Em meio ao jogo de pressão por cargos federais, ministro diz a Sarney que DNIT fica com MDB

Flávia Alves (Ibama), Zé Carlos Araújo (Incra), Clóvis Paz
(Codevasf) e ainda há dúvida sobre o DNIT,
que o ministro dos Transportes prometeu ao MDB

Na visita que fez ao ex-presidente José Sarney (MDB) durante sua visita a São Luís, na última quinta-feira (22), o ministro dos Transportes, Renan Filho, assegurou-lhe que o braço do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (DNIT) no Maranhão será entregue a um representante do MDB – que também é o seu partido. A informação do ministro ao ex-presidente, feita na presença do governador Carlos Brandão (PSB), que o acompanhou na visita, e confirmada por outras fontes presentes, coloca um ponto final na disputa travada entre o MDB e o PSB pela representação do DNIT no estado. E se não houve alguma mudança de plano por parte do ministro Renan Filho ou mesmo do presidente Lula da Silva (PT), a quem cabe apalavra final, o DNIT/MA será comandado pelo ex-deputado federal João Marcelo Souza (MDB), que assim leva a melhor na medição de força com o ex-secretário estadual de Infraestrutura, Clayton Noleto (PSB). Ambos são suplentes de deputado federal.

Como uma batida de martelo, a informação do ministro Renan Filho ao ex-presidente José Sarney pode ser vista como o desfecho de um intenso jogo de pressão sobre o ministério. No caso do DNIT, esse jogo é bem mais intenso, uma vez que o órgão tem orçamento bilionário e responde pela construção, administração e manutenção das rodovias federais, área que leva político a verdadeiras quedas de braço. Vale lembrar que nos últimos anos o DNIT esteve sob s influênc9ia do senador Roberto Rocha (PTB), com o deputado federal Josimar de Maranhãozinho também dando seus “pitacos no pedaço”.

É verdade que os cargos federais mais disputados já foram preenchidos, mas ainda há muitas vagas secundárias em aberto. Dos mais importantes, a Codevasf, o Incra, o Ibama e os Correios já têm novos dirigentes DPU, nomeados pelo presidente Lula da Silva em meio à forte pressão de congressistas por cargos.

Um dos primeiros disputados, o de diretor regional da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), foi entregue a Clóvis Luís Paz Oliveira, por indicação do senador Weverton Rocha (PDT), que agiu mais rápido em Brasília e garantiu o que os políticos chamam de filet mignon entre os braços da máquina pública federal nos estados, uma vez que tem orçamento bilionário e trem um elenco de atividades que vai da construção de pontes à implantação de sistemas de abastecimento de água em pequenas comunidades. Já a estrutura dos Correios no Maranhão encontra-se sob a influência do deputado federal (União Brasil) e atual ministro das Comunicações, Juscelino Filho, que nomeou para o comando Rorício Vasconcelos, homem da sua inteira confiança.

Depois de muita pressão, o PT indicou e o Palácio do Planalto decidiu emplacar o ex-deputado federal Zé Carlos Araújo no comando regional do Incra. Ele foi lembrado para o comando estadual da Caixa Econômica, da qual é funcionário de carreira, tendo sido um dos seus dirigentes no Maranhão antes de entrar para a política, elegendo-se deputado federal pelo PT. Outros pretenderam o cargo, mas ninguém contestou sua nomeação e ele próprio manifestou entusiasmo com o desafio que é administrar problemas fundiários no Maranhão.

A nomeação mais recente aconteceu na semana passada: indicada pelo irmão, deputado estadual licenciado e atual secretário do Governo do Maranhão em Brasília, o Palácio do Planalto deu sinal verde para a nomeação da advogada Flávia Alves, suplente de deputado federal pelo PCdoB. Avalizada pelo partido, a nomeação teve o aval do PT e do PSB.

Continuam sem comando efetivo a Superintendência Federal de Agricultura e Pesca, a Diretoria de Patrimônio da União (DPU), a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), que aguardam o desfecho do jogo de pressões partidárias para voltarem a ter funcionamento normal.

