Na cadeia ou livre para ser candidato a presidente, Lula terá peso importante na corrida pelo poder no Maranhão

 

Preso ou livre, Lula da Silva será influente na corrida eleitoral no Maranhão
Preso ou livre,o ex-presidente  Lula da Silva terá influência expressiva na corrida eleitoral deste ano no Maranhão

O Brasil saberá hoje se o ex-líder operário, fundador do PT e ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva seguirá sua trajetória de mais importante personalidade política produzida pelo conturbado ambiente político brasileiro das últimas décadas, que apesar do purgatório em que foi colocado, segue como líder absoluto das intenções de voto para presidente da República, ou será empurrado para o inferno de uma prisão no Paraná, na esteira trepidante de um processo polêmico em que é acusado de corrupção, que armazena indícios, mas nenhuma prova. A decisão está nas mãos do Supremo Tribunal Federal, cujos 11 ministros integrantes estão divididos, devendo a votação resultar num 6 a 5, a favor ou contra o ex-presidente, o que tornará seu caso ainda mais controverso.

Não há qualquer sombra de dúvida de que o desfecho do Caso Lula terá influência decisiva na corrida ao Palácio do Planalto e, por via de desdobramento e de consequência, influenciará também o embate pelo poder nos estados. Candidato a presidente com liberdade total ou relativa ou na condição condenado atrás das grades, o maior mito da esquerda brasileira será presença forte na campanha eleitoral do Maranhão. Se for candidato a presidente, poderá receber até 80% dos votos dos mais de quatro milhões de eleitores maranhenses. E se durante a campanha estiver preso, sua voz a favor de um candidato poderá ter peso decisivo no desfecho da corrida às urnas.

Os movimentos de Lula no cenário político maranhense indicam com clareza que, se for candidato, seu palanque será o do governador Flávio Dino (PCdoB), que apesar de todos os reveses que sofreu em relação ao PT nas eleições em que disputou o Governo do Estado, se transformou no  mais ativo e credenciado defensor do ex-presidente no seu calvário policial e judicial. Salvo Odívio Neto, candidato do PSOL, nenhum dos outros candidatos ao Palácio dos Leões reúne hoje condições pessoais e políticas para estabelecer uma aliança com o ex-presidente, e isso inclui a ex-governadora Roseana Sarney (MDB), de quem Lula foi aliado entre 2002 e 2014.

O governador Flávio Dino manteve absoluta coerência política e partidária, passou uma borracha na sua conturbada relação com o PT até 2014, remendou os desgastes e reatou uma convivência que vem se transformando numa aliança sólida, que, por incrível que pareça, só enfrenta problemas por causa de uma turma que comanda o braço maranhense do PT. A posição do governador Flávio Dino, que envolve identidade política, afinidade ideológica e, claro, uma dose de pragmatismo, se encaixa perfeitamente no complicado e imprevisível cenário em que o líder petista se movimenta. O líder maranhense surpreendeu o Brasil pela maneira contundente com que defendeu a presidente Dilma Rousseff (PT) no processo de impeachment, e depois como se posicionou ao lado do ex-presidente Lula desde que as denúncias contra ele começaram a ganhar um rumo, mais ou menos quando Lula começou a ser abandonado pelo Grupo Sarney. A expectativa, portanto, é que Lula e Flávio Dino permaneçam aliados até as eleições.

E não há outro caminho. Roseana Sarney deverá armar palanque para o candidato do MDB, seja ele o presidente Michel Temer, algo que se torna cada dia mais improvável, seja o banqueiro aposentado e agora ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, que se filiou ontem ao MDB com o objetivo de ser o candidato do partido a presidente. O senador Roberto Rocha será o braço avançado no Maranhão do candidato tucanos Geraldo Alckmin, hoje o mais ranheta adversário do fundador do PT. Se for candidato a governador, o deputado estadual Eduardo Braide (PMN) seguirá uma linha de centro-direita, muito distante, portanto, do ex-presidente. E a ex-prefeita Maura Jorge (Podemos), que briga pelo poste de represente de do deputado Jair Bolsonaro (PSD) no Maranhão, se treme só de ouvir falar em Lula.

A algumas horas do desfecho do Caso Lula e a exatos 186 dias das eleições, é esse o quadro político em que o ex-presidente se insere no Maranhão.

