O ano eleitoral começa com Lula dominando totalmente a corrida presidencial no Maranhão

 

Lula da Silva lidera corrida no Maranhão com vantagem larga sobre Jair Bolsonaro, Ciro Gomes, Sérgio Moro, João Doria e Alessandro Vieira

A dez meses das eleições gerais, o que equivale a 270 dias, está praticamente desenhado o cenário para a disputa presidencial no Maranhão. Como em 2002 e 2006, ex-presidente Lula Silva (PT) lidera as intenções de voto com vantagem avassaladora, dobrando com larga sobra sua vantagem sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL), deixando para trás, com vantagem desconcertantes, o ex-governador Ciro Gomes (PDT), o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro (Podemos) e o governador de São Paulo João Doria (PSDB). Pelo trilhar da locomotiva petista até aqui, é difícil projetar um cenário diferente em Outubro, ainda que o presidente estoure os já combalidos cofres públicos auxílios financeiros aos milhões de desvalidos com situação piorada pela pandemia. Nesse ambiente de claro domínio do petista, os demais candidatos presidenciais poderão reduzir suas desvantagens se líderes apoiadores arregaçarem as mangas e saírem a campo na guerra pelo voto.

O presidente Jair Bolsonaro vive uma situação complicada no Maranhão, apesar do seu partido contar com 40 prefeitos. Tem seu próprio cacife garantido pela direita mais conservadora, mas carente de líderes que turbinem sua candidatura à reeleição. O nome mais destacado é o senador Roberto Rocha, que entra no ano eleitoral sem partido e sem revelar a que será candidato. Bolsonaro conta também com o deputado federal Josimar de Maranhãozinho, seu colega de PL, e que no momento anda mais preocupado com os fortes beliscões da Polícia Federal nos seus calcanhares. E com o prefeito Lahesio Bonfim (PTB), pré-candidato a governador sem muita margem para avançar. Os demais integrantes desse time estarão mais interessados em garantir sua sobrevivência do que no futuro do presidente. Além da fragilidade da sua base de apoio, Jair Bolsonaro já enfrenta no Maranhão uma oposição dura, liderada pelo governador Flávio Dino.

Ciro Gomes vive no Maranhão a curiosa e incômoda situação em que o seu partido, o PDT, que tem 42 prefeitos e o senador Weverton Rocha como forte pré-candidato a governador, mas que não embala esse projeto presidencial e vem trabalhando duro para atrair o apoio do ex-presidente Lula da Silva, exatamente um dos alvos da metralhadora giratória verbal ex-governador do Ceará. Em meio a essa estranha equação política, Ciro Gomes permanece estacionado, aparentemente sem condições de sair da inércia, em parte pelo fato de não ter vozes que propagem seu projeto.

Cristão novo na seara política, Sérgio Moro só tem uma escada para desembarcar no Maranhão: o prestígio do prefeito Eduardo Braide, o único do Podemos no estado e tendo como o segundo nome mais destacado do partido o deputado federal tocantino Josivaldo JP, que além de estar inteiramente dedicado ao seu projeto de reeleição, tem dado mostras de que é bolsonarista roxo e que dificilmente embarcará na canoa do Sérgio Moro. Mergulhado no enfrentamento dos desafios que São Luís lhe impõe a cada dia, o prefeito até agora não sinalizou com clareza sobre como pretende atuar nessa seara. Não é possível ainda medir o peso do prefeito sobre o eleitorado da Capital

Se o tucano João Doria estiver mesmo disposto a encarar o desafio de disputar a presidência e não a reeleição para o Governo der São Paulo, vai encontrar enormes dificuldades no Maranhão. Se não houver uma reviravolta no campo partidário, o vice-governador Carlos Brandão, que busca o apoio do ex-presidente Lula da Silva, terá de mudar seus planos e encontrar uma maneira de conviver com a candidatura do governador de São Paulo. Tudo isso pode mudar radicalmente se Carlos Brandão migrar do PSDB para o PSB, como está previsto, o que lhe dará cacife para brigar pelo apoio de Lula sem problemas.

Outros pré-candidatos dificilmente ocuparão espaço. Se vier a ser lançado pelo PSD, o senador Rodrigo Pacheco poderá contar com o apoio do pré-candidato do PSD ao Governo estadual, Edivaldo Holanda Jr., podendo resultar numa dupla afinada. O senador Alessandro Vieira, que se lançou pelo Cidadania, poderá contar com o apoio da sua colega de partido, senadora Eliziane Gama, que tem no seu histórico apoio ao presidente Lula da Silva.

