Dino no Supremo abre espaço para novas lideranças na disputa pelo poder no Maranhão

Carlos Brandão lidera um mosaico onde
Eliziane Gama, Ana Paula Lobato, Iracema
Vale, Felipe Camarão, André Fufuca,
Weverton Rocha, Eduardo Braide,
Duarte Jr., Rubens Jr., Carlos Lula,
Rodrigo lago, Roberto Costa e Paulo
Victor, entre outros, podem crescer

Organizada apenas para formalizar a posse da nova direção, sob a presidência do empresário Marcus Brandão, a convenção do MDB acabou funcionando como senha para a movimentação destinada a redesenhar o mosaico político maranhense com a ida do senador Flávio Dino (PSB) para o Supremo Tribunal Federal. A saída dele da vida política e partidária maranhense e nacional, que começou para valer no momento em que ele foi formalmente indicado pelo presidente Lula da Silva (PT) ao Senado, abriu um grande espaço no cenário político maranhense, com desdobramentos no mapa político brasileiro. Com a convenção, o MDB se repaginou, está sob nova direção, que trabalha com um objetivo definido sem meias palavras: voltar a ser o maior partido político do Maranhão. Isso significa desbancar o PSB, que nesse momento se transforma em candidato a PCdoB, que foi o maioral no auge do Governo comandado por Flávio Dino, dentro e além das fronteiras maranhenses, e hoje sobrevive a duras penas numa federação com o PT, que está revigorado com a volta ao poder nacional, e o PV, que briga obstinadamente contra a extinção.

Não há discussão em torno da liderança do governador Carlos Brandão, que por enquanto permanece no PSB, só que agora com o desafio de comandar o redesenho político do Maranhão. O governador já começou a trabalhar para manter unida a aliança partidária cujo controle recebeu de Flávio Dino quando o então governador renunciou para disputar cadeira no Senado. Carlos Brandão encarou o desafio, fez os ajustes que tinha de fazer, e hoje governa com uma base de15 partidos – PSB, PT, PCdoB, PV, PP, PSDB, PSC, PRD, MDB, União Brasil, Podemos, Cidadania, Republicanos, PL e partes do PSD e do PDT – embora o presidente pedetista, senador Weverton Rocha se declare de oposição. O governador manterá sua base intacta no Senado com a titularização da suplente Ana Paula Lobato (PSB) no mandato de senadora da República, o que lhe dará espaço garantido na mesa de decisões.

No momento em que, aprovado pelo Senado, Flávio Dino renunciar ao mandato senatorial, algumas lideranças já consolidadas ou em ascensão se movimentarão para ocupar o espaço deixado pelo futuro ministro do Supremo. Há sinais fortes, por exemplo, de que o governador Carlos Brandão e a senadora Eliziane Gama (PSD) farão dobradinha pelas duas vagas no Senado em 2026. A ser confirmada essa aliança eleitoral, o senador Weverton Rocha será submetido a uma pressão gigantesca, que pode levá-lo a três caminhos: encarar a concorrência com risco de não se reeleger, tentar de novo o Governo do Estado – agora contra o vice-governador Felipe Camarão (PT), que concorrerá como governador em busca da reeleição e com o apoio já decidido do Palácio do Planalto – ou refazer o caminho para a Câmara Federal. O reatamento do chefe pedetista com o senador Flávio Dino, a quem deu as costas na eleição de 2022 para apoiar a candidatura do senador Roberto Rocha (PTB) à reeleição, é vista no meio político como uma garimpagem de apoio para 2026.

Nesse contexto, o ministro do Esporte, André Fufuca (PP), e a presidente da Assembleia Legislativa Iracema Vale (no PSB, mas a caminho do MDB), estão muito bem posicionados, e certamente participarão com destaque do novo desenho político do estado. Nesse patamar pontifica também o ministro das Comunicações Juscelino Filho (União Brasil), mesmo com os reveses que vem sofrendo. Num outro viés, o atual prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), se for reeleito em 2024, terá seu nome turbinado para o jogo político a partir de 2026. É o caso também do deputado federal Duarte Jr. (PSB), ganhando ou perdendo a disputa em São Luís.

