Eduardo Braide saiu das urnas com enorme cacife, mas terá de medir com cuidado seu próximo passo para não cair em armadilhas

 

Eduardo Braide tem de pensar bem para usar o cacife que ganhou nas urnas

Vice-campeão de votos para a Câmara Federal e visto pela esmagadora maioria dos observadores como candidato irreversível à Prefeitura de São Luís, o deputado estadual Eduardo Braide (PMN) vem sendo curiosamente cauteloso ao responder à pergunta que lhe tem sido feita desde que foi anunciado o resultado das urnas na noite de Domingo (7): se ele é candidato a prefeito de São Luís em 2020. Mesmo posicionado sobre uma montanha de votos na Capital, o parlamentar é cuidadoso com as palavras, sinalizando com a possibilidade de ser candidato, mas sempre ponderando que um voo dessa envergadura não pode ser um projeto solitário. Nas entrelinhas das suas respostas bem pensadas ele deixa claro que será candidato, mas dá a entender que não quer jogar uma candidatura nas ruas agora, a exatos dois anos das eleições municipais. Pretende, ao que parece, dedicar o ano de 2019 a uma intensa atividade parlamentar na Câmara Federal, para em seguida sair a campo na corrida ao Palácio de La Ravardière.

Consolidando a cada passo uma carreira que tem tudo para dar certo, Eduardo Braide é suficientemente antenado para perceber que não está só nesse jogo. Ele sabe que só dependerá dele mesmo disputar mandatos legislativos e proporcionais. E que o cenário muda inteiramente de figura quando o que está em disputa são mandatos majoritários, como senador, prefeito e governador. Nesses casos, um candidato precisa construir uma base política, formada com o suporte de grupos articulados, que no mínimo o ajudem a capilarizar o seu nome e sua plataforma. Mesmo tendo a seu favor a eficiente via das redes sociais, que têm o poder de montar e desmontar personagens no cenário político, Eduardo Braide sabe que num embate pelo comando de São Luís vai precisar construir alianças e formar uma frente que lhe dê suporte político  para a corrida às urnas.

Não há dúvida de que a eleição de 2016, na qual foi ao segundo turno com o prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT), ensinou-lhe o caminho das pedras eleitorais da Capital, e que o pleito deste ano ampliou esse conhecimento. Mas isso, mesmo associado ao seu carisma e à facilidade que ele tem de se comunicar como o eleitorado, não será suficiente para assegurar-lhe uma vitória sem riscos.

O primeiro ponto é que a Prefeitura de São Luís é um bastião político de importância estratégica no mapa da aliança comandada pelo governador Flávio Dino (PCdoB), o que significa dizer que não será entregue de graça a um candidato não alinhado ao Palácio dos Leões. Depois, o prefeito Edivaldo Holanda Jr., que se reelegeu em 2016 derrotando Eduardo Braide, vai certamente brigar para eleger o seu sucessor, contando para isso com o apoio total do senador eleito Weverton Rocha (PDT) e o aval do governador Flávio Dino. Para tanto, mobilizará todas as forças ao seu alcance para manter a Prefeitura da Capital sob o comando da aliança dinista. E a julgar pelos resultados das urnas de Domingo, terá condições de lançar um candidato – que pode ser Felipe Camarão, atual secretário de Estado da Educação, ou o advogado e deputado estadual eleito Duarte Jr. (PCdoB), um fenômeno nascido nas urnas de São Luís, ambos estrelas em ascensão entre os quadros liderados pelo governador Flávio Dino.

Eduard Braide ganhou musculatura política excepcional com os mais de 180 mil votos que recebeu – a maioria deles em São Luís – para deputado federal. Ao mesmo tempo teve colocado sobre os ombros o enorme desafio de usar esse cacife com inteligência e pés no chão. Se arriscá-lo na corrida ao Palácio de la Ravardière em 2020 e vencer o embate contra as poderosíssimas forças que serão mobilizadas pela aliança dinista, poderá dar o passou ousado de entrar na briga  pelo Palácio dos Leões em 2022, deixando um vice de confiança em São Luís. Mas se não mensurar corretamente o seu poder de fogo e sofrer uma derrota na Capital, dificilmente entrará na briga pelo Palácio dos Leões em 2022, sendo obrigado a buscar a renovação do mandato de deputado federal e esperar, provavelmente com certo desgaste, a disputa de 2024 em São Luís.

