de quatro anos atrás, apenas por uma ideia abstrata de esperança. Nós temos ao nosso lado a confirmar a nossa esperança, fortalecer e dar coerência, dar vida às nossas palavras. Temos ações e resultados. Eu tenho muito orgulho de dizer para vocês que nesses quatro anos de 2013 até hoje, eu aprendi muito. Aprendi todos os dias. E me dediquei como nunca eu fiz na minha vida profissional a essa missão”.
E assinalou o desempenho positivo do Governo do PCdoB num contexto extremamente adverso de crise econômica, de crise política e em meio às quais a classe política das velhas práticas está sendo dizimada: “Se vocês não encontrassem correspondência prática entre os compromissos e ação de governo nem eu estaria aqui”. E enfatizando o fato de ele e seus secretários serem ser “100% ficha limpa” e que atualmente governador e secretários não enriquecem às custas do dinheiro público, destacou: “Essa é a razão pela qual o dinheiro rende, pelo qual a gente com pouco consegue fazer muito. O nosso Governo não tem taxa, não tem propina e não tem pedágio”.
Ao ouvir o discurso do governador, mostrando-se vivamente entusiasmada com o que está acontecendo no Maranhão e certa de que o PCdoB “é capaz de virar a historia e mudar o rumo do estado”, a presidente nacional do PCdoB, a despachada deputada federal pernambucana Luciana Santos, brindou Flávio Dino: “Ser bom no bom é bom. Eu quero ver o cabra ser bom no ruim. E é isso que o governador está fazendo”.
O entusiasmo exibido pelos líderes do PCdoB no Espaço Renascença continuou ontem no Auditório Fernando Falcão, da Assembleia Legislativa, e revelou que eles têm plena consciência de que as eleições do ano que vem serão decisivas para o projeto de poder em andamento. O governador Flávio Dino sabe que é franco favorito, mas com certeza já aprendeu que não deve baixar a guarda nem desacelerar a locomotiva que pilota. A começar pelo fato de que as forças que querem desalojá-lo do Palácio dos Leões estiveram no poder quase pelo tempo de existência do PCdoB.
PONTO & CONTRAPONTO
Roseana Sarney atua para salvar o presidente Michel Temer e viabilizar o seu projeto de poder
A ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) está mergulhada nas articulações destinadas a consolidar a maioria que, segundo as contas do Palácio do Planalto, deverá mandar para o arquivo morto o pedido de autorização, feito pelo Supremo Tribunal Federal, para investigar o presidente Michel Temer (PMDB), acusado pelo ex-procurador Geral da República, Rodrigo Janot, de formação de quadrilha e obstrução da Justiça. Tarimbada no jogo que movimenta os bastidores políticos de Brasília, a ex-governadora tornou-se um dos principais agentes do presidente na Câmara Federal, onde o pedido, que recebeu parecer contrário na Comissão de Constituição e Justiça, será submetido ao crivo do plenário na próxima quarta-feira (25). Roseana Sarney se movimenta para ajudar a salvar a pele do presidente, para agradar à cúpula do PMDB e, finalmente, com foco no seu projeto de voltar a morar no Palácio dos Leões. Sabe que a sobrevivência do presidente Michel Temer é condição essencial para que ela leve em frente o seu projeto de poder. Sem as engrenagens de poder no Maranhão, ela precisa da força política do Palácio do Planalto como suporte à sua candidatura. As forças que lhe dão respaldo no estado têm demonstrado claramente que só serão efetivamente mobilizadas se receberem o sopro de Brasília, sejam motivadas por uma convocação que sem o que seus líderes consideram inviável participar de uma guerra eleitoral cujo adversário é o governador Flávio Dino e o grupo que lidera. O Palácio do Planalto tem dado sinais de boa vontade com o Grupo Sarney, inclusive enviando ao Maranhão ministros para participar de inaugurações de obras federais, como conjuntos residenciais financiados pelo “Minha Casa, Minha Vida”. Quarta-feira, portanto, será uma data decisiva para o projeto de poder da ex-governadora do Maranhão. Se o presidente Michel Temer for confirmado no cargo, o projeto poderá vingar. Se não, o projeto poderá ser mandado para o arquivo.
