Fala de Brandão reforça a impressão de que ele planeja chegar ao Senado em 26

Na presença de ministro, senadora, deputados federais e estaduais, Carlos Brandão
faz o discurso em que sinalizou que poderá deixar o Governo e se candidatar a senador

Mesmo repetindo o bordão segundo o qual “Eleição para 2026 a gente conversa em 2026”, conforme declarara no início da manhã à TV Mirante, o governador Carlos Brandão (PSB) voltou a sinalizar, ontem, a possibilidade de renunciar em abril do ano que vem ao Governo para disputar uma cadeira no Senado, passando o bastão para seu vice Felipe Camarão (PT), que no caso concorrerá à reeleição. E mais, Carlos Brandão manifestou enfaticamente a convicção de que o grupo que lidera elegerá o seu sucessor. E repetiu também um aviso: está focado na gestão e assim permanecerá até o final do ano, só se permitindo colocar as cartas eleitorais na mesa a partir do início do ano que vem.

As declarações do governador Carlos Brandão foram dadas durante a manhã, no ato de assinatura da Ordem de Serviço para as obras de prolongamento da Avenida Litorânea por mais sete quilômetros. Fruto de uma articulação do Governo do Estado com o Governo Federal, a extensão da Avenida Litorânea vai ligar a Avenida São Carlos, no Olho D´Água, em São Luís, à Avenida Atlântica, no Araçagy, em São José de Ribamar, e vai custar R$ 235,6 milhões, com conclusão prevista para até o final do ano ou, no máximo, no início do ano que vem.

O expressivo toque político dado à sua fala pelo chefe do Executivo tinha total razão de ser, a começar pelo fato de que ali estavam um ministro, André Fufuca (Esporte), o deputado federal e candidato a ministro das Comunicações, Pedro Lucas Fernandes, ainda líder do União na Câmara Federal, uma senadora em busca da reeleição, Eliziane Gama (PSD), o deputado federal Júnior Lourenço (PL), um dos integrantes da minibancada federal comandada pelo deputado Josimar de Maranhãozinho (PL). Um ambiente apropriado para sinalizações políticas como a que foi feita.

Do alto da sua experiência, Carlos Brandão avalia que chegou a hora de começar a colocar as peças sobre o tabuleiro do xadrez que será jogado de agora por diante. Tanto que vem aos poucos indicando qual vai ser o seu movimento principal, que na bolsa de apostas será a sua saída do Governo para disputar uma cadeira no Senado com amplas chances de eleição, o que lhe garantirá presença forte no cenário do Maranhão por longos oito anos, ou muito mais, dependendo da evolução do processo político no Maranhão. E como não poderia deixar de ser, sairá abrindo caminho para o vice-governador Felipe Camarão assumir o comando e tentar a reeleição.

Carlos Brandão usa a cautela em relação à sua tomada de decisão por várias razões. A primeira é que o processo eleitoral tem um roteiro que não deve ser alterado. E a segunda, vista como a principal, é que como líder de uma aliança com 12 partidos, qualquer decisão sua afetará a disputa para o Governo do Estado, para o Senado, para a Câmara Federal e para a Assembleia Legislativa, com riscos de ganhos e perdas se tal decisão não se encaixar perfeitamente num projeto viável. Essa situação se reflete na sua previsão de que “o nosso grupo” elegerá o próximo governador. Com isso, o mandatário não abre mão do comando, mas lembra que o desfecho da guerra eleitoral que se aproxima será responsabilidade de todos que integram a base governista.

Provavelmente por problema de agenda, o vice-governador Felipe Camarão não participou do ato de assinatura da Ordem de Serviço para as obras de prolongamento da Avenida Litorânea, mas com certeza de onde estava recebeu as declarações do governador Carlos Brandão como mais um sinal de que o futuro do Maranhão estará nas suas mãos a partir de 3 de abril, junto com a responsabilidade política de liderar a corrida às urnas.