E num plano mais geral encontram-se lideranças importantes, com bom poder de articulação, como os deputados federais Márcio Jerry (PCdoB), Rubens Jr. (PT), Pedro Lucas Fernandes (União Brasil) e Marreca Filho (PDR). No patamar estadual, além da deputada Iracema Vale, que tem cacife para atuarem outro plano, vale apontar os deputados Rildo Amaral (PP), Rafael Souza (PSB), Francisco Nagib (PSB) e Roberto Costa (MDB), que poderão se tornar, respectivamente, prefeitos de Imperatriz, Timon, Codó e Bacabal, respectivamente. E levar em conta deputados com expressiva atuação parlamentar e política, como Carlos Lula (PSB), Rodrigo Lago (PCdoB), Othelino Neto (PCdoB) e Yglésio Moises (tentando deixar o PSB), apesar de toda a controvérsia em torno da sua migração ideológica para a extrema-direita. E não há como descartar o poder de fogo do deputado federal Josimar de Maranhãozinho, chefão do PL, e o seu grupo. Nem ignorar a forte ação política do presidente da Câmara Municipal de São Luís, vereador Paulo Victor (PSDB).

É claro que outros nomes poderão ajustar suas trajetórias e ocupar uma fatia desse espaço. O tempo vai cuidar disso.

PONTO & CONTRAPONTO

Sem argumentos para contestar Dino, bolsonaristas fazem ataques gordofóbicos

Flávio Dino é alvo de
ataques preconceituosos

Sem um só argumento para questionar a sua conduta pessoal ou a sua competência na seara jurídica, e muito, mas muito mesmo, incomodados com a sua iminente aprovação pelo Senado para a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal, os partidários do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) formaram uma corrente nas redes sociais para fazer ataques gordofóbicos contra o senador Flávio Dino (PSB), ainda no Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Ontem, o jornal O Globo publicou um levantamento feito pela empresa de pesquisa Arquimedes mostrando que na última semana os ataques gordofóbicos de bolsonaristas ao ministro da Justiça aumentaram 30% em relação à semana anterior. O levantamento da Arquimedes “identificou 14,5 mil publicações gordofóbicas contra Dino em três plataformas – X (antigo Twitter), Facebook e Instagram”, um aumento de 30%.

O Globo informa que Pedro Buzzi, pesquisador da Arquimedes, fez a seguinte avaliação: “Os ataques já eram esperados pela visibilidade que Dino alcançou ao longo deste ano. No entanto, na ausência de elementos pejorativos relacionados a sua conduta, a estes perfis sobra apenas o caminho da ofensa, em especial, xingamentos gordofóbicos”.

E também de acordo com o jornal fluminense, o antropólogo Ricardo Tassilo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi além na explicação desses ataques da falange bolsonarista contra o futuro ministro do Supremo:

– A gordofobia ocorre quando não é possível atacar as ideias, a dialética ou a retórica de alguém. Daí o agressor parte para a subjetividade, para o corpo. Os parlamentares fazem esta violência com pessoas que tem experiência e sabem da liturgia do seu cargo, o que incomoda seus adversários. Neste contexto, emergem os estereótipos de que uma pessoa gorda não pode ser inteligente, digna.

E é exatamente nesse ponto que os atacantes tropeçam feio na sua própria ignorância.

Ausências que chamaram a atenção na convenção do MDB

José Sarney: ausência explicada

Algumas vozes registraram a ausência do governador Carlos Brandão da convenção do MDB, na qual seu irmão, Marcus Brandão, assumiu o comando do partido. A explicação: o governador estava em Brasília e seguiu para São Paulo, onde, acompanhado do secretário-chefe da Casa Civil, fez uma visita à sede da Suzano.

Em relação a ausências, ninguém registrou do não comparecimento do maior nome do partido no País, o ex-presidente José Sarney, que continua como presidente de Honra da agremiação emedebista. Ele estava em Brasília, onde continua sendo fonte de aconselhamento para a classe política. De acordo com notícia que a Coluna não confirmou, José Sarney estaria aconselhando senadores a votarem em Flávio Dino para o Supremo.

Outra ausência notada foi a do ex-senador Edison Lobão, um dos cardeais do MDB local e nacional. Assim como o ex-ministro, o ex-senador Lobão Filho, que costumava participar das reuniões da cúpula partidária, também não compareceu. Os dois foram formalmente convidados.

São Luís, 03 de Dezembro de 2023.

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