Decisão de “peitar” os Leões por causa do Carnaval pode ter alto preço político para Braide

Circuito Beira-Mar: terá Eduardo Braide as condições
que tem Carlos Brandão para realizar o Carnaval
na área tradicionalmente organizada pelo Governo?

Ganha traços de confronto político a medição de força entre o prefeito Eduardo Braide (PSD) e o governador Carlos Brandão (PSB) pelo uso do complexo da Beira-Mar para a realização do Carnaval de São Luís, já celebrizado como uma das mais importantes e animadas festas carnavalescas em toda a região. Na impossibilidade de uma soma de esforços para a realização de uma festa conjunta, devido à histórica distância alimentada entre os Palácio de la Ravardière e o Palácio dos Leões, em que pesa a proximidade física das duas sedes de poder, virou tradição o Governo do Estado realizar a sua festa e a Prefeitura de São Luís, a dela. Sempre houve ranhuras inexpressivas, mas nada que impedisse que cada um realizasse a sua festa sem maiores problemas. Agora, há uma crise em andamento, causada exatamente no momento em que começa a movimentação visando a disputa pela Prefeitura da Capital, sendo o prefeito Eduardo Braide candidato à reeleição, tendo como principal adversário o deputado federal Duarte Jr. (PSB), apoiado pelo governador Carlos Brandão.

Tudo começou quando há poucos dias o governador Carlos Brandão deu pistas sobre a programação que está sendo montada para o Carnaval do Governo do Maranhão. Incontinenti, o prefeito Eduardo Braide anunciou que o Carnaval da Prefeitura será realizado no Circuito Beira-Mar, onde o Governo do Estado planejou o seu. Houve tentativas de mudança por parte do Palácio dos Leões, mas ao que tudo indica o Palácio de la Ravardière resolveu manter o seu projeto de ocupar a Beira-Mar com a sua festa carnavalesca. O clima esquentou ontem quando agentes da Prefeitura tentaram retirar balões publicitários colocados pelo Governo do Estado no Circuito Beira-Mar. O Governo estadual reagiu acionando a PM para evitar o desmonte dos balões. O dia terminou sem sinal de solução.

Na década de 1990 e na já na primeira década deste século, os grandes Carnavais de São Luís, resultados de uma arrojada política de recuperar a tradição carnavalesca da Capital iniciada pela governadora Roseana Sarney, foram realizados no Circuito Madre Deus – Praça Deodoro, que ficou pequeno. Quando assumiu, em 2015, o governador Flávio Dino (PCdoB) adotou o Circuito Beira-Mar, que ganhou mais fluência à medida que o Governo do Estado fez uma série de investimentos visando a revitalização da área, a partir da restauração da antiga Estação Ferroviária. De lá para cá, o Governo do Estado realizou seus Carnavais no Circuito Beira-Mar.

A decisão do prefeito Eduardo Braide de realizar o Carnaval da Prefeitura no Circuito Beira-Mar surpreendeu. Não apenas pela pura e simples quebra de um acordo tácito entre Governo e Prefeitura, mas principalmente pelo fator custo. Não é preciso fazer contas para saber que, por seu poder de fogo financeiro e pelo fato de dispor mais infraestrutura e mais recursos para divulgação, o Governo do Estado dispõe condições bem melhores do que a Prefeitura para realizar o Carnaval no Circuito Beira-Mar, atrair turistas e transformar a festa momesca num bom negócio. Por mais recheado que esteja o caixa municipal, e por maior que seja a vontade do prefeito de bancar um Carnaval gigantesco, ficará sempre a certeza de que as melhores condições para a realização de uma festa do tamanho do Circuito Beira-Mar estão com o Governo do Estado. É uma avaliação simples, que pode ser feita sem necessidade de posicionamento político em tempos de pré-campanha eleitoral.

Não há dúvida de que, ao anunciar o Circuito Beira-Mar como espaço do Carnaval da Prefeitura, sabendo que o Carnaval do Governo do Estado estava sendo planejado para aquela área, o prefeito Eduardo Braide tomou uma decisão política, de olho no eleitorado e, logicamente, nas urnas. Só que escolheu um adversário que está munido de muitos recursos e argumentos, que sabe pelejar e que tem condições de sustentar uma peleja no campo ludovicense. E mais do que isso, assim como o senhor de la Ravardière, os Leões têm total interesse no que pensará o eleitorado da Capital a respeito de como será o reinado de Momo no Circuito Beira-Mar.

