Depois de uma temporada sem muito sentido no DEM e de ter sido objeto de ondas sazonais de especulação, o advogado Felipe Camarão, prestigiado secretário de Estado da Educação, anunciou ontem o primeiro passo do seu futuro político: está se filiando ao PT. Nas declarações que deu sobre a decisão, ele não foi taxativo quanto ao mandato que pretende disputar, mas a julgar pela repercussão do anúncio e da reação nada cordata do deputado federal petista Zé Carlos, em princípio ele se prepara para disputar uma cadeira na Câmara Federal, embora haja quem o aponte como um bom candidato a vice. Mais do que uma simples filiação partidária, o movimento do secretário para se converter ao petismo de olho nas urnas ganhou o peso de uma definição que vai muito além do fato em si. Isso porque nele pode-se ler também que a aliança do PT com o grupo liderado pelo governador Flávio Dino (PCdoB) está selada, para funcionar na corrida ao Palácio do Planalto e ao Palácio dos Leões.
Felipe Camarão não é um quadro qualquer. Nos últimos anos, ele vem construindo uma carreira surpreendente, que passou pelo Procon, pela Secretaria de Administração e agora na Secretaria de Estado da Educação, onde capitaneia, com eficiência indiscutível, o mais arrojado programa educacional do Maranhão nas últimas décadas, cuja importância pode ser medida em dois dos seus vários projetos: o IEMA e o Escola Digna, reconhecidos como inovadores – há quem os veja como revolucionários – dentro e fora do Maranhão. A competência com que “atropela” os obstáculos e movimenta o Sistema Estadual de Educação e a desenvoltura no relacionamento social o transformaram num dos ases da equipe comandada pelo governador Flávio Dino e lhe deram autoridade para entrar na seara política. É quase unânime a impressão de que ele se dará bem nas urnas.
A opção pelo PT não foi por impulso. Assim como a quase certa filiação do secretário de Estado da Saúde, o também destacado Carlos Lula, outro ás do atual Governo, ao PSB, o ingresso de Felipe Camarão no PT se mostra como parte de uma estratégia inteligente e bem armada do governador Flávio Dino de manter unida a base da aliança partidária que lidera, mas sem mexer com seus aliados do centro e da direita. No PT, Felipe Camarão funcionará ao mesmo tempo como uma alavanca para o partido ganhar força no Maranhão inteiro e como parte de uma grande articulação que poderá levá-lo à condição de candidato a vice-governador na chapa do vice, que na época será governador, Carlos Brandão (PSDB), ou do senador Weverton Rocha (PDT). Sua filiação, portanto, não é um simples movimento pessoal.
O PT, por sua vez, ganha, e muito, com a filiação de Felipe Camarão. O braço maranhense do partido é consolidado, reúne bons quadros, mas depois que perdeu nomes como Domingos Dutra e Bira do Pindaré, não conseguiu destacar militantes que façam a diferença numa campanha eleitoral. O atual secretário de Educação é jovem, carismático, respeitado e muito ativo, com potencial para fazer a diferença numa corrida às urnas, como candidato a mandato proporcional ou majoritário. “Como membro do PT vou ser um militante, vou lutar com todas as minhas forças para eleger o presidente Lula”, disse, em conversa com jornalistas, sinalizando que irá à guerra eleitoral com a mesma disposição com que comanda a política educacional do governo dinista.
É fato, portanto, que com esse movimento, está amarrada de vez a aliança do PCdoB com o PT no Maranhão. O desenho ficará mais nítido no próximo dia 13, data limite definida pelo governador Flávio Dino para resolver o seu futuro partidário.
PONTO & CONTRAPONTO
Weverton visita obra de hospital e faz reunião política em Imperatriz
O senador Weverton Rocha (PDT) fez uma intensa incursão no Sul do estado durante o fim de semana. A parada mais animada foi em Imperatriz, onde inspecionou a construção do Hospital do Amor, obra financiada com emenda parlamentar por ele destinada. Ali, como um entusiasmado executivo, o senador curtiu a cria informando-se de cada detalhe da implantação do projeto. Em seguida, fez o que mais gosta: reuniu vereadores imperatrizenses, representantes do prefeito Assis Ramos (DEM), que não pôde comparecer, e com o ex-prefeito Ildon Marques (PP).
Weverton Rocha atua como que cumprindo uma rotina parlamentar, mas seus gestos denotam que ele está em pré-campanha aberta, com programação cuidadosamente definida para não perder tempo. Ao reunir vereadores e personalidades como o ex-prefeito Ildon Marques, o senador não deixa qualquer dúvida de que sua ação político-parlamentar nesse período tem as urnas de 22 como objetivo. Ele tem reforçado o seu projeto de candidatura ao Governo do Estado, e seu nome para mostrar força política e potencial eleitoral.
Bolsonaro “segura” filiação ao Patriotas e trava caminhada de Roberto Rocha
Conhecida e respeitada pela exatidão das suas informações, a coluna política do jornal O Estado de S. Paulo, o Estadão, publicou uma informação que pode prejudicar o senador Roberto Rocha, atualmente sem partido e à espera de uma definição partidária do presidente Jair Bolsonaro. Segundo a coluna, o presidente puxou o freio de mão da sua filiação ao Patriotas, adiando sem previsão a solução do problema. De acordo com a coluna do Estadão, o presidente Jair Bolsonaro não está preocupado em apressar seu ingresso em um partido, podendo arrastar essa decisão até Setembro, quando terá de resolver, querendo ou não, essa pendência. Se não preocupa o presidente, esse adiamento cria um embaraço considerável ao senador Roberto Rocha, que precisa resolver sua vida partidária o quanto antes, para poder colocar em ação o seu projeto de candidatura sob pena de enfrentar situação bem mais difícil do que a que já enfrenta na pré-campanha ao Governo do Estado.
São Luís, 08 de Junho de 2021.