Imperatriz pode alcançar 200 mil eleitores e ter eleição de prefeito em dois turnos

Carlos Brandão em campanha pelo
segundo turno em Imperatriz

Uma grave distorção político-eleitoral no Maranhão está em vias de ser corrigida: Imperatriz, segundo maior e mais importante município do estado, caminha para alcançar 200 mil eleitores, o que lhe dará o direito de escolher seus prefeitos em dois turnos, caso nenhum deles receba 50% dos votos mais um, o que dará ao eleito representatividade e autoridade para comandar a cidade. De acordo com informações obtidas pelo jornalista Antônio Filho, responsável pelo jornalismo da TV Mirante na Região Tocantina, ao fechar o expediente de ontem, a Justiça Eleitoral contabilizava 199.005 eleitores em Imperatriz, faltando apenas 995 inscritos para a “segunda capital” do Maranhão alcançar o direito de ter dois turnos na eleição de prefeito. Iniciada pela própria Justiça Eleitoral, a campanha pelos 200 mil eleitores de Imperatriz mobilizou a sociedade organizada do município, ganhando também um apoio de peso: um vídeo em que o governador Carlos Brandão abraça a campanha incentivando jovens a se tornarem eleitores.

Hoje com quase 280 mil habitantes, Imperatriz enfrenta sérios problemas pelo fato de estar obrigada a realizar eleição majoritária em um só turno por não haver alcançado ainda a base mínima de 200 mil eleitores, que lhe garantirá o direito aos dois turnos, caso nenhum dos candidatos obtenha mais da metade dos votos no primeiro turno. Isso porá fim ao fato de a maioria dos prefeitos eleitos na cidade saiam das urnas com votação medíocre, como é o caso do atual gestor, Assis Ramos (Republicanos), que se reelegeu com apenas 25% dos votos. E o resultado não poderia ser outro: sem apoio popular, está encerrando seu segundo mandato com baixíssima popularidade e deixando problemas gigantescos para o sucessor.

Chama a atenção o fato de que o movimento pelos 200 mil votos em Imperatriz não foi iniciativa de políticos interessados em disputar a Prefeitura. Quem levantou a bandeira dos 200 mil eleitores foi a própria Justiça Eleitoral em Imperatriz, preocupada com a baixa representatividade dos prefeitos eleitos. No ano passado, o juiz Delvan Tavares, titular da Vara da Infância, deflagrou a campanha para sensibilizar jovens a partir de 16 anos a se inscreverem como eleitores. Essa campanha ganhou em seguida o apoio do desembargador José Gonçalo, atual presidente do TRE-MA, envolvendo também entidades civis de Imperatriz, também criticamente posicionadas em relação à baixa representatividade dos prefeitos.

A participação do governador Carlos Brandão na campanha pelos 200 mil votos pode ser decisiva. No vídeo, o governador diz: “A nossa querida Imperatriz está perto de alcançar a marca de 200 mil eleitores, o que vai possibilitá-la a realização de segundo turno. E o jovem que tem ou vai completar 16 anos até a data das próximas eleições terá uma participação de protagonismo. Portanto, faça parte desse momento histórico e regularize o seu título até 8 de maio!”. Numa tradução política simples, ao convocar jovens a serem protagonistas desse momento histórico, o governador está também atuando como protagonista de um movimento cívico que pode mudar os rumos da segunda maior cidade do Maranhão.

Vale observar que, se obtidos os 200 mil eleitores em tempo hábil, o panorama atual da corrida pela Prefeitura de Imperatriz sofrerá uma mudança radical. Isso porque, a julgar pelos números das últimas pesquisas, nenhum dos pré-candidatos – Rildo Amaral (PP), Josivaldo JP (PSD), Marco Aurélio (PCdoB), Mariana Carvalho (Republicanos), entre outros – terá fôlego para sair das urnas com mais de 50% dos votos no primeiro turno. A mudança os obrigará a rever planos, refazer contas e ajustar discursos, para incrementar suas campanhas. E nesse novo desenho do cenário podem surgir surpresas nas urnas.

