Eliziane caminha para o fim do mandato sem sinalizar qual será seu próximo passo

Eliziane Gama: grande estatura parlamentar,
mas sem destino definido

Em qualquer roda de conversa política formada no Maranhão na atualidade, cedo ou tarde sai a pergunta: qual será o futuro da senadora Eliziane Gama (PSD), atual vice-líder do Governo no Congresso Nacional, depois de ter sido relatora da CPI do 8 de Janeiro, também chamada de CPI do Golpe, e um pouco antes uma das mais duras vozes críticas ao Governo Bolsonaro por causa da Covid 19. Ela pode ser candidata à reeleição, pode se candidatar a deputada federal – com boas chances de eleição -, ou pode também vir a embarcar numa chapa majoritária, como, por exemplo, vice do futuro governador Felipe Camarão (PT). Ela tem mantido discrição sobre o assunto, e quando a ele se refere sai pela tangente; quem a conhece bem percebe que o assunto lhe causa um certo desconforto, e suas respostas externam incerteza.

Um dos quadros mais importantes da política maranhense, Eliziane Gama vem construindo uma história política maiúscula, de elevado nível de qualidade. E com um detalhe surpreendente: não pertence a um grupo fechado, e todas as suas conquistas tem o seu trabalho político intenso como componente essencial. Já pertenceu ao PT, ao PPS, ao Cidadania, flertou com o Solidariedade e hoje encontra-se no PSD por uma conveniência. Mantém, no entanto, o seu viés de esquerda moderada, com o qual convive sem maiores problemas com a sua condição de evangélica da Assembleia de Deus, uma larga tradição religiosa familiar.

Seus dois mandatos na Assembleia Legislativa foram ativos e propositivos, o que a tornaram conhecida em todo o estado. O tropeço na tentativa de se eleger prefeita de São Luís em 2012 em nada afetou sua carreira, à medida que serviu como aprendizado. E a prova disso foi a sua eleição em 2014 para a Câmara Federal, onde ela exerceu um mandato de qualidade surpreendente, principalmente quando participou com destaque especial da CPI da Petrobras.

O seu projeto inicial era a reeleição para a Câmara Federal em 2018, mas aproveitou a chance de tentar uma das duas vagas no Senado e mergulhou por inteira no projeto. Deu certo. Essa vitória lhe deu uma responsabilidade política bem maior, o que a levou a exercer o mandato com grande eficiência, como parlamentar e como legisladora. Tanto que passou a ser destaque na chamada “bancada feminina”, que era informal e se tornou uma bancada de fato a partir de um trabalho feito por ela e a senadora Simone Tebet (MDB-MS). Teve participação importante na mobilização política para a eleição do presidente Lula da Silva (PT), a quem sempre apoiou, e foi destaque nas duas CPIs mais importantes dos últimos tempos: a da Covid, da qual participou efetivamente, mesmo sem a ela pertencer, e a do 8 de Janeiro, da qual foi relatora.

A senadora Eliziane Gama teve seu nome especulado para o ministério, mas acabou sendo convidada pelo presidente Lula para ser vice-líder do Governo no Congresso Nacional. E seu prestígio com o presidente Lula da Silva continua em alta. Mas sua atuação tem sido violentamente atacada pelas milícias digitais da extrema direita, inclusive a banda que milita na Assembleia de Deus, onde era aplaudida e hoje é hostilizada.

Agora, Eliziane Gama está provavelmente vivendo o seu maior dilema. Vai disputar a reeleição? Se não, qual será o seu próximo passo político? Qualquer que seja ele, terá de ser resolvido nos próximos dois anos. Mas por enquanto, nem o viés especulatório das rodas de conversas soube responder.

PONTO & CONTRAPONTO

Ataque de Bolsonaro a Kassab coloca Josivaldo JP em saia justa

Josivaldo JP: sem o apoio
de Jair Bolsonaro

O ex-presidente Jair Bolsonaro colocou muitos aliados em verdadeira saia justa ao declarar quer não apoiará nenhum candidato do PSD a prefeito. A declaração foi u a retaliação a Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, hoje uma das legendas fortes dentro do Centrão. O ex-presidente não gostou de algumas orientações de Kassab ao partido em relação ao ao Governo Lula da Silva (PT).

Um dos fortemente atingidos pelo destempero do ex-presidente foi o deputado federal Josivaldo JP, que pertence ao PDS e caminha para disputar a Prefeitura de Imperatriz com o candidato do PP, deputado estadual Rildo Amaral.

Como é sabido, Josivaldo JP é bolsonarista de carteirinha e, segundo uma fonte a ele ligada, estaria se preparando para ter Jair Bolsonaro como reforço de campanha, já que o ex-presidente é popular na Região Tocantina. Repetiria o seu discurso de campanha, tendo Bolsonaro como padrinho.

Em Tempo: O brado de Jair Bolsonaro contra o PSD alcança o prefeito de São Luís, Eduardo Braide, mas não o atinge. Diferentemente de Josivaldo JP, Eduardo Braide sempre assumiu ser um político de direita, mas uma direita civilizada, democrática, sem viés golpista.    

Vozes da direita cumprem mandato provisório com licença do grupo de Maranhãozinho

Luciano Galego, Henrique Júnior,
Josimar de Maranhãozinho, Detinha,
Sílvio Antônio e Paulo Marinho Jr.

Um pequeno grupo de porta-vozes da direita radical maranhense encontra-se na Câmara Federal, onde exerce mandato temporário pelo PL, cobrindo licença dos deputados Josimar de Maranhãozinho, chefe regional do partido, Detinha, Júnior Lourenço e Pastor Gil. O grupo de suplentes é formado por Sílvio Antônio, Henrique Júnior, Luciano Galego e Paulo Marinho Jr..

Dos quatro, Sílvio Antônio, Luciano Galego e Henrique Júnior formam uma “célula” fortemente identificada com a direita dura, atuando como militantes bolsonaristas radicais.

O primeiro é Sílvio Antônio, pastor evangélico e bolsonarista de carteirinha, que já tentou inclusive ser prefeito de São Luís, mas quase ninguém lhe deu atenção. Na Câmara, faz oposição do Governo do PT e terá pouco mais de um mês de mandato até o fim da licença, no início de abril. Seus temas favoritos são as pautas de costume.

Outro suplente do PL no exercício do mandato, o deputado federal interino Luciano Galego é um empresário de Imperatriz, que fez sua campanha diretamente associado à imagem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Militante bolsonarista ranheta, daqueles que se enrola em bandeira brasileira, Luciano pretende ocupar a tribuna da Câmara muitas vezes até o fim do mandato provisório.

Pecuarista que tem a região de Timon como base política e militante bolsonarista, o deputado federal interino Humberto Júnior tem tido atuação discreta na Câmara Federal, mas alinhada à oposição ao Governo Federal, como a maioria dos seus colegas do PL.

O quarto, Paulo Marinho Jr., é o único do grupo que milita no PL, mas não professa o bolsonarismo como fé política. Ele vem de uma raiz emedebista, onde seu pai, o ex-deputado estadual, ex-deputado federal e ex-prefeito de Caxias Paulo Marinho nasceu politicamente.

São Luís, 16 de Fevereiro de 2024.   

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *