Uma bomba estatística explodiu ontem nos comitês de campanha dos principais candidatos à Prefeitura de São Luís: a pesquisa DataM, contratada pelo Sistema Difusora. Realizada nos dias 29 e 30 de Outubro, portanto quatro dias antes da divulgação, a pesquisa ouviu 801 eleitores e trouxe uma série de indicações de peso, que, se verdadeiras, anunciam mudança radical nos números, que são os seguintes: Eduardo Braide (Podemos) lidera com 38% das intenções de voto, seguido por Neto Evangelista (DEM) com 14,7%, Duarte Júnior (Republicanos) com 14,5%, Rubens Júnior (PCdoB) com 6,4%, Bira do Pindaré (PSB) com 2,7% e Jeisael Marx (Rede) com 1,7%, Yglésio Moyses (PROS) com 1,2%, Sílvio Antônio (PRTB) com 1%, Hertz Dias (PSTU) 0,1% e Franklin Douglas (PSOL) não pontuou. Os que não souberam ou não quiseram responder somaram 12,9% e 6,7% disseram que não votariam em nenhum dos candidatos. Detalhe importante: registrada na Justiça Eleitoral com o protocolo MA-094791/2020, a pesquisa DataM tem margem de erro de quatro pontos percentuais, para mais ou para menos. Outro detalhe importante: criado e comandado pelo jornalista José Machado, o DataM tem um respeitável histórico de acertos.
Para começo de conversa, a soma dos percentuais indica que, se a eleição fosse hoje, haveria segundo turno, sendo Eduardo Braide um dos que passariam. Mas o rigoroso empate técnico entre Neto Evangelista e Duarte Júnior indica que a definição do adversário do candidato do Podemos seria o resultado de uma luta renhida. Isso porque, se levada em conta a margem de erro, nem Neto Evangelista nem Duarte Júnior poderia cantar vitória antes de as urnas falarem. Isso porque os percentuais dos dois poderiam variar de 10% a 18%, o que torna temerário afirmar com segurança quem estaria de fato na frente. Mas, em relação aos dois, pesa a informação de que, ao contrário do que apontaram outros levantamentos, Neto Evangelista avançou e, mesmo considerando a irrisória diferença em décimos, ele aparece na frente de Duarte Júnior, que pela primeira vez perdeu a segunda posição.
Ao aparecer em segundo lugar na pesquisa DataM, mesmo levando em conta o fato de que sua vantagem é de apenas dois décimos e considerando os limites da margem de erro, Neto Evangelista dá uma guinada radical na sua campanha, indicando que tem condições de segurar essa posição e explorar corretamente o potencial da sua candidatura. A virada do candidato do DEM sobre o candidato do Republicanos pode ser já reflexo de mudanças na sua campanha e da entrada do senador Weverton Rocha e da militância do PDT na briga pela sucessão do prefeito Edivaldo Holanda Júnior. Outras pesquisas estão no “forno” e desenharão nos próximos dias cenários que poderão, ou não, confirmar as informações trazidas à tona pelo DataM. No contrapeso, a pesquisa colocou Duarte Júnior numa situação complicada, obrigando-o a procurar meios de turbinar sua campanha na reta final.
Outra bomba explodida pela pesquisa DataM foi a posição de Rubens Júnior, encontrado na quarta colocação com modestos 6,4% das intenções de voto. Esse dado chama atenção quando comparado com outros levantamentos recentes, que mostraram o candidato do PCdoB numa curva crescente, sendo que num deles apareceu na frente de Neto Evangelista e sinalizando ameaça a Duarte Júnior. Mesmo sendo uma pancada na base da sua candidatura, a posição não deve desanimar Rubens Júnior, que tem capital político e cacife partidário para reverter esse quadro na reta final da campanha.
A pesquisa DataM veio para agitar ainda mais os comandos das candidaturas, que têm agora pouco mais de uma semana para fazer os ajustes necessários e possíveis nas estratégias de cada candidato, de modo a buscar caminhos. Esse ajuste deve alcançar também Eduardo Braide, que aparece com 38%, podendo, pela margem de erro, variar de 34% a 42%, o que tecnicamente o impede de vencer a eleição em um só turno, obrigando-o a encarar um segundo turno, uma outra eleição, com riscos muito elevados.
