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O ex-governador e atual deputado federal José Reinaldo Tavares finalmente definiu o caminho partidário pelo qual tentará chegar ao Senado, ao anunciar sua decisão de se filiar ao PSDB, convertendo-se, portanto, ao liberalismo tucano. Em nota publicada na manhã de sábado (31/03), ele anuncia o desfecho da sua via crucis partidária, relata que a escolha foi fruto de negociações com o governador de São Paulo e candidato tucano a presidente da República Geraldo Alckmin, conta que superou suas quase insuperáveis diferenças com o senador Roberto Rocha – presidente e candidato do PSDB ao Governo do Estado -, e informa que vai trabalhar para que o presidenciável tucano tenha dois palanques no Maranhão: o de Roberto Rocha e o do provável candidato do PMN, deputado estadual Eduardo Braide. “O governador Alckmin terá, como em São Paulo, dois palanques no Maranhão, um, do seu partido, o PSDB, que terá como candidato a governador Roberto Rocha e o palanque de Eduardo Braide, futuro candidato ao Governo do Maranhão”, informa na sua nota, a título de esclarecimento. E também relaciona uma série de “compromissos” assumidos por Geraldo Alckmin, caos os dois venham a ser eleitos.
O desembarque de José Reinaldo no PSDB é o desfecho de um longo processo que o levou romper com o governador Flávio Dino. Ele tinha essa solução – que fora desdenhada em conversas com o governador paulista desde o ano passado -, mas estava decidido a só usá-la depois de esgotar todas as demais alternativas. O ex-governador, porém, pretendia ter um partido expressivo sob seu controle, mirou no DEM, mas perdeu o “timing”, já que o deputado federal Juscelino Filho chegou primeiro e levou o partido para a aliança liderada pelo governador. Ao mesmo tempo, entrou firme no ainda impreciso e improvável projeto por meio qual o deputado estadual Eduardo Braide pretende chegar ao Palácio dos Leões. Mas sem suporte partidário, teve de recuar.
No arraial dos tucanos, o ex-governador sabe que não terá o controle do partido, que está sendo firmemente comandado pelo senador Roberto Rocha, “filho pródigo” que voltou à casa paterna depois de um longo período de insatisfação reprimida no PSB, e do ex-prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira, tucano de proa e principal avalista dessa equação. Isso significa dizer que, por mais independência que venha a ter como candidato a senador, o comando estadual do PSDB espera que ele se engaje efetivamente na campanha de Roberto Rocha ao Governo do Estado, como anuncia que se empenhará na tarefa de propagar no eleitorado maranhense a candidatura de Geraldo Alckmin a presidente da República.
O ponto aparentemente contraditório do acerto que está levando José Reinaldo para o PSDB é o anúncio de que ele vai defender a candidatura presidencial de Geraldo Alckmin também no palanque de Eduardo Braide, que apresenta como “futuro candidato” a governador, “também com o apoio de Alckmin”. Justifica a presença nos dois palanques com o fato de que em São Paulo Geraldo Alckmin terá o apoio do candidato tucano ao Governo do Estado, João Dória, e do atual vice-governador, Márcio França (PSB), que assumirá o Governo de São Paulo nesta semana e será candidato à reeleição. Os dois cenários são completamente diferentes e as relações são mais complexas. É politicamente compreensível que dois candidatos a governador num mesmo estado apoiem um mesmo candidato a presidente da República. Mas é difícil entender que um candidato a senador é um candidato a senador de um partido que tem candidato a governador venha a frequentar o palanque do candidato a governador de outro partido a pretexto de reforçar a campanha do candidato a presidente. Se essa equação prosperar sem traumas, o Maranhão será palco de uma situação política sem precedentes.
