Flávio Dino reata com José Reinaldo, reincorpora PSDB à sua base e fortalece Carlos Brandão

 

José Reinaldo, Flávio Dino, Carlos Brandão e Marcelo Tavares, chefe da Casa Civil

O ex-governador José Reinaldo Tavares (PSDB) foi indicado ontem para o cargo de diretor de Relações Institucionais da Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emapa), controladora do Porto do Itaqui. A indicação foi anunciada pelo governador Flávio Dino (PCdoB), após reunião com o ex-governador e o vice-governador Carlos Brandão (PSDB), confirmando o que fora revelado mais cedo pelo bem informado blog do jornalista Gilberto Leda. Ao incluir o ex-governador numa das áreas mais importantes e estratégicas, o que a torna uma das mais cobiçadas, o governador não só valoriza o comando da Emapa, como também resolve vetores de delicada equação política. Com o movimento, reata politicamente com José Reinaldo – pessoalmente, eles se distanciaram, mas sem rompimento -, abre as portas para o retorno do PSDB à aliança que dá suporte ao seu Governo, e fortalece o lastro político do vice-governador Carlos Brandão, que o sucederá daqui a 11 meses e deverá ser candidato à reeleição. Além disso, coloca o senador Weverton Rocha (PDT) e seus apoiadores em estado de “alerta vermelho”.

Houve altos e baixos na relação do ex-governador José Reinaldo com o governador Flávio Dino, instabilidade causada por profundas diferenças que os separam, mas com o diferencial de que Flávio Dino jamais deixou de reconhecer-lhe a importância na grande virada de 2006, quando o então governante, após romper com sua origem sarneysista, comandou um arrojado movimento político que resultou na histórica vitória de Jackson Lago (PDT). Naquele momento, José Reinaldo teve papel importante na eleição do ex-juiz federal Flávio Dino para a Câmara Federal. De lá para cá, os dois divergiram e romperam politicamente. José Reinaldo ingressou no PSDB, candidatou-se ao Senado, apoiando a candidatura de Roberto Rocha ao Governo do Estado, ambos sofrendo humilhante derrota nas urnas. Esse distanciamento terminou ontem, com a retomada das relações.

No plano partidário, o gesto de Flávio Dino abriu de vez as portas da aliança que lidera para o retorno do PSDB, que o apoiou em 2014, tendo o partido indicado o então deputado federal Carlos Brandão para candidato a vice-governador. O PSDB rompeu com Flávio Dino em 2017, quando o senador Roberto Rocha, que havia deixado o PSB, retornou ao PSDB, retomando o controle do ninho dos tucanos no Maranhão, o que levou o vice-governador Carlos Brandão a deixar o partido e se filiar ao Republicanos. Afastado de Flávio Dino, José Reinaldo se candidatou ao Senado na chapa liderada por Roberto Rocha, então candidato a governador. Agora, com as diferenças acomodadas e as pendências resolvidas, José Reinaldo volta a ser uma liderança alinhada ao atual titular dos Leões, abrindo caminho para a acomodação do PSDB na aliança governista.

O terceiro fator da equação resolvida pelo governador Flávio Dino é o fortalecimento político do vice-governador Carlos Brandão. O vice assumirá o comando do Governo em abril do ano que vem, quando Flávio Dino renunciará para disputar a vaga no Senado, ou, numa hipótese cada vez mais remota, participar de uma chapa, como cabeça ou vice, na corrida à presidência da República. José Reinaldo é fortemente ligado a Carlos Brandão, que chefiou a Casa Civil em boa parte dos quase cinco anos (2002/2006) em que governou o Maranhão. Com larga experiência e ainda com um bom prestígio político, o ex-governador poderá funcionar como um dos articuladores da campanha do futuro governador à reeleição.

Com o movimento de ontem, o governador Flávio Dino deu mais uma demonstração de coerência e de correção política em relação ao seu vice, que por sua vez tem sido igualmente correto como aliado e substituto eventual. Ao reatar com José Reinaldo, refazer a aliança com o PSDB e fortalecer o vice-governador Carlos Brandão, o governador ilumina ainda mais a sinalização da sua preferência na corrida governamental de 2022.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

MDB marca convenção para trocar de comando iniciar preparativos para as eleições

João Alberto e Roberto Rocha preparam MDB para Roseana Sarney comandar

O MDB deu início ontem aos preparativos para a convenção marcada para o dia 2 de Julho, na qual as lideranças do partido escolherão os novos integrantes da Executiva, que deverá ter como presidente a ex-governadora Roseana Sarney, conforme acordo doméstico alinhavado no início de Abril. Os passos iniciais foram definidos numa reunião, realizada nesta Segunda-Feira, entre o presidente João Alberto e o vice-presidente Roberto Costa, que alinhavaram também o roteiro que o partido cumprirá no processo de preparação para as eleições do ano que vem, com a definição de critérios para preencher as chapas de deputado federal e deputado estadual. Além disso, o partido deverá confirmar a posição de que está aberto a discutir alianças para Governo e Senado, já que, tudo indica, a agremiação emedebista não lançará candidato a governador nem a senador.

– O partido irá discutir de forma ampla com todas as forças políticas do estado, sem fazer restrições – declarou o deputado estadual e vice Roberto Costa, hoje o principal articulador político do partido e líder da ala jovem, que vem atuando para ampliar seu espaço e suas decisões dentro do partido.

 

Anvisa dá nó contra Sputnik V, mas governadores não cruzarão os braços

Carlos Lula e a vacina Sputnik V, que o governo quer comprar

A Anvisa brecou ontem o processo de compra, pelos estados nordestinos, incluindo o Maranhão, para a compra de 30 milhões de doses da vacina Sputnik V, produzida na Rússia e que hoje está sendo aplicada em pelo menos 60 países, entre eles a vizinha Argentina e a própria Rússia. Mesmo diante do fato de que a Sputnik V tenha sido atestada por pelo menos três agências reguladoras e que seus dados científicos foram publicados na revista científica Lancer, a Anvisa colocou pé na parede e decidiu não autorizar a vacina antes de receber informações técnicas sobre ela. A agência reguladora brasileira argumenta que não há como autorizar a importação do imunizante russo antes de dispor de informações mais consistentes. Os governadores – entre eles Flávio Dino, que tem papel de liderança nesse processo -, não concorda com a Anvisa e prevê que a questão poderá ser resolvida pela Justiça. Se o Consórcio não conseguir dobrar a Anvisa, baterá mais uma vez às portas da Justiça, para garantir o que considera um direito. Mas se o projeto vingar, o Consórcio poderá comprar mais de 60 milhões de doses, das quais pelo menos quatro milhões virão para o Maranhão.

São Luís, 27 de Abril de 2021.

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