PONTO & CONTRAPONTO

Edivaldo Jr. tem peso para mudar o curso da disputa pela prefeitura de São Luís

Edivaldo Jr. e Camila Holanda têm peso
para alterar o curso da corrida na Capital

O ex-prefeito Edivaldo Jr. (sem partido), que vinha mantendo-se sob o manto da discrição, foi arremessado para o epicentro do tabuleiro político de São Luís. Quem lhe tirou do conforto foram os números da pesquisa EPO (ex-Escutec), que o apontaram em terceiro lugar entre os pré-candidatos, com mais de 14 pontos percentuais de intenção de votos. Ele ganhou mais visibilidade depois que outra pesquisa, esta do instituto Econométrica, simplesmente não o incluiu na relação de candidatos mostrada aos eleitores entrevistados, causando um forte debate. Diante do seu silêncio obstinado, o ex-prefeito de São Luís tem sido objeto de uma série de especulações.

A primeira é a de que ele será candidato à sucessão do prefeito Eduardo Braide (PSD), entrando na disputa envolvendo também o deputado federal Duarte Jr. (PSB), que apareceu na pesquisa como segundo colocado.

A segunda possibilidade especulada seria o ex-prefeito entrar na briga de maneira radical, fazendo um acordo para ser candidato a vice do prefeito Eduardo Braide, o que para muitos tornaria essa chapa imbatível. Em caso de vitória, o prefeito Eduardo Braide governaria dois anos e sairia em 2026 para disputar o Governo do Estado ou um mandato na Câmara Federal. O vice Edivaldo Jr. assumiria com o direito de tentar a reeleição em 2028.

E a terceira especulação seria Edivaldo Jr. disputar uma cadeira na Câmara Municipal e a mulher dele, a ex-primeira-dama Camila Holanda, sair candidata a vice do prefeito Eduardo Braide. Essa proposta também faz sentido porque Camila Holanda foi parceira exemplar do marido prefeito, tornando marcante uma imagem sua, grávida, pedindo votos para ele sob sol escaldante da Avenida Litorânea na campanha da reeleição em 2016.

Edivaldo Jr. dispõe, assim, de cacife para voltar ao poder, ainda que em segundo plano.

Assembleia homenageou militantes por ações de combate à fome

A Mesa da sessão em homenagem ao “Ação e Cidadania”, militantes pelo Fome Zero, e Zé Inácio com Helena Heluy, uma voz firme contra a fome

Um dos momentos mais expressivos da Assembleia Legislativa nos últimos dias foi a sessão especial para registrar os 30 anos do movimento “Ação da Cidadania”, criado pelo sociólogo Herbet Souza, o Betinho, que se notabilizou pelo programa “Fome Zero”, que até hoje mobiliza o País. A sessão foi proposta pelo deputado Zé Inácio (PT) e homenageou um grupo de militantes sociais, a maioria ligados à luta contra a fome e a miséria no Maranhão.

O que se viu na sessão, presidida pelo deputado Francisco Nagib (PSB), foi um grupo de pessoas simples, a maioria quase anônima, distante dos holofotes, mas cada uma carregando muita dignidade no combate à fome nos bolsões de pobreza no Maranhão. Entre elas, a coordenadora-geral do ‘Ação da Cidadania’ no Maranhão Shirley Bruzaca, a voluntária em ações de combate à fome Nazaré Pinto, a ex-deputada estadual Helena Heluy (PT), dona de um histórico denso nessas lutas sociais, e a médica e ex-deputada Helena Duailibe, primeira titular da recém criada Secretária Estadual de Política para as Comunidades, entre outros militantes, foram homenageadas.

O deputado Zé Inácio, autor da proposição, justificou a iniciativa avaliando que celebrar os 30 anos da ação é reconhecer todo um esforço de pessoas e entidades que sempre se colocaram de maneira voluntária a defender a vida. E acrescentou: “Há exatos 30 anos, o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, criou o maior movimento social de combate à fome do Brasil. Até hoje, a Ação da Cidadania se empenha em livrar o Brasil da miséria. Betinho mobilizou toda a sociedade para enfrentar um problema urgente: a fome. A campanha e o lema jamais foram esquecidos: ‘Quem tem fome, tem pressa’. E levar comida a quem não tinha era o grande objetivo da ação”.

Valeu.

São Luís, 25 de Junho de 2023.

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