 PONTO & CONTRAPONTO

MDB pode vir a apoiar Duarte Jr. num eventual segundo turno

Eduardo Braide, Duarte Jr. e Neto
Evangelista: opções do
MDB em São Luís

Não será surpresa se o MDB vier declarar apoio à candidatura do deputado federal Duarte Jr. (PSB) à Prefeitura de São Luís ou apostar numa terceira via, com a provável candidatura do deputado estadual Neto Evangelista (União Brasil).

A primeira possibilidade não era sequer considerada quando o partido ainda se encontrava sob a tutela da deputada federal Roseana Sarney, mas passou a ser vista como factível depois que, numa reviravolta surpreendente, o comando partidário foi entregue ao empresário Marcus Brandão.

Antes da mudança de comando, havia no MDB um clima de animosidade contra o parlamentar socialista, pela sua proximidade com o ministro Flávio Dino e por conta das suas posições antisarneysistas. Esse clima ganhou mais nitidez quando, ao ingressar no partido e assumir o comando da legenda em São Luís, o deputado federal Cléber Verde declarou que o caminho natural do MDB seria apoiar a candidatura do prefeito Eduardo Braide (PSD) à reeleição. Houve reações na cúpula emedebista e o assunto foi para o arquivo.

Agora, o ambiente no MDB é outro, mais aberto. Se ainda não há sinais de que a legenda venha a apoiar Duarte Jr., começam a aparecer evidências de que a cúpula MDB já não nutre simpatia integral pelo prefeito de São Luís, que era considerado “de casa”, nem antipatia visceral por Duarte Jr..

Há no partido uma corrente, liderada pelo vice-presidente da legenda, deputado Roberto Costa, que defendia uma terceira via na corrida em São Luís, esta em torno da candidatura do deputado estadual Neto Evangelista. Outras vozes já admitem que o partido pode vir a apoiar Duarte Jr. num eventual segundo turno.

Vale o conselho de São Tomé: ver para crer.

Vereadores querem reverter confirmação dos vetos de Braide à LDO

Câmara se movimenta contra decisão
que manteve vetos à LDO

O prefeito Eduardo Braide pode ter de enfrentar uma nova frente de batalha judicial para garantir a Lei de Diretrizes Orçamentárias. Ele vetou as emendas feitas por vereadores sobre vários temas e teve esses vetos derrubados pela Câmara Municipal. Conhecedor do caminho das pedras nesse campo, bateu às portas da Justiça com uma reclamação e foi ouvido: os seus vetos foram mantidos.

Agora, vereadores se articulam para recorrer, acreditando que a própria Justiça reverá sua decisão e confirmará a derrubada dos vetos. Há quem acredite que esse objetivo dificilmente será alcançado. Mas os vereadores inconformados com a decisão estão sendo estimulados a acreditar no contrário, ou seja, na revisão judicial.

O fato é que, enquanto os gabinetes do Palácio de la Ravardière comemoram a confirmação dos vetos, alguns do Palácio Pedro Neiva de Santana se articulam para reverter o prejuízo.

São Luís, 05 de Janeiro de 2024.

Um comentário sobre “Decisão de “peitar” os Leões por causa do Carnaval pode ter alto preço político para Braide

  1. Achei parcial em favor do governador Carlos Brandão sua postagem sobre o carnaval da Beira-Mar. A palavra final sobre o uso do espaço é da prefeitura e se assim quiser pode sim usar o espaço esse ano e em qualquer tempo. O prefeito é autoridade autônoma no município e quem detém o poder de emitir autorizações para eventos no seu município Esse argumento que a prefeitura não tem “condições” de fazer o carnaval ali não encontrar respaldo na realidade. A estrutura pra fazer acontecer a prefeitura tem sim, assim como fez o aniversário da cidade, o São João e principalmente o Natal.

    Até gosto das suas postagens, mas nesse post me incomodou sua tendência pró-governo do Estado.

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