Por fim, a definição partidária do ex-governador fecha o quadro de candidatos viáveis às duas vagas no Senado. Agora sem mais considerar o “fator” José Reinaldo, o governador Flávio Dino (PCdoB) deverá emplacar a deputada federal Eliziane Gama (PPS) na segunda vaga de candidatos ao Senado na sua chapa, ao lado do deputado federal Weverton Rocha (PDT), enquanto o Grupo Sarney dá todos os indicativos de que a chapa que terá a ex-governadora Roseana Sarney (MDB) na cabeça disputará as vagas senatoriais com o deputado federal Sarney Filho (PV) e o senador Edison Lobão (MDB), e o PSOL deve confirmar Luis Noleto. Outros candidatos ainda podem emergir, como um segundo nome do PSDB, podendo também o PT tentar bancar a candidatura do deputado federal Waldir Maranhão por uma via transversa.
PONTO & CONTRAPONTO
Se Sarney tentar “puxar” o DEM e o PP para Roseana, vai enfrentar dura resistência de Juscelino Filho e André Fufuca
Não será surpresa se articulações promovidas pelo ex-presidente José Sarney (MDB) vieram a criar embaraços para o DEM e para o PP no Maranhão. Os dois partidos se fortaleceram e decidiram integrar a aliança partidária liderada pelo governador Flávio Dino. É notório que no plano nacional o DEM tem ligações muito fortes com o Grupo Sarney, e não está de todo descartada a possibilidade de o ex-presidente usar sua influência junto ao presidente da legenda, ACM Neto, prefeito de Salvador, e ao deputado federal fluminense Rodrigo Mais, presidente da Câmara Federal e candidato do DEM ao Palácio do Planalto. Se realmente, estimulador por José Sarney, o comando nacional do DEM vier a pressionar o braço maranhense do partido para se afastar do governador Flávio Dino e embarcar no projeto eleitoral da ex-governadora Roseana Sarney (MDB), encontrará uma fortíssima resistência, já que o partido foi turbinado com a filiação de nomes destacados da base dinistas, como os deputados estaduais Rogério Cafeteira, Neto Evangelista, Cabo Campos e Stênio Rezende, mantendo ainda o deputado Antônio Pereira, único sarneysista do grupo, mas que mantém boa relação com o Palácio dos Leões. Em relação ao PP, mesmo levando em conta o fato de que o presidente nacional do PP, o senador piauiense Ciro Nogueira, mantém relações próximas com o Grupo Sarney, o comandante do partido no Maranhão, deputado federal André Fufuca, que é o 1º vice-presidente da Câmara Federal descarta a influência de José Sarney e garante que o partido está firme na aliança liderada por Flávio Dino. A verdade é que, se os rumores tiverem fundo de verdade e o ex-presidente José Sarney realmente pretende mudar a posição do DEM e do PP no Maranhão, enfrentará resistência dura e tenaz dos deputados Juscelino Rezende e André Fufuca, dois dos mais hábeis e bem sucedidos quadros da novíssima geração de políticos maranhenses.
Programada para fechar no sábado, janela partidária poderá ser usada por alguns insatisfeitos
A semana será decisiva para quem pretende disputar votos em outubro, está insatisfeito com seu partido e precisa resolver essa pendência. Uma das maiores jogadas de conveniência política dos últimos tempos e aberta no dia 7 de Março, a janela que permite a mudança de partido será fechada à meia-noite do dia 7 de Abril, próximo sábado. A rigor, os políticos de peso que tinham essa pendência, a sanaram dentro do prazo. Além do ex-governador José Reinaldo Tavares, que acertou seu ingresso no PSDB, alguns exemplos: a ex-deputada Cleide Coutinho deixou o PSB e se filiou ao PDT, o vice-governador Carlos Brandão deixou o PSDB contra a vontade e se filiou ao PRB, o ex-deputado Ricardo Murad deixou o PMDB e ingressou no PTN; deputados estaduais também “pularam“ a janela partidária: Rogério Cafeteira deixou o PSB e ingressou no DEM, Neto Evangelista trocou o PSDB pelo DEM e Sérgio Frota saiu do PSDB e entrou no PR. Outras migrações poderão acontecer até o fechamento da janela, no próximo sábado.
São Luís, 01 de Abril de 2018.