Os bastidores da sucessão municipal voltam a se agitar com rumor segundo o qual o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr., que está em busca de um partido, poderá se filiar ao PV e, assim, se candidatar à Prefeitura de São Luís. Os mesmos rumores dizem que já teria havido um entendimento com o PT, PCdoB e PV, para que Edivaldo Holanda Jr. seja o candidato da Federação Brasil Esperança, que reúne os três partidos, ao Palácio de la Ravardière. Na suposta avaliação desses chefes partidários, o ex-prefeito seria o nome mais forte para enfrentar o prefeito Eduardo Braide (PSD), que desponta como franco favorito na disputa de 2024. O curioso dessa informação é que nenhum chefe ou líder graduado do PT, do PCdoB ou do PV disse uma só palavra sobre o assunto.
Para começar, o PV é um partido importante, mas não tem lastro eleitoral, sendo também a sigla com menor peso na Federação Brasil Esperança. A legenda pode aceitar tranquilamente a filiação do ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr., o que valorizaria expressivamente o seu cacife enquanto partido. Mas daí a filiá-lo com a garantia de que ele será o candidato da Federação à Prefeitura da Capital existe uma enorme distância, com gigantescos obstáculos a serem superados. Isso porque, para abraçar uma eventual candidatura do ex-prefeito, os outros dois partidos da Federação – PT e PCdoB – teriam que desmontar um conjunto de relações dentro da grande aliança que os une ao PSB, que tem o deputado federal Duarte Jr., como um nome tecnicamente mais viável.
Nesse ambiente, o PT de São Luís, com toda a independência que vem exibindo sob o comando do ex-vereador Honorato Fernandes, certamente ouvirá qualquer recomendação que lhe chegue de Brasília. E não é segredo para ninguém que neste exato momento, a tendência dos chefes nacionais do partido, incluindo aí o próprio presidente Lula da Silva, é no sentido de que o braço ludovicense da agremiação apoie a candidatura de Duarte Jr.. E a explicação é simples: o parlamentar socialista tem sido um dos mais ativos apoiadores do Governo do PT e do presidente Lula da Silva no Congresso Nacional. Portanto, dificilmente o PT dará as costas a Duarte Jr. para referendar uma eventual candidatura do ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. pelo PT.
A situação do PCdoB não é muito diferente. Mesmo considerando que podem existir algumas arestas capazes de azedar o humor de alguns comunistas em relação a Duarte Jr., o partido também não morre de amores por Edivaldo Holanda Jr.. Primeiro porque ele, então filiado ao PDT, se furtou de participar da eleição municipal de 2020 e, pior, em vez de somar com a base governista em 2022, ele preferiu mergulhar numa desastrada candidatura ao Governo do Estado pelo PSD, da qual saiu eleitoralmente trucidado, inclusive em São Luís, onde esperava ser o mais votado. É verdade que o PCdoB ainda não sinalizou na direção de Duarte Jr., mas no meio político as raposas mais felpudas dizem que isso é apenas uma questão de tempo.
É sabido que a resistência do PV a Duarte Jr. está muito mais relacionada a mágoas do presidente do partido, ex-deputado Adriano Sarney, do que exatamente a uma simpatia pelo projeto eleitoral do ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr.. E nesse contexto, é certo que, mesmo que o PV venha a ter o ex-prefeito nos seus quadros, dificilmente terá argumentos para convencer PT e PCdoB a ignorar a candidatura de Duarte Jr.. Essa dificuldade está no fato de que provavelmente não terão o aval do governador Carlos Brandão nem do ministro Flávio Dino. Menos ainda o apoio do comando nacional do PT, que está com todas as cartas nas mãos.
E, finalmente, um fator decisivamente favorável a Duarte Jr. em relação ao braço maranhense da Federação Brasil Esperança: todas as pesquisas de opinião feitas até aqui apontam o parlamentar do PSB como o segundo colocado, bem atrás do prefeito Eduardo Braide, mas muito à frente de Edivaldo Holanda Jr., que está sempre ameaçado por Neto Evangelista (União).
PONTO & CONTRAPONTO
Pela quinta vez, Flávio Dino desmonta bancada bolsonarista em audiência na Câmara Federal
A falange bolsonarista na Câmara Federal precisa urgentemente procurar um conselheiro com o mínimo de racionalidade política para orientá-la a respeito de como agir nas audiências com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. Ontem, o ministro atendeu ao quinto de um total de 122 requerimentos exigindo sua presença na Casa, e o resultado foi igual aos outros cinco: com segurança, sem falar alto nem perder a calma, Flávio Dino atropelou, um a um, os bolsonaristas mais afoitos, que saíram da audiência muito menores do que entraram.
E a explicação é uma só: com o das outras vezes, eles fizeram as mesmas perguntas, alimentaram as mesmas irracionalidades, sustentaram os mesmos chavões, todos sem qualquer lastro, como, por exemplo, tentar transferir a culpa dos atos golpistas de 8 de Janeiro para o Governo do presidente Lula da Silva. E por meio dessa artimanha já surrada, tentaram arrancar alguma frase mal elaborada do ministro.
Perderam feio de novo. Flávio Dino, com cuidado didático e de Constituição em punho, deu as mesmas respostas para as mesmas perguntas. E nas explicações, deu rápidas, mas importantes, aulas sobre regras constitucionais e sobre o funcionamento das instituições no estado democrático de direito, deixando a maioria desanimada para prosseguir com a bateria de perguntas.
A audiência de ontem mostrou com clareza que a falange bolsonarista, formada por militantes como o deputado federal Delegado Caveira (PL-PA), perdeu completamente o rumo. E como aconteceu das outras vezes, o ministro Flávio Dino saiu como entrou: sem um só arranhão.
AL aprova mudança no Sistema de Administração e confirma Agência de Tecnologia da Informação
A Assembleia Legislativa aprovou ontem as Medidas Provisórias 419/2023 e 420/2023, do Poder Executivo, que formalizam amplas mudanças no Sistema Estadual de Administração. A primeira muda o nome e a estrutura da atual Secretaria de Estado da Gestão, Patrimônio e Assistência dos Servidores (Segep) para Secretaria de Estado da Administração (Sead). A outra formaliza a criação da Agência Estadual de Tecnologia da Informação (ATI/MA).
A nova Secretaria de Estado da Administração vai fiscalizar, planejar, organizar e executar as políticas públicas de governo relativas à gestão pública, abrangendo recursos humanos, material, gestão documental e serviços concessionários dos quais o Estado seja usuário, dentre outras atribuições.
Já a Agência Estadual de Tecnologia da Informação foi criada para implementar, promover e administrar a informatização da administração pública direta e indireta do Poder Executivo, elaborando e executando programas e projetos de modernização e inovação tecnológica, bem como o monitoramento das ações, previstas e em curso, cuja gestão seja integrada.
Pelo que ficou estabelecido com a aprovação das duas MPs, Agência Estadual de Tecnologia da Informação, mesmo administrativamente vinculada à Secretaria de Estado da Administração, será autônoma nas suas atribuições. E com ela, o Governo terá condições de melhorar expressivamente, num processo contínuo, a qualidade das suas informações.
São Luís, 26 de Outubro de 2023.