São os cenários possíveis para Eduardo Bride, um político vitorioso até aqui com largas perspectivas, mas pontilhados de armadilhas e riscos se os passos não forem cuidadosamente medidos. E nesse contexto, fica no ar a questão principal: com que forças se unirá Eduard Braide para encarar a aliança PCdoB-PDT em São Luís? Terá condições de arrebanhar o que sobrou dos tucanos? Ou juntará o que restou do Grupo Sarney? Vale aguardar.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

PT não consegue protagonizar a campanha de Fernando Haddad contra Jair Bolsonaro no Maranhão

Zé Carlos e Zé Inácio, as únicas vozes parlamentares do PT no Maranhão

O braço maranhense do PT continua intrigando os observadores da cena política. Todos se perguntam como o partido liderado pelo ex-presidente Lula da Silva, que esteve agregado ao poder no Maranhão como aliado ao então poderoso e influente PMDB, que contribuiu para a distribuição de Bolsa Família a mais de um milhão de maranhenses no Governo Roseana Sarney, não consiga um desempenho pelo menos razoável nas urnas? A reeleição do deputado federal Zé Carlos e do deputado estadual Zé Inácio, que se viraram nos trinta no espinhoso campo das alianças regionais, mostra que o partido de Lula vem emagrecendo a cada ano, num processo acelerado depois que perdeu quadros como Domingos Dutra – hoje no PCdoB – e Bira do Pindaré – agora no PSB, com a evidência de que deram-se bem depois que saíram do partido. A impressão geral é a de que o PT maranhense seguirá irremediavelmente dividido e emagrecendo, tendo de um lado o grupo que detém o controle sob o comando de Augusto Lobato, e formado por saudosos da aliança com o MDB, e o que participa do Governo Flávio Dino representado por Francisco Gonçalves, secretário de Direitos Humanos e Participação Popular. Nem agora, com a batalha de vida ou morte entre Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) pela presidência da República, PT maranhense é o protagonista das ações de campanha pró-Haddad, tarefa assumida integralmente pelo governador Flávio Dino e seus aliados mais próximos, como o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto, e do deputado federal eleito Márcio Jerry, ambos do PCdoB.

 

Com as empresas nos eixos, Edivaldo Jr. amplia para 30% o percentual de ônibus refrigerados na frota de São Luís

Edivaldo Jr. entre a primeira-dama Camila Holanda, o vice prefeito  Júlio Pinheiro, o vereador Raimundo Penha, o secretário Ivaldo Rodrigues, o presidente eleito da Câmara Osmar Filho e o adjunto, Israel Pethros de Transportes na entrega dos ônibus de ar condicionado, que representam hoje 30%  da frota renovada na Capital

Durante a campanha para o primeiro mandato de prefeito, em 2012, o então deputado federal Edivaldo Holanda Jr., candidato do PTC, anunciou uma meta arrojada, mas que soou fantasiosa e foi criticada em tom de deboche por adversários: dotar São Luís de uma frota de coletivos renovada e com parte dos ônibus com ar condicionado. Eleito, o jovem prefeito encontrou o sistema de transporte de massa da Capital mergulhado no caos, apesar dos esforços feitos pelo seu antecessor, João Castelo (PSDB). A maior parte da frota era formada por ônibus velhos, sem condições de prestar um serviço digno à população. Edivaldo Holanda Jr, deu início então a um processo histórico e decisivo de mudanças no sistema, que começou por enquadrar o esquemão formado pelas empresas, que davam as cartas de acordo com as suas conveniências, tirando da gaveta o processo de licitação para a renovação da concessão de linhas. Enfrentando todo tipo de boicote por parte de empresas viciadas, a licitação foi realizada, permitindo a implantação de uma nova realidade nos transportes coletivos de São Luís. A partir daí, investiu na renovação de pelo menos parte da frota e colocou em prática sua meta de dotar pelo menos metade com veículos refrigerados. Foram pelo menos dois anos de jogo duro, que finalmente começou a dar frutos. Já no final de 2015, a frota já dava sinais de renovação. Os ônibus com ar condicionado, dotados também de estrutura de acessibilidade e equipamentos de segurança, aumentaram expressivamente, representam hoje cerca de 30% da frota de cerca de 1,2 mil veículos. Na quinta-feira, o prefeito Edivaldo Holanda Jr. entregou mais 17 unidades de um lote de 40 veículos refrigerados a ser entregue até o final do ano, num total superior a 400 veículos entre os mais de 700 substituídos até aqui. Com a inclusão dos novos ônibus, a renovação dos veículos do sistema público de transporte da capital alcança 75% da frota operante, com veículos com média de 4,5 anos de idade. Entusiasmado, o prefeito comemorou no ato de entrega:

Hoje podemos dizer, seguramente, que São Luís tem um sistema de transporte público muito melhor, atendendo ao usuário com mais qualidade, respeito à população que faz uso do serviço. Modernizamos todo o sistema a partir da realização da licitação pública, um dos grandes atos de nossa gestão para corrigir décadas de atraso no sistema e que nos permitiu reestruturar o setor não apenas renovando a frota, mas executando diversas outras medidas para modernização do sistema de transporte como um todo, utilizando novas ferramentas de gestão e controle operacional, sempre visando ao bem-estar da população que passou a contar com um transporte renovado, muito mais ágil e moderno”.

São Luís, 12 de Outubro de 2018.

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