Sem um nome de peso para lançar na disputa, o PDT emitiu o primeiro sinal a respeito de qual poderá ser o seu rumo na corrida à Prefeitura de São Luís: apoiar a provável candidatura do presidente da Câmara Municipal de São Luís, Paulo Victor (PCdoB) à sucessão do prefeito Eduardo Braide (PSD). Essa possibilidade foi revelada pelo vereador Raimundo Penha (PDT), ontem, durante entrevista a um programa de rádio. Ele foi mais longe ao informar que os dois outros vereadores do partido, Pavão Filho e Nato Jr., têm a mesma inclinação. Raimundo Penha ressalvou, porém, que essa é uma tendência da bancada pedetista na Câmara Municipal, esclarecendo que o PDT como partido não tem ainda uma posição definida. A manifestação, no entanto, soou como uma declaração informal do partido, a começar pelo fato de ser o vereador membro da cúpula da agremiação e integrante no círculo mais próximo do manda-chuva do PDT no Maranhão, senador Weverton Rocha.
A simpatia dos vereadores pedetistas pela pré-candidatura do vereador-presidente Paulo Victor à Prefeitura de São Luís começa com o fato de o PDT não contar nos seus quadros com um nome com estatura política e potencial eleitoral para entrar na briga contra o prefeito Eduardo Braide (PSD), que buscará a reeleição. Na eleição de 2020, a agremiação brizolista amargou o fracasso do deputado estadual do então PFL –hoje União Brasil, Neto Evangelista, candidato que apoiou no primeiro turno da eleição, e decidiu apoiar a candidatura do então deputado federal Eduardo Braide, que concorreu pelo Podemos, ao Palácio de la Ravardière, e se elegeu num embate de 2º turno com o então deputado estadual Duarte Jr., que concorreu pelo Republicanos. O partido brizolista participou do Governo, mas diferenças crescentes o afastaram do prefeito Eduardo Braide.
O histórico do PDT pós-Jackson Lago em São Luís é um completo desastre. Voltou ao poder com a filiação do prefeito Edivaldo Jr., que por sua vez não deu qualquer espaço ao partido, temendo que o senador Everton Rocha viesse a ter influência excessiva na sua gestão. O fato é que, mesmo se mantendo no PDT, o prefeito se afastou do partido e não declarou apoio a nenhum candidato. Ou seja, o PDT perdeu a grande oportunidade de brigar efetivamente pela permanência no governo municipal e, mesmo não vencendo a eleição, permanecer como um partido forte e competitivo. Preferiu outro caminho: romper com o governador Flávio Dino, então no PCdoB, e sofrer a derrota mais humilhante da sua história, quando a candidatura do senador Weverton Rocha ao Governo do Estado foi trucidada no embate com o governador Carlos Brandão (PSB) nas urnas de São Luís.
Embora o vereador Raimundo Penha tenha definido como apenas uma tendência da bancada pedetista, o apoio ao vereador-presidente Paulo Victor parece ser o caminho natural do PDT em São Luís. O presidente da Câmara quer esse apoio, sabe conduzir essas ligações e tem exibido personalidade política suficientemente forte para, em caso de eleição, não permitir ingerência na sua gestão. A maneira firme como conduz a Câmara Municipal é uma mostra clara do seu estilo. Além do mais, pelas condições de fragilidade em que o PDT se encontra, uma aliança com um nome próximo do governador Carlos Brandão (PSB) abriria caminho para o partido restaurar parte da sua estatura. Resta saber o que pensa a respeito o senador Weverton Rocha, que estaria numa situação delicada devido aos sucessivos tombos da agremiação nas urnas.
No geral, uma eventual aliança PDT/PCdoB seria complicada, porque a legenda comunista está ligada ao PT e ao PSB em federação, e dentro desses dois partidos há uma resistência a essa combinação. Mas nunca é demais lembrar que nas muitas e surpreendentes reentrâncias da política há espaço para a construção do que muitos creem impossível.
PONTO & CONTRAPONTO
Timon vira referência no esforço de unidade política de Brandão
Terceiro maior colégio eleitoral do Maranhão, Timon se transformou numa espécie de “laboratório” no que diz respeito aos esforços do governador Carlos Brandão (PSB) para pacificar o estado no campo político. Na segunda-feira, atendendo a convite da prefeita Dinair Veloso (eleita pelo PSB, mas hoje no PDT), para a entrega de 300 casas financiadas pelo programa federal Minha Casa, Minha Vida, o governador ali desembarcou acompanhado dos ministros Jader Filho (Cidades) e Juscelino Filho (Comunicações), e pouco tempo depois comandou o “milagre” político timonense.
O governador Carlos Brandão e a prefeita Dinair Veloso foram fotografados emoldurados pelo senador Weverton Rocha (PDT), que se mantém como oposição ao Governo, pelo deputado federal Cleber Verde (hoje no MDB) e pela presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB), aliada de proa do Governo, e o secretário geral do Ministério das Cidades, o ex-deputado federal Hildo Rocha. Outras imagens com a mesma base incluíram a ex-prefeita e ex-deputada estadual Socorro Waquim (MDB) e o deputado estadual Rafael Leitoa (PSB), ambos adversários ferrenhos da prefeita Dinair Veloso, e ainda o deputado estadual Leandro Bello (Podemos), que faz em Timon uma política independente no politicamente agitado município.
Vale anotar que no curioso registro fotográfico feito em Timon não aparecem os ex-prefeitos Chico Leitoa, o pai, que nasceu politicamente nos quadros do PDT, e Luciano Leitoa – o filho -, hoje no PDT controlado pela família Leitoa, que já deu as cartas também no PSB. Mas ninguém duvida de que isso possa vir a ocorrer em breve.
Rubens Jr. já trabalha na coordenação da participação do PT na CPMI dos Atos Golpistas
O deputado federal Rubens Jr. vai mesmo coordenar o trabalho dos deputados do seu partido, o PT, na CPMI dos Atos Golpistas. Aos 39 anos, o parlamentar maranhense, que nasceu no PCdoB e migrou para o PT em 2021, está no seu terceiro mandato federal e é considerado um dos melhores e mais experientes quadros da Câmara Federal, com ampla e sólida expertise nesse tipo de embate. Nos últimos dias, Rubens Jr. manteve uma série de reuniões com seus colegas petistas integrantes da CPMI cujo objetivo é identificar e mandar para a cadeia os idealizadores, os financiadores e os paus mandados que foram usados como bucha molhada de canhão e deram o espetáculo politicamente macabro na Praça dos Três Poderes no dia 8 de Janeiro. Rubens Jr. já reuniu farta documentação que colocará figurões do bolsonarismo em situação muito complicada e que por isso poderão passar um bom período na Papuda, o temido presídio de Brasília.
São Luís, 08 de Junho de 2023.