PONTO & CONTRAPONTO
Fábio Gentil caminha para a reeleição e para consolidar sua liderança em Caxias
Não surpreendeu o resultado da JPesquisa, empresa pertencente ao Jornal Pequeno, informando que o prefeito de Caxias, Fábio Gentil (Republicanos), caminha para a reeleição liderando a corrida com 63% das intenções de voto, contra 19% de Adelmo Soares (PCdoB), seu principal concorrente. Atrás dele, mas em grande distância, aparecem Júnior Martins (PSC) com 4%, Cesar Sabá (MDB) com 2% e Constantino Castro (PTB) e Professor Arnaldo Rodrigues (PSOL) com 1% cada um, enquanto AJ Alves (DC) e Luciano Aldrin (Rede) não foram lembrados. Na Princesa do Sertão, 6% disseram que não votarão em nenhum deles, e 4% não souberam ou não quiseram manifestar suas preferências. A JPesquisa ouviu 400 eleitores no período de 28 a 30 de Outubro, tem margem de erro de quatro pontos percentuais, intervalo de confiança de 90% e está registrada no TRE com o número MA-01282/2020.
A disputa em Caxias vai muito além de uma simples corrida sucessória. Se confirmada nas urnas com essa proporção, a vitória do prefeito Fábio Gentil será o seu reconhecimento como bom gestor e a sua confirmação como o mais importante líder político do município. Ao mesmo tempo, mostrará o acelerado processo de desagregação do Grupo Coutinho, iniciada com a morte do seu líder, deputado Humberto Coutinho, em Janeiro de 2018. Todas as evidências sinalizam que a reeleição de Fábio Gentil inicia um novo ciclo na política caxiense, tendo o prefeito como a principal referência.
Avaliações diversas levam à mesma conclusão, a de que sem um líder jovem, com algum carisma e capacidade de aglutinação, a tendência do Grupo Coutinho é desaparecer. O ex-prefeito Leo Coutinho mostrou não ter inclinação para liderança, e a deputada Cleide Coutinho, por força da idade e dos compromissos de família, não tem como continuar dedicada a manter unido um grupo cujos integrantes mais destacados não demonstram interesse na sua união. Além disso, o Grupo Coutinho parece mais centrado em Matões, onde o prefeito Ferdinando Coutinho (PSB), que foi uma espécie de braço direito de Humberto Coutinho, trava uma luta dura pela reeleição, enfrentando ex-aliados.
Político experiente e com os pés no chão, o prefeito Fábio Gentil vem dando mostras seguidas de que sabe se movimentar num tabuleiro complicado. Vem controlando bem as regras do jogo e seus movimentos estão também pavimentando o passo que dará depois de exercer um segundo mandato municipal, caso sua reeleição se confirme como está desenhado.
Por outro lado, mesmo sem chance de chegar lá, Adelmo Soares nada tem a perder. Sua candidatura o manterá em evidência, podendo facilitar sua reeleição para a Assembleia Legislativa.
Nascida no IFMA, candidatura coletiva do Participa ganha espaço entre estudantes
Em meio a uma acirrada disputa pelas 31 cadeiras da Câmara Municipal de São Luís, um movimento político jovem e diferente ganha força no meio estudantil. Trata-se da candidatura coletiva do Participa. Nascida no IFMA e formalizada pelo PT, a candidatura é registrada pela estudante Camila, mas representa mais três integrantes do grupo: Ester Lopes, Bruno Cacau e Arthur Mendes. A exemplo de coletivos eleitos em várias capitais no pleito de 2016, a candidatura do Participa é uma inovação que pode desembarcar na Câmara Municipal de São Luís. Se eleita, Camila do Participa será a vereadora de fato, mas o mandato, incluindo deveres e direitos, será exercido coletivamente, com as decisões sendo tomadas pelos quatro “vereadores”. Há muitas críticas em relação aos mandatos coletivos, mas há também muitos jovens entrando na política por esse caminho. Reportagem recente de um grande jornal contabilizou mais de 50 candidaturas coletivas em todo o País, quase todas organizadas por jovens, sendo que algumas delas estão ganhando legiões de adeptos. A candidatura de Camila do Participa e seus três “candidatos” parece estar despertando p interesse de estudantes secundaristas de São Luís.
São Luís, 04 de Novembro de 2020.