Esses são cenários possíveis, que poderão ganhar consistência ou ser mudados radicalmente até às vésperas das convenções partidárias, quando o quadro de candidatos será formal e oficialmente definido.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

PT começa o ano com mudança de comando, mal-estar interno e incógnita na sucessão

Francimar Melo assume hoje 

O braço maranhense do PT inicia o ano eleitoral com o que o partido não está precisando neste momento: um forte mal-estar interno por conta do cumprimento forçado de um acordo pelo qual o presidente do partido, Augusto Lobato – o mais votado na eleição realizada há dois anos – terá de abrir mão de metade do seu mandato em favor do Francimar Melo – o terceiro colocado naquele pleito. Uma situação no mínimo esdrúxula, mas possível dentro de um partido tão plural como o PT. O novo presidente assume hoje à tarde.

De cara, está escrito nas estrelas que o novo presidente vai  tentar reverter a posição do seu antecessor de levar a agremiação para a base da candidatura do vice-governador Carlos Brandão (por enquanto no PSDB), já tendo sinalizado que seu propósito é colocar o PT no grupo partidário que dá sustentação à candidatura do senador Weverton Rocha (PDT).

É verdade que os petistas estão divididos, mas é verdade também que, numa avaliação isenta, até aqui o vice-governador leva a melhor entre os líderes do partido. É verdade que eles não  festejam sua condição de tucano, mas também não esquecem que em 2016 Carlos Brandão se manteve firme ao lado do governador Flávio Dino (PSB) dando apoio político à presidente Dilma Rousseff (PT) durante a longa e conturbada crise do impeachment, postura que se repetiu com igual ênfase contra a condenação em prisão do ex-presidente Lula da Silva.

Augusto Lobato e grande parte dos líderes do PT têm essa compreensão, enquanto parte do grupo representado por Francimar Melo não enxerga a coisa por essa ótica, o que levará naturalmente o partido a mais uma daquelas duras medições de forças internas.

Ao final de Janeiro o mundo saberá como o PT se posicionará na sucessão.

 

Transporte: bomba-relógio que preocupa Braide tenciona o País

Transporte coletivo: bomba-relógio na mesa do prefeito Eduardo Braide

O prefeito Eduardo Braide encontra-se na condição de quem tem uma bomba-relógio sobre sua mesa de trabalho: a situação financeira do sistema municipal de transporte coletivo de São Luís.

Reportagem consistente publicada na edição de ontem do jornal Folha de São Paulo mostra que essa crise está pressionando prefeitos de municípios com população acima de 200 mil habitantes, grande parte dos quais precisa dos transportes de massa para se deslocar diariamente. De acordo com o jornal paulistano, juntas, as empresas detentoras de concessão – incluídas as de São Luís – amargam hoje um rombo de R$ 21 bilhões, causado pelas consequências da pandemia, que lhe impôs uma drástica e demorada redução de faturamento, problema que se soma à defasagem no preço das tarifas.

A bomba ludovicense ameaçou estourar em Outubro, quando rodoviários, claramente alinhados aos empresários, cruzaram os braços pedindo aumento de salário, enquanto as empresas cobraram reajuste de tarifa, formando a equação perfeita para a crise. O prefeito Eduardo Braide tomou a arrojada decisão de não autorizar aumento. Mas logo percebeu que São Luís mergulharia no caos, risco que afastou com uma solução provisória: um aumento salarial menor do que o reivindicado pelos rodoviários, nenhum centavo de aumento de tarifa, o que foi garantido por um subsídio que será bancado até fevereiro, com o compromisso de reativar a mesa de negociações em Março.

A reportagem da Folha informa que os prefeitos – incluído o mandatário de São Luís – estão pressionando o Governo Federal para liberar uma ajuda de R$ 5 bilhões para o setor, o que não é suficiente para resolver o monumental abacaxi, mas se for liberado, contribuirá fortemente para bombas-relógios como a que está ativada no gabinete principal do Palácio de la Ravardière seja desativada por um bom tempo.

São Luís, 03 de Janeiro de 2022.

 

 

 

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