“O vice-governador Carlos Brandão e o senador Weverton (Rocha) têm condições para serem candidatos a governador. Ambos sabem o caminho e têm responsabilidade com o Maranhão”. A declaração é do deputado federal licenciado e atual secretário das Cidades, Márcio Jerry (PCdoB), dada ontem em entrevista à TV Mirante, para dizer que a escolha do nome que liderará a aliança situacionista na corrida à sucessão do governador Flávio Dino está em aberto, o que significa também informar que o processo está em andamento, mas ainda sem previsão de desfecho. Presidente estadual do PCdoB e, sem favor, o mais atuante e influente integrante do núcleo central de colaboradores do governador Flávio Dino (PCdoB), o secretário das Cidades deixou no ar a avaliação de que o vice-governador Carlos Brandão (PSDB) e o senador Weverton Rocha (PDT) estão devidamente preparados para suceder ao atual governante. E o fez com o cuidado de não pressionar a balança para nenhum lado.
A preocupação do presidente do PCdoB em não soltar pistas de preferência entre os dois pré-candidatos é facilmente explicável. É que não interessa ao governador Flávio Dino antecipar uma definição e acelerar a corrida às urnas antes da hora. Afinal, por mais que o processo sucessório já estejas deflagrado, que nomes interessados já estejam postos, há muito o que se resolver para que o martelo seja batido sem risco de rupturas. O momento é para refletir, avaliar horizontes, monitorar os movimentos direcionados ao Palácio do Planalto, para em seguida conversar, ponderar e, finalmente, escolher com segurança, de preferência na linha sempre saudável do consenso.
Isso não impede que o vice-governador Carlos Brandão e o senador Weverton Rocha se movimentem em busca de suporte para os seus projetos de candidatura. Como disse o secretário Márcio Jerry, ambos são políticos de perfis diferenciados, mas traquejados o suficiente para saber o que estão pleiteando e dos desafios que estão se propondo a enfrentar. Mais do que isso, estão cientes de que interesses menores e ambições descabidas não devem comprometer a unidade da grande aliança partidária construída pelo governador Flávio Dino. Até porque, se não houver consenso e os dois forem para o confronto, o eleito dificilmente recomporá a grande base partidária e certamente enfrentará enormes dificuldades políticas para governar.
Nesse contexto, o vice-governador Carlos Brandão tem a seu favor o fato de que disputará na condição de governador em busca da reeleição, um trunfo poderoso se usado com habilidade política. Esse poder poderá ser multiplicado dependendo das forças que ele conseguir atrair para a base da sua candidatura. Até aqui, o vice-governador vem mostrando que sabe jogar nesse tabuleiro complicado e movediço. Nos bastidores dos partidos, são muitas as vozes que avaliam que a musculatura política de Carlos Brandão será conhecida efetivamente no momento em que ele trocar o gabinete do Palácio Henrique de la Rocque pelo do Palácio dos Leões. Politicamente, a condição de governador em busca da reeleição será também o seu calcanhar de Aquiles: se ganhar, leva tudo, se perder, vai para casa sem nada.
Por seu turno, o senador Weverton Rocha monta seu projeto de candidatura sem a preocupação de ficar sem mandato, um trunfo também poderoso. A força do mandato senatorial e a despreocupação com os próximos quatro anos dão ao senador o gás necessário para que ele se movimente como um furacão, assumindo até o comando da construção de hospital, algo atípico para um congressista. Atualmente, ninguém duvida do poder de fogo do senador entre os prefeitos, turbinado pelo controle que exerce sobre a Famem, o mais importante canal de articulação municipal. Weverton Rocha avalia que esse é o seu momento, pois sabe que deixá-lo passar, o sonho de morar no Palácio dos Leões ficará bem distante.
Daí a explicação para o cuidado do secretário Márcio Jerry em usar sua habilidade para não precipitar um desfecho inadequado. Sua manifestação segue rigorosamente a linha de ação do governador Flávio Dino, a quem cabe a desafiadora tarefa de bater o martelo na hora certa.
PONTO & CONTRAPONTO
Sem aval de Santo Antônio, Dino espera São João para resolver futuro partidário
No final de Abril, o governador Flávio Dino previu, informalmente, que poderia resolver seu futuro partidário até 13 de Junho, Dia de Santo Antônio, o casamenteiro. Calculou que o santo o ajudaria a resolver se permanecerá no PCdoB ou deixará o comunismo para se converter ao socialismo ingressando no PSB. No sábado, lembrado da previsão inspirada em Santo Antônio, o governador respondeu com uma sentença óbvia, mas ao mesmo tempo enigmática: “Casar é fácil, o difícil é divorciar”. E jogou a bola para outro santo, o respeitado e festivo São João, que será festejado no próximo dia 24 de Junho, data em que espera ter resolvido o namoro, o divórcio e o casamento partidário. Fora da esfera santista, o governador articula para encontrar o melhor caminho, podendo permanecer onde está ou migrar para o PSB.
Bolsonaro vai mesmo para o Patriotas e Roberto Rocha deve ir junto
Uma informação confirmada por fontes do Palácio do Planalto animou o senador Roberto Rocha: o presidente Jair Bolsonaro deve anunciar, provavelmente ainda nesta semana, o seu ingresso no Patriotas, confirmando a tendência que ganhou forma com afiliação do filho dele, o senador Flávio Bolsonaro, ao partido, semanas atrás. Pelo que está programado, Roberto Rocha se filiará ao Patriotas juntamente com mais dois senadores e um grupo de pelo menos 20 deputados federais. Esse grupo será a linha de frente da tropa-de-choque do presidente no Congresso Nacional.
O que não se sabe é como ficará o Patriotas no Maranhão com a entrada do senador Roberto Rocha. Atualmente, o partido é presidido pelo deputado federal Júnior Marreca Filho e controlado com mão de ferro pelo deputado federal Josimar de Maranhãozinho, que controla também o PL e o Avante. Especula-se que Roberto Rocha vai querer a garantia de que será o candidato do partido ao Governo do Estado, o que contraria frontalmente o projeto de Josimar de Maranhãozinho, que tem dito e repetido que não abre mão da sua candidatura à sucessão do governador Flávio Dino.
Entre bolsonaristas corre a certeza de que, uma vez no partido, Jair Bolsonaro resolverá tais pendências, poupando o senador Roberto Rocha de uma desgastante medição de força.
São Luís, 15 de Junho de 2021.