Lula resistiu ao ataque violento de 5 adversários e Bolsonaro não foi além do auxílio e dos combustíveis

 

Jair Bolsonaro atacou forte, mas Lula da Silva reagiu duro, com munição pesada

O debate de ontem entre os candidatos a presidente da República provavelmente pouco ou nada alterou no quadro de preferências do eleitorado maranhense, e dificilmente terá causado maiores entusiasmos nos aliados em disputa pelo Governo do Estado e pelo Senado. Mesmo enfrentando todos os demais candidatos, o ex-presidente Lula da Silva (PT) conseguiu reagir a cada ataque no tom certo, mantendo sua posição como referência para a chapa Carlos Brandão/Flávio Dino (PSB), que, como a dele com Geraldo Alckmin (PSB), lidera as intenções de voto no Maranhão. O candidato Weverton Rocha (PDT), mais próximo do presidente Jair Bolsonaro (PL), uma vez que tem um vice do PL, o deputado estadual Hélio Soares, certamente mão gostou de nada do que assistiu: o aliado sem propostas, sustentando seu projeto de reeleição no Auxílio Brasil e no preço dos combustíveis e sendo “auxiliado” pelo candidato do PTB, Padre Kelmon, que entrou definitivamente para o folclore político do País. Se já não queria conversa com Ciro Gomes como candidato do seu partido, o senador Weverton Rocha deve ter ficado mais distante dele, devido ao seu comportamento em relação a Lula da Silva no debate de ontem.

Ciro Gomes iniciou sua participação no debate disparando fogo pesado contra Lula da Silva, devendo ter confirmado a sua condição de isolamento no contexto dos candidatos ao Governo do Maranhão. O candidato do PDT deixou no ar a impressão de que escolhera o líder petista como alvo preferencial, mesmo sabendo que com isso não conseguiria reverter o quadro, optando pela estratégia de “estragá-lo”. Isso ficou claro à medida que Ciro Gomes foi muito mais duro com o Lula da Silva do que com o presidente Jair Bolsonaro, em quem bateu, mas sem a vontade de destruir com que atacou o líder do PT. Tanto que num dado momento o ex-presidente rebateu no mesmo tom.

Simone Tebet (MDB), Felipe Ávila (Novo) e Soraya Thronike União Brasil) também escolheram Lula da Silva como adversário preferencial, embora tenham disparado fogo pesado contra Jair Bolsonaro. A candidata emedebista bateu forte no ex-presidente, mas num tom mais respeitoso do que atacou o atual presidente, a quem acusou de corrupção e de genocídio, e chamou de mentiroso, de maneira enfática em vários momentos. Também a candidata do União Brasil jogou pesado com o presidente, chamando-o de mentiroso várias vezes, tendo também atacado fortemente o PT, poupando a pessoa do ex-presidente da República. Soraya Thronike travou um duro bate-boca com Jair Bolsonaro, com forte troca de acusações. Mesmo tendo atacado Jair Bolsonaro e seu governo, Felipe D`Ávila deixou muito clara sua proximidade ideológica com o presidente, tendo muito mais duro com o ex-presidente Lula da Silva.

Beneficiada pelas circunstâncias e usando o preparo já demonstrado durante a campanha, a candidata emedebista Simone Tebet teve um bom desempenho, bem melhor do que o de Ciro Gomes, por exemplo, atuando como oposição a Jair Bolsonaro e como adversária de Lula da Silva, mas dentro de um padrão civilizado de confronto político. Soraya Thronike, até por limitação mesmo, não foi muito convincente, embora tenha sido coerente com o seu discurso em favor do imposto único e no embate com Jair Bolsonaro.

Numa visão realista sobre desempenho, é justo afirmar que, mesmo apanhando de todos os demais candidatos, o ex-presidente Lula da Silva sobreviveu e, se não acrescentou pontos à sua já elástica vantagem na preferência do eleitorado, certamente não perdeu votos, principalmente no Maranhão, onde deve vencer com grande folga. Jair Bolsonaro iniciou o debate disposto a destruir Lula da Silva, mas foi rebatido com fogo pesado, e mesmo com o socorro de Padre Kelmon e com a oposição suave do candidato do Novo, saiu do debate menor do que entrou, pelo simples fato de que tentou vender um governo criticado por quase todos e não disse uma palavra sobre o que pretende realizar se conseguir a reeleição.

No geral, a impressão que ficou foi a de que Ciro Gomes foi o grande perdedor, principalmente pela maneira agressiva com que tratou o ex-presidente Lula da Silva, de quem foi ministro durante três anos.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Apoiadores de Lula no Maranhão foram dormir sem trauma, os de Bolsonaro, nem tanto

Carlos Brandão e Flávio Dino foram dormir aliviados; Weverton Rocha e Roberto Rocha foram para cama mais preocupados

O debate de ontem definiu de vez o posicionamento dos candidatos a governador do Maranhão em relação aos candidatos a presidente da República. Deu ao governador Carlos Brandão (PSB), candidato à reeleição, e ao ex-governador Flávio Dino (PSB), candidato ao Senado, a certeza de que a candidatura do ex-presidente Lula da Silva é a que tem mais densidade e pode ser mesmo vitoriosa neste domingo. O senador Weverton Rocha (PDT) deve ter ido dormir com a sensação de que seu candidato mais próximo do seu projeto de poder, o presidente Jair Bolsonaro, pode ter perdido a chance de virar o jogo, e que o candidato do seu partido, Ciro Gomes, teve sua candidatura sepultada. O sofrível desempenho de Jair Bolsonaro deve ter também levado Lahesio Bonfim (PSC) a profunda reflexão antes de dormir. O mesmo deve ter acontecido com o senador Roberto Rocha em relação a Jair Bolsonaro, mas principalmente em relação a Padre Kelmon, que em nada ajudaram sua candidatura à reeleição.

 

Padre Kelmon foi o destaque mambembe do debate

Padre Kelmon: uma aberração na corrida presidencial

Padre Kelmon, candidato do PTB, que no Maranhão tem o senador Roberto Rocha, candidato à reeleição, como aliado partidário – embora passem a impressão de que desconhecem a existência um do outro -, foi o “diferencial” do debate. Como que saído de um folhetim, conseguiu a proeza de reunir um laranja despreparado, um pau-mandado sem decência, um bobo de corte, um oportunista, um boi-de-piranha e um palhaço de circo mambembe em um só personagem.  Um “padre de festa junina”, ou seja, uma piada, como o definiu a candidata Soraia Thronike. Tudo com um só objetivo: atacar Lula da Silva, atuando como linha-auxiliar do presidente Jair Bolsonaro. Seu papel tem sido óbvio ululante, inclusive quando usa a cara-de-pau para reclamar de estar sendo “desrespeitado como sacerdote”. Não foi sem razão que, impedido de ser candidato por ser condenado por corrupção, o presidente do PTB, Roberto Jefferson, o escolheu para ser o para-choque do presidente nessa corrida.

São Luís, 30 de Setembro de 2022.

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