O governador Flávio Dino (PSB) está em plena atividade como articulador político. No plano interno, trabalha para unir partidos aliados em torno de um candidato à sua sucessão. No plano nacional, continua pregando a necessidade de uma grande frente, que envolva as forças de centro-direita, centro, centro-esquerda e esquerda democrática em torno de um candidato para enfrentar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Na Quinta-Feira, por exemplo, ele se reuniu com o ex-presidente Lula da Silva (PT) em Brasília. Ontem, revelou que o presidente do PDT, Carlos Lupi, deve vir a São Luís na próxima semana, para conversar sobre o panorama político nacional e sobre o cenário político estadual. Nesse ritmo, o governador vai alinhavando costuras importantes, vencendo barreiras e buscando o entendimento, sempre focado no objetivo de juntar forças partidárias, independentemente das suas posições ideológicas, com o objetivo de fortalecer o combate às ameaças golpistas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro e forças da direita radical que o apoiam.
Na frente interna, vem trabalhando intensamente para fortalecer seu novo partido, o PSB, mas com o cuidado de não deixar que o PCdoB, de onde saiu, mergulhe num processo de insolvência, tanto que manteve na legenda comunista dois dos seus mais importantes e próximos aliados, os deputados federais Márcio Jerry, que o preside, e Rubens Jr., seu secretário de Articulação Política. Candidato declarado ao Senado, seu foco principal, porém, é administrar o embate entre o vice-governador Carlos Brandão (PSDB) e o senador Weverton Rocha (PDT), os dois principais aspirantes à sua sucessão. A medição de força entre os dois é intensa, mas os gestos e as ponderações do governador conseguiram evitar que eles partissem para o confronto direto e aberto, como já o fazem seus aliados pelos mais diferentes meios.
No tabuleiro nacional, Flávio Dino se tornou uma voz respeitada. Primeiro pela firmeza e coerência das suas posições em relação ao presidente Jair Bolsonaro, de quem se tornou um dos mais ativos e consistentes opositor, por considerar que o chefe da Nação é nocivo para o País. Flávio Dino se colocou à disposição das forças progressistas para ser candidato a presidente, mas deixou esse projeto de lado para assumir a candidatura ao Senado. Mesmo assim, vem sustentando a proposta de sempre: a formação de uma frente com as mais diferentes correntes partidárias, liderada por um candidato escolhido por consenso. Nesse contexto, tenta evitar um confronto entre Lula da Silva e Ciro Gomes (PDT), esforçando-se para que cheguem a um acordo pelo qual o pré-candidato pedetista abra mão em favor do petista. As articulações seguem intensamente.
Nesse ambiente de disputa no plano interno e articulações no tabuleiro nacional, o governador do Maranhão começa a se dedicar à consolidação do seu projeto de conquistar a única vaga no Senado a ser disputada na próxima eleição. Mesmo não havendo concorrente dentro da grande aliança que comanda nem nome lançado por grupo de oposição, Flávio Dino não pretende descuidar da candidatura. Para ele, mesmo embalado por amplo favoritismo, uma eleição deve ser levada a sério, com os candidatos fazendo o que devem fazer para convencer o eleitor. Dez entre dez observadores da cena política maranhense o apontam como imbatível para o Senado. Ele admite que sua candidatura é forte, mas prefere chegar às urnas na esteira de uma campanha normal.
Não se sabe ainda qual será o desfecho da disputa entre Carlos Brandão e Weverton Rocha na corrida para o Governo do Estado, mas ninguém duvida de que o governador terá participação decisiva no cenário que for desenhado. Quanto à disputa federal, ainda que a frente não saia e que a oposição se divida na eleição presidencial, o governador do Maranhão entrará para a crônica desse processo eleitoral como um líder que terá feito o possível para unir as forças de oposição.
PONTO & CONTRAPONTO
Reggae de Zeca Baleiro embala pedido de impeachment
Dezenas de artistas – músicos, cantores, atores, artistas plásticos, escritores… – entregaram ontem, na Câmara Federal, a Petição dos Artistas e Sociedade pelo Impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), com o objetivo de fazer com que o presidente da Câmara Federal, deputado Arthur Lira (PP), coloque em pauta pelo menos um dos mais de 160pedidos de impeachment Um dos líderes do movimento – que envolve personalidades artísticas como as atrizes Camila Pitanga e Letícia Sabatella e a cantora e compositora Zélia Ducan – o compositor Zeca Baleiro compôs, em parceria com Joãozinho Gomes, o reggae “Desgoverno”, gravado por inúmeros artistas num clipe forte, cuja letra é a seguinte:
“Luto e tristeza noite e dia, é preciso calar a negação
Nós estamos em época sombria, mas no fim desse túnel há clarão
É preciso estancar essa sangria, com o bem se desfaz a maldição
Com amor se retoma a alegria, reacende-se o riso da Nação
Já que o anjo do mal não renuncia, tudo cobre com o véu da escuridão
Vamos por toda nossa energia, nesse rito de indignação
Um homem sem juízo e sem noção não pode governar essa Nação“.
Hildo Rocha atua forte contra projeto do voto impresso
O deputado federal Hildo Rocha (MDB) teve participação destacada na reunião de ontem da comissão especial que examina a proposta de voto impresso feita pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Contrário à proposta, que na sua avaliação não faz nenhum sentido e custará nada menos que R$ 1,5 bilhão aos cofres públicos para satisfazer a um capricho injustificado do presidente e sua turma. Na agitada e tensa sessão, os bolsonaristas, diante da clara maioria da comissão especial pela rejeição da proposta, fizeram uma série de manobras para adiar a votação do parecer favorável, articulado pelo Palácio do Planalto. Nessa movimentação, Hildo Rocha, além de criticar duramente o projeto e o parecer, apresentou requerimento para que a votação se desse ontem mesmo, em sessão especial. Os bolsonaristas se apavoraram e conseguiram, numa grande, manobra, adiar a votação. Hildo Rocha reagiu:
— De onde vai tirar R$ 2 bilhões? Deixa de ser irresponsável. Vai tirar da vacina?
Os bolsonaristas não responderam.
São Luís, 17 de Julho de 2021.