
chapa defendida até Weverton Rocha, Juscelino Filho
e Leandro Bello, que fez discurso na Alema
As últimas semanas têm sinalizado a confirmação do que foi previsto neste espaço há mais de um ano e reafirmado quando muitos apostaram que a crise na base governista levaria ao rompimento e, como desdobramento, ao confronto entre brandonistas e dinistas: a crise está sendo rapidamente superada, com o vice-governador Felipe Camarão (PT) caminhando para assumir o Governo do Estado em abril do ano que vem e buscar a reeleição em outubro, e o governador Carlos Brandão (PSB) se movimentando com segurança na busca de uma cadeira no Senado. Pelas condições políticas vigentes no Maranhão neste momento, os dois reúnem as condições necessárias para marchar para as urnas como candidatos extremamente competitivos, mesmo considerando o potencial dos outros candidatos e as temidas imprevisibilidades da política. Felipe Camarão e Carlos Brandão são parte de um movimento político que vem mudando a cara e as relações políticas no Maranhão nos últimos 11 anos, com cacife para levar as mudanças à frente por pelo menos mais uma década.
Político jovem, mas com experiência pública de adulto – advogado, procurador federal concursado, professor universitário e uma participação decisiva na política educacional do estado nos últimos anos -, o vice-governador Felipe Camarão tem o desafio de assumir o Governo e convencer a maioria do eleitorado de que o Maranhão vai continuar bem sob seu comando durante a campanha e pelos próximos quatro anos a partir de 1º de janeiro de 2027. Tem argumentos técnicos e suporte político para tanto, a começar pelo fato de que foi o nome indicado pelo então governador – depois senador e agora ministro da Suprema Corte – Flávio Dino, e agora mais do que isso, vai carregar a bandeira do presidente Lula da Silva (PT), ou de quem for por ele indicado, para disputar a presidência da República.
Nesse campo de guerra, os desafios maiores do vice-governador será, primeiro, trabalhar sem descanso para recompor integralmente a base situacionista e consolidar a liderança do governador Carlos Brandão, que tem o poder de confirmar esse desenho ou virar o jogo radicalmente. E num cenário mais amplo, tem o vice-governador o desafio de, em nome dessas forças, provavelmente enfrentar nas urnas um adversário de peso, que vem liderando com larga vantagem, segundo todas as pesquisas: o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD). Como se vê, o leque de tarefas do vice-governador não é coisa para amador.
O governador Carlos Brandão tem uma situação rigorosamente inversa. Tem o comando do Governo, que moldou à sua visão política, e nesse ambiente, ganhou estatura de quase unanimidade para uma das vagas de senador, dentro e fora da sua base política e partidária. Em tempos recentes, os maranhenses foram surpreendidos com declarações de apoio à sua candidatura ao Senado, numa dobradinha com o vice-governador Felipe Camarão, como as feitas pelo então ministro das Comunicações, Juscelino Filho, que é deputado federal (União) e não faz parte do seu grupo político, do senador Weverton Rocha (PDT), seu adversário até meses atrás, e de políticos mais jovens e que estiveram distanciados, como o deputado estadual Leandro Bello (Podemos).
– Eu vejo, com muito bons olhos, a paz reinando no nosso grupo político, com o governador dando a entender que é candidato a senador e que o vice-governador será candidato a governador sentado na cadeira – declarou Leandro Bello, terça-feira, na tribuna da Assembleia Legislativa.
Admitam ou não seus adversários e seus críticos – que pouco se manifestam, vale observar -, o governador Carlos Brandão lidera um Governo ativo, com programas sociais ampliados e em dia, e cumprindo uma maratona de inaugurações em todo o estado pelo seu viés municipalista. Bem avaliado e sem adversário com cacife para ameaçar o seu projeto senatorial, o governador chega a um ano de deixar o cargo, se assim resolver, com todas as condições de chegar à Câmara Alta em 2026.
Esse é o cenário de agora, a 11 meses e 12 dias da data da desincompatibilização e a 17 meses e meio das eleições. Vale anotar para ver o que cantará a ciranda da política até lá.
PONTO & CONTRAPONTO
Motivado pelo favoritismo de agora, Braide vai preparar Esmênia para sucedê-lo
O prefeito Eduardo Braide (PSD) teria iniciado, de fato, a formulação de uma estratégia para, se for mesmo o caso, renunciar ao cargo em abril do ano que vem para ser candidato a governador. Atende assim a três estímulos: a sua vontade de ser governador, a sua posição de favorito mostrada nas pesquisas e a batida de martelo do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, decidindo que sua candidatura é prioridade para o partido.
Nesse contexto, uma preocupação ganha corpo: a vice-prefeita Esmênia Miranda (PSD). A ideia inicial é prepara-la intensamente para assumir o comando da Capital, o que passa por um mergulho no funcionamento da máquina administrativa, uma imersão cuidadosa a atenta na área das finanças e nos delicados meandros que levam ao equilíbrio fiscal, e, finalmente, o funcionamento de cada área de atuação do governo municipal – saúde, educação, urbanismo, assistência social, cultura, etc..
Eduardo Braide confia plenamente na sua vice, tanto que a manteve para a reeleição, mesmo sofrendo fortes pressões de alguns aliados, que queriam o cargo. Professora de nível superior e ex-oficiala da Polícia Militar, a vice-prefeita de São Luís foi secretária de Educação no primeiro mandato, mas o jogo pesado de grupos sindicais fez o prefeito poupa-la do ambiente de pressões. Cumpriu o seu papel de vice correta e lealmente. Reeleita, pode ter agora a possibilidade de vir a comandar a Prefeitura da Capital por dois anos, se o prefeito vier a ser candidato a governador e confirmar nas urnas o seu favoritismo.
Nos bastidores da Prefeitura há até quem defenda que Eduardo Braide repita a chapa, mas não correrão risco de entregar a poderosa máquina ludovicense ao próximo presidente da Câmara Municipal de São Luís.
Movimentos de Weverton chamam a atenção de Fufuca e Eliziane

Carlos Brandão são observados por
Eliziane Gama e André Fufuca
A desenvoltura com que o senador Weverton Rocha (PDT) se movimenta junto à base governista para viabilizar sua reeleição está colocando em estado de alerta o ministro do Esporte, André Fufuca (PP), e a senadora Eliziane Gama (PSD), ambos candidatos à segunda vaga de senador, ele tentando ascender e ela buscando a reeleição.
Depois de terem sido alertados pelas declarações do senador pedetista em diversas entrevistas, nas quais ele vem defendendo a candidatura do governador Carlos Brandão para uma das vagas de senador sem adversários no grupo, eles ficaram surpresos com a presença ativa de Weverton Rocha na grande festa que foi a inauguração da ponte de Barreirinhas, há duas semanas, e depois nas inaugurações de domingo em Paço do Lumiar, onde ele reforçou a estratégia em discurso no palanque.
Uma fonte ligada ao ministro André Fufuca disse que sua assessoria política está atenta e que ele tem sua própria agenda com o governador Carlos Brandão. Uma fonte ligada à senadora Eliziane Gama disse que no momento sua preocupação é resolver sua situação em relação ao PSD, mas que ela mantém “excelente” relação com o governador Carlos Brandão.
EM TEMPO: a partir desta quinta-feira e até o final de abril, a Coluna será publicada na primeira hora depois do Meio-Dia.
São Luís, 16 de Abril de 2025.