Escolha do coordenador da bancada federal foi resultado de um confronto político entre Flávio Dino e Roseana Sarney

 

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Flávio Dino apoiou fortemente Rubens Jr., que foi eleito coordenador da bancada federal do maranhão ao derrotar João Marcelo, que foi apoiado por Roseana Sarney

O acirramento do embate político no Maranhão está contaminando todas as áreas onde se pode apontar quem é governo e quem é oposição. O reflexo mais recente dessa confrontação ocorreu na eleição do novo coordenador da bancada federal, que era baseada na perspectiva da produção de resultados, mas foi transformada numa guerra entre forças ligadas ao movimento liderado pelo governador Flávio Dino (PCdoB) e as que seguem a orientação do Grupo Sarney, mais diretamente da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB). E o desfecho desse cabo de aço foi a eleição, na semana que passou, do deputado federal Rubens Jr. (PCdoB), para o posto, vencendo, por 11 votos a 9, o deputado federal João Marcelo Souza (PMDB). Sem colocar em discussão a competência política e parlamentar dos dois jovens deputados, o resultado da disputa sugere uma discussão oportuna sobre a importância da coordenação da bancada federal e o risco que ela está correndo aso se transformar em mais um campo de embate entre as forças que se digladiam no tabuleiro político do Maranhão.

Para muitos, a coordenação tem pouca importância, sendo o cargo de coordenador apenas figurativo. Outros, porém, avaliam que, na verdade, se bem articulada e operada sob a motivação de um pragmatismo sensato, que enxergue o interesse comum, a coordenação pode ser, sim, um instrumento valiosíssimo de ação política na relação da bancada federal com as instâncias da própria Câmara Federal e, principalmente, com o Palácio do Planalto e a Esplanada dos Ministérios quando assuntos de importância fundamental para o Maranhão estão em jogo em Brasília. Tanto que nas últimas legislaturas, a coordenação tem sido cada vez mais disputada, exatamente porque tem aumentado a importância da interlocução nas sensíveis relações políticas que movem os espaços de poder no Planalto Central.

Até os Governos de Lula da Silva (PT), a eleição do coordenador se dava quase que por consenso, mas com o aval os deputados de oposição, o que equivalia a quase uma nomeação. Mas qual era o fator decisivo para a escolha? O poder de influência, o trânsito e o acesso do coordenador nas mais diferentes esferas do Poder Executivo. E mais: quando o tema a ser tratado era de interesse comum, os integrantes da bancada camuflavam as suas diferenças e formavam um só bloco na defesa da matéria. Havia até mesmo casos em que assuntos de interesse de um deputado fossem tratados pelo coordenador. De uns tempos para cá, as decisões consensuais da bancada federal estão rareando. Isso não significa dizer que o instrumento caminha para um colapso de perda de importância e sentido, mas não há como esconder o fato de que a “politização” da escolha coloca-o em risco.

A disputa que colocou em confronto “eleitoral” o comunista Rubens Jr. e o pemedebista João Marcelo Souza fugiu completamente à tradição que limitava o processo a uma movimentação interna da bancada, com alguma influência externa, mas nada ostensivo como ocorreu agora. Rubens Jr. foi fortemente apoiado pelo governador Flávio Dino, que mobilizou todos os seus canais para fortalecer o seu candidato, enquanto João Marcelo Souza foi turbinado, primeiro, pelo pai e guia político, o senador João Alberto (PMDB), seus braços partidários, e também pela ex-governadora Roseana Sarney que, temporariamente radicada em Brasília, usou todos os seus meios no apoio à candidatura. Os dois lados promoveram reuniões, documentos de apoio, telefonemas, enfim, todos os meios possíveis para dar suporte a cada um dos candidatos. E o resultado, que deu a vitória a Rubens Jr. por 11 contra 9 dados a João Marcelo Souza, refletiu com muita clareza que o processo de escolha foi na verdade um confronto político de grande porte entre Governo e Oposição no Maranhão.

O desfecho desse confronto produziu uma certeza: a escolha do coordenador da bancada federal do Maranhão nunca mais se dará no limite dos interesses dos deputados nas suas relações com as suas bases, e fatalmente passará a ser definida pelos interesses de Governo e Oposição. Nada de absurdo, mas sem dúvida uma mudança de costume e de sentido.

