MDB saiu das urnas fortalecido e volta a ter um papel de ponta na política maranhense

Marcos Brandão comandou a volta do MDB
ao centro do poder político no Maranhão

Não se discute que o PL foi o campeão das urnas com a eleição de 40 prefeitos – um a menos que na eleição passada –, que o PP, que tinha 17, subiu para 29 municípios, e que o União Brasil se deu bem saltando de 13 para 26 prefeitos, mas nenhum partido saiu das urnas tão fortalecido quanto o MDB no pleito de domingo. A legenda, que em 2020 conseguiu apenas minguadas sete prefeituras, no domingo saltou para nada menos que 37, um crescimento superior a 400%, fora do comum, portanto. Com esse desempenho – que inclui municípios de peso, como Bacabal, Barreirinhas e Barra do Corda -, o partido fez um grande movimento de recuperação no sentido de voltar aos seus tempos áureos, quando foi a legenda dominante nos Governos Edison Lobão e Roseana Sarney, quando exerceu o comando administrativo e político do Maranhão.

O grande salto emedebista dado na seara municipal é o resultado de uma gestão eficiente feita pelo novo comando partidário, presidido pelo empresário e militante político Marcus Brandão, com o apoio do vice-presidente, o deputado estadual e prefeito eleito de Bacabal Roberto Costa, dos ex-presidentes do partido, deputada federal Roseana Sarney e ex-senador João Alberto – aliás, vereador eleito de Bacabal. Marcus Brandão assumiu o comando de uma agremiação em crise, então presidida pela deputada Roseana Sarney, que havia assumido o comando do braço maranhense do partido evitando que a ala jovem passasse a a fazer o trabalho duro de manter de pé uma organização política com as dimensões e a representatividade do MDB.

Sob a presidência de Marcus Brandão, discretamente avalizada e incentivada pelo irmão, o governador Carlos Brandão (PSB), o braço maranhense do MDB ganhou novo ânimo. Na esteira de uma gestão cuidadosa nas áreas administrativa e financeira, feita na longa administração do ex-senador João Alberto, Marcus Brandão realizou um trabalho ambicioso de atração de líderes municipais para os quadros do partido, definindo um amplo leque de candidaturas a prefeito e a vereador nas diferentes regiões do estado. Sem muito alarde, mas eficiente, o novo comando partidário montou um projeto eleitoral abrangente, que exigiu muito trabalho, e deu certo.

Os candidatos do MDB venceram com boas vantagens, fortalecendo a representatividade do partido. O deputado Roberto Costa foi eleito prefeito de Bacabal, polo central da Região do Médio Mearim, com mais de 50%dos votos. O emedebista Vinícius Vale saiu das urnas de Barreirinhas, o grande Portal dos Lençóis, com mais de 60% da votação, o mesmo acontecendo com Rigo Teles, que se reelegeu prefeito de Barra do Corda, na pré-Amazônia, também com mais de 60% de aval eleitoral. Além disso, o MDB venceu com larga margem em Colinas – base do clã Brandão – e reverteu a tendência de derrota e elegeu o prefeito de Buriti Bravo, dois importantes centros do agreste. O partido vai comandar também as importantes prefeituras de Presidente Dutra, no centro do estado, e a de São Bento, no coração da Baixada.

Com essas 37 prefeituras e uma legião de vereadores espalhados em todo o estado, o MDB se consolida como o mais forte dos partidos que integram a base de apoio do governador Carlos Brandão. Além de dar suporte ao atual Governo, o MDB está sendo preparado para ter uma atuação decisiva na grande equação política que desaguará nas urnas em 2026. Qual será, de fato, o seu papel, isso ainda não está muito claro. Mas, a julgar pela movimentação de agora, é possível antever que o seu fortalecimento como legenda partidária tem um propósito que vai muito além da vontade pessoal do presidente Marcus Brandão de comandar um partido político.

O fato é que, independentemente de qual será o seu futuro, se voltará ou não ao topo da pirâmide partidária maranhense, o MDB voltou a ocupar o seu espaço de peso-pesado no centro do poder estadual, retomando o papel de grande destaque no cenário político do Maranhão.

PONTO & CONTRAPONTO

PDT sofre a maior derrota na corrida por prefeituras

Weverton Rocha correu o estado apoiando candidatos, mas não conseguiu evitar o emagrecimento do PDT

Se de um lado o MDB voltou a centro do poder, assim como PP e União Brasil avançaram e o PL repetiu sua performance, o PDT, comandado pelo senador Weverton Rocha, desabou em número de prefeituras, caindo de 42 prefeituras conquistadas em 2020 para apenas 18, de longe a maior perda desse processo eleitoral.

O desastre começa por São Luís, onde o candidato a prefeito, Fábio Câmara, recebeu apenas 2% da votação – percentual humilhante para um partido que mandou na Capital durante quase duas décadas sob o comando de Jackson Lago. Não bastasse isso, o PDT foi praticamente varrido do mapa político de São Luís ao eleger apenas um vereador, Raimundo Penha, que obteve heroicamente a reeleição.

No interior, o partido do chamado “socialismo moreno” sofreu dois desastres monumentais ao perder as prefeituras de Timon, o terceiro maior colégio eleitoral do Maranhão, e Balsas, a joia econômica do cerrado. A Prefeitura de Timon foi tomada ao PDT pelo PSB, por meio do deputado Rafael, e a de Balsas caiu nas mãos da direita representada pelo comerciante Alan da Marissol (PRD).

Vale registrar que o desastre só não foi maior porque entre as 18 prefeituras conquistas pela legenda pedetista está, por exemplo, a de Rosário, um importante polo da chamada região da grande São Luís. O fato é que o PDT terá de refazer suas contas quando for montar o seu projeto para 2026.

Começam as articulações para a presidência da Câmara de São Luís

Paulo Victor lidera as apostas para a
presidência da Câmara, mas Marquinhos
e Daniel Oliveira são lembrados

Começou a movimentação pelo comando da Câmara Municipal de São Luís a partir de fevereiro do ano que vem. Como já era esperado, o nome do atual presidente e vereador reeleito Paulo Victor, que comanda a poderosa bancada do PSB, com sete vereadores. A possibilidade da sua candidatura foi levantada já durante a campanha, mas ele próprio ainda não se manifestou sobre o assunto.

A definição do comando da Câmara Municipal de São Luís também está nos planos do Palácio de la Ravardière, onde o prefeito Eduardo Braide (PSD), cujo partido fez cinco vereadores. Não será surpresa se uma grande articulação vier a lançar um candidato alinhado ao governo municipal. Fala-se discretamente no vereador Daniel Oliveira (PSD), que é líder do Governo Braide.

Nos bastidores fala-se também de uma possível candidatura do vereador Marquinhos, que foi o terceiro mais votado. Ele seria uma espécie de terceira via dentro de um grande acordo.

Mas os comentários mais fortes estão mesmo relacionados com o projeto de reeleição do presidente Paulo Victor.

São Luís, 08 de Outubro de 2024.

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