O fato é que Imperatriz, com seus problemas, seu potencial econômico e seu lastro político, pode dar um salto de qualidade gerencial e de representação política, saindo da mesmice, para se turbinar no que ela já é, o embrião bem-sucedido de uma metrópole, que certamente exigirá o surgimento de novas lideranças.

PONTO & CONTRAPONTO

Flávia Alves entra na corrida pelo Palácio de la Ravardière

Flávia Alves: pré-candidata
à Prefeitura de São Luís

Na edição de segunda-feira, a Coluna interpretou desafio anunciado pela suplente de deputada federal Flávia Alves (Solidariedade), como uma dica de que ela estaria se preparando para disputar uma vaga na Câmara Municipal de São Luís, mas ontem ela surpreendeu ao revelar que o desafio será muito maior e ambicioso: é pré-candidata à Prefeitura da Capital.

“Sou, sim, pré-candidata a prefeita e estamos construindo a candidatura”, disse Flávia Alves, na noite desta segunda-feira (22), em primeira mão, ao programa “Tá na Hora”, da TV Difusora e Rádio Difusora, segundo o bem informado Blog do John Cutrim. Ou seja, ela e seu grupo, que é comandado pelo deputado Othelino Filho (PCdoB), de quem é irmã, estão fora do barco do candidato do PSB.

Segunda mulher a entrar na briga pelo Palácio de la Ravardière – a primeira foi Janiselma Fernandes, da federação Rede/Psol -, Flávia Alves faz um movimento político oportuno e saudável, à medida que entra num confronto já polarizado entre o prefeito Eduardo Braide (PSD) e o deputado federal Duarte Jr., apoiado pelo governador Carlos Brandão e pelos partidos da aliança governista.

Quando ela apareceu exonerada na direção regional do Ibama no Maranhão – ninguém deixa um cargo desses à toa – e à frente do Solidariedade, Flávia Alves soltou fortes pistas de que estava entrando num jogo adulto, podendo ser candidata a vice numa chapa de peso ou aspirante a uma cadeira no parlamento da Capital.

Nem uma coisa nem outra. Ela foi muito mais longe. E a julgar pela ousadia que vem exibindo, não será surpresa se ela der uma sacudida no tabuleiro sucessório ludovicense.

Mical diz em vídeo que está sendo perseguida e ameaçada nas redes sociais

A Mical Damasceno de hoje é bem
diferente da do primeiro mandato (foto)

A deputada estadual Mical Damasceno (PSD) divulgou, domingo, um vídeo em que afirma estar sendo atacada e ameaçada nas redes sociais por causa da repercussão da sua fala na Assembleia Legislativa defendendo a submissão da mulher ao marido e anunciando uma sessão solene para comemorar o Dia da Família com a participação “exclusiva” de homens. “Vamos encher esse plenário de machos”, prometeu.

A fala da parlamentar, que faz da sua crença evangélica, muitas vezes em manifestações extremamente mal-elaboradas, a base do seu discurso político, foi um exemplo acabado do seu posicionamento de extrema-direita assumida a agressiva.

No vídeo, Mical Damasceno se apresenta como uma mulher calma, suave, nem de longe aparentando a “pastora” agressiva, que canta louvores na tribuna e costuma basear as suas afirmações em preceitos bíblicos, que nem sempre se encaixam no que ela diz. No caso da fala machista, ela foi agressiva e irônica, principalmente quando avisou que lotará o plenário de “machos”. A suave Mical Damasceno do vídeo não é, nem de longe, a evangélica que usa a tribuna de um parlamento para ameaçar seus adversários com a ira divina.

Alguém precisa mostrar para a deputada Mical Damasceno que ela tem encarnado a imagem e a postura de um talibã, que usa o Corão de maneira distorcida para afirmar a supremacia do homem sobre a mulher, como acontece nesse momento no Afeganistão.

E mais: ela precisa ser lembrada que a tribuna da Assembleia Legislativa não é púlpito de templo religioso, mas um espaço para se falar de sociedade, economia, segurança, educação, saúde, infraestrutura, cultura, liberdades civis; é onde ideias, e não falsos dogmas, são confrontadas com a preocupação de gerar novas realidades.

Não lhe custará nenhum esforço tentar compreender como se constrói o futuro numa sociedade plural.

São Luís, 23 de Abril de 2024.   

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