 PONTO & CONTRAPONTO

PT do Maranhão dá hoje um passo decisivo para definir seu futuro como partido político influente e de vanguarda

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Fernando Magalhães e Honorato Fernandes disputam o comando do PT de São Luís numa eleição decisiva

O PT dá hoje a largada no que chama de Processo de Eleição Direta e apelida orgulhosamente de PED. Por meio do PED, o partido definirá a composição dos seus grupos dirigentes nos municípios, para em seguida realizar a segunda etapa, que é a de escolher os manda-chuva no âmbito estadual, o que ocorrerá no final deste mês, para, finalmente, já no segundo semestre, escolher seus chefes maiores no universo nacional. Na etapa de hoje, que ocorrerá simultaneamente em dezenas de municípios, a medição de forças mais expressiva ocorrerá em São Luís, onde a peleja pelo poder se dará no embate entre duas chapas. Uma é a “Por um Maranhão mais Justo para Todos e para Lula”, liderada pelo presidente Fernando Magalhães, candidato à reeleição. A outra é “Unidade para Renovar”, capitaneada pelo vereador Honorato Fernandes.

Fernando Magalhães representa a corrente lulista e que detém o controle do partido no estado pela presidência de Raimundo Monteiro e que tem como o deputado Zé Inácio como candidato a presidente. Essa corrente segue a orientação da banda do PT comandada diretamente por Lula da Silva. Honorato Fernandes representa exatamente o oposto. Tanto que se posiciona com um discurso favorável a Lula, mas fortemente agressivo em relação à postura do partido no Maranhão, especialmente o seu braço de São Luís.

Desse processo eleitoral – municipal e estadual – sairá o PT que dará as cartas no estado pelos próximos tempos. A vitória de Fernando Magalhães em São Luís e a de Zé Inácio significará a continuidade, mas com um esforço desses dirigentes para costurar a unidade partidária, atraindo para o movimento em torno do projeto de reeleição do governador Flávio Dino e a volta de Lula e a do PT ao poder nacional. A eleição de Honorato Fernandes e, por via de desdobramento, a de Augusto Lobato no plano estadual significará uma reviravolta radical na existência do PT no Maranhão. Nada que dificulte a candidatura de Lula nem o projeto de reeleição do governador Flávio Dino, mas dentro do próprio PT, onde darão as cartas nomes como Márcio Jardim e Francisco Gonçalves, quem resistiram à aliança do PT com o PMDB no Maranhão. Nos bastidores do PT corre que, dependendo do desfecho da eleição, até Domingos Dutra, hoje prefeito de Paço do Lumiar, poderá pensar em voltar ao partido.

Time de candidatos a senador ganha vereador de São Luís

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Weverton Rocha, Lobão Filho, Clóvis Fecury, João Alberto, Sebastião Madeira, Gastão Vieira, Sarney Filho, Márlon Reis e Marquinhos estão na corrida para o Senado

Todos os fatos registrados nos últimos dias só reforçaram a previsão informal feita pela Coluna de que a disputa para as duas vagas de senador será o grande embate a ser travado na campanha eleitorado ano que vem. De um lado, o Grupo Sarney já escalpou Sarney Filho (PV), deputado federal e atual ministro do Meio Ambiente, devendo apontar outro nome competitivo, que pode ser o senador João Alberto, o suplente de senador Lobão Filho e o também suplente de senador Clóvis Fecury, todos do PMDB. O grupo do governador Flávio Dino já tem definidos os deputados federais Weverton Rocha (PDT), José Reinaldo Tavares (PSB) e agora Waldir Maranhão (PP). No meio desses dois grupos estão os projetos solitários como o do ex-juiz Márlon Reis (Rede), do ex-prefeito de Imperatriz Sebastião Madeira (PSDB) e o do ex-ministro Gastão Vieira (PROS). E como se não bastasse esse contingente de pesos pesados e pesos médios, agora aparece no cenário um peso pena, o vereador Marquinhos (DEM), que desembarcou na Câmara Municipal de São Luís com o cacife de 7.489 votos, o que o colocou na sétima posição entre no ranking de votação. Em quase todas as eleições para o senado costumam aparecer “laranjas”, que registram candidatura só para fazer o serviço sujo dos candidatos de ponta, que não podem se “queimar”. Não parece ser o caso do vereador Marquinhos, que já foi testado nas urnas, tem um nome a zelar e um mandato a honrar, e não cometeria, portanto, o desatino de funcionar como porrete de terceiros. Tem todo o direito de se candidatar e disputar uma cadeira senatorial de igual para igual com os demais postulantes. Que jogue o jogo como o jogo é.

São Luís, 08 de Abril de 2017.

 

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