 

PONTO & CONTRAPONTOS

 

Sarney Filho consolida sua candidatura ao Senado definindo os dois candidatos a suplentes

Sarney Filho terá como candidatos a suplentes João Manoel Souza e Clóvis Fecury
Aspirante ao Senado, Sarney Filho terá como candidatos a suplentes João Manoel Souza e Clóvis Fecury

O deputado federal Sarney Filho (PV), que deve deixar o Ministério do Meio Ambiente nesta até sexta-feira, parece decidido a continuar sendo o primeiro no seu grupo a tomar decisões relativas à sua candidatura ao Senado. Foi o primeiro a anunciar que seria candidato “irreversível”. Agora, fechou uma articulação que consolida de vez sua candidatura: definiu os dois candidatos a suplentes: João Manoel Souza e Clóvis Fecury, ambos do MDB.

João Manoel Souza tem 45 anos, é advogado, professor de matemática e escritor, já tendo publicado várias obras. João Manoel é também um conceituado pastor evangélico e estudioso da política, que está no seu DNA por influência do seu pai, o ex-governador e atual senador João Alberto, um dos políticos mais bem sucedidos dos últimos tempos no Maranhão, que resolveu se afastar das disputas eleitorais.

Clóvis Fecury é engenheiro civil e empresário da área de educação – é um dos proprietários do Uniceuma -, filho do ex-prefeito de São Luís, ex-deputado federal e ex-senador Mauro Fecury, já foi deputado federal, presidiu o DEM no Maranhão e atualmente é o 1º suplente do senador João Alberto.

A escolha de João Manoel Souza e Clóvis Fecury como candidatos a suplentes é fruto de uma ampla articulação feita dentro do Grupo Sarney . Os dois nomes serão anunciados oficialmente por Sarney Filho tão logo ele deixe o Ministério do Meio Ambiente e reassumir seu mandato na Câmara Federal.

 

Zé Inácio expõe o racha dentro do PT ao defender a filiação de Waldir Maranhão ao partido

Zé Inácio defendeu a entrada de Waldir Maranhão no PT
Zé Inácio quer  Waldir Maranhão no PT e a candidatura dele ao Senado

O contundente discurso do deputado Zé Inácio (PT) em defesa do ingresso do deputado federal Waldir Maranhão (Avante) no partido fez duas revelações que expõem o surpreendente grau de divergências que estremecem o braço da agremiação no Maranhão. A primeira é que o parlamentar decidiu enfrentar publicamente o presidente regional, Augusto Lobato, e o dirigente do partido em São Luís, vereador Honorato Fernandes, que já disseram publicamente que não aceitam de jeito nenhum Waldir Maranhão como filiado em PT e muito menos como candidato do partido ao Senado na chapa a ser liderada pelo governador Flávio Dino. A outra revelação feita por Zé Inácio em seu discurso é que uma banda do partido acha que tem uma dívida a saldar com Waldir Maranhão: “O deputado Waldir decide filiar-se ao PT no momento em que o País enfrenta uma grave crise econômica, política e social, em que a democracia é ameaçada constantemente e direitos conquistados a duras penas pelo povo são aniquilados por um Governo ilegítimo, por um governo golpista. O deputado, inclusive, tentou evitar o golpe quando se posicionou contra o impeachment e a favor da presidenta Dilma quando exercia a presidência da Câmara”.

Zé Inácio também esclareceu com precisão a posição da ala petista que representa em relação à montagem da chapa majoritária pelo governador Flávio Dino; “O governador tem e terá o meu apoio para concorrer à reeleição, mas não podemos abrir mão desse debate político e dizer que o PT tem força suficiente para contribuir fortemente para sua reeleição, tendo um nome que possa vir a ser o deputado Waldir Maranhão na chapa majoritária. Com o apoio do governador e de Lula, ele passa a ser um dos candidatos mais competitivos ao Senado, por isso que, talvez, alguns temam a ida dele para o PT”.

Não é bem o que pensam os aliados mais próximos do governador Flávio Dino, que não se mostram resistentes ao deputado, mas também não estão dispostos a brigar pela sua candidatura na chapa, preferindo apostar na da deputada federal Eliziane Gama (PPS).

 

São Luís, 04 de Abril de 2018.

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