Léo Costa anuncia desfiliação e deixa o PDT e Weverton Rocha consolida seu comando no partido
A se confirmar a desfiliação anunciada do ex-prefeito de Barreirinhas, Leo Costa, registrada pelo Jornal Pequeno, o PDT praticamente completará a desfiguração que vem sofrendo desde a morte do ex-governador Jackson Lago em 2012 e, logo depois, do ex-deputado federal Neiva Moreira, os dois gigantes da política maranhense que deram forma e vida ao braço maranhense do partido que fundaram junto com Leonel Brizola no início dos anos 80 do século passado. O economista Léo Costa foi membro do núcleo que, junto com Reginaldo e Maria Lúcia Teles, Julião Amin, entre outros, e sob o comando de Jackson Lago, construiu o partido no estado, e que, a exemplo da própria família do ex-governador, liderada pela ex-primeira-dama Clay Lago, se desligaram do partido com a ascensão do deputado federal Weverton Rocha, líder da bancada do PDT e que hoje detém o comando absoluto da agremiação brizolista.
– Estou saindo do PDT, aliás, o PDT praticamente me expulsou. Vale lembrar, a direção do partido cassou meus direitos políticos dentro do PDT. Fui impedido de disputar a reeleição que era um direito meu líquido e certo. O meu caso foi único no Brasil. Tive os meus direitos políticos cassados dentro do próprio partido – declarou. Léo Costa expôs. Com ênfase, sua mágoa com a direção partidária, que o impediu de disputar a reeleição em 2016, para que o PDT apoiasse a candidatura de Amilcar Rocha, do PCdoB, numa articulação do presidente Weverton Rocha com o governador Flávio Dino.
Num ataque direto a Weverton Rocha, Léo Costa afirmou, em tom de desabafo: “A minha confiança na direção do PDT é zero, é nula. O que fizeram comigo foi uma coisa altamente traiçoeira e brutal. Se eu ficar no PDT, para eles me darem uma segunda rasteira, aí o problema não é mais deles, é meu”.
Com a saída de Léo Costa, somente o deputado federal Julião Amin representará o núcleo que fundou o PDT. E assim o partido caminha para se tornar imagem e semelhança do deputado federal e candidato a senador Weverton Rocha, menino de ouro de Jackson Lago e que, vale registrar, chegou ao comando do partido por um misto de competência e ousadia, traços essenciais em qualquer líder político.
São Luís, 21 de Outubro de 2017.
Caro Correa: conheço Leo Costa de longas e priscas eras. Por todo esse tempo, só posso afirmar a retidão do caráter , a honradez, a entrega sincera e a devoção de Leo à causa a que se propôs. Não militávamos no mesmo partido. Divergíamos, como é natural. Os caminhos ideológicos escolhidos por ele não eram os meus. Mas posso afirmar sem medo de errar: ele sempre se manteve fiel às suas crenças e nunca colocou-as como moeda de troca ou barganha política. Se sai do PDT, partido que ajudou a criar no Maranhão, é porque esse partido há muito deixou de encarnar o futuro pelo qual tanto lutou esse grande guerreiro e sonhador. Digo mesmo: saiu tarde. Os seus atuais”donos”…..bem, deixa para lá, não vale a pena sequer mencioná-los. Seja bem-vindo de volta à luta que o ex-PDT hoje nega.
Gostaria de fazer uma pequena observação: seguramente o Maranhão não é governado, hoje, por um comunista. Nem para o bem, nem para o mal. Governado por um progressista, sim, sem sombra de dúvida. E que bom que o seja. Mas comunista…
Ao lado de Flávio, os políticos do Maranhão só têm a ganhar.
Flavio Dino está mais do que preparado
acredito que flavio dino trouxe muitos ganhos ao PC do B