A 16 meses da corrida às urnas, a disputa pela Prefeitura de São Luís, o maior e mais importante colégio eleitoral do Maranhão, começa, de fato, a ganhar forma. Em meio ao silêncio estratégico do prefeito Eduardo Braide (PSD), e do efeito furacão instalado pelo vereador e presidente Câmara Municipal Paulo Victor (PCdoB), que já se declarou pré-candidato, quem desembarca na chamada etapa prévia do processo de formação de candidaturas é o deputado federal Duarte Jr. (PSB). Ele foi adversário do prefeito Eduardo Braide em 2020 e vem há tempos avisando que será candidato de qualquer maneira ao Palácio de la Ravardière. O parlamentar chega credenciado pelo aval do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, que o anunciou como pré-candidato do partido para enfrentar o prefeito Eduardo Braide.
O deputado Duarte Jr. não está desembarcando à toa na corrida à Prefeitura de São Luís. Isso porque, além da credencial informal que lhe foi entregue pelo presidente nacional do PSB, ele se movimenta bem situado nas pesquisas de opinião, e autorizado a cobrar o apoio do seu partido. Em princípio, o deputado federal Duarte Jr. parece determinado a brigar pela candidatura, já que, além dele, somente o deputado estadual Carlos Lula (PSB) tem manifestado interesse em candidatar-se. Na federação PSB/PT/PCdoB, comandada no estado pelo governador Carlos Brandão (PSB), além de Duarte Jr. e Carlos Lula, está no páreo o vereador-presidente Paulo Victor, que a julgar pelo que corre nos bastidores, dificilmente permanecerá na legenda comunista.
Nesse movimentado tabuleiro, o deputado Duarte Jr. tem várias situações a serem resolvidas. A primeira delas é convencer o PSB de que ele é o melhor nome, e com isso obter o apoio do governador Carlos Brandão e do pré-candidato Carlos Lula. A segunda é convencer o PCdoB de que ele, Duarte Jr., está melhor situado no cenário e conta com uma forte base de apoio nas redes sociais. E a última é que ele é hoje peça importante na base governista em Brasílias, podendo desfalca-la se tiver de intensificar sua pré-campanha. Além disso, Duarte Jr. vai ter de trabalhar duro para quebrar o estigma de um ser animal político isolado, que não consegue reunir um grupo forte em torno da sua candidatura.
A seu favor estão sua força eleitoral, seu destemor como político, sua ousadia e sua condição de permanente e contundente opositor do prefeito Eduardo Braide, a quem critica duramente todos os dias nas redes sociais. Outro fator que o favorece é a importância das redes sociais, que ele aprendeu a dominar como poucos, e onde se concentra a grande massa de eleitores identificados como seu discurso e sua ação parlamentar. E do alto dos mais de 100 mil votos que recebeu e que o tornaram um dos quadros de proa da aliança construída pelo então governador Flávio Dino (PSB) e que está sendo ampliada pelo governador Carlos Brandão.
Com a experiência da eleição de 2020, quando disputou um animado segundo turno com o prefeito Eduardo Braide, o deputado Duarte Jr. sabe que tem muitos obstáculos a superar. Um desses é o fato de que uma candidatura majoritária em São Luís não pode ser construída sem o aval de um grupo partidário nem sem alianças eventuais. Duarte Jr. tem plena consciência de que terá de sentar à mesa de negociações e articular a mobilização dos seus eleitores na rota das urnas. Essa grande articulação não pode ser delegada a terceiro, pois terá de ser uma iniciativa do próprio parlamentar no sentido de convencer o governador Carlos Brandão de que é a melhor opção.
Com o desembarque no tabuleiro sucessório de São Luís, o deputado Duarte Jr. amplia expressivamente e enriquece o debate sobre a cidade que hoje abriga 1,2 milhão de habitantes e mais de 600 mil eleitores, seus problemas e seu futuro.
PONTO & CONTRAPONTO
Com elevado grau de politização, vereadores de São Luís medem força com o prefeito
Poucas vezes São Luís assistiu a uma luta tão dura entre o prefeito e a Câmara Municipal como a que acontece neste momento e cujos reflexos aparecerão nas urnas em 2024.
À frente do Executivo municipal, o prefeito Eduardo Braide (PSD) encara semanalmente algumas pedras no seu caminho, sendo obrigado a andar rigorosamente dentro das regras, sob pena de perder o equilíbrio e o cargo. A pressão vem direto da Câmara Municipal, comandada pelo vereador Paulo Victor (PCdoB), e onde mais da metade – pelo menos 20 dos 31 – dos vereadores não rezam na cartilha atual do Palácio de la Ravardière.
O imbróglio mais recente é o aumento salarial dos servidores. O prefeito mandou projeto de lei propondo reajuste de 8,2% para os servidores do Município. Os vereadores aprovaram, mas embutiram no projeto várias emendas, todas instituindo aumentos diferenciados para várias categorias.
O prefeito Eduardo Braide vetou as emendas, argumentando que a Câmara Municipal não pode legislar sobre matéria financeira, o que impede os vereadores de alterar o reajuste geral de 8,2% para todas as categorias. Os vareadores reagiram aos vetos transformando a questão num impasse. O problema é que, se a questão for judicializada, o prefeito tem amplas chances de vencer essa queda de braço.
Chama a atenção, porém, o vigor político com que atuais vereadores de São Luís estão atuando.
Marcus Brandão ainda não se filiou, mas já está atuando no MDB
O empresário Marcus Brandão ainda não assinou ficha de filiação no MDB. Mas isso não significa que continua distante do partido. Ao contrário, ele tem ido quase que diariamente à sede da agremiação, no São Francisco, onde conversa, troca informações com o ex-senador João Alberto, que deixou a presidência, mas continua dando expediente.
A frequência com que tem ido ao MDB tem servido a Marcus Brandão como “aprendizado”. Ali, ele está se informando sobre os mais diferentes detalhes de funcionamento da máquina emedebista, que é, de longe, o mais organizado e ajustado braço partidário do Maranhão.
Marcus Brandão tem conversado com a presidente do partido, a deputada federal Roseana Sarney. Os dois estão definindo a data da sua filiação e, num segundo momento, a ascensão dele à presidência do MDB no Maranhão.
Em princípio, a filiação se dará nos próximos dias, enquanto que a ascensão à presidência só deve acontecer seis meses após o ingresso formal no partido.
São Luís, 01 de Junho de 2023.