PONTO & CONTRAPONTO

Prefeitos de quatro grandes cidades têm prioridades diversas e projeto político comum para 2026

Acima, Rildo Amaral e Rafael Brito, e embaixo
Gentil Neto e Roberto Costa: pauta política comum

Prefeitos de quatro das mais importantes cidades do Maranhão trabalham em muitas frentes, mas cada um tem uma meta que nesse momento se impõe às demais. Eles também têm prioridades políticas para 2026.

O prefeito de Imperatriz, Rildo Amaral (PP), está determinado a eliminar os rombos financeiros que a gestão de oito anos do agora ex-prefeito Assis Ramos (União). Ao tomar posse, o novo prefeito editou decreto colocando a Prefeitura imperatrizense sob implacável controle no que diz respeito às finanças. As coisas ali já melhoraram nesse campo, mas Rildo Amaral nem pensa em afrouxar o nó.

O prefeito de Timon, Rafael Brito (PSB), já concretizou uma das mais importantes promessas de campanha: dotar a cidade – que é a terceira maior do Maranhão em população -, de um sistema de transporte coletivo, principalmente na sua ligação com a vizinha Teresina, onde muitos timonenses trabalham.

Já o prefeito Gentil Neto (PSB), de Caxias, voltou-se intensamente para o Sistema Municipal de Saúde, que encontrou com problemas quando assumiu. De lá para cá, os problemas mais urgentes do Sistema foram solucionados, com medidas definitivas e algumas paliativas, enquanto as mais graves foram equacionadas para solução de médio prazo.

Em Bacabal, o prefeito Roberto Costa (MDB) já resolveu algumas pequenas pendências, mas ainda está em planejamento o seu projeto maior: dotar a cidade de um eficiente Sistema de Abastecimento de Água, pondo fim a um problema que afeta e angustia os bacabalenses há muito tempo.

No que diz respeito à política, os quatro têm uma posição comum: apoiam uma chapa com o vice-governador Felipe Camarão (PT) para o Governo e o governador Carlos Brandão (PSB) e o ministro André Fufuca para o Senado.      

Candidatos têm motivos fortes para disputar a presidência da Câmara de São Luís

Atuação de Paulo Victor e possível ascensão de
Esmênia Miranda embalam candidatura de
Beto Castro, Marquinhos e Concita Pinto

Leitores indagam o motivo de a disputa para o comando da Câmara Municipal de São Luís, com eleição agendada apenas para o próximo ano, ter sido deflagrada com tanta antecedência. Na verdade, são vários os motivos, sendo dois deles bem mais importantes do que os demais.

Para começar, a presidência do parlamento ludivicense é o segundo cargo em importância no tabuleiro político da Capital, tendo esse status sido turbinado com a atuação política do atual presidente, vereador Paulo Victor (PSB). Ele mudou completamente o papel do chefe do Legislativo municipal, dando à Casa uma força política não vista nas últimas legislaturas. O próximo presidente terá o desafio de surfar nessa onda ou se autocondenar a ser uma figura inexpressiva.

O outro motivo está no projeto do prefeito Eduardo Braide (PSD), ainda não declarado, de renunciar em abril do ano que vem para disputar o Governo do Estado. Se isso for confirmado, como quer o comando nacional do PSD e, ao que tudo indica, o próprio chefe do Executivo municipal, com a ascensão natural da vice-prefeita Esmênia Miranda (PSD) ao comando da maior e mais importante Prefeitura do Maranhão, o presidente da Câmara Municipal será o vice-prefeito da Capital, o que multiplicará várias vezes a importância da chefia do Legislativo. Esses dois itens explicam o fato de a sucessão na presidência da Câmara Municipal de São Luís ter sido deflagrada com tanta antecedência, tendo como candidatos os vereadores Beto Castro (Avante), que já tem cinco votos declarados e o dele próprio; Marquinhos (União), que saiu na frente, mas ainda não deslanchou, e Concita Pinto (PSB), que até agora só manifestou a intenção de se candidatar.

São Luís, 17 de Abril de 2025.

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